Depois de Tudo...



- Lúcio... – Sarah gemeu apavorada e tentou soltar-se dos braços dele inutilmente. Ele a segurava com força enquanto a fitava.
Sarah escutou um barulho da porta. Quando deu por si, havia sido jogada no chão. Levantou-se num salto. Agora ele estava segurando Harry pelo pescoço com a varinha apontada pra cabeça dele. Dumbledore e Gina também estavam no chão. Haviam sido derrubados pelo impostor.
- Surpresos, não é?! – Lúcio indagou com um risada fria no final.
Gina o mirou aterrorizada percebendo quem realmente estava segurando Harry. Já Dumbledore parecia não estar nada surpreso. Tinha consciência de que aquele homem era capaz de tudo.
- Mas como?... – Harry perguntava-se, procurando uma resposta enquanto tentava se desvencilhar dos braços do homem que começava o machucar.
- Você deveria ser mais atento, Potter. – disse com total desprezo na última palavra. – Escutei quando você matou meu Lorde. Entrei por uma passagem secreta no teto e fiquei ali escondido. No primeiro momento que você e o Weasley se distraíram, eu estuporei Draco e o cobri com uma capa de invisibilidade e só tomei uma poção Polissuco. O resto foi fácil demais, já que vocês mesmos tiveram a honra de me trazer.
- Seu desgraçado! Se acha muito inteligente, não é? – Harry gritava, possuído de raiva, tentando tirar as mãos que apertavam seu pescoço, impedindo-o de respirar.
- Você matou o Lorde! – gritou muito perto do ouvido do rapaz, tremendo de cólera. – Agora eu vou matá-lo pela memória dele. E logo Draco vai vir pra cá também, quando perceber o que está acontecendo. E todos vocês vão morrer juntos. Ele também vai ter que pagar!
- Não adianta você fazer algo por alguém que já morreu, Lúcio. – Dumbledore dizia com a voz tranqüila, enquanto Gina e Sarah o ajudavam a se levantar do chão. – Não vale a pena.
- Cale a boca, seu velho demente!
Sarah, com o punho cerrado, o mirava com ódio. Era tão estranho encarar aquela imagem que amava sabendo que não era Draco. Era perturbador. Não poderia suportar muito tempo aquele homem machucar seu amigo e ofender seu tio. Principalmente, não poderia permitir que ele fizesse algo com o verdadeiro Draco. Deu alguns passos pra frente, mas Gina a segurou pelo braço lhe lançando um olhar de “nem pense em fazer isso”. Sarah não contestou. Realmente não poderia meter-se com ele. Sairia em desvantagem com certeza.
De repente, a porta do quarto se abriu. Sarah deparou-se com a figura de Rony, desconcertado, trazendo alguém pelo braço.
- Alguém pode me explicar como eu o encontrei lá fora? – O ruivo indagou, irrompendo com pressa para dentro do quarto, mas congelou ao olhar para o lado e ver Draco Malfoy imobilizando Harry. – O que está havendo? Como se ele está...
- SAIA DAQUI! – Sarah gritou correndo até ele, mas foi impedida com um Feitiço do Tropeço lançado por Lúcio, caindo violentamente no chão. Gina foi até ela e a ajudou a se levantar.
- Você está bem? – A pequena Weasley perguntou, não conseguindo mais controlar a vontade de chorar.
- Sim... Esse maldito...
Calou-se ao ver quem menos esperava, saindo de trás de Rony e correndo em sua direção ao gritar seu nome. Abraçou-a com força. Sarah o fitou e viu que era Draco. Agarrou-o pelo pescoço, mergulhando o rosto em seu peito. Tinha certeza que era ele. Não poderia confundir aquele abraço que só ele poderia dar.
- Está tudo bem. Eu estou aqui agora... – O loiro disse baixinho em seu ouvido.
- Não me solta, por favor. – Sarah, não contendo o choro desesperado, implorou sem se afastar dos braços dele.
