Sem Volta



Sarah prendeu-se ao peito de Draco ao escutarem outro estouro, como uma bomba. De imediato, o sonserino agarrou a a garota pela mão e a puxou, correndo em meio ao tumulto de alunos curiosos, para dentro do castelo. Como se houvesse colidido com uma parede invisível, Sarah parou ao ver Gina correndo na direção contrária.
- Espere! – Sarah a segurou pelo braço, fazendo-a parar. – Para onde você está indo?
- Atrás dos outros. – dizia ofegante. – Quero saber o que é. Harry me pediu para esperá-lo no Salão, mas eu não posso!
- É melhor você vir conosco para se proteger. – Draco falou com o olhar sério, ainda encarando os jardins que parecia cada vez mais tumultuado.
- Mas eu não posso deixá-los lá fora sozinhos.
- Escuta, eu conheço eles muito melhor do que qualquer um aqui. Sei o que eles são capazes de fazer. Potter pode se defender muito melhor do que você caso aconteça alguma coisa. E pode ter certeza de que, se acontecer algo, ele não vai ter tempo de te defender.
- O que você quer dizer com isso? – Gina indagou, encarando-o com os olhos cheios de lágrimas. Estava começando a se apavorar.
- Que é melhor você ir conosco.
- Vem Gina, é melhor. – Sarah pediu e a amiga, contrariada, correu com eles até a salinha secreta de Sarah.
Logo que entraram e fecharam a porta, Draco deu sinal de que iria sair de novo. Sarah levantou-se num pulo e o segurou pela mão.
- Você vai pra onde? – perguntou com um olhar assustado, trêmula pelo medo. Como a amiga ruiva, estava apavorada.
- Eu tenho que ver o que está acontecendo. Não sei se os Aurores são capazes de defender o colégio.
- Você não vai! – ordenou chorando. Não queria se afastar do loiro por nem um segundo. – Se acontecer algo com você...
- Não vai acontecer. Eles não vão fazer nada comigo. Você sabe que eu não vou me me juntar a Voldemort, mas eles não. Estou seguro. – disse passando total confiança pelo olhar.
Sarah o encaro durante segundos enquanto refletia. Sabia que nada aconteceria com ele, mas não queria deixa-lo ir. Queria tê-lo ao seu lado para protegê-la.
- Vai logo... – Desgostosa, lhe deu as costas, evitando olhá-lo. Não queria, mas não tinha escolha.
Draco assegurou-se de que a porta da sala não pudesse ser vista ou aberta por fora. Depois foi correndo em direção aos jardins e viu a entrada do castelo fechada. Os alunos se encontravam todos no Salão, por ordem de Dumbledore. Não deveriam correr riscos fora dali, por mais que tivesse Aurores para protegê-los. Draco caminhou até a Mesa Principal, onde os professores estavam conversando, aflitos. Chamou por Dumbledore. Disse que tinha que conversar com ele. McGonagall o olhou desconfiada, da mesma forma que Harry, Rony e Hermione que estavam próximos e escutavam tudo.
- Tudo bem. Minerva, tome conta de todos e qualquer coisa me chame. E, acima de tudo, ninguém pode sair deste castelo. – O diretor se levantou e pediu para que Draco o acompanhasse.
Quando chegou em sua sala, Dumbledore sentou-se e Draco fez o mesmo. O velho o encarou, esperando que ele começasse a falar. Draco percebeu, mas não sabia por onde começar. Balbuciava algumas letras em vão. Não sabia ao certo o que dizer.
- O senhor sabe quem está lá fora, não é? – começou, ainda sem jeito, passando a mão pelos cabelos loiros nervosamente.
- Lógico. São os Comensais.
- E-e... – gaguejou. Passou a fronte da mão para secar o suor da testa. Estava nervoso. – Eles querem... eles... Ah, esquece, eu não vou conseguir! – Levantou-se violentamente da cadeira e já se encaminhava para a saída quando Dumbledore o chamou.
