Visita Esclarecedora



- Vamos com você. – Harry, ao lado de Rony, falou para Draco ao alcançá-lo.
- Façam o que quiserem, mas quero que o deixem comigo. Eu vou acertar as contas com ele.
- Mas eu... – Rony começou inconformado.
- Não! – Draco interrompeu o ruivo e parou de andar. Virou-se para ele. – Isso é ligado diretamente comigo. De uma certa forma a culpa é minha.
- Pare de ser orgulhoso, Malfoy. – Rony o desaprovou. Era um pouco inconveniente já que aquele momento não era o melhor para discutirem.
- Eu estou tentando ser educado, Weasley! – Começava a ficar irritado. – Você não entende?! Isso é comigo, só comigo! Eu até entendo que você seja amigo dela e queira resolver isso, mas EU sou o namorado dela e aquele imbecil fez aquilo por isso mesmo! Pode vir comigo, pode falar com ele, mas EU quero arrebentar a cara dele, você entendeu?!
- Calma, Malfoy, você vai acabar explodindo. – debochou, sem perder a oportunidade, mas parou imediatamente ao ver que o sonserino não parecia estar para nenhum tipo de brincadeira. – Tudo bem, já entendi.
Continuaram andando. Harry e Rony concordaram em deixar Draco fazer o que queria pois perceberam que ele estava furioso e com razão. Eles não queriam, mas tinham que admitir que ele realmente gostava de Sarah. Os três rodaram por todo o castelo e não encontraram Peter. Draco já estava ficando furioso até que Harry parou. Havia tido uma idéia.
- Esperem aqui, eu já volto! – disse e saiu correndo.
- O que deu nele? – indagou Draco um tanto exausto de andar, mas com a chama da fúria cada vez maior dentro de si.
- Eu não tenho certeza, mas eu acho que ele foi pegar algo que nos ajudará a achar Peter com facilidade.
Em poucos minutos Harry voltou com um papel aberto a mão.
- Sabia que você pegaria isso. – Rony falou e se aproximou para ver. Draco fez o mesmo.
- O que é isso? – O loiro perguntou tentando disfarçar o interesse.
- É o Mapa do Maroto. – respondeu e apontou para um lugar. – Aqui! Peter está na estufa de mandrágoras e está sozinho. Provavelmente está se escondendo. Sarah e as meninas estão indo para lá. Vamos logo.
Os três correram até a estufa e chegaram antes das garotas. Draco tomou a frente e abriu a porta. Entraram. Já era noite e estava muito escuro, não conseguiam enxergar nada. Harry pegou a varinha.
- Lumos! – proferiu e foi para frente.
Rony e Draco fizeram o mesmo e foram procurar Peter. Harry abriu o mapa novamente e viu que Peter não estava mais lá.
- Ah... droga! – Enrolou o mapa. – Ele não está mais aqui. Está lá fora.
- Me dá o mapa! – Draco ordenou.
- Não abuse, Malfoy. Eu não sou seu empregado e esse mapa é meu.
- Eu só quero saber onde ele está.
- Dê a ele, Harry. – Rony falou e o olhou desconfiado. Harry abriu o mapa e entregou a Draco.
Ele saiu com o mapa a mão. Viu que estava se aproximando de Peter. Olhou para frente e viu alguém no campo de quadribol. Correu até lá e viu que era quem estava procurando. Entregou o mapa para Harry que estava logo atrás junto com Rony. Draco se aproximou lentamente sem fazer o menor ruído. Peter assustado, assim que percebeu a presença deles, se levantou do banco, ficando cara a cara com Draco.
- Você é um covarde, não é? – começou Draco de punho fechado. – Tem coragem de bater em uma garota, quero ver se tem coragem de bater em um homem.
- Eu não quero confusão, Malfoy. – disse amedrontado e andando para trás, mas Draco o seguia. – Estou até sem minha varinha.
- Mas não vamos usar feitiços. – Draco jogou sua varinha no chão e se aproximou mais. – Afinal, você não usou feitiços com Sarah, não é?! Se você tivesse usado, ela teria uma chance de se defender! Você é um covarde! Porque não faz em mim o que você fez em Sarah! – Draco gritava furioso.
Peter partiu pra cima dele, lhe dando um soco no queixo. Draco passou o dedo no lábio e viu que estava sangrando. Esfregou os dedos e riu cheio de escárnio para Peter. Voou para cima dele e deu um murro em seu estômago. Peter caiu no chão gemendo de dor.
- Vamos lá! – Draco provocava. – Não é homem o suficiente para brigar comigo?