- Mas que lindo... Que cena patética! – Lúcio falou cheio de escárnio, encarando os dois com um olhar ameaçador. – Chega dessa palhaçada! Draco, como você pode ficar agarrado essa vagabunda?!
Draco, com os dois punhos cerrados, fechou os olhos. Ao acordar, no porão de sua Mansão, deu-se conta do que havia acontecido e correu para a casa dos Weasley a procura de alguma explicação. Molly estranhou a presença dele ali e lhe contou que todos estavam em St. Mungus. Sem muitas explicações, deixou-a sozinha, aparatando diretamente no hospital. Não era surpresa ver que seu pai havia chegado tão baixo, mesmo sabendo que de nada adiantaria já que Voldemort estava morto.
- Ah sim... – Lúcio corrigiu-se, sacudindo a cabeça e virou-se para Sarah. – Eu sei o porquê. Ela é realmente irresistível. Uma qualquer, mas irresistível... – Lançou-lhe um olhar cheio de maldade.
- Seu porco imundo! – Sarah gritou afastando-se do abraço de seu namorado.
Draco estava tentando manter o controle, mas não poderia mais se segurar depois do que escutara. Perdendo toda a sensatez que ainda lhe restava, mirou o pai com abominação. Caminhou lentamente até ele. Sarah não conseguiu segurá-lo.
- Ninguém fala assim de Sarah. Ninguém.
Involuntariamente, saltou em cima de sua cópia, transbordando sua fúria contida até aquele momento. Lúcio, como fora pego de surpresa, acabou deixando que Harry escapasse e caiu no chão. Os dois homens idênticos começaram a rolar no chão entre murros e chutes violentos. Um batia a cabeça do outro no chão com muita força. Sarah ficou desesperada. Ninguém sabia qual deles era o verdadeiro Draco. Não podiam fazer nada.
- O que faremos agora? – Rony indagou a Harry, que batia a mão na cabeça com o intuito de que alguma idéia surgisse em sua mente.
Uma voz ecoava na cabeça de Sarah, perturbando-a e confundindo-a mais. Não sabia como agir. Queria fazer algo, mas tinha medo de que errasse e atingisse Draco. Fazia gestos sem sentido esperando que um milagre acontecesse. Para sua satisfação e surpresa, a imagem de Lúcio foi surgindo em um dos loiros aos poucos. A Poção parecia estar perdendo o seu efeito. Rony e Harry se entreolharam maravilhados e, sem sinal algum, pularam em cima de Lúcio, o imobilizando.
- Soltem-me, seus fedelhos! – gritou contorcendo-se. Queria se soltar dos dois garotos.
Draco levantou-se do chão e tirou a sua varinha do bolso. Apontou-a para o pai com firmeza.
- Você vai pagar...
- Vai me matar?! – gritou interrompendo-o. – Então vai! Me mata! Você é um covarde, não tem coragem pra nada! Você é uma vergonha! – gritava como um desequilibrado, rindo descontroladamente.
As palavras do pai o irritavam cada vez mais. Direcionou melhor a varinha na direção do coração do homem imobilizado no chão, a sua frente. Rony e Harry não tentaram impedir Draco. Teriam muito prazer em ver aquele Comensal morrer. Porém, mais do que isso, entendiam a razão pela qual Draco estava agindo assim e nunca poderiam culpá-lo ou reprová-lo. A essas alturas, os olhos de Draco estavam marejados de raiva e desgosto. Estava confuso e exaltado. Seu rosto estava molhado de suor. Sua mão que segurava a varinha tremia muito. Naquela tensão de todos, Lúcio gritou novamente:
- Vai logo, seu imbecil!
Draco cerrou os dentes e quando parecia que ia cair num choro, começou a proferir:
- Avadra Ke...