- Sente-se. – mandou serenamente. Draco obedeceu. – Eu sei o que te incomoda e sei o que você quer falar. Esse não é um simples ataque. Eles vieram buscar alguém.
Draco congelou. Como aquele velho poderia saber? Sua respiração ficava cada vez mais pesada. Por mais que quisesse contar, não tinha coragem. Pensou que seria fácil, mas não era.
- Não se preocupe. – Sorriu compreensivo. – Sei também que essa pessoa não quer ir com eles. Ela escolheu um caminho melhor, o caminho certo.
- É... mas ele tem que ir lá fora falar com um deles. – disse sem mirá-lo. Sentia-se um covarde.
- Se você quiser ir lá fora falar com seu pai, tudo bem. Pode ir, mas tenha cuidado.
Draco concordou com um sinal de afirmativo com a cabeça. Respirou aliviado por Dumbledore ser mais esperto do que ele imaginava e, com certeza, muito mais compreensivo.
- Mas antes... – Ele encarou o teto, como se estivesse refletindo mais uma vez. Respirou fundo, tomando uma última decisão. – eu preciso contar algo. Não sei se devo, mas sinto que é o certo.
- Pode dizer o que quiser que eu escutarei.
- Preciso dizer umas coisas que meu pai me contou. – Fechou os olhos respirando mais uma vez. Sentia-se num capo de batalha. – Sobre Voldemort...
Harry e seus amigos estavam impacientes desde que Dumbledore saíra do Salão com Draco. Tinham a certeza de que o sonserino entregaria Dumbledore para Voldemort. Sentiam que precisavam fazer algo, mas não sabiam o que.
- É lógico! – Rony disse dando um soco na mesa. – Foi por isso que ele se aproximou de Sarah: para se aproximar de Dumbledore. Ele sempre quis se infiltrar no nosso lado. Que safado! Agora o plano dele está bem nítido pra mim.
- Precisamos falar com McGonagall. – Harry disse pensativo. Imaginava a mesma coisa.
- Eu não sei... – Herrmione não tinha certeza se aquela seria realmente o que estava acontecendo, mas não podia negar que era algo bem provável de acontecer. – E onde está Gina?
- Provavelmente com Sarah. – Rony falou olhando pelo Salão a procura das duas. – Mas elas não estão aqui...
- Hei, Simas, você viu Gina? – Harry indagou ao amigo que estava numa mesa ao lado.
- A última vez que a vi, ela estava correndo com a Sarah e com o Malfoy para dentro do castelo quando estávamos lá fora. – Ele respondeu e voltou para a conversa com Neville.
Os três se encararam em pânico.
-Eu não disse?! – Rony gritou, levantando-se da mesa. – Ele levou as duas também. Cretino!
- Ele vai pagar! – Harry levantou-se também e Hermione fez o mesmo.
Foram até McGonagall e contaram o que tinham concluído. Ela pareceu não acreditar de primeira, mas, como Hermione, também não podia negar que a possibilidade de ser verdade era grande. Foi com Hagrid e com os três alunos até a sala de Dumbledore. Harry e Rony dispararam sala a dentro com as varinhas em punho. Harry correu na direção do diretor e se pôs ao seu lado com a varinha apontada para Draco. Rony, puxou o sonserino da cadeira com violência e o jogou no chão, apontando sua varinha para ele.
- Mas que merda vocês estão fazendo?! – Draco indagou irritado e surpreso. Tentou se levantar do chão, mas Rony o empurrou de volta.
- Parem já com isso!! – Dumbledore, surpreso também, ordernou com a voz brava, encarando Rony e Harry. Foi até o rapaz no chão e o ajudou a se levantar. – O que acham que estão fazendo?!
- A gente sabe que ele quer levá-lo a Voldemort, professor. Viemos ajudar! – Harry disse ao lado do amigo. Estranhou a atitude do diretor. – Ele já seqüestrou Gina e Sarah.
