O Ataque em Hogsmeade



- Eu?! – indagou fazendo cara de que aquilo era um absurdo, mas não conseguia evitar o gaguejo. Tinha que pensar em algo para dizer pois Peter não poderia descobrir a verdade. – Nada mais do que uma terrível implicância.
- Tem certeza? – Peter estava muito desconfiado pelo que havia acontecido no baile. Achara tudo aquilo muito estranho.
- Claro! Por que você está perguntando isso?
- Foi ele quem apareceu no baile e te defendeu. Me pareceu estranho essa atitude partida dele.
- Ele só fez isso pra ter o prazer de jogar na minha cara depois. Não fique pensando besteiras. Eu nunca teria algo com aquele sonserino. – Grande mentira. Não só teria como tinha algo com “aquele sonserino” que adorava.
Rapidamente Sarah voltou para a biblioteca sem olhar para trás. Não queria continuar aquele assunto. Sabia que se ele continuasse perguntando as coisas ela não saberia o que responder. Não sabia mentir bem. Contudo, não percebeu que alguém a estava observando durante toda a conversa.

As horas foram passando despercebidas e quando Sarah e Gina menos perceberam já era noite. Voltaram para a Torre da Grifinória e viram seus amigos conversando na Sala Comunal sobre quadribol, como em todas as noites. Aquilo virara uma rotina de tédio. Adriene era a única que parecia realmente interessada no assunto. Já Hermione ficava apenas como companhia, mas no fundo tinha um certo interesse pelo assunto. Gostava de ver Rony, agora seu namorado, jogar. Como Gina e Sarah não tinham motivos para ficarem, subiram para o dormitório.
- Qual a desculpa que você vai dar quando passar pela Sala Comunal? Eles vão desconfiar. – Gina disse enquanto penteava os cabelos de Sarah.
- Não sei. Na verdade acho que não vou conseguir mentir por muito tempo. Não vou dar nenhuma desculpa.
- Sim, é melhor não falar nada do que mentir.
Gina fez uma trança nos cabelos de Sarah e foi se ajeitar para dormir enquanto a amiga pegava a capa de Harry que ainda não tinha devolvido e saia do dormitório. Tentou passar o mais disfarçadamente possível e deu certo. Ninguém a viu. Foi andando nervosamente até a sala onde se encontraria com Draco. Pensava que era louca, maluca e que estava se metendo em um grande problema, mas era o melhor problema de sua vida. Um problema loiro, de olhos azuis e terrivelmente sedutor. Como poderia resistir? Pensava, pensava e pensava até que chegou na sala. Por um minuto ficou parada na porta sem saber o que fazer até que uma coragem repentina a invadiu e então abriu a porta. Viu uma sombra de pé em frente à janela. Sim, era ele. E a estava esperando. Sarah não se sentia segura em relação a Draco, mas era só o ver para que esquecesse de tudo e até de si mesma.
- Draco? – chamou um pouco acanhada. – Está me esperando há muito tempo? – Procurou dizer alguma coisa enquanto caminhava mais para perto dele.
- Não. Estou aqui há pouco tempo. – O tom da voz de Draco preocupava Sarah. Parecia aborrecido e sério.
- E como você está? Vejo que nem parece que brigou.
- Nada que bons feitiços não resolvessem.
- Não faça aquilo de novo! – falou brava e bem próxima de Draco. Estavam a poucos centímetros de distância.
- Não fui eu quem começou. Ele provocou e você viu. – Pela primeira vez a olhara naquela hora.
- Você se deixou levar pela implicância infantil dele, mas tudo bem. O importante é que você não saiu muito machucado. – disse e acariciou o rosto do garoto a sua frente procurando alguma possível marca.
- Preocupada comigo, Wynette? – indagou com um sorriso convencido. Poderia morrer naquele momento sentindo a mão quente de Sarah em seu rosto.
- Claro. – falou envergonhada.
- O que você estava fazendo com ele àquela hora? – Tentou disfarçar o ciúme.
- Conversando. Afinal somos amigos, não se esqueça.
- Hum... E você não tem nada para me dizer? – Draco perguntou como se soubesse de alguma coisa.
- Tenho. O Peter veio falar comigo...
- Eu sabia. – disse aliviado. Pensou que Sarah fosse esconder dele, mas se enganara. Sentiu-se um pouco culpado por desconfiar dela. Poderia confiar naquela garota de olhos fechados e acabara de confirmar aquilo. Sorriu. – Vi você e ele conversando perto da biblioteca.
- Andou me vigiando, Malfoy? – disse ao se sentar na mesa grande e alta que tinha ali.
- Não. Estava apenas passando por lá e vi vocês. O que ele queria?
- Veio me pedir desculpas pela noite do baile...
- Mas você não desculpou, não é? – Mal deixou ela terminar de falar. Aproximou-se mais da garota cobrando uma resposta.
- Eu desculpei, sim. Mas não é isso que eu quero contar. Ele perguntou se eu tenho alguma coisa com você.
- O QUE!? – Draco arregalou os olhos como um gato assustado.
- Ele desconfiou de você ter me defendido.
- E o que você disse? – Não podia negar que estava um pouco assustado. Ninguém poderia descobrir sobre eles.
- Eu inventei uma coisa toda maluca e acho que ele desencanou dessa idéia.
- Ahm... Menos mal. – O loiro disse um pouco mais aliviado.
Ficaram em silêncio. Não entendiam porque sempre ficavam assim já que tanto odiavam aquilo. Draco não sabia o que fazer. Desejava beijá-la mais do que qualquer outra coisa, mas não tinha coragem de tomar a iniciativa. Sarah também queria beijá-lo e abraçá-lo, mas sentiu que se fosse esperar não aconteceria nada. Então falou num tom de voz muito baixo, quase incompreensível:
- Draco, você não vai me beijar? – ficou de cabeça baixa. Sentiu seu rosto queimar.
Ele se aproximou, sorrindo, sem que ela percebesse. Levantou o rosto dela pelo queixo bem devagar e a beijou delicadamente. A cada beijo, uma emoção nova como se fosse a primeira vez. Isso acontecia com eles. Sarah envolveu seus braços no pescoço de Draco e ele a abraçou pela cintura. Ficaram assim por um bom tempo apenas um sentindo o outro.