- NÃO! – Uma mão muito fina e branca segurou-o na hora que Draco ia terminar de proferir a Maldição Imperdoável. Ele olhou para trás estupefato e viu sua mãe, sorrindo para ele com os olhos cheios de lágrimas. – Não faça isso. Você não é como ele. Você não vai se tornar um assassino.
Ela, cuidadosamente, tirou a varinha da mão do filho e o abraçou como a uma criança desolada. Ele ainda estava trêmulo e atônito.
- NARCISA?! – Lúcio indagou a si mesmo, não acreditando no que via. Parecia perturbado e raivoso ao mesmo tempo. Harry e Rony o levantaram. Narcisa caminhou até ele e o mirou com um sorriso debochado. – Sua traidora, vadia! Como ousa olhar para mim?
Narcisa, instintivamente, virou a mão no meio do rosto dele, lhe dando uma bofetada violenta.
- Isso não é nada comparado ao que você fez ao meu filho. Você vai apodrecer em Azkaban, maldito!
- Nunca. Vocês não vão me levar vivo para lá... – Seus olhos mantinham um brilho insano e sua risada louca era fria. Sem que esperassem, Lúcio soltou-se dos braços dos meninos bruscamente e correu para um canto do quarto. – Eu não vou viver pra ver aonde a família Malfoy vai parar.
O Comensal pegou sua varinha e apontou para o próprio coração. Narcisa pediu para que ele não fizesse nada, mas ele nem sequer a escutara. Draco o encarou sem ação. Ele e o pai ficaram se entreolhando durante segundos sem pronunciarem uma única palavra ou fazerem um único gesto. Em seu interior, Draco tentava deixar o orgulho e a mágoa de lado e impedir o pai de fazer qualquer besteira, mas não conseguia. Não conseguia sentir pena dele depois de tudo que ele já havia feito, de todas as vidas que ele tinha tirado. Não. Talvez fosse o mais justo ele morrer mesmo. Draco desviou o olhar. Não tinha capacidade de suportar a imagem do pai sempre tão forte e imponente assim, como um louco suicida. Sua respiração ficou pesada. Estava transtornado com seus pensamentos confusos. Sentiu uma mão quente, entrelaçando seus dedos no seu. Olhou para o lado e viu Sarah lhe sorrindo. Tinha que fazer algo. Não poderia ignorar aquela cena. Com muito esforço, ignorou sua mente que dizia para deixar o pai. Afastou-se de Sarah e deu alguns passos em direção do homem.
- Não! Não se aproxime! – Lúcio gritou com uma mão estendida pra frente fazendo um sinal para que ele ficasse parado.
- Mas pai, eu quero te ajudar...
- Cale-se! Não me chame de pai. Eu fui seu pai quando você me dava orgulho. Mas você preferiu desistir de todo o seu futuro por causa de um caso idiota. Agora você só é uma vergonha!
- Se eu tivesse me tornando um Comensal como você queria talvez eu estivesse morto agora! Pensou nisso?! – Draco gritou em sua direção não conseguindo calar-se. Precisava dizer o que estava sentindo.
- Não importa! Morreria com honra.
- Assim como você agora? – indagou sério, fazendo com que o homem perdesse a postura dura por alguns segundos. Naquele pequeno espaço de tempo, todos pensaram que Lúcio ia desistir de matar-se.
- É. Assim como eu! Jurei que até meu último momento eu seria fiel a Voldemort e serei.
