Encontros e Desencontros
Gina e Sarah ficaram conversando durante horas naquela noite sobre cada detalhe do baile e acabaram pegando no sono na cama mesmo, sentadas e com suas vestes. Na manhã seguinte, Adriene acordou as duas com um berro:
- LEVANTEM JÁ!
- Hã... – Sarah resmungou sonolenta ao abrir somente um olho após ouvir a voz de Adriene. – O que houve?
- “O que houve?” eu pergunto a vocês. Já são mais de 11 horas e vocês perderam o café da manhã!
- O quê? Já? – Gina indagou enquanto tentava se levantar da cama, mas o cansaço não permitia.
- Olhe para vocês! Dormiram com a roupa de ontem e completamente jogadas na cama! Levantem, rápido! – Adriene dizia enquanto puxava as duas da cama e abria as janelas fazendo com que uma grande claridade entrasse dentro do dormitório.
- Já vamos. – Sarah resmungou evitando olhar para a luz. – Vá descendo que já nos encontramos.
- Estão todos nos jardins. O dia está belíssimo e o Sol está maravilhoso. Todos estão se divertindo. Vamos! Espero vocês duas lá em baixo.
- Ok. Já estamos descendo.
Adriene saiu do dormitório e Gina e Sarah se levantaram e foram se arrumar. A noite não parecera durar muito. Ainda se sentiam muito cansadas e sonolentas, mas depois de um banho frio despertaram. Gina estava terminando de pentear os cabelos quando foi até a janela e viu vários alunos lá fora.
- Realmente o dia está muito bonito. – A ruiva comentou sorrindo. – Não tem uma nuvem no céu e o Sol está brilhando mesmo nessa época do ano.
- Vamos logo, Gina. – apressava Sarah ao terminar de fazer uma trança em seu cabelo.
As duas desciam as escadas rapidamente entre risos, planejando o que fariam naquele dia, mas Sarah parou de repente ao ver quem estava sentado em uma das poltronas na Sala Comunal.
- Sarah! Eu preciso falar com você. – Peter disse se levantando da poltrona num segundo e indo em direção a garota.
- Eu não quero falar com você. – Ela disse muita séria, se afastado.
- Mas é importante. Sobre ontem...
- Com licença. – Sarah desviou do garoto e puxou Gina para a saída.
- Não adianta você ficar fugindo de mim, Sarah. Você vai ter que falar comigo! – Peter gritou antes de ver as meninas saindo pelo quadro.
Quando chegou nos jardins Sarah ficou impressionada com a quantidade de pessoas. Nunca tinha visto tantos alunos ali fora que corriam ou formavam pequenos grupos em volta do lago. Foi com Gina até onde Hermione e outros alunos da Grifinória estavam.
- Olha quem vem vindo! – Rony falou ao se aproximar das garotas. – As dorminhocas de Hogwarts! O que aconteceu com vocês?
- Fomos dormir tarde. – Gina respondeu relutante querendo voltar para o quarto. Apesar do dia tão bonito não podia negar que sua cama parecia uma proposta tentadora.
- Onde está Harry? – Sarah perguntou notando a ausência do garoto.
- Bem... ele está com uma de suas dores de... cabeça. – Rony falou em um tom preocupado.
- É na cicatriz, não é? – Gina agora também parecia preocupada.
- Não. – Rony procurou disfarçar. – Não precisa ficar assustada...
- Pare, Rony! – Hermione falou ligeiramente irritada. – Pare de ficar escondendo as coisas, ficar protegendo Gina. Ela já está bem crescidinha. – Virou-se para Gina. – Sim, é na cicatriz e você sabe porque.
- Desculpe, mas não sei do que vocês estão falando. – Sarah disse confusa. Não estava entendendo nada.
- Eu sempre sinto essa dor quando algo ruim vai acontecer. – Harry apareceu logo atrás da garota enquanto esfregava a testa procurando que a dor aliviasse. – Na verdade, é quando Voldemort está por perto.
- E sempre é assim?
