Amigos São Para Isso



O dia amanheceu rapidamente para Sarah. Não chorou como quando brigou com Gina, mas estava tão triste quanto. Levantou-se e viu que as meninas ainda dormiam, como a maioria das vezes. Arrumou-se e desceu. Foi dar um passeio pelo castelo quase vazio. Não viu o tempo passar. Quando se deu conta já estava ficando atrasada. Correu até o Salão Principal. Quando estava se aproximando da mesa viu Andrew, Harry, Rony e Adriene a encararem com dureza. “Eles já sabem” pensou pesarosa. Caminhou lentamente até onde Gina estava. Sentou-se e os quatro se afastaram, deixando-a arrasada. Hermione e Gina, que continuaram no lugar, se aproximaram mais para falar com ela.
- Rony contou pra gente hoje de manhã na Sala Comunal. – disse Gina em tom lamentoso.
- Ele está arrasado. – acrescentou Hermione. – Não conseguimos contar para ele que sabíamos. Ficamos com medo.
- Tudo bem. – disse ao secar uma lágrima que caiu. – Eu prefiro que vocês não contem. Não há necessidade dele saber. A mágoa dele é comigo e não com vocês.
- Eu acho melhor contarmos pra ele, porque se ele descobrir depois vai ser pior. Principalmente eu que sou namorada dele.
- E eu sou a irmã. É melhor contarmos, mesmo.
As duas se levantaram. Sarah tentou impedi-las, mas elas se aproximaram e chamaram Rony. Os três foram para o canto do Salão. Sarah ficou observando e só viu a expressão de decepção de Rony que rapidamente voltou para se sentar com Harry. Gina e Hermione voltaram a se sentar e continuaram caladas. Viram Rony contar para Andrew, Harry e para Adriene. Os três olharam em direção as meninas e rapidamente se voltaram. Harry não tinha a expressão tão dura. Parecia mais confuso. Ele era compreensível e a entenderia um pouco melhor.
- Eu disse que não precisava dizer. – falou Sarah chorosa.
- Precisávamos fazer isso. Rony é temperamental e logo esquecerá. Não se preocupe com isso. – disse Hermione, consolando a amiga.
- Vocês não entendem. Rony é meu melhor amigo e isso é horrível pra mim. – Levantou-se da mesa e saiu rapidamente do Salão.
Draco observou tudo atentamente de onde estava sentado e logo desconfiou que algo ruim havia acontecido. Olhou para Rony e viu que ele o encara com um ódio sem tamanho. “Eu não acredito” resmungou para si mesmo. Com certeza ele descobrira. Imaginou como Sarah estava se sentindo. Precisava falar com ela. Levantou-se rapidamente da mesa e foi atrás dela. Mal viu que Rony havia visto e entendido o que ele iria fazer.
- Sarah! – gritou Draco ao alcançá-la no corredor vazio.
- Draco? O que houve? – Virou-se assustada e secou as lágrimas no rosto.
- Eu sei porque você está chorando. – disse e acariciou seu rosto. – Seus amigos descobriram, não é?
- Sim. – Começou a chorar novamente e o abraçou. Não viu que Rony e os outros estavam observando atônitos àquela cena. – Rony achou uma carta que você mandou pra mim marcando um encontro e agora ele me odeia.
- Não fique assim. Tudo vai se resolver, eu prometo. – disse. Os dois ficaram abraçados até que escutaram palmas e rapidamente se separaram assustados.
- Muito bom, estão de parabéns! – disse Rony sarcástico enquanto batias palmas. Os outros se mantinham calados atrás dele. – O novo casal de Hogwarts... Que perfeito!
- Cala a boca, Weasley! – Draco falou irritado ao se meter na frente da namorada. – Você não tem nada a ver com isso. É um assunto somente de nossa parte.
- Eu tenho muito a ver com isso sim. Primeiro, porque minha melhor amiga mentiu pra mim. Segundo, se fosse com outra pessoa eu entenderia, mas é com você. Ela não poderia ter escolhido pior. Seria muito melhor se ela estivesse com um Trasgo.
- Eu estou cansado das idiotices que você está dizendo. – Deu uns passos para frente e ficou cara a cara com ele. – Ela não contou porque eu não deixei. Ela queria contar, mas eu pedi que não. Além do mais, ela tem que escolher com quem ela quer ficar, não você. Ela é sua amiga e não sua filha!
- Rony, vamos embora. – pediu Hermione tentando segurar a mão de Rony, mas ele se afastou.
- Me solta! – disse grosseiro. – Você é uma traidora também!
