Descobertas
Na Toca dos Weasley, Sarah divertia-se muito nos seus primeiros dias de férias. Jorge e Fred eram divertidíssimos com suas brincadeiras e toda a família a tratava com muito carinho. Harry também estava lá e Hermione chegaria depois, pois estava passando alguns dias com os pais. Mas nem tudo era só diversão. Em uma certa manhã, depois que Gina e Sarah acordaram e foram para a sala, se depararam com todos muito sérios. Perguntaram o que havia acontecido e Rony simplesmente se levantou da poltrona e entregou o jornal para elas. Viram a notícia de que havia ocorrido um novo ataque. No local, encontraram a mesma mensagem que em Hogsmeade: Voltarei em breve. Todos ficaram chocados imaginando coisas horríveis. Arthur tinha a certeza de que Voldemort estava voltando, mas não entraram em mais detalhes sobre o assunto. Evitavam falar sobre aquilo que deixava todos tão preocupados, especialmente Harry.
E, naquela mesma manhã, Draco conversara com seu pai e lhe perguntara se Voldemort fora o responsável pelos ataques. Depois de muito pensar se realmente deveria dizer aquilo para o filho, Lúcio respondeu. Draco acabou confirmando o que já desconfiava. Realmente havia sido Voldemort o responsável pelos ataques. Sozinho em seu quarto, o loiro parou para refletir. Sabia que quando Voldemort voltasse, haveria uma guerra e todos os bruxos escolheriam um lado, mas ele, confuso, não sabia que lado escolher. No entanto, sabia qual lado Sarah escolheria. E se ficassem em lados diferentes, tudo entre eles acabaria. Aquela conclusão o perturbava.
Os dias foram se passando rapidamente. Sarah tinha a certeza de que aquelas férias eram as melhores de toda a sua vida. Quando faltavam poucos dias para o Natal e toda a Toca estava decorada, Gui, Carlinhos e Percy chegaram com suas esposas. Sarah gostara muito dos irmãos de Rony. Eram maravilhosos como todos os Weasleys. Divertia-se muito com todos, tanto em brincadeiras quanto em conversas. Sentia-se parte daquela família tão linda.
E enquanto Sarah se divertia muito, Draco não poderia estar mais entediado na Mansão Malfoy. Passava os dias pensando, olhando pela janela a neve cair e estudando afinal, não tinha nada para fazer. Além de tudo, tinha que suportar os discursos de seu pai. Sua mãe fazia muita falta naquela casa. Sempre tentava fugir das conversas com Lúcio e na maioria das vezes conseguia, mas não sempre. Um dia, seu pai o chamara para uma conversa. Havia sido muito direto e perguntou a Draco se ele tomara a decisão de se tornar Comensal. Draco respondeu com uma pergunta.
- O que o senhor deseja?
- Sem duvida que você se torne um. Não é o que apenas eu desejo. É o que sua mãe também deseja e, principalmente, o que o Lorde deseja. Definitivamente, é o que todos desejam.
“Não é o que minha mãe quer, e com certeza, tem muitas pessoas que não querem isso.” Concluiu pensando em Sarah ao escutar as palavras do pai.
- Como o senhor sabe que minha mãe também quer isso? – perguntou desconfiado, não gostando que seu pai falasse de sua mãe sem nem ao menos tê-la ali ao lado.
- É o que ela sempre quis. Por que não iria querer agora? – falou com um olhar suspicaz, querendo ver se por acaso Draco sabia de algo sobre o sumiço de Narcisa.
- E o senhor não aceitaria um não como resposta, não é? – Mudou logo de assunto, percebendo as intenções de Lúcio.
- Sinceramente, não. – respondeu já irritado com tantos rodeios.
- Então... eu acho que não tenho escolha. – disse olhando para a janela aberta, vendo realmente que não havia outro caminho para ele. Aquilo começava a entristecê-lo. – O senhor sempre consegue o que quer.
- Perfeito! – Lúcio disse alegre ao se levantar da cadeira e sair do escritório, não voltando mais a tocar no assunto.
Draco suspirou profundamente. Agora não poderia mais voltar atrás. Apavorou-se.