- Sim. É uma dor muitas vezes quase que insuportável.
Ficaram em silêncio. Aquela situação não era nada agradável. Harry então mudou de assunto. Comentou qualquer coisa sobre a noite passada e iniciaram uma conversa mais interessante. Ficaram sentados ali conversando por um bom tempo. Gina e Harry agora pareciam ter bastante assuntos em comum pois conversavam bem animados. Harry acabou por se distrair e a dor logo passou. De repente, Sarah viu uma coruja sobrevoando ali perto e em menos de um minuto uma carta caiu sobre seu colo. Todos olharam muito surpresos, mas Gina logo desconfiou de quem seria. “Uma coruja negra que não chegou perto de nós para entregar a carta. Sei muito bem de quem é isso.” ela pensou se lembrando da coruja que uma vez havia ido no dormitório entregar uma carta à amiga.
Sarah olhou o envelope e viu duas iniciais: D.M.. Um pequeno sorriso se fez no canto da boca.
- De quem é Sarah? – Rony perguntou curioso esticando o pescoço para ver o envelope.
- Rony! – repreendeu Hermione apertando seu braço. – Essa carta é para Sarah e você não tem nada a ver com isso. Pare de ser enxerido!
- Desculpe, senhorita. – Aborrecido, retrucou ironicamente.
- Eu vou ter que subir para ler a carta. Depois eu falo com vocês. – Levantou-se rápido sem dar chances de alguém mais perguntar qualquer coisa. Ia em direção ao castelo, mas parou ao ver que Gina continuava no lugar, com um olhar muito desconfiado. – Você não vem?
- Claro. – respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e logo se levantou também.
Não falaram nada até chegarem no dormitório, mas foi só fechar a porta para Sarah dar um berro.
- AH! Eu não acredito! – Jogou-se na cama abraçando a carta.
- É do Malfoy, não é?
- Sim, é dele. Eu estou tão feliz!
- E o que você está esperando? – Gina falou e se sentou ao lado de Sarah. – Leia logo.
- Tá bem.
“Sarah,
desculpe se minha coruja te assustou, mas é que ela não podia chegar perto de seus amigos se não poderiam desconfiar afinal tem uma corrente com o brasão da família nela. Gostaria de me encontrar com você pois tenho algo seu que gostaria de devolver. Será que poderíamos nos encontrar hoje? Espero você na sala que fica em frente ao quadro de um unicórnio branco no último corredor do último andar às 9:30.
Até mais,
Draco Malfoy”
- Só isso? – Sarah resmungou decepcionada ao terminar de ler a carta.
- Você esperava uma declaração de amor? Ele ainda é um Malfoy, lembre-se disso.
- Eu sei, mas... eu esperava algo mais simpático.
- Pare de reclamar! Você tem um encontro com ele hoje à noite. Agora guarde essa carta e vamos descer.
- Ok, mas se alguém perguntar fala que a carta é da minha mãe.
- Tá bom.
As duas estavam passando pela entrada do Salão Principal quando deram de cara com Crabbe, Goyle e Draco.
- Vejam só quem está aqui. – Draco falou com um sorriso de desdém no rosto tentando disfarçar a animação em ver Sarah.
Bastou isso para que os alunos que estavam em volta parassem já que sabiam que sempre que Sarah e Draco se encontravam pelos corredores era briga na certa.
- Fiquei sabendo que finalmente você está conseguindo pelo menos falar com o imbecil do Potter sem gaguejar ou tremer. Parabéns, estão todos comentando que a pequena Weasley conseguiu o que queria há anos. Você vai pedir pra ele te ajudar a sustentar sua família ou seu pai vai ter que trabalhar mais e mais horas extras para sustentar a todos?
- Olha aqui, Malfoy... – Gina ia respondê-lo quando Sarah interrompeu na frente.
- Não gosto que falem mal dos meus amigos, Malfoy. Já te falei que não gosto que fiquem falando mal de Harry e muito menos de Gina. Não importa o que aconteça, eu nunca vou deixar que fiquem falando dos meus amigos.
