A Detenção



Draco, que estava vendo toda a cena na mesa de jantar, ficou muito irritado. Estava se segurando para não bater em Peter ali mesmo. Antes estava se sentindo muito bem por ter encontrado Sarah no jardim e por ter conversado com ela, mas agora estava com tanta raiva que nem prestou atenção quando viu que ela o encarou. Quando estava quase se levantando da cadeira, Rita o interrompeu.
- Vamos para a aula, estamos atrasados.
- Vá você. – Draco falou sem olhá-la. – Não pense que é minha namorada pra mandar em mim.
- Mas, Draco... – A garota ficou perplexa.
- Olha Rita, – Draco começou calmamente. – não estamos namorando. Gostei de ficar com você, mas foi só isso e você deveria saber. Não se prenda a mim.
- Eu odeio você. Quer dizer que eu fui igual às outras?
- O que você quer que eu diga? – Draco disse muito sincero. Não iria enrolá-la.
- Você é um idiota! – Rita fez menção de dar um tapa em Draco, mas ele a impediu segurando o braço fino da garota.
- Não faça isso. – disse com sua voz arrastada, num tom quase sombrio. – Adeus, Rita. – Levantou-se da mesa e saiu.
- Vai embora! – Rita gritou enquanto as lágrimas lhe caiam pelo rosto.
Draco, ainda aborrecido, foi para a aula de adivinhação. Ele não queria confessar, mas estava morrendo de ciúmes e no fundo sabia disso. No caminho, sem querer, encontrou Peter indo para a aula também. Sem ao menos pensar duas vezes, foi ao encontro do garoto e deu um murro com toda sua fúria nele. Peter ficou espantado. Não entendeu o porquê de ter levado um soco de Draco. Quando teve uma reação, Draco já não estava ali. O loiro se sentiu muito melhor com aquilo. Já havia descontado sua raiva na pessoa certa. Assim, continuou seu caminho até a sala de aula.

Sarah e Gina, após correrem como sempre faziam por estarem atrasadas, chegaram na sala e não encontraram ninguém.
- Será que não vai ter um dia que vamos chegar no horário? – Gina indagou irritada.
- Onde será que estão todos? – Sarah perguntou ao ver a sala completamente vazia.
- Se não estão na sala, só podem estar lá fora. Vamos. – As duas saíram da sala correndo e foram para os jardins. Viram de longe, próximo a Floresta Proibida, um grupo de alunos. Gina estava certa. Elas se dirigiram para perto do grupo e avistaram Adriene.
- Onde vocês estavam? – A garota perguntou quando viu as amigas.
- Fomos para a sala, mas não vimos ninguém. Então viemos para cá.
- O Hagrid foi à Floresta Proibida pegar um pássaro. Uma espécie que só tem aqui. – comentou ansiosa por ver a criatura mágica.
- Pronto, voltei. – Hagrid apareceu na frente de todos.
Sarah ficou impressionada com o tamanho dele. Nunca tinha visto alguém tão grande, mas seus olhos negros passavam confiança e Sarah sentiu uma grande simpatia pelo gigante. Sua aula também era tão agradável que nem percebiam o tempo passar.
- A aula acabou, podem ir. E lembrem-se de estudar. – Hagrid falou amistosamente e alguns alunos se afastaram, indo para o castelo.
- Vamos, Sarah. – Gina mal falou e puxou a amiga. – Quero te apresentar para Hagrid logo. Além do mais, preciso falar com você. – Correu em direção ao gigante. – Hagrid! Hagrid!
- Sim? – Ele olhou para trás, mas não viu quem o chamava.
- Aqui, Hagrid! – Gina disse levantando a mão enquanto Sarah ria.
- Ah... Olá, pequena Weasley! – falou ao olhar para baixo e abrir um grande sorriso.
- Eu queria te apresentar Sarah.
- Então você é a famosa Sarah. Harry queria te apresentar, mas Gina foi mais rápida. Muito prazer. – cumprimentou e estendeu a mão.
- O prazer é meu. – Apertou a mão do gigante e se assustou um pouco com o tamanho.
- Dumbledore fala muito de você. Ele simplesmente a adora. Adaptou-se bem à escola?
- Sim. Estou adorando estudar aqui, é tudo maravilhoso.
- Que bom... – disse e olhou no relógio. Bom meninas, agora eu tenho que ir. Preciso resolver algumas coisas para o professor Snape. Ele pediu que eu pegasse algumas plantas para preparar algumas porções. Até mais.