Já faltava dois dias para o Natal. Draco acordou e percebeu que o dia estava mais frio do que os outros. Levantou-se de sua cama e olhou pela janela o céu cinzento e o jardim totalmente coberto de neve. Lembrou-se do sonho que tivera com Sarah. Estava com muitas saudades da menina. Saudade de seu jeito de falar, de seu cheiro, de seu beijo. Precisava dela mais do que tudo. Uma estranha certeza invadiu seu coração. Uma certeza que jamais sentira. Correu até sua escrivaninha, pegou um papel e começou a escrever. Escreveu tudo o que sentia e pensava. Assim que terminou, guardou a carta em um envelope e mandou Alichino levar. Escreveu tudo tão espontaneamente que não sabia se as coisas tinham lógica e coerência, mas era aquilo que ele sentia e realmente seus sentimentos não tinham coerência e nem lógica. Sentiu que era a melhor coisa que poderia fazer. Não importava o que fosse, ele teria que escrever daquela maneira tudo que sentia. Mesmo sendo bom ou ruim.
Sarah estava passeando com Gina perto da entrada de um bosque enquanto conversavam. A ruiva percebeu que a menina não estava tão animada e perguntou o que era, já sabendo a resposta. Sarah estava com saudades de Draco e já não tinha como disfarçar. Foi então que, para a surpresa das duas, um pequeno envelope caiu vagarosamente sobre os pés de Sarah. As meninas olharam para cima e viram Alichino voar sobre elas e pousar no telhado da Toca. Sarah, nervosa, pegou o envelope e tirou a carta de dentro. Antes de abri-la e começar a ler, olhou para a Gina, que a incentivou com um sorriso. Começou a ler com a amiga ao seu lado.
“Sarah,
como está? Você está na casa dos Weasley, não é? Espero que esteja aproveitando as férias, porque eu não poderia estar pior. Eu queria muito conversar com você pessoalmente, porque as coisas não terminaram bem entre nós dois na última vez que conversamos e aquele beijo que me deu na estação me deixou confuso. Além do mais, para mim, é mais fácil expressar o que sinto em palavras escritas do que em palavras ditas. Bom... eu queria saber se o que você falou da última vez é verdade. Se você realmente acha que não daríamos certo. Sinceramente, eu acho que isso não é verdade. É claro que poderíamos dar certo. É só nos darmos mais uma chance. Eu queria entender todos os meus pensamentos e o que se passa comigo, o que se passa em minha mente, mas não consigo. Eu já não sei mais qual é o lado certo e o errado. Não, sem você. Às vezes eu penso que nunca mais vou ver sua luz se refletindo em mim, seus olhos brilhando pra mim e isso me enlouquece. Você me ensinou muitas coisas. Você despertou coisas em mim que jamais pensei que pudesse sentir. Mas eu sinto que preciso de mais. Eu preciso aprender ainda muitas coisas que só você pode me ensinar. Você pode me ajudar a descobrir o que é certo e o que é errado, onde é o meu lugar. Você é a única que pode me ajudar a tomar as decisões certas, a saber que lado escolher. Eu preciso de você em cada sonho meu. Eu preciso de você a cada instante. Sei que você me ama pelo que eu sou, nada de anjo ou herói. Apenas um homem comum e, sei, repleto de defeitos terríveis. Mas com você eu posso mudar, posso melhorar. Você é a única razão pela qual eu posso mudar e posso viver. O que eu estou tentando dizer é que eu te amo. Te amo mais que qualquer coisa no mundo e sempre vou amar. E agora tenho certeza disso.
Com saudades,
Draco”
Ao terminar de ler, Sarah deixou cair o papel no chão. Estava completamente sem reação, paralisada e com os olhos encharcados de lágrimas.
- Ele... ele... – Não conseguia falar. O olhar permanecia perdido no nada.
- Ele te ama. – Gina concordou. Arrependeu-se um pouco por sempre ter duvidado de Draco. Ele realmente parecia amar sua amiga. – Eu estava enganada sobre ele.
- Ele... não pode ter sido ele que escreveu isso... É tão perfeito! Draco deve estar doente.
- O nome dessa doença é amor e ataca qualquer um. Não importa, ela sempre pega todos, mais cedo ou mais tarde.
- Draco me ama... e eu o amo também. – Não pôde mais conter o choro.
Gina olhou em direção a sua casa e viu que a coruja tinha ido embora.
- Acho que ele não quer uma resposta.
Sarah pulava de alegria, abraçando a carta que tinha pegado do chão, quando Molly gritou por elas do jardim. Rapidamente Sarah enfiou a correspondência em um bolso de seu casaco e correram de volta para a Toca. Todos puderam notar a repentina felicidade e animação de Sarah já que ela não conseguia conter o sorriso.