- Do que vocês estão falando?! Vocês comeram merda? Eu não vou entregar Dumbledore pra ninguém e não seqüestrei Sarah e nem a sua namorada, Potter. Elas estão escondidas!
McGonagall, Hagrid e Hermione se aproximaram, pasmos. Logo perceberam que tudo não passara de um grande mal entendido.
- Então... O que você faz aqui com o Professor Dumbledore? – Hermione indagou um tanto desconfiada.
- Ele estava me dando informações sobre o paradeiro de Voldemort. Ele sim estava ajudando. – Dumbledore disse com a expressão fechada, encarando-os decepcionado. – Como vocês acusam alguém dessa maneira?
Os dois se entreolharam arrependidos. Seus rostos queimavam de vergonha. Nunca poderiam imaginar que Draco os ajudaria daquela forma. Só queriam sair dali e enfiarem suas caras na terra para não terem de olhar para o sonserino.
- Me desculpe, Malfoy. – Harry pediu sem olhá-lo. Fitava os próprios pés. – A gente se equivocou.
Draco os encarou com o olhar cheio de desdém e ódio. Virou-se para o diretor.
- Eu vou falar com ele e vou seguir o conselho do senhor.
- Sim e lembre-se de ter cuidado. Não pode confiar em nenhum deles e, infelizmente, nem em seu pai.
- Nele principalmente. – Virou-se para os dois novamente. – E vocês... são dois idiotas! – Empurrou-os para passar e saiu da sala, dirigindo-se para os jardins.
Os meninos e Hermione não sabiam o que dizer. Estavam muito surpresos com a atitude de Draco. Alguns minutos depois que o garoto saiu, Sarah e Gina apareceram na sala. Estranharam a cara estranha dos amigos e perguntaram o que havia acontecido. Hermione contou o enganou. Gina não se surpreendeu, mas Sarah se encheu de fúria. Gritou com os dois, ameaçando a todo momento lhes lançar um Feitiço Imperdoável e poderia fazê-lo se McGonagall não a tivesse acalmado.
- De Harry eu não esperava isso, mas de você... – disse encarando Rony com raiva. – Eu não me surpreendo com mais nada vindo de você.
- Me desculpe, está bem?! – Rony gritou. – Eu sei que sou um idiota e sei que fiz besteira. Me desculpe!
- Não é a mim que você deve desculpas. É ao Draco.
- Eu não vou me desculpar com aquele sonserino idiota! – Saiu da sala deixando Sarah possuída de raiva.
- Depois vocês resolvam isso. – Dumbledore falou com toda a paciência do mundo, escutando há minutos aquela briga. – Quero que vocês vão até perto dos jardins, mas não fiquem a vista. Draco Malfoy foi até lá e eu quero que vocês o vigiem.
- O senhor também está desconfiando dele tio? – Sarah indagou chocada.
- Não, querida, mas tenho medo que algo aconteça com ele.
- Como assim? O que pode acontecer a ele? – Arregalou os olhos. – Onde ele está?
- Ele foi falar com o pai.
- Não! Eu não acredito... – A garota se encheu de um pavor que nunca sentira em toda a sua vida. – Se ele enfrentá-lo agora o pai dele pode matá-lo!

Draco foi para os jardins sem que ninguém o visse. Ainda estava com ódio de Rony por ele tê-lo tratado daquela maneira, mas naquele momento seu pai era o único que lhe tirava a razão. A Marca Negra ainda dominava o céu e, apesar de não conseguir ver, escutava a batalha de Comensais e Aurores mais afastada. Deveriam estar perto da Floresta Negra. Dirigiu-se até lá. Olhava em volta hesitante e de repente, quando virou para trás, viu seu pai, com uma capa e varinha em punho. Ele desarmou-se ao reconhecer o filho. Aproximou-se dele e o encarou com um sorriso superior e satisfeito. Draco olhou para trás e viu algumas sombras batalhando, mas nenhuma parecia ter visto-os ali.
- Venha comigo, Draco. – Lúcio disse num tom autoritário. – Chegou a hora de você se juntar à nós e ganhar sua marca.