Os dois rolaram no chão entre socos e chutes. A briga estava realmente violenta. Rastros de sangue se faziam sobre o gramado. Alunos começavam a aparecer para verem a briga. Harry e Rony, imóveis, não sabiam o que fazer. Sabiam que se eles se metessem na briga, Draco ficaria furioso. Viram Sarah e Gina si aproximarem da multidão.
- O que estão fazendo aqui, Harry? – Gina perguntou e olhou para onde ele apontou. Parou e olhou para Sarah que estava paralisada.
Sarah não sabia o que fazer. Sabia que não deveria ter contado para Draco o que havia acontecido. Com certeza ele faria alguma coisa, mas ela não imaginou que chegaria a esse ponto. Não sabia se interferia na briga ou se deixava. Apesar de querer se vingar de Peter, sabia que Draco poderia machucá-lo de verdade. Pegou sua varinha.
- Locomotor Mortis! – proferiu desesperada e os dois pararam.
- Ih, o mesmo feitiço que você usou em mim. Ele não é nada agradável. – Andrew, que havia chegado com Adriene há pouco tempo, comentou rindo. Não sabia o que havia acontecido e não entendia a seriedade da situação.
Sarah lhe deu um tapa no braço por ele estar rindo de uma situação tão séria. Quando se virou de volta para os garotos viu que eles continuavam a brigar usando apenas as mãos. Draco enchia a cara de Peter de socos e o garoto apenas se defendia puxando os cabelos loiros de seu oponente e lhe dando socos no olho. Não sabia o que fazer. Pensou em petrificar totalmente os dois, mas estava tão nervosa que não conseguia mexer ao menos a varinha. Começou a gritar pedindo para o namorado parar, mas ele parecia não escutar.
- O que está havendo aqui?! – indagou McGonagall irritadíssima ao se aproximar. – Draco Malfoy, Peter Lange e Sarah Wynette, me acompanhem agora!
- Finite Encantatum! – Sarah proferiu e olhou para Draco. Ficou apavorada ao ver o rosto dele com um olho roxo, o nariz sangrando e o lábio inferior muito inchado. Estava totalmente machucado.
Peter se levantou com muita dificuldade e tentou ir até McGonagall, mas caiu. Alguns alunos foram ajudá-lo. Draco pegou sua varinha que estava no chão e tentou se levantar também, mas não conseguiu. Sarah correu e tentou ajudá-lo. Harry viu que Sarah não o agüentaria e também foi ajudá-lo. Os dois o levantaram e foram o carregando.
- Eu juro que nunca imaginei essa cena. Vocês me carregando até a sala da professora McGonagall. – disse o loiro rindo e gemeu de dor.
- Draco, não precisava ter feito aquilo. Se eu soubesse...
- Tudo bem. Apesar de eu estar todo ferrado, aquele imbecil está bem pior que eu e nem agüenta a dor como homem. – comentou e riu novamente ao ver que ele não parava de gemer e reclamar.
- Parece até alguém que eu conheci há alguns anos. – Harry falou irônico.
- Obrigado, Potter, por me lembrar desses tempos em que eu era um idiota.
- Disponha. – Os três riram. Sarah estava se sentindo feliz, apesar de todo aquele acontecido, por ver Harry e Draco juntos, como se não fossem inimigos, mas não ousara dizer como se fossem amigos.
- Draco, não quero que conte o que Peter fez comigo para a McGonagall. – pediu Sarah séria.
- Mas por que não?! – indagou inconformado.
- Prefiro assim.
- Mas Sarah... – contestou Harry. – Se não falarmos, ele vai sair impune dessa.
- Draco já fez ele pagar. Não precisam saber disso, nenhum dos professores. Ninguém precisa saber. Eu ficaria com vergonha...
- Venham apenas os três envolvidos. – Minerva falou ao chegar em frente à sala e ver vários alunos que estavam ajudando Peter ou simplesmente foram para ver o que aconteceria. Todos sabiam que eles poderiam ser expulsos. – Senhorita Granger, procure o professor Snape, por favor.
- Sim, senhora. – respondeu e correu com Gina pelo corredor.
Os quatro entraram na sala. Minerva os mandou sentar e ela se sentou em sua cadeira. Draco, que estava sentado no meio, pegou a mão de Sarah e a segurou. Ela o olhou carinhosamente e sorriu.
- Bem, quero que me digam o que aconteceu. – pediu depois de respirar fundo. Os três começaram a falar numa única vez e um tumulto se fez na sala. Ela balançou as mãos pedindo para que eles se calassem. – Um de cada vez. Peter, diga o que aconteceu. – falou apontando para ele e Draco se segurou para não espancá-lo mais ali mesmo.