A Véspera de Natal finalmente chegou e, junto com ela, Hermione e seus pais à Toca. A morena contava animada como fora sua rápida passagem por Portugal enquanto seus pais e os pais de Rony conversavam na sala com Gui e Carlinhos. No final da tarde, Gina, Sarah e Hermione arrumaram os numerosos presentes, inclusive os mandados por Adriene e Andrew, debaixo da árvore. Eram muitas caixas e quase não havia espaço para arrumar todas ali. Harry, Rony e os gêmeos tiravam a neve da entrada da casa quando, de repente, Sarah escutou Rony gritar. Correu até a porta e, para sua surpresa, deu de cara com sua mãe. Não conteve a alegria e a emoção em vê-la. Estava com muitas saudades e manteve-se abraçada a mãe por muito tempo. Nunca havia ficado tanto tempo longe dela. Entre os beijos e abraços, o centro das atenções foi o bebê, que apenas sorria enquanto mexia as mãozinhas. Sarah apaixonou-se por ele logo a primeira vista. Abraçava-o intensamente, imaginando como seria ter um irmão. Depois, deixando o pequeno Philipe com Gina e os outros, que não se cansavam de fazer caretas e brincadeiras com a criança, Sarah e a mãe foram para o quarto de Gina conversarem. Ficaram durante um bom tempo lá falando sobre tudo o que havia acontecido, mas a garota não conseguira falar sobre Draco. Sentia que ainda não era o momento.
Depois de almoçarem, pegaram os presentes que Sabrina trouxera e deixaram em baixo da Árvore de Natal, aumentando a quantidade de caixas.
A noite, as amigas foram para o jardim. Conversavam quando Hermione comentou sobre Malfoy. Disse que Sarah não poderia mais guardar aquele segredo e Gina concordou. Sarah sabia que elas estavam certas, mas não sabia o que fazer. Disse que esperaria a hora certa, mesmo sentindo que essa hora nunca chegaria e, quando chegasse, seria muito difícil.
Na outra manhã, as meninas acordaram com o cheiro da comida que já estava sendo preparada por Molly e Sabrina. Alegres, cumprimentaram carinhosamente a todos da casa e, entre algumas tarefas e diversão com Harry e Rony, mal viram o dia passar. No final do entardecer, foram se arrumar para o jantar e, ao terminarem, se olharam no espelho e viram que estavam muito bonitas. Desceram até a sala e foram com Harry e Rony até a sala de jantar. A mesa estava linda e tudo estava perfeito, menos para Sarah. Por mais que tentasse evitar, não conseguia deixar de pensar em Draco. Passar aqueles dias com os amigos estava sendo maravilhoso, mas quando tinha que ficar sozinha porque os outros estavam com seus namorados, uma tristeza lhe invadia. Só desejava estar ao lado de Draco. E sentia o mesmo naquela noite. Todos pareciam estar completos, menos ela. Ficava imaginando como Draco estaria passando o Natal. Por mais que quisesse imaginá-lo alegre, não conseguia. Tinha quase certeza de que ele estava, no mínimo entediado, assim como ela. E Sarah estava bem próxima da verdade. Draco, que passara a manhã toda trancado no quarto, se arrumava com muita contrariedade para o jantar de seu pai. Estava na frente do espelho terminando de pentear os cabelos para trás e ajeitando a gravata. Também não parava de pensar em Sarah. Era impossível esquecê-la. “O que uma garota pode fazer com a gente? É por isso que meu pai sempre dizia que eu não deveria me apaixonar. Perdemos o alto-controle.” concluiu mentalmente. Estava pronto. Foi para a sala onde os convidados estavam e observou em volta. A casa estava cheia. Muitas famílias conhecidas, todas de muito nome, estavam lá. Draco aproveitou para tomar uma taça de vinho e cumprimentar a todos. Por sorte, o jantar logo foi servido e Draco agradeceu mentalmente quando acabou. Pegou uma outra taça de vinho e ia voltar correndo para o quarto quando alguns amigos de seu pai o chamaram para uma conversa sobre coisas inúteis e sem importância. Futilidades que já não mais interessavam a Draco pois, sabia, realmente estava diferente.
Sarah sentia-se como Draco, sozinha e saudosa. Observava as pessoas em volta se divertindo e, vendo que aquilo lhe deixava triste, preferiu tentar esquecer aquele sonserino que não saia de sua mente e mudar o ânimo. Virou-se para Perçy e iniciou uma conversa com ele, tentando distrair-se. Depois de comerem as delícias preparadas, foram para a sala abrir os presentes.
Quando todos foram embora da Mansão Malfoy já era bem tarde. Draco subiu para seu quarto exausto. Exausto de não fazer nada. Jogou-se na cama quando escutou batidas na porta.