- Não diga bobagens, Rony! – Sarah, cansada de ficar calada, começou. – Ela não tem nada a ver com isso. Você está com raiva de mim e não dela e nem da Gina. Elas não contaram antes por que eu pedi. – Aproximou-se, o encarando com raiva. – E você deveria se lembrar quando você namorou Susi e escondeu a verdade de Hermione e de mim também. Não somos tão diferentes assim, querido Rony. Pense bem!
Ele procurou palavras para uma resposta, mas não encontrou. De uma certa forma ela estava certa e ele tinha que concordar.
- Já chega, Rony. – Harry também parecia irritado, mas não com Sarah e sim com Rony. – Ela tem razão. Tente entendê-la. Eu sei que é difícil, mas como o Malfoy falou, isso é somente da conta deles.
- Está vendo? Até Potter é mais sensato que você! – exclamou Draco também aborrecido.
- Cala a boca, Malfoy! – gritou Rony. – Está bem, eu deixo vocês em paz. Eu sei que eu não tenho nada a ver com isso. – Aproximou-se de Sarah e continuou. – Mas eu quero que você saiba, Sarah, que eu confiei muito em você. Você era minha melhor amiga, mas você mentiu, traiu minha família que te acolheu e eu não posso perdoar. – terminou e deu as costas a todos.
Sarah, vendo-o ir, correu para o dormitório, não querendo encarar seus outros amigos. Gina e Hermione seguiram a garota, mas não conseguiram entrar já que a porta estava trancada. Bateram e chamaram por Sarah, que não respondeu. Gina, tomada por uma raiva repentina, desceu e foi procurar Rony. Ele estava sentado numa poltrona na Sala Comunal. Ela se aproximou.
- Rony, você é um idiota! – gritou tomada por raiva. – Como você pode magoá-la dessa maneira?
- Pergunte para si mesma. Eu não fui o primeiro...
- Foi um engano meu e depois pedi desculpas. Isso que você está fazendo é...
- Não é engano meu. – interrompeu e se levantou. Foi até a janela. – Eu vi com meus olhos, eu tenho provas! Vocês procuram entendê-la, mas não tentam me entender. Eu confiei nela e pra que? Ela ficou com o Malfoy, logo com o Malfoy. O cara que sempre ofendeu a gente. Como ela pode fazer isso?
- Você não tenta entender ela também, Rony. Eu vou te contar a verdade. Eu sabia de tudo desde o começo, Hermione descobriu depois. No início, eu também não a entendi, apesar de tê-la apoiado. Depois eu fui descobrindo que o Malfoy gosta realmente dela. Eles brigaram várias vezes. Quando eu a acusei de ter ficado com Harry, foi Malfoy que tinha me dito que ela estava com Harry e ele o fez por puro ciúme. Eu acreditei nele, mas depois tudo se resolveu. Ele se amam. Eu sei que é inacreditável, mas eles se amam de verdade.
- É realmente inacreditável. Tanto que eu não acredito. – disse irônico. Pensou um pouco enquanto olhava pela janela. – Por que ela não contou, então?
- Porque ela estava com medo da sua reação. Ela estava com medo de que você fizesse o que você está fazendo, Rony. – disse e encarou profundamente o irmão. – Tente entendê-la, converse com ela. É o melhor que você pode fazer. O verdadeiro amigo critica, mas acima de tudo apóia. Se o que ela estiver fazendo for um erro ou não, o importante é que você esteja do lado dela. – Sorriu para o irmão e foi embora para que ele pudesse refletir.
Rony, depois do que a irmã falara, ficou muito pensativo. Pensou que talvez estivesse sendo exagerado demais, mas não podia evitar. Odiava Draco. E o medo de que sua melhor amiga se tornasse alguém como ele era maior ainda. Estava observando a floresta pela janela quando Harry entrou. Conversou com o amigo. Rony contou o que Gina havia dito. Harry, surpreendendo ao ruivo, decidiu conversar com Draco, já que Rony não poderia fazê-lo pacificamente.
Sarah passara o dia todo no dormitório e não foi se encontrar com Draco naquela noite. O rapaz sabia que ela não iria, então não se surpreendeu.
No outro dia, Sarah não desceu para tomar café. Não queria encarar seus amigos e muito menos Rony. Foi direto para a sala de aula e se encontrou com Gina lá. Percebeu que Andrew e Adriene a evitavam sem se importarem e isso a machucou mais. Naquele momento, Draco estava tendo aula de Poções com a Grifinória. Rony o encarava com ódio. Levou um susto ao ver que Harry tentava chamar sua atenção. Ficou surpreso.