- Professora, eu estava no jardim sozinho e quieto quando o Malfoy, junto de Harry Potter e Ronald Weasley chegaram querendo arrumar briga. Eu não queria, eu disse a eles, mas não adiantou e o Malfoy partiu para cima de mim.
- Que canalha você é! – Draco gritou e se levantou da cadeira. Sarah tentou acalmá-lo.
- Draco Malfoy! – A professora repreendeu irritada. – Deixe-o continuar e depois eu pergunto a sua versão, está bem?
- Está bem. – Sentou na cadeira furioso e estalou todos os dedos da mão de uma vez. – Mas esse idiota deveria parar de maquiar a história e contar a verdade.
- Fique calmo, Draco! – Sarah falou e apertou sua mão.
- Continue, Peter.
- Bem, – recomeçou e olhou com raiva para Draco. Voltou seu olhar para a professora. – foi só isso professora.
- Então, Draco, Harry e Rony te atacaram? – perguntou estranhando aquilo. Não imaginava os três juntos, ainda mais atacando alguém.
- Não. Os três estavam juntos, mas somente o Malfoy me atacou.
- Isso é verdade, Draco? – perguntou se virando para o loiro.
- Professora, – começou depois de dar um longo suspiro e estalar os dedos da outra mão. – não foi exatamente assim. Eu tive um motivo.
- E qual é o motivo?
Sarah apertou sua mão muito forte. Ele a olhou e viu Sarah suplicar com olhar para que ele não contasse. Ficou na dúvida se contava ou não seu motivo, mas não podia negar a Sarah seu silêncio. Percebeu que Peter o olhava com medo.
- São coisas bobas entre eu e ele. Coisas não resolvidas, não é nada demais.
- Então, Draco, eu terei que puni-lo seriamente.
- Mas por quê? – indagou tentando se controlar.
- Por que você acha? O senhor atacou um aluno e...
- Mas eu não o ataquei. – interrompeu se defendendo. Sarah começava a ficar incomodada com aquela situação. – Nós brigamos, foi diferente.
- Mas o senhor começou. – Olhou-o severamente e quando viu que ele começaria a falar recomeçou. – Está decidido, senhor Malfoy! Não discuta comigo.
- O que aconteceu, Minerva? – perguntou Snape ao entrar na sala. Caminhou até ela e parou ao seu lado. – Hermione Granger me disse que estava me chamando.
- Eu achei Draco Malfoy e Peter Lange brigando nos jardins. Veja o estado deles. – falou apontando para os dois inconformada.
- E Sarah Wynette? O que faz aqui? – perguntou fitando a garota com seriedade.
- Ela interferiu na briga. Tentou impedir que os dois se matassem. O senhor Malfoy começou a briga e exijo uma punição. Eu punirei Peter, mas Draco deve, no mínimo, ter uma suspensão de dias.
- Eu não acho que seja necessário isso. É apenas briga de garotos e nada mais.
- Mas ele me agrediu sem motivo. Simplesmente para se mostrar pra todo mundo! – Peter acusou exaltado. Draco o olhou com ódio, mas não podia se defender.
- Está bem. Senhor Malfoy, eu sinto, mas você ficará fora da escola por uma semana e terei que informar seu pai disso. – Snape falou pesaroso. Não queria puni-lo, afinal, tinha uma certa preferência pelo aluno.
- Está bem, professor. – concordou de cabeça baixa. Precisava fazer aquilo por Sarah.
- Não! – gritou a garota de repente. – Vocês não podem fazer isso com ele. Draco teve uma razão muito forte para bater nesse imbecil covarde, mas eu pedi para que ele não contasse.
- E qual foi o motivo, Sarah? Me diga. – Snape pediu desconfiado.
- É, é que... – respirou fundo e olhou para os professores. – Draco quis me defender.
- Quis te defender do que? Explique essa história direito. – Cada vez mais Snape ficava confuso. Nunca escutara uma história tão mal contada.
- Peter a ofendeu e eu me irritei. – Draco tentava se controlar, mas um ódio subia pelo seu corpo. Ameaçou bater em Peter, mas se controlou.
- É mentira! – Peter se defendeu cinicamente.
- É realmente mentira. – Sarah afirmou. Todos estranharam. – Ele não me ofendeu, ele me agrediu! – acusou-o. Os professores pareceram completamente abismados.
- Como assim? Sarah, Peter agrediu você? – McGonagall se aproximou da menina que estava de cabeça baixa. – Preste atenção no que vai falar por que é realmente grave isso. Uma coisa é dois garotos brigarem, outra bem diferente é um garoto bater numa garota, usar da força bruta.