- O que é?! – perguntou ignorante. Estava sem paciência.
- Jovem senhor Malfoy, sou eu, Domy.
- Ah... – gemeu aliviado por não ser seu pai. – Pode entrar. – Teve que levantar da cama para ver o pequeno elfo doméstico na porta.
- Desculpe incomodar o senhor, mas o senhor Malfoy pediu pra Domy vir chamar o jovem senhor Malfoy porque o senhor Malfoy deseja ver seu filho.
- Ah não... Está bem, eu já vou. – disse desanimado.
Levantou-se da cama e foi quase rastejando-se lentamente até o escritório do pai. Bateu na porta e entrou sem pedir licença. Lúcio, controlando a raiva pela arrogância do filho ao entrar, comentou que ele estivera estranho durante todo o jantar, mas não perguntou detalhes e nem lhe interessava. Pegou uma pequena caixa de veludo verde escuro na estante de livros e se virou para Draco, que estava em pé ao seu lado. Abriu a caixa e tirou de dentro um anel com uma pedra negra. Disse que era o presente dele para o filho e que ele teria que tomar muito cuidado porque o anel estava na família há anos. Era feito de ouro branco e uma pedra muito rara, uma esmeralda negra de valor inestimável. Draco agradeceu sinceramente pelo presente e voltou para o quarto. Não podia negar que o anel era belíssimo.
Quando voltou para o quarto, guardou a caixa e foi se deitar, mas viu que não conseguia dormir. O motivo estava longe. Estava na casa dos Weasley. Apertou o travesseiro contra o peito querendo aliviar aquela terrível vontade de abraçar Sarah. Queria escutar sua voz lhe provocando e brigando com ele. Até das brigas sentia falta. Queria ver o brilho de seus olhos e o encanto de seu sorriso que o entorpecia. Queria tê-la novamente e sabia que não a deixaria escapar.
- VAMOS LOGO, MENINAS! – Rony gritava exasperado da sala. Estava a ponto de arrancar os cabelos. – VAMOS CHEGAR ATRASADOS COMO SEMPRE!
- ESPERE, RONY! AS NOSSAS MALAS SÃO PESADAS! – Gina gritava do quarto. – SE VOCÊ FOSSE UMA BOA PESSOA VIRIA NOS AJUDAR!
- ESTÁ BEM! – gritou irritado e subiu as escadas correndo. Poucos minutos depois descia com uma mala em cada mão e uma em baixo de cada braço. Jogou todas perto do sofá. – Acho que agora podemos ir!
Sabrina e os pais de Hermione já tinham voltado para casa. Sarah já estava com saudades de sua mãe e de seu irmão. O resto das férias fora muito divertido. Guerras de bolas de neve, brincadeiras e muita alegria e diversão. Todos estavam um pouco insatisfeitos por terem que voltar para Hogwarts, menos Sarah que finalmente veria Draco. Antes de ir, foi ao banheiro e se arrumou bastante.
Draco acordou muito cedo. Já estava com todas as suas malas prontas e resolveu se arrumar logo. Não via a hora de ver Sarah. Estava se sentindo muito feliz como não se sentia há muito tempo. Foi tomar café e esperou seu pai terminar de ajeitar algumas coisas no escritório para acompanhá-lo até a estação.
Chegaram na plataforma correndo. Harry, Hermione, Gina, Rony e Sarah passaram pela barreira um atrás de outro. Agora não parecia tão difícil para Sarah. Entraram na locomotiva que já estava quase partindo e procuraram um vagão vazio. Por coincidência, acabaram ficando no mesmo vagão que ficaram quando foram para Hogwarts em Setembro. Estavam terminando de ajeitar as muitas malas quando Adriene e Andrew entraram no vagão.
- Andrew! – Sarah gritou entusiasmada ao se levantar do banco e abraçar o amigo. – Adriene! – Fez o mesmo com ela. – Como vocês estão? Como foram as férias?
- Foram ótimas. – Andrew disse sorrindo como sempre. – Eu encontrei sua mãe um pouco antes do Natal.
- Sim, ela me falou que encontrou você.
Logo que Draco conseguiu “fugir” de Crabbe e Goyle, foi procurar Sarah, mas não a encontrou. Imaginou que ela estaria com seus amigos e não iria até lá. Mas também não queria voltar para o vagão que estava antes. Comprou uns doces de chocolate com menta, que o faziam lembrar de Sarah, e foi para o último vagão que sempre estava vazio. Procuraria a garota na escola.