- Preciso falar com você. – disse Harry apenas movendo os lábios.
Ele concordou com a cabeça confuso. Quando terminou a aula, Harry deu um motivo qualquer para Rony ir sem ele. Assim que a sala ficou vazia, Draco e Harry entraram novamente e fecharam a porta.
- O que quer, Potter? Dizer que eu não mereço Sarah? Dizer que eu sou um idiota? O que? – indagou já parecendo irritado.
- Nada disso. Eu quero que você me conte o que aconteceu entre você e Sarah. Só isso.
- O primeiro que me procurou para perguntar isso. – falou parecendo não acreditar e se sentou numa cadeira qualquer. – O que você quer saber?
- Eu não quero detalhes porque acho que é uma coisa que diz respeito somente a vocês dois. Eu só quero saber se você gosta realmente dela. Eu gosto muito de Sarah, ela é minha amiga e me preocupo.
- Eu gosto muito dela, você não faz idéia. – falou sinceramente olhando para as próprias mãos. Não conseguiu segurar as palavras de sua boca, esquecendo por um momento que quem estava na sua frente era Harry Potter. – Nunca gostei de ninguém assim. No começo eu não gostava dela, não a suportava, mas depois a gente começou a conversar e quando menos percebi... – Respirou fundo. – Eu já tinha mudado.
- Vou ser sincero com você, Malfoy. Não nos damos bem, não somos amigos, mas se você gosta realmente de Sarah, vou apóia-los sem me importa com quem você seja.
- Se você fizer isso, Potter, eu já estarei mais do que satisfeito, estarei grato, porque eu sei a importância de vocês para Sarah.
- Só não a magoe, Malfoy. Eu não perdoaria você.
- Eu sei. Já escutei isso da sua namorada. – Draco viu como todos se preocupavam muito com Sarah. Ela não era especial apenas para ele. – Não a magoarei, não se preocupe.
- Então... vocês têm meu apoio. Espero realmente que sejam felizes.
- Obrigado, Potter. – Estendeu a mão e Harry respondeu com um aperto. – Agora vejo que você não é tão idiota quanto o Weasley, mas ainda não te suporto. – terminou rindo.
- Não abuse da minha boa vontade, Malfoy. – disse e caminhou até a porta também rindo.
- Potter, – chamou e ele se virou. – fale com seus amigos. Não é justo o que estão fazendo com Sarah.
- Eu sei. Conversarei com Rony e com os outros.
Logo que Harry saiu da sala, Draco sentiu um certo remorso pelas vezes que falara mal de Harry, sem nem ao menos conhecê-lo. Naquele momento, ele parecia estar muito prestativo, mesmo depois de toda a rivalidade e rixa que existia entre eles.
- Ele não é como eu imaginava. – falou para si mesmo e riu. – O que estou fazendo, falando bem do Potter?
Harry foi para a Sala Comunal e procurou pelos outros. Viu Gina e Hermione conversando. Pediu que elas chamassem Adriene e Andrew que ele chamaria Rony. Precisavam conversar todos. Depois de alguns minutos, todos, menos Sarah, estavam ali, onde não havia mais ninguém.
- O que foi Harry? Aconteceu alguma coisa? – perguntou Rony impaciente.
- Que pergunta! Claro que aconteceu alguma coisa. A gente precisa conversar sobre Sarah.
- Acho que não tem nada pra falar. – falou Andrew aborrecido. Também estava magoado com aquilo. – Sarah traiu a todos nós.
- Fale por você, porque ela não me traiu. – Harry não estava acreditando que tinha amigos tão incompreensíveis.
- E nem a nós. – falou Gina ao lado de Hermione que concordava com a cabeça. – Ela apenas seguiu seu coração.
- Ah! Não venha com essa Gina. O coração dela não a levaria para um lugar tão imundo. – Rony estava cada vez mais aborrecido com aquilo.
Todos começaram a falar ao mesmo tempo. Cada um falando o que achava sobre o relacionamento de Sarah e Draco. Uma confusão se formou. Gina achou aquilo um absurdo.
- CHEGA! – gritou irritadíssima. – Olhem o que estamos fazendo! Discutindo sobre a vida de Sarah, isso é ridículo! Apesar de sermos amigos dela e nos preocuparmos, não temos o direito de fazer isso! Ela fez a escolha dela e só ela pode dizer o porquê! – terminou e subiu a escada pisando duro.