- Eu não posso. – disse mantendo o máximo de segurança na voz. Não poderia vacilar e mostrar seu temor.
- Como assim? – indagou confusamente desconfiado. – Você deve vir.
- Eu não vou, pai. Não vou me tornar um Comensal e só vim até aqui para lhe dizer isso.
- Você só pode estar louco. – Ria sarcástico e aumentou a ênfase como se o filho não estivesse escutando bem. – Você vem comigo agora.
Ele ameaçou puxá-lo pelo braço mas Draco deu uns passos para trás desviando. Não viu que na entrada do castelo Rony aparecera, um pouco mais afastado deles, e estava observando a cena.
- Você não vai se tornar um Comensal? É isso que está falando?
- É isso que estou falando. Não quero ser alguém como você.
- Draco, Draco, Draco... – Mantinha um pequeno sorriso altivo nos lábios. – Você não tem escolha. Eu não tenho escolha. Lorde Voldemort ficará decepcionado comigo se eu não levá-lo.
- E ele vai fazer com você o mesmo que fez com aquele Comensal quando minha mãe foi embora?
Lúcio o encarou tomado de fúria. Os olhos queimavam em chamas de ódio. Não poderia imaginar que o filho conhecia o motivo da mãe ter partido. Deu uns passos para frente deixando Draco receoso.
- Assim você não me deixa opção.
Levantou a varinha, apontando-a para o filho. Draco manteve a aparência forte e segurava, embora estivesse com medo. Sabia que o pai seria capaz de matá-lo ali mesmo. Rony ficou em alerta. Também desconfiara de que Lúcio faria algo contra Draco.
- Crucio! – proferiu com gosto na voz e Draco se jogou imediatamente no chão. Retorcia-se e gritava de dor enquanto o pai o encarava com um sorriso maldoso.
- Você merece isso por ter a audácia de me confrontar. Crucio. – repetiu, fazendo com que a dor de Draco aumentasse. – Crucio... – A dor do rapaz se intensificou de tal maneira que ele não pôde mais gritar. Só conseguia gemer e lutar para manter os olhos abertos. Agarrou-se a grama contorcendo-se como uma fera angustiada.
Enquanto Lúcio o fitava, Rony foi se aproximando disfarçadamente entre os arbustos com a varinha em posição para qualquer ataque, boquiaberto. A cena que vira fora horrível. Mesmo sendo Draco, nunca imaginou ver algo tão cruel.
- Finite Incantatem. – Lúcio aproximou-se mais do filho. Ele ainda gemia de dor com os olhos cerrados. – Mudou de idéia?
- Não... – gemeu rouco, com o máximo de força que ainda tinha, ou seja, muito pouca.
- Terei que matá-lo, então. Você sabe de coisa demais. – disse friamente. Rony o olhava com espanto. Não imaginara que alguém pudesse ser tão perverso. E mesmo assim Draco não aceitara ir com ele. Não podia negar que admirara o sonserino naquele momento.
- Eu não acredito... – Com todas as suas forças, abriu os olhos e encarou o homem a sua frente. Sua respiração ainda muito pesada e o peito arfando. – que sou filho de um canalha como você...
Lúcio abaixou-se, ainda fitando o filho nos olhos da maneira mais indiferente possível.
- Pois você parece muito comigo e sabe disso. – disse numa voz bem baixa. Tão baixa quanto sombria.
- Não sou! – gritou com todo o ar de seus pulmões, como se não quisesse apenas que seu pai ouvisse, mas que todo o mundo o fizesse. Todo seu corpo doeu.
- É sim. – Mudou a voz pra um tom mais duro. – Você é ruim por dentro, só pensa em si mesmo. Você quer poder, ser temido e respeitado. Sempre quis! Aquela garotinha não deixa você enxergar direito. Ela cegou você!
- Cala a boca! Muito pelo contrário, ela me fez abrir os olhos.
- Pare de negar para si mesmo! Você é ruim, você é mal, cruel. Você não quer se tornar um palerma como Harry Potter.