Passaram-se muitas semanas e o sábado chegou. Sarah e Draco se encontravam todas as noites e a cada noite eles se sentiam mais felizes. Para Sarah não era tão estranho, mas para Draco... Ele nunca poderia imaginar que sentiria algo assim. Várias garotas corriam atrás dele, mas ele não se importava. Só pensava em uma garota, só desejava uma garota e essa garota era Sarah.
O dia estava passando normalmente até a chegada de uma coruja no almoço. Uma carta caiu perto do prato de Draco para a surpresa do garoto. Ele pegou o envelope e viu que tinha o brasão da família. “Do meu querido pai” pensou com ironia. Guardou no bolso e continuou a comer.
Sarah, que viu a cena, quis muito saber de quem era. Não só pelo fato de ser curiosa, mas principalmente por estar relacionado a Draco. Gina a cutucou e perguntou bem baixinho se ela sabia de quem era. Sarah fez um sinal de negativo com a cabeça.
- Não se preocupe. Provavelmente ele te contará e depois você me contará.
- Espertinha.
Riram. Depois do almoço elas subiram logo para o dormitório. Sarah foi escrever uma carta para Draco.

“Draco,
gostaria de pedir um favor. Eu queria muito aprender a voar. Eu sei que é estranho, mas nunca aprendi. Andrew iria me dar aulas, mas acho que você não gostaria muito. Então queria pedir que você me ensinasse, claro, se não for muito incômodo. Espero a resposta amanhã já que não poderei me encontrar com você hoje à noite.
Um beijo,
Sarah”


Draco foi para o seu dormitório sozinho. Agora evitava ao máximo ficar com Crabbe e Goyle. A companhia deles apenas o aborrecia. Deitou-se na cama e abriu a carta do seu pai. Começou a ler:

“Draco,
como estão as coisas? Sei que o campeonato de quadribol começará logo e espero (muito) que ganhe a taça para a Sonserina. Não tive notícias de sua mãe. Parece que sumiu, pois ninguém consegue achá-la.
Filho, preciso de uma ajuda sua. Fiquei sabendo que a filha de uma conhecida minha está estudando aí, em Hogwarts, e preciso saber mais sobre ela. Não sei o nome da filha, mas o nome da mulher é Sabrina Wynette. Descubra e me responda a carta.
Sorte,
L.M”


Draco ficou pasmo e um tanto confuso ao terminar de ler a carta.
- Wynette é o sobrenome de Sarah. Será que ele está falando da mãe dela? E o que ele quer com ela? – Perguntas se amontoavam na cabeça do rapaz. Não poderia estar mais confuso com uma simples carta.
Pensava totalmente distraído quando batidas na janela o assustaram. Correu para abri-la e uma coruja branca entrou e pousou na cabeceira da cama deixando uma carta cair. Um sorriso se abriu no rosto dele ao ver de quem era. Leu e ficou mais alegre ainda. “Claro que vou dar aulas para você. Vai ser ótimo!” pensou ele. Sem nem ao menos pensar um pouco, pegou uma pena, mergulhou a ponta no tinteiro, mas de repente parou. Pensou e tornou a ler a carta. Não entendeu porque ela não o veria naquela noite. Tentou lembrar se ela tinha comentado alguma coisa com ele, mas nada lhe ocorreu. Preferiu pergunta para a própria Sarah. Começou a escrever em um papel que estava nas suas coisas.