- Gina tem razão. – Adriene falou arrependida depois de alguns minutos. – A vida é de Sarah. O certo é ela nos contar e não a gente ficar aqui discutindo isso. – Levantou-se da cadeira. – Eu vou lá em cima conversar com Sarah.
- Não precisa. – Gina falou ao pé da escada de mãos dadas com Sarah. – Eu fui buscá-la e ela vai conversar com vocês. – As duas foram até as poltronas e se sentaram perto de Harry. Sarah parecia ter chorado.
- Eu não quero escutar nada! – disse Rony levantando e indo para seu dormitório.
- Sarah, hoje eu falei com o Malfoy. – começou Harry e segurou a mão da menina. – Ele disse que gosta muito de você e pela primeira vez ele parecia sincero. Vocês podem contar comigo, eu já disse a ele.
- Obrigada, Harry. – disse muito feliz tentando conter as lágrimas e o abraçou.
- Me desculpe também, Sarah. – Adriene se aproximou e se sentou no chão ficando apoiada nas pernas da amiga. – Eu também te dou força.
- Quer saber? O gosto é seu, menina. Péssimo, diga-se de passagem. – Andrew disse rindo ao se aproximar. Deveria apoiar aquela menina que conhecia a tanto tempo e que, sabia, não faria algo ruim. – Me desculpe. Eu te dou a maior força.
Todos abraçaram Sarah de uma vez só. Apoiariam a amiga em tudo e queriam mostrar isso a ela. Rony observou tudo aquilo escondido no topo da escada. “Eu não acredito no que estou vendo” pensou decepcionado.
- Obrigada, gente. – Ela agradeceu ao se afastarem. – Vocês são incríveis.
- Agora você vai ter que contar como aconteceu? – Adriene disse se sentando novamente ao lado do namorado no tapete vermelho.
Sarah contou que Draco a defendera na noite do baile e eles ficaram chocados com o que Peter tinha feito. Disse que depois daquilo estavam juntos e não disse detalhe de nada. Não queria espalhar muito as coisas que tinham acontecido. Depois de ficarem um bom tempo conversando, foram para o jardim aproveitar o fim de tarde. Sarah se espantou ao ver que Draco estava ali e, que quando os viu, caminhou até onde estavam. Olhou para Gina que sorriu meio amarelo. Viu que os outros pareciam um pouco incomodados.
- O que quer aqui, Malfoy? – indagou Andrew muito desconfiado. Controlou-se para não provocá-lo afinal, as coisas eram diferentes agora.
- Queria saber se vocês acabaram com a babaquice que estavam fazendo com Sarah.
- Sim, não se preocupe, agora pode ir. – Tentava se livrar do sonserino.
- Antes eu quero falar com Sarah.
- Mas vão nos ver juntos. – Sarah disfarçou, não permitindo que ele segurasse sua mão. – Tem um monte de gente da Sonserina ali.
- Não me importa mais. É muito importante.
- Ok. – disse estranhando totalmente a atitude dele. Afastaram-se um pouco dos outros e Draco recomeçou.
- Quer assumir nosso namoro? – falou a mirando seriamente.
- Hã? – indagou sem acreditar. – O que você está falando?
- Estou perguntando se você quer assumir nosso namoro. Acho que já está na hora e com seus amigos do seu lado fica mais fácil.
- É claro que eu quero. – Um sorriso gigantesco se abriu em seu rosto.
- Então, – disse e segurou a mão dela. – vamos lá.
Sarah o fitou intensamente. Sabia que ele era o único que ela poderia amar. Ele era imprevisível às vezes e isso a atraia mais. Não esperava que ele tomasse aquela iniciativa. Apertou a mão do namorado e respirou fundo. Percebeu que Gina e os outros observavam incrédulos.
- A gente se vê hoje à noite? – perguntou antes que se aproximassem.
- É melhor nos vermos amanhã. Não estou muito bem hoje. – Sorriu.
- Bom, – começou quando chegaram perto dos outros. – fique aí com seus amigos, depois a gente se vê. – terminou e a beijou no rosto. Não seria tão atrevido a beijá-la na boca na frente de seus amigos. Não, por enquanto.
- É impressão minha ou você está querendo mostrar pra todos que está com Sarah? – Harry perguntou deixando transparecer a satisfação.
- Eu prefiro o termo assumir namoro. – falou e sorriu debochado. Logo depois saiu e voltou para o castelo.
- Malfoy cada vez me surpreende mais. – Hermione parecia chocada e realmente estava.
- E a mim também. – Adriene também estava com o queixo caído.
- Eu não estou acreditando... – resmungou Sarah e olhou em volta. Viu que algumas pessoas também olhavam espantadas.