- Eu te odeio... Eu não sou como você!
- Isso não é uma escolha. Está no sangue, mas se você não quer ver... terei de matá-lo.
Levantou-se e deu uns passos para trás para que pudesse vê-lo melhor. Mirou o filho com raiva e sem nenhuma pena. Apontou novamente a varinha para ele.
- Você não vai fazer isso na minha frente. – Rony pulou entre ele e o filho e antes que Lúcio pudesse pensar em reagir ele proferiu: -- Expelliarmus!
A varinha de Lúcio voou há metros de distância dele. O Comensal o olhou com fúria e foi em passos lentos em sua direção.
- Estupefaça. – disse um outro Comensal que aparecera logo atrás de Lúcio de repente e Draco desmaiou.
- Sectusempra! – Rony gritou com mais força que esperava na direção do Comensal fazendo o jogar a sua varinha no chão para encarar seu próprio corpo que se molhava com sangue.
Vendo que os dois Comensais estavam indefesos, Rony, em segundos, estuporou os dois. Olhou em volta. Não havia mais nenhum ali nas proximidades. Levou Draco de volta ao castelo com um feitiço para fazê-lo flutuar. Enquanto voltava para o castelo, olhava para trás sempre verificando se alguém o vira. Não queria ser pego de surpresa. Estava indo para o Salão quando viu Sarah e Harry correrem em sua direção. Os dois pareciam surpresos ao ver Rony carregando Draco. Ele parou, deu uma olhada a mais para trás e pousou Draco no chão, ainda desacordado.
- O que houve?! – Sarah indagou assustada. Correu até Draco e se abaixou para vê-lo de perto. – O que você fez com ele, Rony?!
- Eu não fiz nada! – gritou inconformado pela suposição da menina. Apesar de todo o risco que correra ainda era acusado. – Eu o salvei!
- Você o salvou? Acredito... – concordou cheia de ironia.
Rony ia responder mas calou-se. Sentiu-se sem direito de discutir já que sempre fizera aquilo com Draco. Percebeu o quanto fora injusto com o sonserino sempre que o julgava ao seu ver. Vira o sacrifício que ele fizera. Ele realmente não ajudaria Voldemort e não os trairia. Sentiu pena dele ao ver o que Lúcio foi capaz de fazer. Matar o próprio filho era demais até mesmo para um Comensal.
- Leve-o para a enfermaria. Ele não está bem.
Disse num tom frio e foi para o Salão Principal deixando-os sozinhos.
- Você diz para ele não julgar Malfoy, no entanto você o julga. Não parece um pouco confuso? – Harry disse como um sábio e ela o encarou ligeiramente corada. Ele estava certo.
- Enervate. – Sarah proferiu com sua varinha e Draco abriu os olhos lentamente. Olhou em volta parecendo confuso e quando deu conta de onde estava se levantou sobressaltado.
- Cadê meu pai e o Weasley? – indagou exasperado correndo o olhar pelo corredor a procura dos dois.
- Está tudo bem, Draco, você já está seguro. Vamos para a enfermaria.
- Não precisa, eu estou bem.
Sarah e Harry o ajudaram a se levantar e ele gritou de dor. Não parecia estar tão bem assim. Levaram-o para o Salão. Todos os alunos os encararam, como se soubessem o que tinha acontecido. Na verdade o que eles olhavam mesmo era a estranha cena de Harry ajudando a carregar Malfoy. Sarah e o amigo ajudaram Draco a se sentar na mesa mais próxima e ele novamente gritou de dor, mas ninguém pareceu perceber. Hermione e Gina, junto de Rony, vieram correndo até eles para saberem o que tinha acontecido. Sarah perguntou a mesma coisa. Draco preferiu não contar a conversa pois todos estavam ali e era algo pessoal demais. Disse apenas que seu pai iria matá-lo por ele não ter ido com os Comensais quando Rony chegou e tentou defendê-lo. Sarah pareceu um pouco atordoada e confusa pelo que escutara.