“Sarah,
claro que quero dar aulas de vôo para você. Não será nenhum incômodo, pelo contrário, será um prazer enorme. Mas essa história de não ir me ver hoje.. .não gostei. Espero uma boa desculpa amanhã.
Um beijo (onde você quiser),
Draco Malfoy”


Ele amarrou e colocou nas patas da coruja que logo a pegou e saiu voando pela janela. Já que não iria se encontrar com ela naquela noite, resolveu pegar um livro para ler. Saiu do dormitório e foi em direção a biblioteca, mas teve um desagradável encontro no caminho.
- Ai não... – resmungou Draco ao ver Peter na sua frente.
- Olá Malfoy. – falou muito sério.
- Fala logo o que você quer. Não estou com paciência.
- Vou ser direto como você: por que defendeu Sarah no dia do baile?
- Mesmo eu não sendo um herói como o panaca do Potter não podia deixar que você fizesse aquilo com ela. Como você consegue ser mais cretino que eu, que sou um sonserino? Mas por que você está perguntando isso?
- Vocês não me enganam. Sei que não foi só isso. Vocês ficaram muito tempo no jardim...
- Você por acaso ficou vigiando? – Draco tentou disfarçar o temor.
- Claro que não. Você acha que eu ia ficar no meio do salão com a cara toda arrebentada? Iriam perguntar com certeza. Fiquei observando da entrada do salão e vi que vocês demoraram a entrar.
- O que você tem a ver com isso?! – Draco começava a ficar irritado. Estava se sentindo pressionado e ele não gostava disso.
- Gosto daquela garota e quero saber o que aconteceu.
- Você quer saber o que eu fiz? Fiz o que você queria fazer e fomos muito felizes. Foi isso. – Draco falou debochado.
- Você não vai me falar a verdade, não é? – Peter disse enquanto Draco ria por dentro ao ver que tinha conseguido despistá-lo. – Pois eu vou descobrir. E fique sabendo que eu vou fazer de tudo pra ter Sarah pra mim, portanto não se meta com ela e nem tente nada. – terminou e foi embora.
Draco não estava conseguindo se controlar de tanta raiva. Não imaginava que poderia sentir tanto ciúme de alguém. Sentiu o sangue subir até seu rosto e queimar de tanta raiva. Quando estava prestes a explodir apareceram Goyle e Crabbe atrás dele.
- Draco! Onde você estava? – perguntou Crabbe.
- Estávamos te procurando. – completou Goyle.
- Estava indo a biblioteca pegar um livro. – falou Draco tentando se recuperar.
- Você está vermelho. Está parecendo até um Weasley pobretão. O que houve? – Goyle estranhou a cor do garoto e riu junto com Crabbe.
- Não é nada, idiotas! Agora vamos para a biblioteca. Assim podemos começar a fazer o trabalho que McGonagall pediu.
Eles foram para a biblioteca e se sentaram numa mesa que, para a surpresa deles, estava de frente para a mesa onde Harry, Rony e Hermione estavam. Não resistiram. Aproximaram-se para provocar um pouco. Era como um instinto implicar com os grifinórios, principalmente com aquele trio.
- Lendo para tentar chegar aos pés da Sonserina, Potter? – Draco falou ao ver livros sobre quadribol na mesa.
- Malfoy, – começou Rony fingindo delicadeza. – por que você não vai pra...
- Rony! – Hermione reprimiu o namorado.
- Não. Não vou para a sua casa, Weasley. – Draco falou com um sorriso debochado.
- Olha aqui, Malfoy, você não acha que já está passando dos limites não? – Rony se levantou da mesa irritado, quase a derrubando.
- Acho que não. O que você acha Crabbe?
- Eu não. – falou rindo de uma maneira um pouco forçada.
- E você Goyle?
- Eu também não. – respondeu como Crabbe.
- Viu. Nós achamos que não.