Depois que voltaram para o castelo, cada um foi para o seu dormitório. Sarah foi dormir mais tranqüila enquanto Draco parecia meio perturbado. Não que tivesse se arrependido do que tinha feito, mas estava um pouco assustado. Todos comentariam e até criticariam. E o pior de tudo, seu pai descobriria. Com certeza não seria uma coisa boa. Mas já era tarde, agora teria que assumir. Há tempos queria parar de se encontrar escondido com Sarah, mas não se sentia totalmente preparado antes. Agora era diferente. Resolveu esquecer aquilo e dormir. Precisava dormir para enfrentar o próximo dia.

O dia amanheceu rapidamente e Sarah, para sua surpresa, foi a última a acordar. Desceu e viu que Harry e Rony conversavam na Sala Comunal. Preferiu passar despercebida, mas Harry a viu.
- Ei! Bom dia, fugitiva. – brincou sorrindo.
- Bom dia. É que não queria atrapalhar...
- Você não atrapalha, muito pelo contrário, preciso falar com você.
- Está bem. – falou e caminhou até os meninos. Viu que Rony evitava olhá-la. Sentou-se ao lado de Harry. – O que houve?
- Rony quer conversar com você. Eu já estou indo. – Levantou-se da poltrona rapidamente e saiu, não deixando chances de Sarah contestar.
- Pode falar, Rony. – Ela começou sem olhá-lo.
- Harry contou pra mim sobre o que ele falou com o Malfoy e o que ele fez ontem nos jardins. Ele quer assumir o namoro, não é?
- É sim. Eu estou com um pouco de medo, mas acho que vai ser melhor assim. – comentou sorrindo ao ver que Rony mostrava um pouco de interesse e já não parecia tão irritado.
- Sarah, – começou e se levantou. Foi até ela e se sentou no braço de sua poltrona. Ela ficou surpresa. – Eu não deveria ter sido tão duro com você. Você fez sua escolha, só me resta te apoiar.
- É sério? – Seus olhos lacrimejaram de emoção. Era o que precisava escutar naquele momento.
- É sim, afinal, você é minha melhor amiga. Meu maior medo era que você mudasse seu jeito por ele e se tornasse uma pessoa soberba e irritante como ele. Mas devo confiar em você. Sei que você não vai mudar.
- Você é meu melhor amigo e me conhece muito bem. Sabe que nunca mudaria. – Pulou e o abraçou.
- Mas se por acaso ele fizer alguma besteira com você, me avise. Lançarei nele uma Maldição Imperdoável. – Fez um olhar bravo e sorriu.
- Sim, senhor.
Os dois desceram na direção do Salão Principal entre risos. Quando estavam chegando, encontraram Draco, que também estava indo para o Salão. Sarah gelou. Rony e ele se entreolharam diferente, como se estivessem se enfrentando. Sarah tinha que acabar com aquele clima.
- Oi, Draco. – falou timidamente.
- Oi, Sarah. – Beijou-a no rosto ao se aproximar dos dois.
- Olá, Malfoy, como vai? – Rony falou irônico. Estava fazendo de tudo para se controlar.
- Muito bem, Weasley, e você? – perguntou sarcástico e sorriu.
- Bem, agora estou bem.
- Vamos logo, Rony. – disse Sarah o puxando pela mão.
- Calma... – falou e se voltou para Draco. – Decidido a assumir o namoro, Malfoy?
- Claro que sim.
- Então chegou a sua hora. Me prove que você realmente gosta de Sarah. – falou e apontou para a entrada do Salão. – Entre com ela, como um verdadeiro casal.
- Você não precisa fazer isso se não quiser, Draco. – Sarah disse e olhou para Rony o reprovando.
- Eu não preciso provar nada para você, Weasley, mas eu vou entrar com Sarah sim, para que todos vejam. E não é porque você falou não, mas sim por que eu quero.
- Então vá. Não tem ninguém te impedindo. – Sorriu vitorioso. Sabia que Draco não teria coragem de entrar no Salão com Sarah e se expor para toda a Sonserina. Pelo menos era o que pensava.
Draco o olhou com raiva e segurou forte a mão de Sarah. Olhou-a e ela concordou com a cabeça. Esses dias estavam sendo de muitas provações para os dois. Caminharam até próximo da entrada até que Rony os parou.
- Eu quero ir primeiro para ver a grande cena. – disse debochado e entrou.
Sentou-se ao lado de Harry junto com seus amigos. Pediu para que eles prestassem atenção na entrada e explicou o porquê. Quando menos esperavam os dois surgiram de mãos dadas. Rony não acreditou.