- Então outro Comensal me estuporou e daí eu não sei de mais nada. Acordei ali no corredor.
- Conta o que aconteceu, Rony. – Harry pediu.
- Eles distraíram-se e eu estuporei os dois. Depois sai correndo de lá antes que outro deles me visse.
Sarah o encarou com o olhar brilhando de admiração. Levantou-se da cadeira na qual estava sentada e chamou Rony para fora do Salão. Ele estranhou, mas foi. Ela o encarou com um sorriso.
- Por que fez isso? Por que o ajudou? – perguntou com o olhar fixo no do amigo.
- Eu imaginei como você ficaria se algo acontecesse a ele. – disse sinceramente, evitando olhá-la. – Não tive escolha. E também fiquei com muita pena do Malfoy. O pai dele é um monstro. Torturou-o sem nenhum remorso para que ele fosse e iria matá-lo.
- Muito obrigada e me desculpe por ter pensado que....
- Tudo bem. Eu sempre fiz isso. Você também me desculpa?
- Lógico. Você quer ser meu melhor amigo de novo?
- Quero muito.
Rony lhe sorriu e ela, de repente, o abraçou ternamente. Sentia muita falta do amigo e não aguentaria muito tempo sem poder abraçá-lo novamente. Voltaram para o Salão e viram Madame Pomfrey cuidando de Draco. Logo que sentaram na mesa, escutaram a voz de Dumbledore, que anunciava que os Comensais haviam ido embora. Ele pediu que os alunos fossem para os seus dormitórios porque haveria uma reunião com os Aurores.
Todos obedeceram, menos Sarah e Draco, que foram para a salinha secreta onde se encontravam. Queriam ficar sozinhos e juntos. Ao chegarem lá, Draco se jogou na poltrona e fechou os olhos parecendo exausto. Respirava fundo, sentindo bem o ar que entrava em seus pulmões. Ao abrir os olhos, viu que Sarah o mirava sorrindo. Ela pediu para que ele se levantasse e, num segundo, transfigurou a poltrona numa cama e as almofadas em travesseiros confortáveis. Conjurou uma coberta.
- Pra que isso? – Ele indagou ao se jogar na cama com os olhos fechados novamente. Não conseguia mantê-los abertos.
- Você está muito cansado e eu não quero que você fique no dormitório com Crabbe e Goyle. Eles são idiotas, mas não são confiáveis. Durma aqui mesmo.
Ela se aproximou, deu-lhe um leve beijo e foi até a porta.
- Amanhã nos vemos.
- Não. – Ele levantou-se da cama com dificuldade indo até ela. Segurou-a pela mão. – Fica aqui... comigo.
Pediu com o olhar suplicante. Sarah não podia negar com ele a encarando daquela maneira tão penetrante. Nunca poderia negar-lhe nada.
- Está bem. – disse um tanto receosa.
Sarah tirava a sandália hipnotizada enquanto observava Draco tirar cada peça de roupa até ficar somente com uma camiseta e a calça. Quando ele se virou em sua direção, ela desviou o olhar, tirando a outra sandália. Não deixaria que ele percebesse que ela cada vez mais o achava irresistivelmente lindo. Deitaram-se meio afastados. Draco colocou a mão no ombro da garota e aproximou o rosto de seu ouvido.
- Por que está tão longe? – perguntou e Sarah arrepiou-se por completo sentindo aquele ar quente em seu ouvido.
- Eu prefiro ficar assim. – Virou-se encarando seu rosto tão próximo. – Prefiro não ficar muito perto de você. Pra não cair em tentações.
Os dois riram. O que para Draco parecia uma piada, era a completa verdade para Sarah.
- Que menina desconfiada... – disse num sorriso falsamente magoado. – Eu não faria nada que você não quisesse e você sabe disso...
- Eu sei... E o meu medo é justamente eu querer. – Deu-lhe um beijo e virou-se de costas para ele.