- É verdade. – respondeu. Quis chorar, mas tentou se controlar.
- Isso é mentira! Eles se juntaram para me acusar! – Peter mentia descaradamente.
- Não é não e tenho como provar! – Draco se levantou da cadeira e puxou a manga da veste da menina, deixando as marcas em seu braço à mostra. Virou o rosto dela que também ainda estava marcado. – Viram?! Agora não podem dizer que é mentira. Por isso eu fui atrás dele, sim! Bati nele, sim e não me arrependo!
- Peter, tem algo a dizer em sua defesa? – perguntou Minerva ainda meio incrédula.
- Não... – resmungou sem olhá-los.
- Como você pôde fazer isso? Foi uma covardia. – dizia espantada. Balançou a cabeça e parou para pensar um pouco.
- Dumbledore terá que ficar sabendo disso. – Snape disse irritado. Caminhou de um lado para o outro muito inquieto.
- Não, professor, por favor! – pediu Sarah desesperada. – Ele não pode ficar sabendo disso.
- Por que? – indagou o professor sem entender. – Você não tem culpa disso, não precisa ter vergonha.
- Está bem. – disse vencida. Recostou na cadeira pensativa. Todos tinham razão. Ela não deveria ficar com vergonha.
McGonagall pegou um pergaminho e começou a escrever algo que somente Snape estava lendo. Ele fazia um sinal afirmativo com a cabeça como se estivesse concordando com tudo. Assim que terminou, ela enrolou o pergaminho e se levantou. Foi até a porta e saiu durante alguns minutos. Voltou com Filch.
- Filch, por favor, leve o senhor Lange até a sala de Dumbledore e entregue isso a ele.
- Sim, professora. Vamos, garoto.
Os dois saíram da sala. Minerva se sentou novamente em sua cadeira. Olhou para os dois alunos a sua frente e cruzou as mãos sobre a mesa.
- Vocês dois, podem ir. Não terão detenção. – disse com um pequeno sorriso. Sarah e Draco se entreolharam felizes. – Mas eu só peço, Draco, que na próxima vez me comunique antes de querer bater em alguém.
- Sim senhora, não acontecerá de novo. – disse sorrindo. – Podemos ir?
- Podem. – respondeu a professora que começou novamente quando os dois estavam perto da porta. – Só uma pergunta. Draco, você estava andando com Harry Potter e Ronald Weasley e estava defendendo a Sarah. Está acontecendo alguma coisa que eu não sei?
- Bem, – Snape se aproximou. – vocês dois estão...?
- Estamos juntos, sim. – Draco respondeu dando a mão a Sarah, que sorriu.
- Vo... vocês? Juntos? – balbuciava confuso. – Não esperava por isso, devo confessar.
- Ninguém esperava, professor. – comentou Sarah.
Depois que saíram da sala de Minerva, Draco e Sarah foram para a enfermaria. Madame Pomfrey deu uma poção para a dor de estômago dele e passou uma pomada com um odor muito forte em seus olhos.
- Isso é para sair esse inchado e não ficar marcas. – explicou ao ver os dois alunos reclamarem do cheiro e fez um feitiço no lábio do rapaz.
Ficaram esperando uns quinze minutos até que ela mandou Draco lavar o rosto para tirar a pomada. Draco estava com a aparência bem melhor. Saíram e pensaram em ir para o Salão Principal, mas já estava muito tarde. Foram para a sala onde se encontravam.
- Eu fiquei com alguma marca no rosto? – Draco perguntou quando se sentaram na mesa em frente a janela.
- Não, você está lindo como sempre. Até mesmo machucado você fica lindo.
- Você que é linda. – Beijaram-se apaixonadamente.
- Obrigada por hoje, Draco. – Sarah disse e o abraçou ternamente. Passara a admirá-lo ainda mais. – Você foi incrível. Primeiro foi me defender e bateu em Peter, depois não contou para os professores por que eu pedi. E o melhor, você não brigou com meus amigos. Você ficou junto deles.
- É verdade. Eu não esperava isso. – comentou pensativo e acariciou os cabelos de Sarah. – Na verdade, eu me surpreendi com eles. Eles gostam muito de você, mas apenas como amigos. Eu não entendia isso. Além do mais, o Potter não é tão ruim assim. Só o Weasley pobretão que eu realmente não consigo aturar. Mas tudo bem. Não me importa isso. Importa que tudo está esclarecido e que não precisamos nos esconder de ninguém.
- É verdade. Hoje as pessoas me perguntaram tantas coisas sobre a gente. Estão todos estranhando. Você viu a cara de Minerva e Snape quando contamos? – perguntou rindo.