- Tchau! – falaram as duas ao mesmo tempo para o gigante que foi adentro na floresta.
- E eu preciso falar com você. – Gina falou enquanto voltavam para o castelo. – O que você falou com Harry? – Estava muito curiosa.
- Ele não está satisfeito com o namoro e Cho é muito ciumenta. Eu acho que Harry não gosta tanto de Cho como todos dizem.
- Será que o namoro deles vai tão mal assim? – Gina disse sinceramente preocupada. Não queria que Harry fosse infeliz. Por mais que fosse longe dela, queria que o garoto fosse feliz.
- Sim, acho que sim. Harry mesmo me disse que não tem certeza se gosta de Cho.
- Eu acho isso impossível. – Gina falou triste, num tom conformado. – Ele sempre gostou da Chang. Daqui a pouco eles fazem as pazes.
- Eu não conheço o coração de Harry e não sei se ele gosta de Cho, mas o namoro deles vai acabar e não é uma coisa temporária.
- Como foi esse seu sonho? – Gina perguntou interessada ao se lembrar que Sarah havia sonhado com aquilo e que, certamente, estava certa.
- Sinto muito, mas eu prefiro não dizer. Até porque as imagens que têm na minha mente são bem confusas. Só posso dizer que o namoro vai acabar e acho que no baile.
- Eu só espero que eles terminem o namoro bem. Sem brigas e...
- E não terá...
Na sala de aula, Gina não deixou de ficar chateada ao perceber que Adriene estava se afastando cada vez mais dela e Sarah também percebeu, mas ficou mais chateada por Andrew. Ele era quase seu irmão, mas com o namoro eles estavam se afastando. Contudo, os dois estavam felizes e isso era o que realmente importava.
Gina e Sarah foram para o Salão Principal almoçar e não encontraram ninguém na mesa. Sarah, ao ver Peter, o chamou pois já havia esquecido do beijo.
- Fala, Sarah. – O rapaz ficara muito feliz apenas pelo chamado da garota.
- Por que Rony e os outros não estão aqui?
- Snape deu um trabalho surpresa e eles ainda não acabaram. – Ficou meio decepcionado por Sarah ter perguntado por Rony. Esperava que ela falasse algo que envolvesse somente os dois, mas no fundo sabia que não aconteceria.
- E você não fez? – Gina perguntou.
- Fiz, mas acabei rápido.
- Peter, você vai com fantasia para o baile? – Ela perguntou tentando fingir interesse, mas não fazia muito sucesso.
- Não sei, por quê? – indagou o garoto.
- Porque se você for, eu também tenho que ir.
- Você prefere ir com ou sem fantasia? – Ele voltou a ficar feliz com o interesse da acompanhante no baile.
- Sem. Com certeza sem fantasia.
- Então vai ser assim. Amanhã a gente se vê.
- Ok. – Sarah disse e Peter se afastou e se sentou com os amigos dele.
- Sarah, ele ama você. – Gina comentou em voz baixa olhando para o rapaz que ainda tinha o sorriso na face.
- Claro que não. Apenas nos damos bem. – Tentou se defender, mas no fundo sabia que aquilo parecia ser verdade e isso a fazia se sentir um pouco mal afinal não gostava dele como merecia.
- Você sabe que eu tenho razão. Por que você não fica com ele?
- Gina! – Sarah reprovou a ruiva. – Eu não gosto dele.
- Aprende. Ele é lindo, simpático, inteligente e gosta de você. E o principal, não é um sonserino nojento e arrogante.
- Eu sei, mas eu não gosto dele e não vou ficar com ele. – Sarah parecia triste. Olhou para o lado tentando disfarçar a tristeza que tomava a sua face.
- Desculpe. – Gina se arrependeu do que tinha falado e a abraçou.
- Você tem razão, mas a gente não manda no coração. Se você pudesse, não preferiria se apaixonar por outro garoto em vez do Harry? – Gina concordou com a cabeça, arrependida do que falara antes. – Então. Eu gosto dele. Eu sei que ele é arrogante, metido, nojento e que nunca vai olhar pra mim, mas eu gosto.
- Não fica assim não. Desculpe-me.
- Tudo bem, você tem razão. Eu tenho que aprender a gostar de alguém com quem eu tenha alguma chance.
- Se você não gosta do Peter, não fique com ele. Pode acabar se magoando e magoando ele também.