Todos ficaram conversando, mas Sarah não agüentava mais. Precisava ir procurar Draco. Levantou-se do banco e foi até a porta do vagão. Deu uma desculpa qualquer e saiu rapidamente. Andou por todo o trem e não o encontrou. Lembrou-se do último vagão. Sabia que ele estaria ali. Foi até lá e viu que estava com a porta fechada. Aproximou o ouvido. Não vinha nenhum barulho de lá de dentro. “Draco está aqui” concluiu com um sorriso. Abriu a porta sem fazer um único ruído e o viu sentado no banco fitando intensamente a paisagem pela janela. Reparou que ele não tinha escutado ela entrar. Entrou e fechou a porta sem fazer barulho. Foi se aproximando e quando estava bem próxima se sentou ao lado dele e colocou as mãos sobre seus olhos, tapando sua visão.
- Quem é?! – perguntou irritado, mas parou. Respirou fundo e sentiu aquele perfume que só uma pessoa tinha. Acariciou aquelas mãos macias que estavam sobre seus olhos. – Sarah...
Ainda tapando os olhos dele, aproximou seu rosto e deu um pequeno beijo perto da orelha de Draco deixando-o arrepiado.
- Com certeza é você... – falou e a puxou para deitar sobre suas pernas. – Roubando as minhas idéias?
- Demorou a adivinhar. – disse sorrindo lembrando-se de quando os dois tinham feito as pazes depois da briga que tiveram.
- Eu estava com saudades, muitas saudades. Eu não parava de pensar em você um só minuto.
- Eu também... – Acariciava o rosto de Draco. – Eu li a carta que você me mandou...
- Não fala nada. – Ele falou e colocou o dedo sobre seus lábios delicadamente. – Tudo o que eu escrevi naquela carta é o que sinto. Eu não conseguia dizer antes porque era uma coisa nova para mim. Uma coisa que eu nunca poderia imaginar que fosse acontecer comigo. Mas agora eu digo sem medo porque eu sei o que sinto. Sarah, eu te amo.
- Eu também te amo, Draco Malfoy.
Draco puxou Sarah para mais perto de si e a beijou suavemente, mas o beijo foi se tornando quente e apaixonado. Podiam sentir suas respirações ofegantes. Não conseguiam se separar. Estavam sentindo muita falta um do outro. Quase dois meses sem se verem era muita coisa. Separaram-se quando viram que o trem parara. Sarah levantou rapidamente e ajeitou suas vestes. Por sorte, eles já tinham trocado de roupa.
- Eu preciso ir. – Ela falou ajeitando os cabelos.
- Você está mais linda que antes. Como consegue ficar mais linda ainda? – indagou sorrindo ao se levantar e abraçá-la por trás.
- Você é tão exagerado! Você que é lindo.
Deram um último beijo e Sarah voltou correndo para seu vagão encontrar com os outros que já estavam saindo.
- Onde você estava, dona Sarah? – perguntou Andrew desconfiado.
- Estava passeando, pegando um ar. Vamos?
Draco ajeitou suas vestes e saiu do vagão. Estava muito feliz. Tudo estava esclarecido e ele se sentia muito bem depois de ter contado o que sentia por Sarah. Sabia que era a única coisa certa a fazer. Estava com um novo estado de espírito e agora se sentia o homem mais feliz do mundo. Estava aprendendo a amar.
Todos estavam no Salão Principal conversando. As novidades eram contadas e as mesas se envolviam por diferentes vozes. Os alunos estavam animadíssimos. Dumbledore deu as boas vindas aos alunos e disse algumas coisas enquanto Sarah e Draco trocavam vários olhares imperceptíveis para os outros.
E naquela mesma noite, Sarah e Draco voltaram a se encontrar na salinha secreta. Conversavam sobre as férias quando Draco perguntou sobre a família de Sarah. A menina só comentou sobre seu novo irmão e lamentou por não poder dizer mais. Falou que era um segredo e que, naquele momento, não poderia dizer muita coisa.
- Draco, você sempre me pergunta sobre minha mãe, mas nunca me falou da sua. – comentou a garota.
- Bem... o que eu posso dizer dela? – Não poderia falar muita coisa senão teria que falar também de Voldemort e aquilo era uma coisa que não poderia fazer. – É uma mulher linda e, da minha família, é a única que realmente gosta de mim.
- Não querendo ser intrometida, mas no início do ano escutei uns boatos de que sua mãe tinha fugido. É verdade?
- Eu desconfiei de que todo o colégio sabia. – falou aborrecido, mas não se importou muito. – Ela não fugiu. Ela só não quer mais viver com meu pai e preferiu ir morar em outro lugar.