- Calma, nervosinha. A nova heroína de Hogwarts... – disse irônico com o sorriso que Sarah tanto gostava.
- Tchau, Malfoy. – falou e puxou Gina pela mão lhe dando as costas.
- Não, Wynette. – disse e Sarah se virou novamente para olhá-lo. – Até mais. – Encarou-a nos olhos.
- Até mais. – concordou e se foi.
Draco a viu ir e sentiu que ela não queria vê-lo. “Se ela tivesse levado a sério o que aconteceu não falaria daquele jeito.” pensou enquanto caminhava para os jardins com os companheiros. Uma sensação estranha de decepção o invadiu.
Sarah estava muito nervosa. Faltava meia hora para o horário marcado. Estava sentada na cama pensando enquanto Gina escrevia para sua mãe.
- Você não vai se arrumar? – Gina perguntou ao olhar para o relógio.
- Eu não sei se vou. – Sarah disse olhando para a janela enquanto picava um pedacinho de papel nervosamente.
- Por que?! – Ela perguntou inconformada.
- Você viu o que aconteceu quando estávamos saindo da torre. Parecia que não tinha acontecido nada ontem.
- Ora, Sarah Wynette, – reprovou Gina ao se levantar da cadeira e ir até ela. – como os trouxas mesmo dizem: ajoelhou tem que rezar. Você já está metida nisso até os cabelos e agora vai querer fugir por causa de uma discussãozinha que aposto que foi apenas para disfarçar. Ele provocou a mim e não à você. Ele não queria brigar com você. Não viu que aqueles dois trogloditas estavam com ele?
- Você tem razão. – disse mais confiante com um pequeno sorriso brotando em seu rosto. Foi até a escrivaninha e pegou a carta que recebera. – Você vem comigo porque não conheço o castelo muito bem e não sei o caminho.
- Está bem. Deixo você na sala e depois volto.
- Ok, vamos. – Sarah falou e deu um longo suspiro. Estava ansiosa e nervosa.
As duas desceram até a Sala Comunal, mas tiveram que parar pois todos estavam lá. Elas se entreolharam preocupadas e Gina disse apenas movendo os lábios:
- Deixa que eu falo, você está muito nervosa. Pode acabar falando besteira.
- Aonde vão? – Rony perguntou desconfiado ao ver as duas paradas ao pé da escada.
- Vamos nos encontrar com uma amiga nossa da Lufa-lufa. Ela precisa falar com a gente.
- Mas não vão voltar muito tarde, não é? – Adriene perguntou enquanto jogava xadrez de bruxo com Andrew.
- Não. Harry, você pode nos emprestar sua capa? Se Filch pegar a gente vai ficar um pouco complicado... Ainda mais Sarah que já cumpriu uma detenção.
- Tudo bem. Vou lá em cima pegar. – Harry subiu rapidamente e em menos de dois minutos já estava voltando com a capa na mão. – Pegue, mas tenha cuidado pois essa capa não é à prova de som e eu sei como vocês falam pouco. – disse irônico.
- Obrigada. – agradeceu rindo.
Assim elas saíram o mais rápido que puderam afinal estavam em cima da hora.
- Deixe-me ver a carta. – Gina disse baixinho depois de estarem cobertas pela capa. Leu e continuou. – É fácil, venha. – Subiram as escadas e, por sorte, nenhuma desviou. Chegaram no último andar e foram procurar a sala.
Draco estava esperando havia vinte minutos e não agüentava mais de tanta impaciência. Jamais esperara por mulher alguma, ainda mais por tanto tempo.
- Ela não vem. Eu sabia! – resmungou irritado por pensar em ter feito papel de bobo. Estava indo embora quando ouviu vozes e se escondeu atrás da porta para escutar.
- Você me espera perto da escada porque se voltar sozinha podem desconfiar.
- Tá bom, mas deixa a capa comigo.