- Sabe por que você faz isso? – recomeçou Rony ao ver que Harry ia falar. – Por pura inveja porque somos felizes e honrados. Deitamos a noite e conseguimos dormir com a consciência tranqüila, nossa família está sempre do nosso lado e nos ama. E temos amigos. Andrew, Gina, Sarah. Você nunca poderia ter amigos como os nossos. Você nunca poderia ter momentos alegres como os nossos. E você vai ficar sempre sozinho porque nunca ninguém poderia se interessar realmente por você, à não ser alguém que só esteja interessado em seu dinheiro. As pessoas gostam de pessoas como Harry ou eu, e não como você.
Quando Rony acabou de falar, Harry e Hermione ficaram boquiabertos. Rony finalmente tinha conseguido segurar sua raiva para falar com Malfoy em vez de partir para a violência física. Enquanto isso, um ódio mortal subia pelo corpo de Draco. Sua raiva era tanta que só conseguiu dizer uma coisa:
- Nem sempre as coisas são como parecem ser, idiota. Você deveria olhar mais em volta para perceber as coisas que os rodeiam. – Virou-se e foi embora sem ao menos ver se Crabbe e Goyle estavam atrás.
Pensou em ir para a sala onde se encontrava com Sarah, mas os garotos poderiam ver e perguntar. Achou melhor ir antes para o dormitório. Inventou uma desculpa qualquer, pegou sua capa e foi para a sala. Não sabia o porquê, mas sentia um pouco de tristeza e muita raiva. Lembrou-se do que Rony falou e sentiu uma dor no estômago como se todo o ódio estivesse acumulado ali. Nunca sentira tanta raiva em toda a sua vida. Olhou em volta e reparou que aquela sala era muito escura e bagunçada. Talvez, como seus próprios pensamentos. Resolveu ajeitá-la um pouco, como gostaria de fazer em sua mente. Fez uns feitiços para sumir com algumas cadeiras e mesas velhas, mas não todas para não desconfiarem. Um feitiço aqui, outro ali e pronto. A poeira tinha sumido, o chão limpo e as paredes estavam mais claras. Sentou-se no chão encostando as costas na parede. Novamente se lembrou do que Rony havia falado. Será que realmente ele tinha razão? E se Sarah não gostasse dele? Afinal ela era amiga de Harry, Hermione e dos Weasley. Ele não era um bom samaritano como eles. E se isso incomodasse Sarah ao ponto de não poder gostar realmente dele? A cabeça dele poderia explodir ao qualquer momento e isso o perturbava. Seu dia estava sendo péssimo. O Weasley, Peter e a carta de seu pai. Tudo de uma vez só.
- Por que eu tenho que gostar logo dela? Por que?! – indagava a si mesmo.
- Se você estiver falando de mim, deve ser porque eu sou linda, simpática e, principalmente, a única garota que verdadeiramente te agüenta. – falou Sarah apoiada na porta olhando para dentro.
- O que você está fazendo aqui?! – perguntou Draco surpreendido ao se levantar assustado. Fora um grande susto vê-la ali escutando tudo o que ele dizia. Pelo menos ela não poderia escutar o que ele pensava.
- Bom... – Aproximou-se dele. – Eu estava indo para o meu dormitório quando passei pela escada que dá pra torre mais alta e vi um papel caindo do nada a poucos centímetros do chão. Pequei e vi que era a carta que mandei pra você, – Pegou a carta em um dos bolsos e entregou a ele, que ficou um pouco sem graça pelo descuido. – e imaginei que fosse você que estava com a capa vindo para cá. Só não pude te chamar porque Andrew e Adriene estavam comigo.
- Desculpe-me, não vai mais acontecer, serei mais cuidadoso. – disse desanimado de cabeça baixa e sentou-se no chão novamente.
- Tudo bem. – falou um pouco desconfiada pelo comportamento de Draco. Abaixou-se na frente dele e apoiou as mãos nos joelhos do rapaz. – O que aconteceu? Por que você está aqui? E por que você estava perguntando para si mesmo aquilo? Aconteceu alguma coisa, não foi?