- Entendi. – Com certeza a compreenderia afinal, quem suportaria a viver tanto tempo com Lúcio Malfoy?
Sarah também contara sobre sua banda. Draco não acreditou que ela não havia dito aquilo para ele ainda. Exigiu que ela cantasse para ele, mas Sarah não faria isso. Morreria de vergonha. O garoto insistiu, mas desistiu ao ver que ela não cederia.
Os meses foram se passando e quando menos perceberam já estavam em Junho. Sarah e Draco se encontravam todas as noites e não brigaram mais. Às vezes discutiam, como todo casal, mas aprenderam a aceitar suas diferenças. Sarah também começara a ter suas aulas de vôo com Draco. Algumas noites se encontravam depois das dez horas nos jardins. No começo, a garota teve muito medo, mas Draco sempre lhe passava muita confiança. Sarah teve que agüentar muitas brigas entre seus amigos e Draco e se sentia muito dividida, principalmente por ter se aproximado muito de Rony, o que mais implicava com Draco. Ela e o ruivo conversavam muito e já eram melhores amigos. Não houvera mais notícias de ataques e isso deixou todos muito aliviados. Tudo andava bem até um dia em que algo inesperado aconteceu. Algo realmente muito inesperado.
Todos estavam no Salão Principal tomando o café da manhã enquanto conversavam sobre o ano na escola que estava acabando e pareciam um tanto nervosos pelos exames que começariam em breve. Estavam também entediados e pensavam em algo para ocupar o tempo naquele sábado.
- Já sei! – disse Harry ao ter uma idéia. – Vamos jogar futebol. Aquele jardim gramado é perfeito e não tem praticamente ninguém lá.
- Ótima idéia! Eu tenho uma bola no meu dormitório. – Sarah disse entusiasmada. – Rony, você pode pegá-la? Eu tenho que devolver um livro pra biblioteca com Mione e depois me encontro com vocês.
- Tudo bem. – concordou e foi em direção a Torre da Grifinória enquanto Sarah e Hermione se dirigiram a biblioteca.
- E eu preciso falar com você, Gina. – Harry disse muito sério ao se levantar da mesa.
- Tá. Vamos lá pra fora. – Encarou-o intrigada e foram para o jardim esperar os outros.
Rony bateu na porta e comprovou que não havia ninguém. Abriu a porta e logo reparou na organização do dormitório, diferentemente do seu e de seus amigos. Olhou em volta e viu a bola perto da escrivaninha. A pegou rapidamente e já ia embora quando um caderno de capa preta com estrelas prateadas lhe chamou a atenção. Muito curioso, pegou para dar uma olhada. Percebeu logo que era de Sarah e começou a folheá-lo. Achou que não seria nada de mais. Viu os poemas e os desenhos, mas não parou para ler nenhum pois não o interessava. De repente parou. Não acreditou no desenho que vira. Esfregou os olhos para confirmar se o que via era mesmo real. E era. Draco Malfoy. “Por que ela fez um desenho dele?” indagou para si mesmo tentando encontrar uma resposta possível. Leu o poema ao lado e não acreditou. Não era possível. Não podia ser verdade o que estava imaginando. O que estava passando em sua mente só deveria ser fruto de sua imaginação. Começou a folhear o caderno rapidamente e um papel caiu no chão. Pegou-o para ler. Ficou atônito. Era de Draco, onde ele marcava um encontro com Sarah.
- Eu não acredito que eles se encontraram... – gemeu sem acreditar. Sentiu uma raiva subir para sua cabeça. Pegou o bilhete e o guardou no bolso de suas vestes. Fechou o caderno e o deixou onde estava antes. Saiu do dormitório furioso, batendo a porta, e desceu sem nem ao menos levar a bola.
Gina correu na direção de Sarah quando ela estava chegando no jardim junto com Hermione, deixando Harry para trás.
- Quero conversar com você. É urgente!
- Ok. – Encarou Hermione que também estranhou o rosto preocupado de Gina.
- Eu vou falar com Harry. – Hermione percebeu que o assunto era só entre as duas e deu uma desculpa qualquer para sair dali.
- O que houve, Gina? – começou Sarah curiosa quando Hermione estava suficientemente longe.
- Bem... Harry me contou algo que você precisa saber. Disse que Peter andou dizendo para algumas pessoas sobre o que aconteceu no baile, mas pelo que me parece ele não disse que tentou te agarrar a força. Ele só falou que... – hesitou por um momento, mas continuou. – que você o trocou pelo Malfoy.