Draco, não satisfeito aproximou-se mais e a abraçou por trás. Queria senti-la mais perto naquela noite. Sentia que, especialmente naquela noite, precisava mais dela.
Ela se virou para ele e o lançou um olhar reprovador.
- Menino teimoso! – falou com um sorriso, mas fechou-o de repente ao começar a falar. – Draco, é verdade que seu pai te torturou?
- Ele me lançou três Crucios. – falou muito sério com o olhar perdido, lembrando-se da cena. – Um seguido do outro, enquanto me encarava com um sorriso imbecil. Nunca imaginei sentir tanta dor, a ponto de desejar a morte.
Sarah abriu a boca aterrorizada. Não pensou que fora tão terrível.
- Como ele pode?... Como...
- Eu não sei. Eu sabia que não podia confiar nele, mas não pensei que ele fosse capaz de tanto. Ele não sentiu pena de mim nem por um momento.
Os olhos de Sarah se encheram de lágrimas somente por imaginar. Abraçou com força o loiro, mas afastou-se rapidamente ao ouvi-lo gemer de dor, pois seu corpo ainda estava dolorido. Admirava-o mais que tudo.
- Sabe, Sarah, – Ele começou e encostou a sua testa na testa dela. – por alguns segundos meu pai quase conseguiu me convencer a ir com ele.
- Nunca sofri um Crucio, mas tenho certeza de que é a pior coisa que...
- Não. – corrigiu-a. – Não foi pela tortura. Foi difícil suportar lógico, mas não foi o pior. Ele disse que, no fundo, eu era como ele. Me disse coisas que não seriam mentiras se fossem ditas meses atrás.
- Exatamente, há meses atrás. Ele queria mexer com a sua mente, Draco. – Acariciou o rosto macio do sonserino. – Você não é como ele, se não você não estaria aqui comigo agora.
- Eu sei. E se não fosse pelo seu amiguinho eu também não estaria aqui agora vivo.
- Nem me fale disso! Só de imaginar que você poderia morrer... – Lágrimas escorriam de seus olhos. – Não sei o que faria.
- Não importa mais. Eu estou aqui com você. – Roubou-lhe um leve beijou.
- Você é minha vida, Draco e não posso viver sem você.
- Eu te amo. Mais do que eu podia amar alguém, mais do que eu deveria.
- Por que você é assim tão lindo?
Perderam-se no olhar um do outro. Não disseram nenhuma palavra. Apenas se entreolhavam de uma maneira tão cheia de paixão e amor que se tornava quase uma carícia. Um podia sentir a respiração do outro. Uma respiração calma, mas muito profunda. Draco, lentamente, foi aproximando seus lábios dos dela. Quando suas bocas se encontraram, renderam-se a um beijo apaixonado. Draco a envolveu em seus braços ainda a beijando. As mãos de Sarah corriam pela nuca e pelos cabelos do loiro e as mãos dele percorriam as costas da garota nervosamente. Num impulso, ele procurou o zíper do vestido que ela usava. Ela não se importou. Não tinha mais controle de si própria para distanciar o namorado. Ele estranhou que ela não dissera nada. Afastou-se do beijo.
- Sarah, você quer continuar? – Ele indagou a encarando seriamente, deixando claro que aquilo não teria mais volta. Ela o fitou naqueles olhos azuis-acinzentados que a matavam.
- Nunca tive tanta certeza de algo em minha vida.
Encararam-se com um sorriso e beijaram-se novamente. Draco, com as mãos, procurou pelo zíper do vestido novamente e o abriu, deixando as costas nuas da garota a mostra. Ela tirou a camiseta branca dele evitando ao máximo afastar se de seus lábios que pareciam fazer parte de dela. Abraçaram-se com ansiedade e paixão. Aquele contato com a pele quente de Sarah inebriava Draco de prazer. Em minutos, já estavam entregues ao máximo que aquela paixão arrebatadora poderia causar. Naquela noite, entregaram-se ao amor da maneira mais profunda e perfeita que poderiam. Nunca mais seriam os mesmos.

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