- Eles ficaram meio chocados. E sua mãe? Você contou a ela? Por que, se bem me lembro, você disse que ela não gostava muito da minha família.
- É verdade, mas acho que não tem problema. Ela não gosta do seu pai, é diferente.
- Sabe, eu não ia comentar, mas meu pai já me fez inúmeras perguntas sobre sua mãe.
- Sério? – Virou-se para ele surpresa. – Por que? O que ele tem a ver com ela?
- Não conte para ninguém que eu te disse e nem para a sua mãe. – aconselhou e ela concordou com a cabeça. – Os dois tiveram um relacionamento.
- Não é possível... – disse incrédula e confusa. – Como?
Draco contou que o pai havia dito que os dois haviam tido um breve relacionamento na época do colégio, mas que acabaram terminando quando ele conheceu Narcisa. Contou também que o pai fazia muitas perguntas sobre ela, como se ainda tivesse algum interesse.
- Talvez seja porque minha mãe se foi. – comentou um tanto triste e chateado.
- E ele comentou alguma coisa sobre a vida dela, tipo, sobre a família? – perguntou querendo saber se ele havia dito alguma coisa sobre ela ter parentesco com Dumbledore.
- Não. – respondeu pensativo. – Mas bem que eu poderia ter perguntado. Você não me fala sobre sua família. Como eu sou burro.
- Não faça isso, Draco. – falou séria. – Eu já disse que vou te contar. Pode ter certeza disso. A única coisa que eu posso te dizer é que nossa família não é de trouxas e que você ficará muito surpreso quando eu te contar.
- Nossa... assim você me deixa cada vez mais curioso.
Sorriram. Sarah sabia que poderia confiar nele e ele esperaria. Voltaram a se beijar com urgência. Haviam passado por tantas coisas, tantas emoções, tantas provações naquele dia que estavam cansados. Sarah estava muito feliz por estar ali com Draco, o garoto que amava e que tanto queria. Não podia acreditar que estavam ali juntos, há tanto tempo e que agora todos sabiam. Draco também estava não acreditando em tudo aquilo. Nunca poderia imaginar que uma garota como ela pudesse mudá-lo tanto. Imaginou o que seu pai diria quando soubesse de tudo, mas não queria pensar. Só queria aproveitar aquele momento em que estava tão próximo de Sarah. Depois de um tempo ali, decidiram ir pois já estava muito tarde.
- Eu quero escrever uma carta para minha mãe ainda hoje para falar do nosso namoro.
- Tudo bem e fala que eu mandei um abraço. – disse debochado.
- Não brinca, Draco, eu só quero ver amanhã o que vai acontecer com Peter.
- Eu também. Tomara que ele seja expulso de Hogwarts. Só assim eu estaria satisfeito.
- Quem sabe?
Logo que Sarah chegou no dormitório, pegou um pergaminho, um tinteiro e uma pena e colocou em cima da mesinha de cabeceira. Viu que as meninas estavam dormindo. Pegou sua varinha e foi para debaixo da coberta para não acordá-las com a luz.
- Lumos! – proferiu. Molhou a pena e começou a escrever.

“Mãe,
acho que chegou a hora de você saber uma coisa. Lembra-se do garoto que eu tinha dito que gostava? Bem, estou namorando com ele. O único problema é que ele é de uma família que você não aprecia muito. É Draco, filho de Lúcio Malfoy. Por favor, não venha para me matar, está tudo bem, acredite. A propósito... POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE QUE TINHA NAMORADO O PAI DELE?! Sim, eu fiquei sabendo e espero uma resposta urgente! De qualquer forma, não importa mais. Só fique sabendo que Lúcio pergunta sobre você.
Com amor,
Sarah”



No café da manhã, o assunto mais comentado não era o namoro de Sarah e Draco, mais sim a suspensão de Peter. Ninguém conseguia entender o porquê dele ter que ficar afastado durante uma semana da escola só por causa de uma briga sendo que não havia acontecido nada com Draco. Enquanto Sarah, que já havia mandado a coruja para a mãe, conversava animadamente com Gina, Harry e Rony estudavam como loucos. Teriam um teste de Snape logo depois e não haviam estudado muito. Hermione, como sempre, repreendeu os garotos, mas eles não ligaram. Sarah olhou para a mesa da Sonserina e reparou que Draco permanecia tranqüilo. Deveria ter estudado antes.
Draco realmente estava calmo, até que sua coruja sobrevoou sua mesa e deixou cair uma carta perto de seu prato. Ele sabia de quem era infelizmente. Pegou o envelope e abriu.