As duas já estavam comendo quando Draco chegou, mas elas não perceberam a sua presença. O loiro sentou-se na mesa junto com Crabbe e com Goyle. Rita estava bem afastava. Ele percebeu que às vezes ela o olhava com ódio, mas não dava muita atenção. Estava muito ocupado observando Sarah comer. Draco não entendia o porquê, mas sentia necessidade de olhá-la. Quando viu que ela estava indo embora teve uma idéia. Mal terminou de comer e saiu correndo para o corujal. Chamou por sua coruja, Alichino. Uma coruja negra voou até ele. Draco pegou um pergaminho que tinha guardado nas vestes e conjurou pena e tinta. Escreveu e mandou Alichino levar. Então, foi para o dormitório. Precisava descansar para a detenção.

Sarah e Gina estavam conversando no dormitório quando escutaram batidas na janela. Sarah correu para abri-la e uma coruja entrou e pousou na cabeceira da cama.
- Que linda! – Gina exclamou. – Nunca tinha visto uma coruja toda negra. É linda e tem as penas muito brilhantes.
- De quem será? – Sarah ficou intrigada. Pegou o pergaminho que estava com a coruja e abriu.

“Olá Wynette,
espero que esteja preparada para a detenção de hoje à noite. Peça para algum de seus amigos avisarem a seus responsáveis caso aconteça alguma coisa com você. Preciso dizer que você ficou muito bem com a minha capa, mas não se esqueça de levá-la hoje a noite. Vejo que aceitou o convite do seu amiguinho Peter. Ele agradeceu hoje de manhã de maneira bem, como eu diria, carinhosa. Todos ficaram muito, como posso dizer, impressionados.
Até a noite,
Draco Malfoy.”


Quando Sarah terminou de ler ficou sem reação. Malfoy seria a última pessoa de quem esperaria uma carta. Entregou nas mãos de Gina para a amiga ler.
- Eu não acredito. – Foi a única coisa que a ruiva conseguiu dizer. Sentou-se na cama ao lado de Sarah.
- Nem eu. – A morena falou com um sorriso no rosto.
- Ele viu o Peter te beijando.
- O que eu digo pra ele? – ficou preocupada.
- Nada! – falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Você não deve explicações pra ele. E não acredite nele. A detenção não é uma coisa tão pavorosa assim como ele quer que você pense.
- Eu sei. Ele está tentando me assustar desde de manhã.
- Eu detesto falar isso, mas... ele não é tão indiferente a você como nós pensamos.
- Por que você está falando isso? – indagou pegando o pergaminho e o relendo.
- Sei lá. – Pensou um pouco, mas não encontrou respostas. – Eu não sei explicar, mas é verdade. Fica aí descansando que eu vou procurar o Rony. – Gina se levantou da cama e foi até a porta.
- Por que? – Sarah perguntou assustada. Pensou que Gina fosse falar tudo para ele.
- Minha mãe mandou o dinheiro para a roupa do baile para Rony. Vou pegar a minha parte.
- Ahm... está bem. – Ela disse aliviada.
Sarah se lembrou que tinha que falar com seu tio. Então, desceu e foi procurá-lo logo após Gina. Quando estava chegando perto da sala dele viu Minerva.
- O que a senhorita faz aqui? – indagou desconfiada. Devido às várias confusões que Sarah já havia se envolvido a professora ficava até assustada quando a via por um lugar diferente do normal. Já pensava que algo tinha acontecido.
- Boa tarde, professora. Eu estou procurando meu tio.
- Eu estou indo a sala dele. Acompanhe-me.
As duas foram até a sala de Dumbledore.
- Gota de Limão! – Minerva falou e a entrada se abriu. Sarah ficou impressionada com a Gárgula enorme na entrada.
- Venha. – A professora disse seriamente.
- Professora, – chamou antes que entrassem na sala. – a senhora ainda está chateada comigo por causa da detenção?
- Você sabe que não deveria ter feito aquilo. Como a sobrinha de Dumbledore você deveria dar o exemplo.
- Mas ninguém sabe disso.
- É verdade. Tudo bem, eu não estou chateada com você. Mas espero que isso não aconteça novamente.
- E não acontecerá. – falou e sorriu. Minerva devolveu-lhe o sorriso e entraram na sala.
Dumbledore estava sentado em sua cadeira e ficou surpreso ao ver sua sobrinha.
- Sarah, o que está fazendo aqui? Aconteceu algo?