- Como?! – indagou chocada com os olhos arregalados. – Não pode ser... Harry e os meninos descobriram?
- Não. Somente Harry escutou e veio me perguntar se eu sei de alguma coisa. Eu respondi que não e que ia perguntar pra você. Sarah, você precisa contar pra eles logo.
- Eu sei. – disse parecendo muito inquieta. – Eu tenho que conversar com Draco aí vejo o que faço.
Hermione e Harry estavam conversando quando viram Rony se aproximar.
- Onde você estava? – perguntou Hermione irritada ao vê-lo. – Estamos esperando há muito tempo. E onde está a bola que você foi pegar.
- Preciso falar com Sarah. Onde ela está?
- Eu não sei, por quê? – indagou Harry tentando imaginar o que teria acontecido pois Rony parecia furioso.
- Rony! – Hermione gritou ao vê-lo ir embora sem dar nenhuma explicação, mas ele não respondeu. Continuou seu caminho de volta ao castelo.
- O que será que aconteceu para Rony estar assim? – Harry perguntou intrigado.
- Não sei, mas parece que vai sobrar para Sarah. – Desconfiou que fosse algo envolvido com Draco, mas preferiu não comentar nada com o amigo.
Rony procurou Sarah pelo castelo mas não a encontrou. Estava ficando cada vez mais furioso. Acabou desistindo e foi para seu dormitório pensar um pouco no que ia fazer. Parecia tão improvável que aquilo que ele imaginava fosse verdade que não dava para acreditar, embora fosse a única explicação. Nunca poderia imaginar que sua amiga esconderia algo como aquilo dele. E o pior, com Malfoy. Era o que mais o enfurecia. Por sorte, Sarah e Gina acabaram esquecendo do jogo e ficaram numa parte mais isolada dos jardins conversando e depois foram para a salinha secreta de Sarah. Só voltaram para a Sala Comunal à noite.
- No ano que vem nós vamos ter que estudar muito mais. – Gina comento ao passarem pelo Quadro.
- É verdade. – concordou desanimada ao se sentar na poltrona.
Sarah olhou distraidamente para o relógio e viu que estava atrasada. Subiu desesperada as escadas e se arrumou muito rápido. Então, correu para o campo de quadribol onde se encontraria com Draco, que já estava lá com a vassoura a mão. Ela foi se aproximando vagarosamente até ele e o tocou no ombro.
- Finalmente chegou, senhora pontualidade. – disse irônico ao se virar e vê-la. Parecia aborrecido por esperar tanto.
- Desculpa, acabei perdendo a hora. Não foi por mal. – falou envergonhada.
- Tudo bem.
- Vamos começar? – indagou sorrindo tentando desfazer a cara emburrada do namorado.
- Claro! Mas hoje, você vai sozinha e alto. Tente pelo menos subir mais de um metro do chão. – disse rindo. Não ficaria aborrecido com ela por um motivo tão bobo. Já não era tão infantil como antes.
- Um metro já está ótimo, mas tudo bem. – Pegou sua vassoura e montou nela.
Encarou Draco que a incentivava. Fechou os olhos e se concentrou. Quando deu por si já estava flutuando muito mais alto do que ela imaginava poder. “Eu mando, eu mando” repetia para si mesma mentalmente enquanto planava sobre as árvores da Floresta Negra. Olhou para baixo e viu Draco impressionado. Isso só a encheu de mais confiança. Voou até ele com naturalidade e pousou ao seu lado.
- Então professor, como fui? – indagou convencida num gesto muito parecido com o próprio rapaz. Talvez se parecesse com ele as vezes.
- Tendo um professor como eu, você poderia ter ido melhor. – falou a provocando. Sabia que ela odiava quando ele ficava se gabando. Sorriu. – Mas você foi ótima. Eu vou te mostrar o que é voar de verdade.
Draco subiu na vassoura com Sarah atrás, abraçada a sua cintura. Em poucos segundos já estavam no alto. Conduzia a vassoura com uma desenvoltura incrível. Voaram rapidamente até o telhado da torre mais alta. Pousaram lá e se sentaram um ao lado do outro para observarem o céu estrelado e a Lua cheia. Ficaram abraçados durante um tempo até que Sarah começou a falar.
- Draco, hoje Harry contou algo a Gina que não é nada bom.
- O que ele falou? – perguntou desinteressado.
- Ele disse que escutou Peter falando sobre o que aconteceu no baile e sobre você. Acho que ele sabe sobre a gente.
- COMO?! – indagou assombrado. Sentiu o coração bater mais forte. – Não pode ser. Ele disse para o Potter?