“Draco Malfoy,
como você ousa se envolver com uma Grifinória estúpida?! Era última coisa que eu esperava de você. Por sorte eu tenho pessoas em Hogwarts nas quais posso confiar já que não posso confiar em meu filho, meu próprio filho. E o pior, ela é filha de Sabrina Wynette. Talvez você não saiba ou sua namoradinha não tenha lhe falado a qual família elas pertencem. Pergunte a ela, descubra e depois me responda à carta. Você entenderá o porquê de minha irritação.
Lúcio Malfoy”


Draco tentou disfarçar a impaciência inutilmente. Não entendia por que todos sempre tinham que permanecer contra o que ele queria. Observou em volta para tentar descobrir quem poderia ter contado a seu pai e se deparou com Pansy, do outro lado da mesa, sorrindo triunfante e orgulhosa em sua direção. Não teve dúvidas. Respirou para não se levantar naquele momento mesmo e lançar um terrível feitiço na menina. Releu a carta com calma. Do que seu pai estaria falando? A qual família Sarah pertenceria para ser tão ruim daquela maneira? Sarah já havia dito que ele se surpreenderia, mas era de família pura, somente de bruxos. Ficou muito desconfiado, precisava perguntar a ela afinal, o que mais perturbaria tanto ao seu pai? Esperou um tempo até que ela se levantou da mesa junto com os amigos. Esperou eles saírem do Salão e foi atrás dela. Passou por Rony e segurou o braço de Sarah, dando um susto na menina.
- Draco, o que houve? Você me assustou! – Ela falou ao lado de Gina.
- Eu preciso muito conversar com você. – disse com ênfase e uma feição séria que intrigou a menina.
- Tudo bem. – Sarah preocupou-se com o tom do rapaz. – Gina, vai indo na frente. Te encontro na sala.
- Está bem, te espero lá.
Fugindo dos olhares desconfiados dos amigos de Sarah, os dois foram para um canto afastado, atrás de uma estátua. Encararam-se durante um tempo. Draco não sabia por onde começar. Balbuciou uma ou duas palavras, mas nada disse.
- Fale logo, não tenho o dia inteiro. – disse sorrindo e o beijou docemente. Sentiu que seu beijo não foi correspondido. – Você está muito estranho...
- Sarah, eu preciso que você me conte a verdade sobre sua família, Não quero ter segredos com você. Pansy mandou uma carta para o meu pai contando de nosso namoro e ele não gostou nada. Disse que sua família não é boa, mas não me explicou o...
- Tudo bem. – interrompeu vencida. Realmente estava cansada de esconder aquilo. Também não queria ter segredos com ele. – Acho que já está na hora de você saber, mas não acredite no seu pai. Quando eu te contar, cabe a você achar ruim ou não.
- Então você contará hoje?
- Te contarei quando receber a carta da minha mãe, me explicando toda a história com seu pai.
- Está bem, a gente se vê mais tarde. – Beijou-a rapidamente e foi para a sala de aula. Sarah respirou fundo. Ficou com medo, mas sabia que teria que contar.
A noite chegou rapidamente. Sarah se olhou no espelho por mais uma vez. Estava ansiosa pela resposta da mãe. Queria a explicação para contar tudo para Draco. Seria melhor assim. Além do mais, não era tão ruim assim ser sobrinha de Dumbledore. Se ela fosse uma Potter seria bem pior, mas não era. Sua família era muito boa e Draco não ficaria aborrecido, ela pensava.
Quando chegou na sala, viu Draco furioso pelo seu atraso. Nem ao menos a cumprimentou e pediu novamente que ela dissesse a verdade para ele, que também parecia estar muito ansioso. Ela disse que esperaria a carta de sua mãe, mas ele não quis compreender. Sem dizer nada, saiu da sala e não respondeu quando Sarah o chamou. Parecia mais furioso que antes.

Draco desceu para tomar café na manhã seguinte mais tarde do que de costume. Não queria encarar Sarah. Sabia que estava sendo incompreensível, mas a carta de seu pai o deixara extremamente confuso e temeroso. Tudo estava perfeito para ele e se a família de Sarah fosse um obstáculo para os dois ficarem juntos seria terrível. Não iria suportar. Quando desceu, Sarah e seus amigos já haviam ido. Tomou café rapidamente e foi para a aula.

Enquanto Sarah relatava a Gina o que tinha acontecido na noite anterior, Hagrid contava algumas historias sobre o Hipogrifo na aula. Depois, foram para a sala fazer uma composição sobre o animal. Logo que Sarah entregou a sua, bateram na porta. Era Filch, como sempre, irritado.