Sarah entrou na sala olhando para fora e quando se virou deu de cara com Draco. Levou um susto.
- O...Oi. – falou com os olhos arregalados.
- Você está atrasada. – Draco falou a única coisa que veio em sua mente, mas logo se arrependeu. Não queria ser chato ou arrogante. Queria parecer uma pessoa pelo menos agradável, por mais que soubesse que seria difícil.
- Desculpe. – Sarah disse um pouco decepcionada. Olhou em volta e viu que a sala só estava sendo iluminada por algumas velas e tinha várias cadeiras quebradas. – Pra que serve essa sala?
- Não tenho certeza, mas acho que é um tipo de sótão. Só tem cadeira velha aqui.
- Ahm... – Não soube o que dizer mais. Queria continuar um assunto, mas não conseguia. Tinha que ir direto ao ponto. O silêncio começava a incomodar. – Bem... O que você queria me dar?
- É verdade. – Lembrou-se. – É que você deixou cair isso ontem à noite. – disse e estendeu a echarpe para Sarah.
- Estava com você? – indagou surpresa. – Obrigada. Pensei que tivesse perdido. – disse e estendeu um lindo sorriso que fez com que Draco ficasse hipnotizado. – É só isso?
- Acho que sim. – falou sem tirar os olhos de sua boca. Não conseguia falar mais nada, assim como Sarah.
- Tem certeza? – Pedia mentalmente que a resposta fosse negativa.
- É... – Estava começando a se sentir um completo idiota a cada palavra que sai de sua boca.
- Então... já vou. – Virou-se, decepcionada, para ir embora quando Draco a chamou.
- Sarah... – Sua voz saiu mais baixa do que queria, mas ela escutou.
- O que? – perguntou ao se virar novamente e se aproximar de Draco. Sua respiração estava pesada.
- Eu... – Aproximou-se ainda mais da garota ficando a pouquíssimos centímetros separados. – Bem... Eu não te beijei ontem para ficar esse clima chato entre nós.
- Eu sei... – Sarah falou sem olhá-lo. Olhava para os próprios pés.
- Então o que a gente faz pra esse clima acabar? – Draco não sabia por que, mas falava baixo. Segurou delicadamente o queixo de Sarah e levantou o rosto dela de modo que ela o olhasse.
- Me beija de novo. – Sarah disse e o olhou intensamente.
- Ok.
Antes que eles pudessem pensar em algo mais, Draco a beijou delicadamente, mas o beijo foi se tornando cada vez mais intenso. Ela o acariciava de maneira que Draco se sentia sem controle de si mesmo. Ficaram durante minutos assim até que Sarah interrompeu.
- Espera... – Ela o empurrou com cuidado enquanto tentava falar com sua respiração extremamente ofegante.
- Acho que isso resolveu o problema. – falou com um sorriso malicioso no rosto.
- Pois eu acho que isso só vai nos meter em mais problemas.
- Eu sei. – disse cínico. – Seus amigos não vão gostar disso. – Riu.
- Draco, o que menos importa são meus amigos. Eu não quero me magoar e...
- Ei, ei. – falou sério ficando mais perto novamente. – Não vou magoar você. – Olhou-a profundamente nos olhos. – Está me ouvindo? Não vou te magoar. Por que você diz isso sempre?
- É que... você sabe... já ficou com muitas meninas e sempre as deixa. Em Hogsmead mesmo você estava beijando Rita...
- Não! – interrompeu segurando sua mão. – Ela me beijou. Eu não quis aquilo. Naquele dia eu já tinha apenas uma pessoa na cabeça: você.
- Sério? – Parecia não acreditar no que ouvia, mas acreditava. Tinha que acreditar pois aquilo enchia seu coração de felicidade.
- Preste atenção no que eu vou dizer: isso foi antes, agora é diferente. Você é diferente pra mim.
- Quero confiar em você Draco. Quero mesmo.
- E você pode confiar.