Draco suspirou cansado, passando as mãos sobre o cabelo e deixando cair a cabeça para trás. Não havia o que fazer. Ele não mudaria de idéia. Lúcio firmou a varinha contra o próprio peito novamente. Dumbledore tentou impedir, mas quando aproximou-se o homem lançou em si mesmo um Avada Kedavra instantaneamente. Fora tão rápido que ninguém pôde fazer nada. Em questão de segundos, o homem caiu no chão, com os olhos abertos, sem respirar. Narcisa, com os olhos arregalados, abaixou-se e conferiu a pulsação dele. Realmente estava morto. A mulher fechou os olhos tentando conter a dor que crescia em seu coração. Nunca esperaria que tudo terminasse assim. Por mais que não o amasse e em muitas vezes o odiasse, não era fácil ver o homem com o qual compartilhara sua vida por muito tempo e era pai de seu filho morrer daquele jeito. Matar-se daquela forma. Não conteve algumas lágrimas. Draco foi até ela e a abraçou, mas nem sequer olhou para o pai. Não conseguia. Sarah e Gina também não se seguraram e começaram a chorar. Fora uma cena horrível ver aquele homem matar-se loucamente. Dumbledore disse algo para Harry e Rony. Depois foi até Narcisa e Draco, disse algo também incompreensível que somente os dois puderam escutar. Os dois levantaram-se e então acompanharam Dumbledore até a porta. Sarah não entendeu. Viu apenas Draco, antes de sair pela porta, olhar para trás sorrindo em sua direção. Ameaçou ir atrás, mas Gina a segurou.
- Não. Eles precisam ficar sozinhos agora.
Rony e Harry pegaram o corpo de Lúcio a pedido de Dumbledore e o levou para fora do quarto. Sarah jogou-se sobre a cama exausta. Fechou os olhos e recordou o que vivera naquele quarto. Será que finalmente tudo havia acabado? Apenas essa pergunta povoava sua mente. Gina sentou-se ao seu lado.
- Você precisa descansar, Sarinha. – A ruiva afirmou enquanto acariciava os cabelos da amiga.

O Sol já brilhava intensamente no céu quando Sarah abriu lentamente os olhos. Escutou batidas na porta novamente. Aquele som não era de um sonho qualquer como pensara.
- Pode entrar... – disse ainda com os olhos fechados, encolhida sob o cobertor.
- Como você está, dorminhoca?
Sarah abriu os olhos de imediato e tirou a coberta de seu rosto ao escutar aquela voz.
- Mãe! – gritou e levantou-se da cama do quarto de visitas, correndo até a mulher que a recebera com os braços abertos para um abraço. – Eu estava com saudades, mãezinha...
- Eu também, meu amor. Eu também. – Sabrina não conseguia segurar o choro. – Como você está?
- Estou bem. Uma noite de sono é sempre reconfortante. – disse com um sorriso triste nos lábios. Preferiu não falar o que realmente estava sentindo.
- Temos visitas lá embaixo, querida. Você não vai descer? Já está na hora do almoço.
- Já?! Nossa... eu dormi muito então.
- Sim. – Rindo, afastou-se da filha e foi até a porta. – Vá se arrumar e desça. Estamos te esperando para o almoço.
Sarah concordou com a cabeça e foi para o banheiro tomar banho. Ao entrar no chuveiro e sentir a água quente cair pelo seu corpo não pôde deixar de comparar aquela sensação de reconforto e aconchego com a sensação que tinha quando estava com Draco. Onde ele estaria? Provavelmente com a mãe, cuidando do enterro de Lúcio. Queria tanto vê-lo. Queria abraçá-lo e saber o que ele estava sentindo depois de todos aqueles momentos terríveis. Só queria estar ao lado dele e ter a certeza de que nunca mais se separariam. Abraçou a si mesma com os olhos fechados, querendo que estivesse entre os braços dele. Do homem que tanto amava. Lágrimas caíram, misturando-se com a água. Respirou fundo. Não podia parecer triste. Ninguém poderia perceber que havia chorado. Não queria pessoas dizendo coisas e tentando consolá-la. Isso só fazia com que sua tristeza e saudade aumentasse. Esfregando o rosto, tentou controlar as lágrimas que caíam. Ao sair do banho, colocou um vestido qualquer. Encarou seu reflexo no espelho. “Por que eu quero me arrumar? Quem eu quero não está aqui.” pensou com desgosto e saiu do quarto. Descendo as escadas, viu que todos estavam na sala conversando com Dumbledore e Narcisa. Aproximou-se confusa. Cumprimentou-os com um sorriso, tentando parecer animada, sem sucesso.