- Não, não. Eu precisava falar com o senhor. A sós.
- Já vou indo. – Minerva disse entendendo a indireta. – Tome, esses papéis, Alvo. Foram mandados pelo Ministério. Revise-os e depois me devolva, por favor. Até mais.
Ela saiu da sala e então Sarah sentou-se na cadeira frente a seu tio e começou a falar.
- Tio, não sei se o senhor sabe, mas tenho um dom. Eu posso sonhar com coisas que acontecem no futuro...
- Sim. Seu pai tinha esse dom e graças a ele pudemos resolver muitas coisas. – falou com um sorriso saudoso. Guardou os papéis dentro de uma gaveta.
- Eu tive um sonho. Sonhei com...
- Voldemort? – adivinhou Dumbledore.
- Como o senhor sabe? – indagou confusa e um pouco assustada.
- Pela sua cara de preocupada.
- Bom... ele irá voltar com muita força. – Ela preferiu falar logo de uma vez.
- Eu já sei. – Ele disse nada surpreso.
- Estou com medo.
- Não se preocupe. O Ministério e todo o mundo bruxo está preparado para quando ele voltar. O único problema é que ele tem muitos seguidores.
- Eu sei. Eu só queria falar isso. Minha mãe disse que cada sonho ruim que eu tiver é para contar pro senhor.
- E ela está certa. Prefiro que você me conte mesmo que você ache que não seja tão importante. Poderá ajudar tanto quanto seu pai.
- Eu espero. Já vou indo.
Ela se levantou da cadeira, deu um beijo em seu tio e se foi. Em seguida foi para o dormitório se deitar um pouco. Acabou dormindo e quando acordou estava quase na hora de ir para a detenção. Levantou-se e viu que Adriene já estava dormindo, mas a cama de Gina permanecia vazia. Foi para o banheiro pentear os cabelos. Fez uma trança e amarrou com uma fita vermelha. Em silêncio, saiu do quarto e desceu para a Sala Comunal. Ficou surpresa ao ver Gina e os outros.
- O que estão fazendo há essa hora aqui?
- Nós estamos estudando algumas táticas para o jogo de quadribol. – falou Rony sem olhá-la. Ainda mantinha os olhos na mesa onde havia vários papéis. Parecia muito concentrado.
- E eu estava esperando para falar com você. – Gina se levantou da poltrona em um pulo e puxou a amiga para um cantinho onde ninguém pudesse as escutar. – Só queria falar pra você ter juízo. Não fique igual uma boba apaixonada. Ele não pode perceber que você gosta dele se não ele vai te tratar como as outras e você pode se machucar.
- Eu sei. Você acha que eu sou boba? O mais provável é que briguemos mais uma vez.
- Você não vai brigar com ele nada. – reprovou Gina. – Você quer pegar outra detenção?
- Não, mamãezinha. – Sarah brincou fazendo voz de criança. – Riram e voltaram para junto do grupo.
- Boa sorte. – desejou Gina.
- Aonde você vai? – perguntou Andrew curioso. Talvez fosse influência de Adriene, mas começava a ficar um pouco abelhudo.
- Detenção.
- Você? Quando? – perguntou Rony surpreso.
- Me pegaram passeando pelo castelo. – Preferiu não dar detalhes, muito menos sobre Malfoy.
- Que barra. – disse Harry. – Boa sorte.
- Obrigada.
Sarah saiu da Sala Comunal. Estava com a capa de Draco na mão, mas não deixara nenhum de seus amigos verem. Não queria ouvir perguntas. Estava muito nervosa. Foi até o lugar marcado e viu que Draco e Filch já estavam lá. Aproximou-se e pôde ver a cara de desagrado de Filch. Imaginou o motivo.
- Atrasada. – Ele resmungou muito insatisfeito. – Esse poderia ser o motivo de uma outra detenção.
- Outra? – Sarah se apavorou com a idéia.
- Infelizmente não. Vamos. – Filch saiu andando para o jardim.
- Você fez a gente ficar esperando um tempão, sabia? – Draco falou mal-humorado.
- Desculpe, excelentíssima realeza pontual. – Sarah debochou irônica tentando esconder a alegria de vê-lo.
- Tudo bem. Eu te desculpo. – disse com um sorriso também debochado.
- Você é muito engraçado. – disse séria, mas sempre que via aquele sorriso ficava encantada.
Eles foram andando um bom pedaço e pararam perto da quadra de quadribol. Havia um grande canteiro com diversas flores.