- Não. Ele comentou com alguns amigos e Harry escutou, mas foi só o Harry. Claro que ele não acreditou e foi perguntar a Gina se ela sabia de alguma coisa. O que vamos fazer?
- Eu não sei, preciso pensar.
Depois de ficarem um tempo ali pensando numa saída que não encontraram a não ser falar a verdade, coisa que no fundo não queriam fazer, voltaram para o castelo. Despediram-se com um beijo e foram cada um para seu dormitório.
Sarah, ainda pensativa, entrou na Sala Comunal, tirou a capa e foi em direção a escada, mas parou a ver Rony sentado na poltrona, olhando-a fixamente com uma expressão de raiva. Aproximou-se bem devagar do amigo e levou um susto quando ele se levantou da poltrona rapidamente.
- O que faz acordado a essa hora, Rony? – Estranhou a atitude dele.
- Estava te esperando. Onde estava? – perguntou sério.
- E-e-eu... – gaguejou nervosa. Não imaginou o motivo da pergunta dele. – Bem, eu estava... estava... passeando. – balbuciava sem saber ao certo o que.
- Mentira. – acusou e se aproximou ainda mais. – Fala a verdade.
- Eu já disse, estava passeando. Por que a pergunta? – Suas mãos começaram a soar e sabia que não era boa em mentir. Rony acabaria descobrindo e isso a deixou muito inquieta.
- Sarah, pare de mentir! Eu sei muito bem onde você estava. – Procurou entre seus bolsos a carta que encontrara de manhã. Quando a achou, pegou e jogou em cima de Sarah. – Acho que você vai reconhecer isso.
- Você está ficando louco?! – indagou irritada com o jeito ignorante de Rony.
Pegou o papel que ele jogou e abriu. Congelou. Sentiu seu sangue parar de circular e seu rosto ficar imóvel. Não sabia como aquela carta havia parado nas mãos dele. Deu dois passos para trás. Ficou com medo da reação dele.
- Então, reconhece essa cartinha? – disse sarcástico. – Pelo que eu entendi, você e o Malfoy estão bem próximos, não?
- Rony, deixa eu te explicar...
- Explicar o que? – interrompeu. Seu tom de voz era frio como nunca fora antes. – Que você tem um caso com o Malfoy?
- Não é bem assim. Eu...
- E ainda por cima não me falou. Eu pensei que fosse seu amigo, mas vejo que não. Você não confia em mim. E além do mais, com o Malfoy... – Parecia estar enojado. – Eu não acredito que você fez isso. Você parecia odiar ele.
- No começo eu o odiava de verdade, mas depois eu fui conhecendo o Draco e...
- Draco, Draco. – repetiu nervoso. – Eu odeio esse nome!
- Por que? Você não o conhece. Como pode saber que ele é tão ruim assim? – Sentiu seus olhos lacrimejarem. Estava cansada de ouvir sempre todos falarem mal dele e não iria se calar mais.
- Como?! Ele vive ofendendo Harry, Hermione, eu e principalmente minha família. Você acha que são poucos os meus motivos?
- Mas... – Sarah tentou falar, mas sabia que Rony tinha razão. Apesar de tudo, Draco realmente falava aquelas coisas. Abaixou a cabeça e se sentou na poltrona.
- Viu? Você sabe que eu tenho razão. Sinceramente, Sarah, eu considerava você minha amiga, minha melhor amiga, mas agora...
- Não fala isso Rony, por favor. – Foi em sua direção, mas ele a afastou.
- Só me diz uma coisa, desde quando? Desde quando você está com ele?
- Desde o baile de Dia das Bruxas.
- Eu não acredito! Tem quase oito, nove meses! – Ameaçou dar um soco na poltrona, mas se controlou. – Como você consegue ficar com um cara como ele, filho de um Comensal, que quase causou a morte da minha irmã, que odeia a minha família? Sarah, nunca mais fale comigo, me esqueça. O chapéu seletor errou. Você realmente não deveria estar na Grifinória.
- Não, Rony! – Começou a chorar. – Você é meu melhor amigo. Não pode fazer isso.
- Mas você pode mentir pra mim, não é? Quando brigou com a Gina foi por circunstâncias diferentes. Agora... agora você não foi sincera comigo e ficou com o Malfoy! Você entende?! O Malfoy! Uma hora ou outra você vai ficar igual a ele e vai começar a esnobar a gente. Então adiante as coisas, fique com ele e esquece a nossa amizade! – falou e lhe deu as costas. Subiu rapidamente as escadas deixando Sarah desesperada.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!