- Como está, senhora Malfoy? – indagou, olhando para os lados a procura de Draco afinal, se Narcisa estava ali, o mais óbvio era que ele também estivesse.
- Bem, querida. – falou ao levantar-se e ir até ela. – Um pouco cansada porque não dormi muito bem a noite, mas estou bem.
- E... a senhora sabe... como ficou o... – Não encontrou palavras. – Bem, as coisas com...
- O enterro de Lúcio?
- Bem, é.... – Sorriu sem graça. Era um assunto muito incômodo para ela.
- Ele já foi enterrado. – Narcisa não parecia triste ao falar daquilo. Só um pouco chateada. – Não quis fazer cerimônia nenhuma. Achei melhor assim...
- É, a senhora tem razão. Pelo menos a senhora vai poder voltar pra sua Mansão, viver em paz.
- Viver em paz sim, voltar pra Mansão, não. – Riu ao ver que Sarah a olhou perplexa. Explicou. – Já coloquei a Mansão a venda. Quero morar por aqui. Adorei esse lugar. É bonito, muito tranqüilo. Quero recomeçar. E com o dinheiro da Mansão mais tudo o que Lúcio deixou, que não é pouco, posso recomeçar do jeito que eu quero.
- É maravilhoso! – exclamou contente ao ver que Narcisa estava muito feliz com a idéia de se mudar. – Draco e a senhora realmente precisam recomeçar em um novo lugar. Sem lembranças.
- Exatamente! Agora venha comigo até o jardim por favor.
- Ahm... ok. – Não entendeu, mas não contestou. Segurou a mão estendida de Narcisa e foi com ela até a varanda. Sentaram-se as duas no banquinho e ficaram em silêncio. Sarah queria perguntar por Draco, mas não sabia porque, não conseguia. Narcisa percebeu a inquietação da garota e logo adivinhou o porquê.
- Você não vai falar com Draco? – perguntou com um sorriso.
- É o que eu mais quero. Queria tanto que ele estivesse aqui. – disse, com a cabeça baixa, encarando os próprios pés.
- E aquele ali não serve? – perguntou apontando para uma árvore. Sarah levantou-se e, maravilhada, viu a imagem de Draco, com Rony e Harry. Virou-se novamente para Narcisa e, ao receber um sorriso de incentivo, correu na direção dos rapazes.
- Draco! – gritou desesperada, correndo pela grama.
Draco estava distraído conversando com Harry e Rony quando escutou a voz que mais amava no mundo. Olhou para a casa e viu Sarah correndo em sua direção, com os cabelos esvoaçantes como o próprio vento. Um imenso sorriso se abriu em seus lábios e correu até ela também. Encontraram-se num abraço apertado.
- Draco, meu amor, eu queria muito te ver! – Dava-lhe um beijo a cada palavra dita. – Como você está?
- Eu também queria te ver. – Não conseguia fechar o sorriso teimoso que insistia em abrir em seu rosto. Ficava sempre muito feliz quando estava com ela.
- Sua mãe me contou que você vai morar por aqui. – dizia enquanto acariciava os cabelos loiros do rapaz.
- Sua mãe também. – afirmou com um sorriso.
- Como assim? Minha mãe também o que? – indagou confusa.
- Também me contou que ela vai se mudar pra cá. Você não sabia?
- Não! Ela não me contou. Então a gente vai morar pertinho. – Abraçou-o num salto. – Vai ser maravilhoso!
Ao se afastar do abraço, Sarah o encarou profundamente. No fundo daqueles olhos que amava. Entreolharam-se por um tempo. Sentiam falta de ficarem daquela maneira. Em silêncio, mas juntos.
- Será que agora a gente consegue ficar juntos em paz? – Sarah perguntou desejando que já soubesse a resposta.