Abraçaram-se com muito carinho. Quando os dois estavam juntos, a felicidade que eles sentiam os envolvia em um calor que jamais sentiram. Sentaram-se numa mesa grande que ficava perto da janela.
- A gente vai se ver amanhã? – Sarah, que estava sentada ao lado dele, perguntou antes de beijá-lo
- Claro. Pode ser aqui mesmo, está bem? – Ele dizia enquanto acariciava seus cabelos.
- Está ótimo.
Voltaram a se beijar apaixonadamente. Draco se sentia fraco perto daquela garota. Era algo que jamais sentira em sua vida. Insegurança e vergonha. Vergonha por saber que ela poderia ter todo o controle dele nas mãos e por alguns momentos tinha. Já Sarah sentia, além de imensa felicidade, medo, pois sabia que se algum de seus amigos descobrisse, ficaria louco. Até mesmo sua mãe. Estavam abraçados até que Sarah levantou de repente.
- Meu Deus! – disse colocando a mão na cabeça.
- O que houve? – Draco perguntou meio assustado com a reação da garota.
- Gina. Ela está lá fora me esperando. Tenho que ir. – Já ia saindo quando Draco a segurou pelo braço.
- Espera. Vou com você.
Os dois saíram silenciosamente e fecharam a porta devagar. Foram andando até perto de onde Gina estava quando Draco parou.
- Vou ficar por aqui. Não quero me misturar com aquela...
- Aquela o que Draco? – Sarah perguntou brava encarando-o séria.
- Garotinha. – falou com má vontade.
- Não se esqueça do que eu te disse. Não fique achando que só por que estou com você, vou deixar que fique falando...
- Tudo bem. – interrompeu. – Não quero que a gente comece a discutir agora.
- Tá bom. – falou sorrindo. – Tchau.
- Tchau. – Draco disse e se despediu com um longo beijo.
Sarah foi correndo até Gina e ficou com uma pontinha de pena ao ver a menina cochilando encostada na parede. Abaixou-se e a acordou delicadamente.
- Gina, amiga... Vamos.
- Hã? – gemeu ao despertar. – Você demorou tanto que não agüentei e acabei pegando no sono. – Levantou-se.
- Você correu um grande perigo. Se Filch te visse? Você estava sem a capa. Vamos logo antes que alguém chegue.
- Sim, vamos que você tem que me contar tudo.
As duas se cobriram com a capa e foram bem devagar até a Torre da Grifinória. Quando passaram pela Sala Comunal não viram ninguém e sentiram um grande alívio. Já estava muito tarde e estranhariam. Subiram as escadas e entraram no dormitório silenciosamente já sem a capa. Sarah a pegou e guardou dentro do pequeno guarda roupa.
- Conversamos amanhã pois temos que dormir cedo. – Gina falou baixinho observando como Adriene dormia engraçado.
- Ok. Boa noite.
Minutos depois Gina já estava dormindo, mas Sarah demorou um pouco mais afinal não era todo dia que tinha um encontro daqueles com Draco. Estava explodindo de felicidade e de alegria quando acabou adormecendo e sonhou. Sonhou com o sonserino de quem tanto gostava.
Draco voltou para as masmorras com ótimo humor. Não imaginava que chegaria a ponto de ficar tão alegre com uma garota, mas com Sarah ele se sentia assim. Deitou-se na cama, mas não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar na garota, em seus beijos, seu olhar e principalmente em seu sorriso. Poderia viajar para outro mundo apenas observando o sorriso daquela garota que tanto o encantava. Seus pensamentos não pararam até que finalmente foi vencido pelo cansaço.
Já estava quase na hora de levantar quando Sarah acordou. Adriene e Gina ainda estavam dormindo, então preferiu se arrumar logo. Foi para o banheiro muito animada. Após o banho e colocar suas vestes, fez uma longa trança nos cabelos e desceu. Quando chegou na Sala Comunal viu Andrew sentado em uma das poltronas lendo uma revista. Ele não percebeu a presença de Sarah até ela terminar de descer as escadas.
- Bom dia! – cumprimentou.