- Viu, Rony? Ele gosta dela. – falou Gina e sorriu para amiga.
Sarah estava apavorada. Todos no Salão os olhavam chocados. Draco sentiu que a mão da garota tremia freneticamente. Segurou-a mais forte que antes. Queria lhe passar uma confiança que ele mesmo não tinha. Olhou para a mesa da Sonserina e sentiu que todos estavam pasmos. Mais que pasmos, estavam enojados. Continuou a andar, não podia parar. Olhou para Rony e sorriu confiante. Sarah olhava para todos os lugares possíveis até que encontrou os olhos acolhedores de seu tio que sorria para ela. Andaram mais um pouco até que se despediram com um beijo rápido e cada um foi para sua mesa. Quando Sarah se sentou, abaixou a cabeça sobre a mesa exausta. Estava totalmente sem-graça. Não queria olhar para ninguém.
- Bem, – Rony começou sentado ao seu lado, hesitante. – Malfoy me surpreendeu. Não esperava que ele fizesse aquilo.
- Ele sempre me surpreendeu. – disse Gina ao abraçar a amiga e a fez levantar a cabeça. – Fica calma. Não importa o que digam, faça o que seu coração mandar.
Sarah olhou para a mesa da Sonserina e viu vários garotos em volta de Draco. Alguns abismados, outros admirados. Praticamente todas as meninas estavam aborrecidíssimas e a olhavam com inveja e raiva. Sarah acabou sorrindo com aquilo já que Draco nunca havia feito aquilo antes com ninguém. Não daquela forma. Draco havia escolhido ela para ser sua namorada e mais ninguém.
Draco também parecia não acreditar no que tinha feito. Pensou que todos em sua volta se afastariam, mas estava enganado. Muitos garotos se aproximaram para falar com ele. Johnny foi o primeiro a se aproximar.
- Então Draco, nova conquista? Agora até as grifinórias não escapam de você. – comentou com uma certa ironia. – Esse é meu garotão.
- Não é minha nova conquista, é minha namorada. – respondeu orgulhoso, mas um tanto temeroso.
- NAMORADA? – A maioria ali em volta perguntou.
- Você está namorando a Wynette? A namoradinha do Weasley e do Potter? – Johnny estava disposto a provocar afinal, estava com muita inveja. Draco conseguira quem ele tentara conseguir.
- Ela não é a namoradinha deles. – disse um pouco irritado tentando se controlar. – Eles são amigos e você não tem nada a ver com isso.
- Eu não acredito que você fez isso, Draco! – Pansy se levantou desesperada gritando como uma louca. – Você me trocou por aquela vadia!
- Nunca mais fale isso de Sarah! – gritou irritado levantando-se também. – A única vadia aqui é você que se joga em cima de qualquer um! Ouviu bem?! Nunca mais fale dela!
- Eu odeio você e odeio a Wynette também! – Saiu do Salão descontrolada, praguejando coisas que ninguém entendia.
- Não ligue para ela, mas entenda, Draco. Você sempre desprezou os grifinórios e agora está de namorico com a Wynette. Está indo contra seus princípios.
- Você disse bem, Johnny. MEUS princípios. Ninguém tem nada a ver com isso.
- Tudo bem, esqueça. – Johnny falou e colocou a mão sobre seus ombros o deixando desconfiado. Sabia que ele não era confiável. – Você tem que fazer o que você quiser. A Wynette é muito bonita, sem ofensa, e é normal gostar dela. Até eu já dei em cima dela, lembra? – Riu e olhou para Draco esperando que ele risse. Viu que ele continuava sério e parou. Deu uma leve tossida para disfarçar e sentou ao lado dele. – Você está há muito tempo com ela?
- Sim, mas não contamos para ninguém. Agora eu tenho que ir. – disse, enfiando uma torrada na boca, e se levantou. Estava começando a ficar irritado e não queria ter aborrecimentos. Foi para a sala de aula e viu Goyle e Crabbe logo atrás e se juntou a eles. Reparou que os garotos pareciam nem ligar para o namoro dele e isso o deixou mais aliviado. Parecia que as coisas não mudariam.
O dia passaria normalmente se não fossem as inúmeras perguntas que Sarah e Draco receberam. Os alunos de todas as casas perguntavam o porquê do namoro e como, já que desde o início das aulas eles pareciam se odiar. Draco era ignorante com algumas pessoas já que não tinha a mesma paciência de Sarah, que apesar de não dar detalhe algum, tentava responder a todos com um simples “aconteceu”. Os grifinórios pareciam um pouco decepcionados, assim como os Sonserinos, mas ninguém se afastou deles, à não ser por Pansy que parecia desprezar Sarah e Draco mais do que nunca.