- Nossa, quantas perguntas... – ironizou lembrando de seus pensamentos.
- Sério Draco. Responda.
- Você gosta de mim? – Draco perguntou fitando-a diretamente nos olhos.
- Draco... o que você está falando? Claro que eu gosto de você! – disse e se sentou na frente dele.
- Como? – continuou.
- Não estou entendendo. – Tentava compreender o propósito daquela conversa, mas não conseguia.
- Só me diz como.
- Bem... como uma garota gosta de um garoto.
- Muito, pouco ou nada?
- Draco! – Sarah começava a se irritar. Queria entender o sentido daquilo.
- Tá! Então...por que?
- Antes de eu responder, me deixa fazer uma pergunta: por que você está perguntando essas coisas?
- Hoje eu encontrei seus amiguinhos na biblioteca e discuti com o Weasley pobretão. Ele me falou que é impossível alguém gostar de mim a não ser por interesse. As pessoas, normalmente gostam de garotos como ele e o idiota do Potter. Não que eu ligue para o que ele fale, – Tentou disfarçar, porém não conseguiu. – mas quero saber afinal não sou santo e bonzinho como seus amigos e nem como você. Eu sou totalmente o oposto de você!
- Ah, Draco. Deixa eu te falar três coisas. Primeiro: se você não ligasse para o que Rony falou, não estaria perguntando essas coisas pra mim. Você disfarça muito mal. – Riram, ele um tanto acanhado. – Segundo: eu não sou tão boazinha assim. – falou com um sorriso malicioso.
- Sério? – perguntou também com um sorriso malicioso. Tentou se aproximar dela, mas Sarah não deixou.
- Sim. E terceiro: você quer saber o porquê gosto de você? Pois bem, eu te digo. Eu gosto de você, Draco Malfoy, porque você, apesar de ser muito diferente de mim, tem muitas qualidades. É engraçado, até irônico, inteligente, lindo, tremendamente encantador e... – Não terminou.
- E... – Draco falou pedindo que ela continuasse. Receber tantos elogios era muito bom.
- Bem... – Aproximou seu rosto do de Draco e o encarou nos olhos. – Só você tem esses olhos tão lindos e misteriosos.
- Sério? – Por mais que tentasse disfarçar, o ego de Draco estava aumentando cada vez mais.
- Sim, é sério.
- Nossa! Respondeu minha pergunta perfeitamente. – Draco falou com um sorriso superior, mas por dentro estava mais do que feliz pelas palavras de Sarah.
- Espero que esteja satisfeito. Agora tenho que ir. Não falei que não poderia me encontrar com você?
- Não pode mesmo? – Fez uma cara de desgosto.
- Sim. Infelizmente.
- Por que? Você vai fazer alguma coisa com os seus amiguinhos? – falou com desdém.
- Não te interessa. Tchau, tchau. – Levantou-se e foi até a porta, mas se virou para Draco novamente. – A propósito, essa sala está bem melhor agora. – Falou sorrindo e foi embora deixando Draco curioso. Perguntava-se o que ela iria fazer.
Sarah correu até a Sala Comunal pois estava atrasada. Passou pelo quadro e viu seus amigos saindo.
- Onde estava? Ficamos te esperando durante um tempo, mas pensamos que você não viria. – falou Rony enquanto tentava carregar as vassouras que estava levando.
- Tive que sair rapidinho, mas já estou aqui. Podemos ir agora. – disse ofegante pois tinha corrido muito.
- Mas onde está Harry, Adriene e Andrew? – Gina perguntou.
- Já estão lá.
Assim Sarah, Gina, Hermione e Rony saíram e se encaminharam para o campo de quadribol. Iriam treinar todas as noites ali e Rony tinha chamado Sarah para assistir um treino já que a menina não tinha muita idéia do que era realmente quadribol.