- Oi. – respondeu seca e sem olhá-lo.
- O que foi? Que humor é esse? – perguntou estranhando o modo que a amiga falava. Levantou-se e foi até ela.
- Nada. Só que simplesmente não estou a fim de falar com você.
- O que aconteceu? Você está muito estranha. Tem muito tempo que a gente não conversa.
- Claro! Depois que você começou a namorar a Adriene se esqueceu que EU sou sua amiga e nem se importa mais. Pois bem, eu também não ligo! – Saiu andando.
- Não fica assim. É que eu fico tempo de mais com Adriene e acabo não tendo tempo pra você.
- Há, é ótimo saber como você se importa com seus amigos, principalmente comigo. – completou se virando de volta.
- Me desculpe. Eu não sabia que você se incomodava tanto com isso. Não queria te deixar chateada.
- É, mas deixou. Você é um dos meus melhores amigos. Acha que eu não vou me importar?
- Você me desculpa? – pediu pegando as mãos da amiga e beijando delicadamente cada uma.
- Não sei. – falou brincando. Sempre perdoaria o amigo.
- Me perdoa sim se não vou fazer cócegas em você. – falou fingindo um olhar ameaçador.
- Tá bem, eu te perdoou.
- Vamos descer? Esperamos os outros lá em baixo.
Os dois foram para o Salão Principal, mas quando viram que não havia ninguém lá preferiram ir para os jardins passear um pouco. Enquanto falavam sobre a saudade que sentiam de sua cidade e da banda foram caminhando até o lago, mas Sarah teve uma surpresa. Uma grande surpresa. Draco estava lá com Crabbe e Goyle. Sarah percebeu o olhar irritado de Draco quando a viu com Andrew, mas preferiu não fazer nada. Continuou ao lado do amigo. Andrew continuou andando, fingindo não ver Draco, e esbarrou nele com força para provocá-lo.
- O idiota de namoradinha nova... – Draco disse com um furioso sarcásmo. Ficara com muitos ciúmes ao ver Sarah ao lado daquele grifinório e ainda teria que agüentar a provocação dele. Tinha sangue quente correndo nas veias e não aceitaria calado.
- Vai começar, Malfoy? Você quer apanhar aqui mesmo? – Andrew disse sem paciência.
- Você acha que pode me bater? – debochou com um sorriso. – Acorda!
- Ai meu Deus... – resmungou Sarah baixinho. Sentiu que as coisas poderiam esquentar, mas achou melhor ficar quieta.
- Acho não, tenho certeza! – Encarou Andrew, se aproximando de Draco.
- Pois vamos ver! – Draco falou e mandou Goyle e Crabbe irem embora ao perceber que eles se aproximavam para ajudá-lo.
- Você se acha o tal, não é Malfoy? Fique sabendo que você não passa de um garoto mimado que...
- Cala a boca, seu imbecil. – Draco empurrou Andrew fazendo com que ele quase caísse no chão.
- Imbecil é você! – Andrew gritou e partiu pra cima de Draco.
Os dois então começaram a rolar pela grama entre socos e xingamentos. Sarah ficou apavorada e não sabia o que fazer enquanto Crabbe e Goyle riam intensamente. “O que faço? O que faço?” ela si perguntava. Só restava uma solução. Interferir, ela mesma, na briga. Tentou se aproximar, mas era impossível. Não seria louca de se meter na briga de garotos sendo ela uma menina. Ainda mais vendo que os dois sangravam. Gritou para que eles parassem, mas não a ouviam. Então ela pegou sua varinha e proferiu:
- Locomotor Mortis!
Em pouquíssimos segundos os dois não conseguiam mais mexer as pernas. Draco tentou se levantar, mas não conseguiu e o mesmo aconteceu com Andrew.
- O que você fez, Sarah? – Andrew indagou estranhando o que estava acontecendo.
- Eu pedi para vocês pararem de brigar, mas não me escutaram. Não tive outra solução.