- Sim. Vamos viver em paz pra sempre. E juntos. – Ele falou segurando as mãos dela carinhosamente.
Sarah sorriu e o abraçou. Não poderia suportar mais nada. Tudo havia acontecido tão rápido e aqueles fatos tão ruins pareciam finalmente ter um fim. Draco a apertou-lhe contra seu peito tentando reconfortá-la. Beijou-a com toda a ânsia e paixão que mantinha. Como Sarah, também não poderia suportar mais nada. Tanta tortura, tanta saudade... Só queria viver em paz ao lado dela. Já haviam passado por coisas demais desde que ficaram juntos pela primeira vez. Agora nada poderia separá-los. Beijaram-se, mas ao se afastarem viram que todos estavam na varanda, observado a cena. Sarah corou furiosamente enquanto Draco pareceu aborrecido.
- Não há mais privacidade?! Tinha que ser casa dos Weasley...
Sarah ia reprová-lo, mas riu apenas. Ele tinha razão.
Voltaram para a casa. A mesa já estava posta. Molly chamou a todos para comer. Não só toda a família Weasley estava reunida, mas também Sabrina, Sarah, Dumbledore, Narcisa e Draco. A mesa estava farta. Havia muita variedade de pratos e bebidas. Draco aproximou-se do ouvido de Sarah e comentou, num tom de voz muito baixo para que ninguém ouvisse:
- Parece que os Weasley não passam fome, como eu dizia...
Sarah o encarou rindo e ele parecia um tanto sem graça. Ela lhe deu um leve beijo e continuou rindo. Olhou em volta. Nunca mesmo poderia imaginar aquela cena. Na verdade, nenhum deles poderiam imaginar aquela cena. Muito menos Draco e Narcisa.
Depois do almoço, os gêmeos e Rony chamaram todos para um jogo no jardim. Treinariam uns lances de quadribol. Harry, Hermione, Gina e Sarah concordaram de imediato. Rony percebeu que Draco ficou um tanto sem graça de falar algo e riu para si mesmo.
- Venha também, Malfoy. – O ruivo chamou, não acreditando no que estava fazendo. Deveria se acostumar com a idéia de ter Draco por perto.
O loiro concordou tentando parecer indiferente e correram para fora, onde o Sol iluminava. Fred e Jorge começaram a dividir os times, mas na hora de resolver onde Sarah ficaria começou uma pequena discussão. Jorge a havia escolhido primeiro, mas Fred contestou. Gina e Hermione morriam de rir.
- Não é justo. Eu também a quero no meu time.
- Mas eu escolhi primeiro, maninho. Aceite.
Jorge, inocentemente, abraçou Sarah olhando debochado para a cara do irmão. Fred a puxou e a abraçou também. Sarah tentou se afastar, mas os dois a abraçaram, deixando-a imprensada entre eles. A garota começou a rir quando olhou para a cara de Draco, que parecia não gostar nada do que vira. Os gêmeos, assim como os outros, perceberem e continuaram o abraço em grupo. Gina e Rony perceberam que o loiro encarava a cena com os dentes cerrados e preferiram interferir para evitar confusões futuras. Foram até eles e puxaram Sarah de volta.
- Seu namorado quase matou você só com um olhar. – Rony comentou ao ouvido da amiga enquanto se aproximavam de Draco
- Que nada! – Ela disse ainda rindo, mas fechou o sorriso ao ver a feição muito séria do namorado. – Eles são terríveis. – comentou com um sorriso amarelo.
- É. Terríveis... Eles parecem gostar muito de você. Por que você não fica logo com eles? – Ele, invocado, disse ainda vermelho de raiva e saiu em direção a estradinha de terra, deixando pasma.
- Você o conhece. Sabe como o Malfoy é ciumento. – Gina disse tentando tranqüilizá-la. – Vá falar com ele que tudo se resolve.