Logo depois que Sarah foi embora, Draco voltou para o dormitório. Agora estava se sentindo bem melhor do que antes. Nunca poderia esquecer o que Sarah havia dito. Achou-se um idiota ao lembrar que estava duvidando de Sarah e tudo por causa de Rony. “Aquele idiota do Weasley! Acha que sabe tudo. Adoraria ver a cara que ele faria se soubesse realmente de tudo. Iria morrer!” ele pensava rindo, mas sabia que não poderia contar nada. Principalmente porque ele tinha amor à vida e, se Rony soubesse, seria capaz de matá-lo. Lembrou-se da carta de seu pai e voltou a ficar confuso. Não conseguia imaginar o que poderia relacionar a mãe de Sarah a seu pai. Pensava e pensava quando novamente Sarah o veio na cabeça. Não conseguia se concentrar em nada a não ser nela. Teve uma idéia. Pegou um pergaminho e começou a escrever.

“Pai,
claro que lhe darei as informações que você me pede, mas eu também preciso de um favor. Pode ser que o senhor fique um pouco irritado, mas perdi minha capa e não a encontro. Poderia arranjar outra pra mim? Espero sua resposta ansiosamente.
De seu filho,
D.M”



Sarah estava andando por um lugar muito deserto e silencioso. Em meio a neblina e escuridão, ela tentava encontrar alguém em vão. Começava a se sentir mal pelo clima que rondava aquele lugar. Corria como se fugisse de alguma coisa que não sabia o que era até cair no chão. Quando se levantou viu que havia caído em cima de uma poça de sangue. Olhou em volta e viu pessoas gritando, correndo e chorando. Os gritos eram cada vez mais altos e assustadores. Estava ficando apavorada e lágrimas surgiam precipitadamente. Quando sentia que suas forças estavam no fim, caiu no chão úmido e frio.
Acordou assustada e seu corpo suado. Seu coração batia acelerado. Olhou em volta e viu que estava no dormitório e que as amigas dormiam tranqüilamente.
- Não... não pode ser... – gemeu enquanto as mesmas lágrimas do sonho caiam pelo seu rosto.
Percebeu que ainda era madrugada e faltava muito para amanhecer, mas também sabia que depois de um sonho daqueles não conseguiria dormir novamente. Levantou-se, arrumou-se e desceu para a Sala Comunal. Sentou-se numa poltrona e pensava, tentando decifrar seu sonho, um prato cheio para Sibila. Queria saber o que ele significava, mas nunca tivera um sonho tão assustador e complexo. Sem ao menos perceber o dia já estava amanhecendo. Só se deu conta da hora quando sentiu uma mão em seu ombro. Olhou para trás espantada e o olhar em pânico. Viu o sorriso acolhedor de Rony.
- Ah... É você. – falou ao suspirar aliviada por não ter visto mais nada que a pudesse assustar.
- Claro. Por que tanto medo? – indagou estranhando a atitude da amiga e também seu rosto abatido.
- Não é nada. É que não dormi muito bem.
- Dá pra ver. Por quê?
- Tive um pesadelo. – Entristeceu-se lembrando das imagens que permaneciam em sua mente.
- Vamos descer logo. Hoje vou ficar o dia todo à toa. Não tem nada pra fazer.
- Bom, já que você vai ficar sem fazer nada, poderia me dar uma ajudinha com Herbologia.
- Claro. Pegue seus livros e vamos para a biblioteca.
- Obrigada! Já voltou.
Sarah subiu correndo até o dormitório e viu que as meninas ainda estavam dormindo. Pegou alguns livros e foi para o Salão Principal com Rony. A garota não pôde deixar de notar que Draco estava lá. Tentou disfarçar o olhar que teimava em ir para ele. O sonserino também notou que ela havia entrado. Normalmente ficaria irritado por ela estar com Rony, mas outra coisa chamou sua atenção: a aparência de Sarah. Viu que ela estava muito abatida e poderia jurar que ela havia chorado. Ficou realmente preocupado. Tentou imaginar o que poderia ter acontecido, mas nada lhe ocorreu. Preferiu deixar para perguntar pessoalmente à noite. Viu os dois saírem rapidamente depois do café e, como já tinha acabado de comer, resolveu segui-los. Estava começando a se sentir ridículo, mas não resistia. Ficou desconfiado pelo fato de todo o colégio ter sido liberado para ir a Hogsmeade e logo as carruagens estariam partindo. Chegou até a porta da biblioteca e ficou vigiando escondido. Eles estavam se preparando para estudar e deduziu que eles haviam esquecido. Mesmo assim continuou a observar.

- Como se faz isso aqui, Rony? – Sarah perguntou confusa apontando para uma página de um dos livros.
- É fácil. Você só precisa ter cuidado na hora de...
Rony ia explicar quando se distraiu com a voz alta de Madame Pince. Ele e Sarah acabaram prestando a atenção na conversa entre ela e Madame Pomfrey.
- A maioria dos alunos já está indo e provavelmente ficarão poucos aqui no colégio. Até mesmo alguns professores irão a Hogsmeade...
- Hogsmeade! É hoje! – Eles gritaram ao mesmo tempo surpreendidos, assustando a todos que estavam lá.
No mesmo instante, pegaram os livros e pularam da cadeira. Correram até a porta, mas Sarah, sem querer, esbarrou em uma garotinha do primeiro ano deixando cair os livros e os da menininha também.
- Oh... desculpe-me, é que estou com muita pressa. – exclamou Sarah envergonhada enquanto catava os livros depressa.
- Tudo bem. – A menininha falou muito doce. – Acontece.
Sarah pegou seus livros rapidamente e saiu correndo com Rony sem nem ao menos ver Draco e escutar a menininha.
- Ei, garota! Você esqueceu seu caderno! – gritava enquanto levantava o caderno preto de Sarah que ela, acidentalmente, havia trago junto com os livros.
A menina, sem saber o que fazer com o material esquecido, o deixou em uma bancada onde Madame Pince ficava.
Draco, que havia observado toda a cena, resolveu pegar o caderno. Reparou que Madame Pince estava distraída e, sorrateiramente, andou até a bancada, pegou o caderno e saiu da biblioteca discretamente. Chegando na porta deu um sorriso vitorioso e correu até os jardins onde as carruagens estavam.