- Tá bom, mas agora tira isso. Sabe, incomoda um pouco não poder mover as pernas! – Draco exclamou um pouco irritado, mas tentando se controlar.
- Finite Encantatem.
Rapidamente os dois se levantaram e ajeitaram suas vestes que estavam sujas. Draco passou a mão pelo cabelo tentando ajeitá-lo enquanto encarava Andrew com um ódio sobrenatural.
- Escapou por pouco. – Andrew disse provocando.
- ESCAPOU?! Tenho a ligeira impressão que os dois se machucaram o suficiente, não acha?! Crianças! – falou muito mais preocupada com Draco que estava com o nariz sangrando e o olho esquerdo inchado.
Tomada de raiva, a garota saiu andando muito irritada e Andrew foi atrás dela. Draco quis fazer o mesmo, mas não podia. Antes de se afastar, a garota deu um olhar significativo para Draco de que não gostara do que acabara de acontecer, entretanto o garoto não correspondeu. Nem ao menos a olhou. Sarah preferiu não ligar. Quando estavam chegando perto do Salão Principal, Adriene veio correndo desesperada em direção a Andrew.
- O que houve com você?! – indagou preocupada enquanto acariciava seu rosto machucado.
- Nada. Estou bem. – disfarçou, mas os hematomas não o deixavam mentir.
- Bem?! Estou vendo como você está bem.
Realmente não estava. Além de estar com o nariz sangrando e o olho roxo ainda estava com a boca bastante inchada e cortada.
- Vamos para a enfermaria agora! – Adriene falou com rispidez e saiu puxando o namorado.
Sarah se sentou ao lado de Gina, mas ela nem percebeu. Estava distraída olhando para o próprio prato muito pensativa.
- Alô, Gina? Terra chamando Gina, Terra chamando Gina. Gina responda. – brincou Sarah esperando que ela reagisse.
- Oi. Nem vi você.
- Eu percebi. Em que estava pensando? Ou melhor, em quem?
- Em quem poderia ser? Harry né.
- Ai Gina... Você precisa falar com ele. Não dá para ficar esperando ele se decidir. O Harry é muito lerdo.
- O que você quer que eu faça? Chegue nele e fale: “Oi Harry, estou apaixonada por você. E aí, vamos namorar?” Não é assim Sarah.
- Parece que vou ter que interferir nessa história. – sibilou Sarah pensando no que faria para que Harry se declarasse logo para Gina afinal sabia que ele estava gostando dela.
- O que você vai fazer Sarah? – Gina perguntou preocupada. Sabia que a amiga faria alguma coisa.
- Nada. – falou com um sorriso maroto.
- Acho bom! Porque... – Gina não conseguiu terminar. Foi interrompida por alguém.
- Bom dia, meninas! – Rony, abraçado com Hermione, cumprimentou animado.
- Bom dia, Rony. Está tão feliz por que? – Sarah também perguntou com a animação contagiante de Rony.
- E por que não estaria? Tudo está indo bem, sem confusões, – Neste instante Gina e Sarah se entreolharam e disfarçaram um risinho, mas voltaram a prestar atenção em Rony. Se ele soubesse o que estava acontecendo não falaria isso. – minha namorada é maravilhosa, tenho os melhores amigos do mundo e... o jogo de quadribol já foi marcado! – terminou com animação muito maior que antes.
- Ah... Então esse é o motivo. – Gina comentou. Sabia que o irmão estava mesmo animado pelo jogo.
- E quando vai ser? – Sarah quis saber.
- Daqui a um mês e pouquinho. – Harry falou se voltando para o grupo também muito animado. Vamos começar a treinar logo. Os outros times já estão treinando há muito tempo e não queremos ficar para trás, não é?
- Claro! Vamos arrasar todos e especialmente com a Sonserina. – Rony concluiu com um olhar maléfico.
- E contra quem vai ser o primeiro jogo? – Sarah perguntou querendo saber realmente sobre a “Sonserina”.
- Lufa-lufa. Vai ser moleza. – Harry respondeu enquanto mastigava uma torrada.