- Com licença, mas preciso levar a aluna Sarah Wynette comigo. – disse, tentando assustá-la com um olhar ameaçador em sua direção.
- O que eu fiz agora?! Eu fiquei quieta esses dias... – Apavorada, se explicava. Não queria mais nenhuma confusão.
- Vá, Sarah, acompanhe Filch. – Hagrid pediu. A garota olhou para Gina, que estava tão surpresa quanto ela, e saiu.
Os dois foram em direção a sala de Dumbledore, onde McGonagall a esperava na entrada, próxima a estátua. Sarah não disse nada, apenas a seguiu. Quando chegou no interior da sala de seu tio, teve uma tremenda surpresa. Viu sua mãe em pé, ao lado de Dumbledore. Com um gigante sorriso na face, correu para abraçá-la.
- Mãe, o que faz aqui?! – perguntou exaltada em meio aos beijos que ganhava.
- Vim visitar você e seu tio. – respondeu sorrindo. – E, principalmente, te explicar algumas coisas.
- Mãe, você vai me dizer toda a verdade?
- Claro. É o que vim fazer.
- Então eu gostaria que Draco estivesse aqui para escutar também.
- Mas filha, é uma coisa pessoal. Ele não tem...
- Ele é meu namorado e eu não tenho coragem de contar que sou sobrinha do diretor de Hogwarts porque sei que, por mais que eu tente me enganar, ele e a família dele não gostam do meu tio e eu nem sei ao certo o motivo. Por favor.
- Tudo bem. – concordou, não muito satisfeita, ao encarar o irmão que, apenas com um olhar a convenceu.
Dumbledore foi até onde Minerva estava, disse algo a ela e voltou enquanto a professora saía.

Draco estava completamente distraído rabiscando um pergaminho sobre sua mesa quando escutou Snape gritar seu nome. Levantou o rosto rapidamente e viu McGonagall na porta. “Ai não! O que aconteceu dessa vez?” pensou aborrecido imaginando o que mais poderia acontecer em sua vida. Saiu da sala e foi com a professora até a sala de Dumbledore. Ficou muito surpreso ao ver Sarah e uma mulher junto do diretor.
- O que houve? – perguntou desconfiado e se aproximou da namorada.
- Draco, – Sarah segurou a mão do rapaz e o levou até perto da outra mulher. – essa é minha mãe. Ela veio esclarecer algumas coisas pra mim e pra você também.
- Draco Malfoy, muito prazer. – O rapaz cumprimentou, apertando-lhe a mão, mas não conseguia disfarçar a desconfiança.
- O prazer é meu, Draco. Então, você é o rapaz que enfeitiçou minha filha, não é?
- Bem... eu... – Tossiu sem-graça. Pelo visto a mulher já estava sabendo do namoro.
- Tudo bem, não fique envergonhado. Venham os dois, vamos nos sentar. – Foi até uma poltrona acenando para que os jovens fizessem o mesmo. – Talvez a conversa seja um pouco longa.
Dumbledore sentou-se em sua cadeira e Draco e Sarah se sentaram a sua frente em duas cadeiras viradas para a poltrona cor-de-vinho onde Sabrina estava.
- Bem, antes eu quero perguntar a você, Draco, o que o seu pai disse exatamente de mim.
- Na verdade ele não disse nada de mais. Ele só disse que teve um breve relacionamento com a senhora e, depois que soube do nosso namoro, disse que eu entenderia a irritação dele quando soubesse a qual família Sarah pertence. Eu não entendi.
- Não deixe ele te enganar. Ele pode até ter algumas contrariedades a respeito de minha família, mas o verdadeiro problema é comigo, querido.
Draco não pôde deixar de lembrar de sua mãe quando Sabrina o chamou de querido. Ela havia falado exatamente do mesmo jeito que Narcisa fazia.
- Vou contar a vocês. – Sabrina inclinou um pouco o corpo pra frente. Viu que Dumbledore a observava atento. Continuou.
Sabrina, apesar de ser uma grifinória, era muito amiga de Severo Snape na época de Hogwarts. Talvez uma dos poucos amigos do rapaz. Por causa dessa amizade, conheceu Lúcio. No começo não se davam muito bem, mas depois de um tempo acabou se envolvendo com ele. No fundo não queria pois conhecia o caráter de Lúcio e sabia que ele não era confiável. Mesmo assim não conseguia deixá-lo. Era mais forte que sua própria vontade e ele sempre a perseguia. Um dia, ela descobriu que ele simplesmente começara a namorar Narcisa, também sonserina, e nem ao menos havia se dado ao trabalho de falar com ela. Sabrina pensou que ficaria triste, mas não ficou por que Snape e seus outros amigos não deixaram. Consolaram-a até o último momento. Depois de um tempo, começou a namorar Phill, o pai de Sarah. Lúcio não se agradou com a situação e foi procurá-la, mas Sabrina não deu nenhuma chance a ele. Irritado, Lúcio começou a atacá-la e induzia seus amigos a fazerem o mesmo, fazendo parecer uma rixa normal de sonserinos e grifinórios, quando na verdade aquela situação era por motivos pessoais.