Hogsmeade estava completamente lotada. Poucas pessoas que estavam ali não eram, ou alunos, ou algum tipo de funcionário de Hogwarts sendo, entre eles, professores. Alguns faziam compras e outros apenas passeavam. Rony e Hermione haviam ido passear somente os dois. Adriene e Andrew fizeram o mesmo. Harry, Gina e Sarah ficaram no Três Vassouras conversando e bebendo algumas cervejas amanteigadas. Sarah estava um pouco entediada já que a conversa era mais entre Gina e Harry e ela estava feliz com isso. Resolveu sair e deixar os dois a sós. Sentiu que estava “sobrando”.
- Vocês ficam aqui, que eu já volto, tá? – falou e se levantou da cadeira.
- Aonde você vai? – perguntou Gina começando a desconfiar do propósito da amiga. Sorriu.
- Dar um passeio.
Assim, ela foi pelo caminho principal e ficou olhando algumas vitrines. Andava distraidamente observando o céu e não percebeu que já estava um pouco longe. Quando viu que a rua estava começando a ficar meio deserta, resolveu retornar. Deu meia volta e já ia voltar quando sentiu alguém tapar sua boca e a puxar para um beco escuro. Sarah não conseguia ver quem era e começou a entrar em pânico até que viu os olhos da pessoa que amava. O suficiente para ficar muito feliz. Olhos inconfundíveis. Olhos azuis-acizentados. Olhos que só uma pessoa tinha.
- O que uma mocinha está fazendo sozinha por aqui? – perguntou com sua voz arrastada.
- Esperando para ser raptada por um lindo garoto de olhos azuis e fugir. – respondeu enlaçando os braços no pescoço de Draco.
- Sério? Você aceitaria fugir comigo? – Empolgou-se. Imaginou como seria esquecer as responsabilidades e preocupações e fugir para longe de seu pai com Sarah.
- Com você eu vou pra qualquer lugar.
- Você é linda, sabia? – comentou a olhando e a garota, ruborizada, abaixou a cabeça. Ele apoiou as mãos na parede, na qual Sarah estava apoiada, deixando-a encurralada entre seus braços. Beijou-a suavemente. Ficaram durante alguns minutos assim até escutarem uma voz. Uma voz conhecida chamando por Sarah.
- Sarah! Onde você está?! – Gina gritava procurando pela amiga. – Aí está você! – falou aborrecida ao vê-la. – Bem que desconfiei que estivesse com esse...
- Acho melhor você ficar quietinha, Weasley! – Draco falou tentando se controlar. Não queria brigar com ela perto de Sarah.
- Você não acha nada, Malfoy!
- Weasley, Weasley... Melhor você ficar caladinha ou eu...
- Parem! Por favor, parem. – pediu Sarah. – É melhor irmos embora. As carruagens já devem estar partindo. Draco, você vai depois ou vai por outro caminho, está bem?
- Está bem. Nos vemos à noite?
- Claro, até mais.
Sarah e Gina voltaram para o Três Vassouras, mas não viram ninguém. Foram andando, então, para as carruagens, mas, antes de chegarem, avistaram uma cena muito estranha. Praticamente todas as pessoas estavam paradas olhando, com feições estranhas, para um casebre bem velho e quase imperceptível. Andaram até onde Harry estava e já iam perguntar o que estava acontecendo quando também olharam. Ficaram chocadas com o que viram. Escrito em vermelho na parede da frente do casebre: Voltarei em breve. Professor Snape, que também estava em Hogsmeade, se aproximou, passou os dedos no escrito e os aproximou do nariz, procurando saber se era algum tipo de tinta ou coisa parecida. Sua expressão passou de fria para preocupada.
- É sangue. – falou num tom de voz quase impossível de se ouvir, mas o silêncio que estava no local fez com que as pessoas mais a frente entendessem e logo toda a multidão já sabia o que era.
Assustados, começaram a cochichar. Alguns pareciam congelados, outros estavam muito inquietos. Tudo piorou quando Snape abriu a porta da entrada. Ficaram estupefatos ao verem dois alunos de Hogwarts se debatendo completamente perturbados sobre uma grande poça de sangue.
Como num flash, Sarah se lembrou de seu sonho. Sentiu sua vista escurecer e uma leve tontura. Quase caiu, mas Harry a segurou. Ele também estava chocado e, mais do que qualquer outra pessoa, sabia quem havia escrito aquilo. Rony e Hermione, que estavam mais afastados correram até eles. Gina estava completamente paralisada e não conseguia dizer uma palavra. Hermione teve que sacudi-la e gritar pelo seu nome algumas vezes para que ela reagisse. Rony e Harry seguravam Sarah pois, se a soltassem, ela cairia. Draco, que estava bem próximo deles, junto com Crabbe e Goyle, se controlou para não ir segurá-la. Ele tinha certeza, talvez até mais do que Harry, de quem estivera ali.
Snape e Hagrid tentaram segurar os dois alunos, mas não conseguiram. Filch, que também estava lá, e um homem que trabalhava por ali foram ajudar.