- Espero que ganhem a taça esse ano!
Todos estavam sentados a mesa comendo e conversando animadamente sobre o jogo quando Crabbe e Goyle, junto com Draco, vieram se aproximando. Sarah não acreditou. Eles de novo? Parecia perseguição.
- Então Potter. Pronto para perder o campeonato? – Draco, como sempre debochado, perguntou. Olhou rapidamente para Sarah, mas ela desviou o olhar.
- Acho que você está se confundindo, Malfoy. Vocês vão perder o campeonato.
- Me faça um favor, – Ele olhou discretamente para Sarah novamente e viu que ela não levantava o rosto. Preferia se manter com o rosto voltado para o outro lado. – ganhe o jogo com a Lufa-lufa. EU quero derrotar você pois quando derrotarmos a Corvinal poderemos nos encontrar em campo.
- E aí você verá que a Grifinória ganha da Sonserina de olhos fechados. – Rony, já sem paciência falou aborrecido.
- Não sonhe muito, Weasley. Sonhar não dá dinheiro.
- Por que você não se manda daqui, Malfoy! – Sarah se levantou da cadeira brava e falou com um olhar ordenador.
- Sim, senhora. Não se estresse à toa. Você está precisando fazer algo pra relaxar. Anda muito nervosa. – disse e se virou para ir embora, mas parou. Pensou um pouco e se virou novamente. – Mas não pense que vai falar assim comigo de novo, Wynette. – terminou e se foi. Sarah ficou pasma.
- Qualquer dia eu o mato e não vai demorar muito. – Rony estava furioso. Estava vermelho de tanta raiva.
- Calma Rony. Ele só quer aparecer. – Hermione tentava acalma-lo com um carinho.
- Já está na hora de irmos para a aula. – Sarah comentou ao se levantar da mesa. – Vamos Gina?
- Sim. – Percebeu que a amiga estava chateada.
As duas foram em direção à sala enquanto Sarah contava sobre a noite passada e depois sobre a briga de Andrew e Draco. Gina ficou muito pensativa e Sarah perguntou o porquê.
- Se os meninos descobrirem o que está acontecendo... O que eles vão fazer? Se Andrew e Draco brigaram por causa de provocações bobas, imagine quando descobrirem. São capazes de duelar e com certeza Malfoy sairia perdendo afinal são três contra um. Sem contar com Hermione e Adriene também.
- Cruzes Gina, não fala isso! Não vai acontecer nada. – falou tentando convencer a si mesma.
O dia foi agitado e, ao acabar a aula, Sarah e Gina foram almoçar. Preferiram se sentar um pouco mais afastadas de seus amigos. Assim conversavam mais à vontade. Depois foram para a biblioteca fazer um trabalho. Chegando lá, Sarah teve uma grande surpresa: Peter a estava esperando.
- Posso falar com você? – Ele pediu sem jeito.
- Eu não quero falar com você. – respondeu determinada.
- Por favor! – implorou.
- Esta bem. Gina, vai separando os livros que eu já volto. Vamos lá pra fora. – disse e deu as costas para ele indo para fora. Peter a seguiu.
- Sarah, eu queria pedir desculpas pela noite do baile. Eu passei um pouco do ponto. Você não merecia aquilo. Me perdoe.
- Olha Peter, – falou o encarando duramente. – foi terrível o que você fez. Mais do que terrível, foi repugnante! Eu perdi toda a minha confiança em você e vai ser muito difícil recuperá-la. Mas eu te perdôo.
- Obrigado, não vai se arrepender. – disse sorrindo.
- Espero que você não faça com que eu me arrependa. – Já ia saindo quando Peter a puxou pelo braço.
- Sarah, o que você tem com o Malfoy? – perguntou sério.
O coração de Sarah congelou. Sentiu que suas pernas não se mexiam e poderia jurar que estava tão branca como uma folha de papel, mas não poderia vacilar. Se ele descobrisse seria péssimo.
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