Sarah apenas concordou com a cabeça e foi na direção de onde ele havia ido, mas não o encontrou. Estranhou. Correu o olhar em volta e viu uma sombra sentada sobre uma pedra, abaixo de uma árvore, na entrada do bosque ali perto. Sorriu e correu até lá. Chegando perto viu que realmente era Draco. Foi até ele e parou na sua frente, o fitando. Ele ainda mantinha a expressão séria e chateada, evitando olhá-la nos olhos. Ela se sentou ao lado dele. Tentou segurar a mão dele, mas Draco a puxou rapidamente, apoiando-a sobre a própria perna. Sarah bufou irritada. Não tinha paciência com os caprichos dele.
- Você quer parar de palhaçada? – indagou com um tom de voz elevado. – Foi só uma brincadeira. Que bobeira a sua.
- Então vá brincar! – Também elevou a voz na direção da garota e desviou o olhar após.
- Você é ridículo, Malfoy! – Levantou-se da pedra, irritada. – Ridículo! – Saiu pisando duro em meio as folhas espalhadas na terra, mas ao dar alguns passos voltou. Sentou-se novamente. Segurou com força o queixo do rapaz e virou seu rosto na direção dela, para que ele a olhasse diretamente nos olhos. – Eu não vou a lugar nenhum sem você. Sabe por que?! Por que eu te amo, seu bobo, e não posso ficar longe de você.
Ele respirou fundo e a fitou com a expressão mais suave.
- Você me conhece. Eu sou assim. Só não quero que você fique tão animadinha com esses ruivos daqui. E nem com ninguém! – Segurou as mãos dela e deu um beijo em cada uma. – Só com um loiro.
- Eu só me animo com um loirinho... – Aproximou o rosto do dele rindo. – Um loirinho lindo...
- Eu? – Ele indagou fingindo não saber a resposta.
- É... você.
Ele riu e a abraçou apertado. Queria controlar aquele ciúme e aquela infantilidade, mas muitas vezes não conseguia.
- Desculpe-me. – pediu, com a cabeça baixa, ainda segurando as mãos dela. – Eu sou um babaca, não é?
- Aham... – Ela concordou com a cabeça ainda rindo. Deu-lhe um selinho. – Mas é o meu babaca.
Riram. Draco aproximou seu rosto do dela e a encarou profundamente. Sarah fitou os lábios do rapaz e os acariciou de leve com o dedo. Amava tanto aqueles lábios. Eram os únicos que desejava beijar por toda a sua vida. Draco arrepiou-se com a carícia e a puxou para mais perto de si. Beijou-lhe o pescoço. Depois o pé da orelha. Sarah fechou os olhos, sentindo todo o seu corpo responder aos beijos.
- Eu te amo, Draco. – disse ainda com os olhos fechados e sentindo os lábios dele em seu pescoço.
- Eu te amo, Sarah... – Afastou os lábios do pescoço delicado dela e beijou-lhe a boca.
Beijaram-se como há tempos não faziam. Com uma paixão e ternura que só eles conheciam. Sentimentos que os controlavam por inteiros e os possuíam de tal forma que, somente quando estavam juntos, sentiam-se em paz. Precisavam cada vez mais um do outro. Precisavam cada vez mais estarem juntos. De mais nada a vida lhes valia se estivessem longe. Era como um vício. Um vicio que só lhes fazia bem. Nunca mais se separariam. Nada mais lhes atrapalharia viver aquele amor que nascera de forma tão rápida e surpreendente. Um amor especial que só eles entendiam e sentiriam até o fim de suas vidas. Juntos, aprenderam a viver a vida plenamente e a aceitar as pessoas como elas mesmo são, pois ninguém na vida é perfeito. São as qualidades e os defeitos que torna alguém especial. Disso Sarah e Draco nunca duvidariam. Eles eram prova viva daquilo. Entretanto, mais do que tudo, juntos aprenderam a amar.

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