Todos estavam voltando para seus dormitórios no fim da tarde. Peter, que estava furioso com tudo que havia acontecido, ficou esperando Sarah perto do quadro. Assim que viu a menina, se escondeu um pouco. Esperou que Gina entrasse antes e puxou Sarah para um canto. Encurralou-a na parede e a olhou com muita raiva. Sarah ficou imóvel e apavorada. Sabia que Peter estava muito irritado.
- Então eu estava certo todo o tempo, não é?! – disse segurando os braços dela com força.
- Você está me machucando Peter... – gemeu, tentando se soltar. Olhou em volta e não viu ninguém. Ficou muita assustada pois, novamente, precisava de ajuda.
- Por que você fez isso? Me trocar pelo idiota do Malfoy?! Você é uma imbecil!
- Você é um imbecil! – Lutava para se soltar, mas não conseguia. Peter a segurava com muita força e começava a doer realmente. – Eu não te troquei por ele. Eu nunca estive com você e nunca vou estar!
- Eu sou melhor que ele, você não vê isso? – Aproximou seu rosto do dela. Tentou beijá-la, mas ela se virou. Cada vez tomava mais nojo daquele garoto.
- Você quer saber porque eu o preferi a você? Pois bem, eu digo. – Ela parou de se bater e o olhou diretamente nos olhos queimando em ódio. – Ele é muito mais homem do que você. Ele conseguiu apenas me conquistando o que você queria tentando a base da força. Ele é muito mais homem do que você!
- Cala a boca!
De repente, Peter virou a mão no rosto de Sarah, lhe dando um tapa. Ela o olhou em pânico sentindo seu rosto arder. Ele a soltou e deu alguns passos pra trás. Olhou para as próprias mãos meio incrédulo e tentou se aproximar de Sarah, mas ela se afastou.
- Me desculpe... – murmurou. – Eu não quis, fiquei nervoso e... não foi minha intenção. Me desculpe.
- Eu poderia ter perdoado tudo que você fez Peter, tudo! Mas isso, nunca! Escute bem, – disse com o dedo na cara dele. – eu nunca mais quero ver você e dessa vez é sério. Eu nunca vou te desculpar por ter tocado em mim!
Sarah correu para seu dormitório. Estava furiosa e ao mesmo tempo com medo. Não imaginava que Peter, que sempre parecera tão bom, pudesse ter mudado tanto. Como ele tivera coragem de fazer aquilo? Ela se perguntava sem saber. Estava tão surpresa que não conseguia chorar. Viu Gina entrar pela porta.
- O que houve? – perguntou ao se sentar ao lado dela. – Vi você entrando correndo e chorando.
Ela contou tudo que Peter tinha feito para Gina e a garota ficou abismada e completamente irritada. Levantou-se da cama num pulo e saiu batendo a porta. Sarah correu atrás dela.
- O que vai fazer, Gina? – perguntou andando rapidamente tentando acompanhar a ruiva.
- Vou contar para Rony, para o Malfoy e para todo o colégio! Peter vai ser expulso de Hogwarts! – A garota, tão vermelha quanto o irmão quando estava com raiva, gritava ainda andando com pressa.
- Não, por favor, não conte a ninguém, muito menos à Draco e Rony. Se você contar, com certeza eles farão alguma coisa.
- Exatamente! É por isso que vou contar!
- Mas Gina... – Parou de falar ao ver Harry, Rony e Hermione sentados nas poltronas conversando.
- Oi, meninas. – falou Hermione sorrindo, mas rapidamente ficou séria ao ver a expressão delas. – O que houve dessa vez? – perguntou já sabendo que alguma coisa tinha acontecido. Parecia estar cansada de tantas confusões.
- Não é nada. – Sarah tentou disfarçar rindo. – É brincadeira, uma bobeira...
- Mentira. – interrompeu. – Peter está irritadíssimo e vocês sabem porque.
- Claro! Sarah não quer nada com ele. – comentou Harry. – Mas o que tem isso?
- Gina, por favor... – pediu Sarah com medo da reação dos amigos.
- Peter foi falar com Sarah e a agrediu. – Gina puxou Sarah pela mão para mais perto de todos. Afastou os cabelos dela e virou seu rosto deixando a mostra uma marca de dedos em seu rosto. – E olha o braço dela.