- E foi assim. Ele usava a minha família como motivo para me atacar, principalmente porque ele nunca gostara de meu irmão e sei que ainda não o suporta.
- E quem é ele? – perguntou completamente absorto com toda aquela história. Não conseguia imaginar seu pai envolvendo-se com uma grifinória.
- Eu. – Dumbledore se levantou de sua cadeira e foi até a irmã. Parou ao lado dela. – Sim, Draco, Sarah é minha sobrinha.
Sarah o olhou e viu que ele estava imóvel. Imaginou que a surpresa fosse muito grande. Apertou sua mão e chamou por seu nome algumas vezes. Ele não respondia. Depois de alguns segundos acabou reagindo. Virou-se para Sarah, a encarando.
- Você é sobrinha do Professor Dumbledore e nunca me disse, por quê?
- Entenda, ninguém pode saber. É um segredo.
Sarah contou como realmente Rony havia ido para sua casa e como aconteceram as coisas depois que ela soube que era uma bruxa. Cada vez mais as coisas pareciam inacreditáveis para Draco. Seria a última coisa que poderia imaginar sobre a vida de Sarah. Não era tão ruim assim, mas seu pai não aceitaria de jeito nenhum. Não só pela mãe de Sarah, mas também por seu envolvimento com Voldemort. Um Comensal namorando a sobrinha de Dumbledore era uma idéia inaceitável e sabia que Sarah não tinha consciência do tamanho do problema já que ela não sabia, ou pelo menos não parecia saber, de seu envolvimento com Voldemort. No entanto, não poderia dizer aquilo que estava pensando.
- Eu preciso pensar um pouco, Sarah. Isso é realmente confuso e... estranho. – disse sem olhá-la e saiu da sala, deixando a garota um tanto triste.
Sarah despediu-se de sua mãe e de seu tio e saiu. Queria descansar um pouco no dormitório.
Sabrina se aproximou de Dumbledore ao ver a filha sair.
- Mas eu não consegui entender o porquê de ter de contar tudo isso a Draco. Até entendo que ele é namorado de Sarah e que, de uma certa forma, tem que saber de tudo. Mas achei um certo de exagero em tudo isso. Além do mais, ele não tem motivos para ficar chateado com Sarah, e ele realmente pareceu ter ficado assim.
- Sei o que o perturba. Draco vive em um mundo muito diferente do que vivemos. Ele segue, ou pelo menos é obrigado a seguir, um caminho diferente do nosso. Talvez Sarah seja a única pessoa que possa mudar isso e, se isso acontecer, muitas coisas irão mudar. – concluiu pensativo. Não poderia dar mais detalhes do que passava em sua mente.
- Você é tão misterioso, Alvo. Às vezes é difícil entendê-lo. Eu tento, mas não consigo.

Draco entrou em seu dormitório vazio e se jogou na cama. Não poderia ter desconfiado daquilo nunca. Sarah, sobrinha de Dumbledore. Era difícil de crer. Queria conversar com ela, mas não poderia. Não poderia explicar o que estava acontecendo dentro de si próprio por que ele mesmo não sabia. Não sabia o que pensar, o que falar, nada. Simplesmente nada. A única coisa que queria naquele momento era que Sarah fosse apenas Sarah e que ele fosse Draco, apenas Draco. Sem sobrenomes, sem famílias, sem guerra, sem Voldemort. Principalmente sem Voldemort. Em meio aos seus pensamentos confusos, acabou adormecendo.

Sarah contou sobre a visita da mãe e o que ela falara para Gina e Rony, que estavam sozinhos na Sala Comunal, discutindo como sempre. Os dois ficaram surpresos com a história, mas também, quem não ficaria? Depois de conversarem durante algum tempo, Rony se despediu das meninas e foi dormir. Gina e Sarah foram para o dormitório. Adriene ainda estava com Andrew pelo castelo e só voltaria bem a noite. Assim, tinham mais liberdade para conversarem.
Depois de algum tempo, Gina acabou dormindo e Sarah foi para a sala encontrar com Draco, mas ele não estava lá. Esperou durante alguns minutos e percebeu que ele não iria. Imaginou que ele estivesse muito chateado e voltou para o dormitório.

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