- Todos os alunos devem ir AGORA para as carruagens! – gritou Snape enquanto ajudava a levar um aluno. – Hagrid, leve esses alunos agora para o colégio numa carruagem isolada com Filch. – Se precisar, faça-os “dormir”.
- Claro, professor. – concordou também assustado com a cena.
Em poucos minutos, todos já estavam nas carruagens voltando para o colégio. Hermione foi com Gina em uma carruagem e os garotos foram com Sarah em outra. Tinham que segurar a menina que mal conseguia abrir os olhos e andar. Rony e Harry estranharam o fato de Sarah estar tão mal. Por mais que todos estivessem preocupados Sarah, que não havia dito uma palavra ainda, parecia estar extremamente afetada com aquilo.
- Ela não passou o que a gente passou nos primeiros anos. Ela não está acostumada. – concluiu Harry errôneo.
Quando chegaram em Hogwarts, todos pareciam ligeiramente mais calmos. Sarah também estava se sentindo um pouco melhor, mas uma coisa ela não conseguia tirar da cabeça: poderia ter evitado o incidente. Ela pensava que se talvez tivesse contado seu sonho para seu tio ou para outra pessoa poderia ter evitado aquilo. Lembrou-se dos dois alunos que estavam lá. Sentiu-se mais culpada. Correu para dentro do castelo antes de seus amigos, sem que eles vissem.
- Onde está Sarah? – perguntou Gina ao se aproximar de Rony e Harry junto com Hermione.
- Não sei... – falou Rony olhando para trás e não vê-la. – Ela estava aqui agora mesmo.
Sarah correu pelo castelo chorando. Procurou por seu tio, mas não o encontrou. Imaginou que ele estivesse no Salão Principal. Foi até lá. Viu que já havia muitos alunos e preferiu conversar com ele depois. Secou as lágrimas do rosto e se sentou à mesa da Grifinória. Notou que estava de frente para Draco. Eles se entreolharam durante alguns segundos, mas ela desviou o olhar. Não queria que ele a visse daquele jeito. Rony e os outros se aproximaram.
Dumbledore esperava por todos pois já estava sabendo de tudo que acontecera. Precisava falar com os alunos. Ele nunca gostara de esconder nada e queria ter uma conversa séria com todos. O almoço havia sido servido praticamente à toa já que a grande maioria dos alunos não queria comer.
- Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu hoje. – começou a falar ao perceber que ninguém conseguia comer ou esboçar qualquer ânimo. – Pois bem, eu digo para vocês a verdade. Sim, provavelmente quem escreveu aquilo foi Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. – disse Dumbledore. Não que ele tivesse medo de dizer o nome de Voldemort, mas pensou que seria menos chocante para os alunos não se referir a ele pelo nome.
Alguns pareciam já desconfiar que era ele, mas a grande maioria ficou surpresa e assustada.
- Estarão protegidos aqui em Hogwarts por isso não se preocupem. Não há notícias de outros ataques e, se houver, podem ter certeza que comunicarei a vocês. Os dois alunos, Charlotte Huntingdon, 3° ano da Lufa-lufa e Ben Carstairs, 6° ano da Grifinória, que foram atacados, já estão na enfermaria sendo cuidados. Infelizmente, parecem que foram muito afetados psicologicamente e estão em rigorosa vigilância. Gostaria de pedir que os amigos fossem visitá-los. Pode ser bom para eles ver pessoas queridas. É só isso. Quem não deseja terminar a refeição, pode se retirar.
Os alunos foram saindo em meio a conversas e soluços assustados. Hermione e Gina puxaram Sarah para fora sem que os garotos vissem.
- Você sonhou com isso, não foi? – indagou Hermione fixando o olhar em Sarah já sabendo a resposta. Seria lógico já que a menina ficara completamente alterada com a situação.
- Conte para nós. Somos suas amigas. – disse Gina colocando a mão no ombro dela.
- A culpa foi minha... – Ela disse baixinho chorando.
- Como assim? – Gina perguntou confusa.
- Se eu tivesse falado para alguém, eu poderia ter evitado. Se eu tivesse contado para o meu tio ele não teria deixado ninguém ir e agora esses dois alunos não estariam como estão. Vocês entendem? A culpa foi minha! Eu poderia ter evitado! – gritou e saiu correndo. Precisava ficar sozinha e, por mais que as amigas só tentassem ajudar, pareciam piorar o que ela sentia.
- E agora, o que nós fazemos? – Hermione perguntou a Gina. Procurava algo que pudesse fazer para ajudar.
- Eu não sei... – resmungou enquanto pensava.
Sarah saiu desesperada pelos corredores. Não tinha idéia de para onde estava indo. Só sabia que queria fugir de tudo e de todos. Agora não chorava mais. Estava com raiva de mais para chorar. Raiva de si mesma. Continuou correndo e parou perto da sala de Dumbledore. Pensou em ir falar com ele, mas desistiu. Sentou-se no chão, apoiada na parede e ficou lá refletindo na sua falsa culpa.

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