- Está todo vermelho... – Rony se levantou e se aproximou da amiga. Viu que era a marca de um tapa em seu rosto e nos braços dela estavam marcas de dedos também. – Aquele idiota bateu em você?! Foi isso?
- Como ele pode fazer isso? Temos que fazer alguma coisa – Harry também se levantou.
- E vamos fazer. – Hermione foi até o Quadro. – Vamos falar com o professor Dumbledore.
- Não! – Sarah impediu. – Vocês sabem que ele ficará furioso.
- E com toda a razão. – Gina comentou e saiu. Todos foram atrás dela.
Enquanto Sarah tentava impedi-los, eles caminhavam até a sala de Dumbledore. Quando estavam chegando, para o desespero de Sarah, encontraram Draco, Crabbe e Goyle. Gina, que estava inconformada com tudo aquilo, correu até Draco.
- Olá, Weasley. – cumprimentou um tanto debochado, mas sem provocação.
- Olá nada! – disse brava. – Você tem que ver uma coisa. – puxou Sarah pela mão e a colocou de frente para Draco.
- O que aconteceu? – perguntou desconfiado. Imaginou que algo ruim tivesse acontecido para deixar Gina tão fora de si.
- Sarah, mostra seu braço pra ele. – falou autoritária.
- Gina, pra que tudo isso? Não foi nada.
- Deixa eu ver. – Draco falou e puxou a manga da veste de Sarah para cima, deixando seu braço à mostra. Viu a marca estranha. Encarou-a sem entender o que realmente estava acontecendo.
- Olha o rosto dela também. – Gina continuou e olhou em volta para ver se havia vindo alguém.
Draco segurou o rosto de Sarah pelo queixo e tirou o cabelo que lhe caía na frente. Viu outra marca. Viu que Rony, Hermione e Rony o olhavam esperando sua reação e Gina fazia o mesmo batendo o pé no chão. Sarah o olhou com lágrimas nos olhos. Suspirou fundo em silêncio. Entendeu.
- Quem fez isso, Sarah? – indagou aflito e ajeitou as vestes da menina. Tentava manter ao máximo algum controle. Parecia calmo demais para ser verdade.
- Não foi ninguém, Draco, não se preocupe...
- Foi Peter. – Gina tomou a frente e respondeu. – Ele fez isso por causa do namoro de vocês e agora eu quero ver você fazer alguma coisa. Vai e arrebenta a cara dele! – gritou azucrinada. Não podia se controlar.
Gina mal percebeu que Draco nem a escutava. Quando ele escutou que Peter tinha feito aquilo sentiu seu sangue ferver de uma maneira que nunca tinha sentido. Uma raiva tomou conta dele. Sentiu que poderia matá-lo com as próprias mãos e sem nenhum feitiço. Fechou o punho e olhou novamente para Sarah que estava com a cabeça baixa, mas dava pra ver perfeitamente seu rosto marcado. Aquilo fez com que ele ficasse com um ódio ainda maior.
- Calma, Gina. – Harry se aproximou e a segurou pela mão. Aproximou-se de Draco e viu que o sonserino não reagia.
- Como ele ousou tocar em você? – perguntou cerrando os dentes, a voz baixa e sombria. – Como ele ousou fazer isso?
- Draco, calma. – Ela segurou sua mão ao ver que ele começava a ficar vermelho, fugindo de sua cor pálida normal. – Não tem importância.
- NÃO TEM IMPORTÂNCIA?! – indagou gritando. Sua voz ecoou por quase toda aquela parte do castelo. Todos se assustaram pela reação repentina. – Isso que ele fez não vai ficar assim...
- Exatamente, é isso que eu quero! – Gina concordou o atiçando mais para que ele tomasse uma iniciativa, ignorando o olhar reprovador de Harry.
- Nós vamos falar com professor Dumbledore. – Harry comentou, tomando a decisão mais racional.
- Não. Não meta o Dumbledore nessa história. – Draco disse tentando se acalmar.
- Mas ele tem que saber! – Hermione falou. – Com certeza ele vai saber o que fazer melhor que a gente.
- Se vocês querem falar com ele, tudo bem. – Draco concordou. – Mas não agora. Antes eu quero resolver isso com aquele idiota. Ele vai ter que pagar pelo que fez. – terminou e saiu andando.
- O que vai fazer, Draco? – perguntou Sarah assustada pela feição dele.
- É melhor que aquele idiota já tenha feito seu testamento. – Draco disse e continuou andando sem olhar para trás. Harry olhou para Rony, os dois concordaram com a cabeça e foram atrás do loiro.

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