- Tome. – Filch pegou uma caixa e entregou a Draco. – Aí tem alguns tubos com poções. Vocês precisam colocar três gotas em cada raiz. Aí tem contra-gotas. Podem começar. Logo mais eu volto. – Saiu com um grande sorriso de satisfação no rosto deixando Draco furioso.
- Ah... Esse velho... Se eu pudesse...
- Pare de resmungar. – Sarah disse séria. – Vamos começar. – Abriu a caixa e pegou os dois contra-gotas entregando um para Draco. Viu que havia vários tubos com poções verdes na caixa.
- Nossa, que vontade de trabalhar. Todos os sangue-ruins são assim? – No mesmo instante que falou, Draco se arrependeu. Não queria provocar Sarah, mas agora que tinha começado se lembrou como ela ficava quando era provocada e adorava vê-la assim. Para sua surpresa Sarah não se ofendeu. Muito pelo ao contrário. Sorriu para ele.
- Você pensa que eu sou sangue-ruim?
- Todo mundo sabe que você é filha de trouxas.
- Pois todo mundo está enganado. Eu tenho o sangue-puro como o seu ou até mais. E mesmo se eu fosse filha de trouxas, não teria vergonha nenhuma. Ao contrário, seria sorte. Os filhos de trouxas têm possibilidades de viver nos dois mundos e isso quer dizer que eles podem desfrutar dos dois. Se você soubesse quanta coisa maravilhosa tem no mundo trouxa.
- Eu sei. Fome, miséria, terrorismo, além das dificuldades de fazer absolutamente tudo. Imagina, as fotos de vocês são inanimadas.
- Pode ter tudo isso, mas tem muitas coisas boas também. E aqui também tem coisas ruins.
- Como o que?
- Trevas. Pelo menos no mundo trouxa não tem um bruxo louco cheio de poderes que sai por aí espalhando a morte sem motivo. E no mundo trouxa também não tem otários, também cheios de poderes, que obedecem a esse bruxo desgraçado que não tem um motivo concreto para fazer tudo isso. – Sempre que Sarah falava de Voldemort ficava fora do controle. Ou chorava, ou se irritava e dessa vez ela estava ficando irritadíssima.
- Por que você fala assim? Com tanto ódio... – Draco perguntou ao ver os olhos de Sarah que brilhavam com fúria.
- Ele matou meu pai. – Sarah não agüentou e confessou muito triste com os olhos brilhando, agora por estarem molhados com lágrimas que não caíam.
- É verdade? – Ele indagou surpreso. Nunca imaginou que descobriria essas coisas de Sarah.
- Sim. – Sarah se sentou no chão gramado e Draco se sentou ao lado dela. – E eu nem o conheci. Eu odeio Voldemort. – Ela continuou furiosa.
- Eu sinto muito. – lamentou sincero. – Não sabia disso.
- Tudo bem, ninguém sabe. – Sarah não pretendia falar sobre aquilo com ninguém, muito menos com Draco. Algumas lágrimas teimosas caíram. Falar de seu pai sempre a emocionava.
- Tome. – Draco ofereceu um lenço que tinha em seu bolso a ela.
- Obrigada. – Sarah enxugou o rosto e respirou fundo. Ao ficar mais calma se levantou. – Você já me emprestou duas coisas hoje. – falou ao se lembrar da capa. Foi até a pedra onde a tinha deixado e a trouxe. – Tome. – Estendeu para Draco, que a pegou.
Sarah ia devolver o lenço quando Draco falou:
- Pode ficar. – Queria que Sarah ficasse com algo dele. Seria uma forma dela se lembrar dele. Isso o fazia se sentir bem. Na verdade ele quase sempre se sentia bem quando o assunto era Sarah. A garota olhou para o lenço e viu um D e um M bordado com uma linha dourada.
- É bordado à mão?
- Sim. Com fios de ouro. – falou orgulhoso.
- Uau! Eu não posso ficar. – Sarah estendeu a mão com o lenço de volta pra Draco.
- Você tem medo que alguém veja o D e o M? – Ele perguntou chateado, mas disfarçou.
- Não, quer dizer é. Mas não é só isso. É bordado à ouro e é seu.
- Não tem problema. Eu quero que fique pra você.
- Por que? – Sarah resolveu perguntar. Estranhou que Draco quisesse que ela ficasse com um pertence dele já que ele, como sonserino, não deveria dar presentes nem coisas parecidas para ela sendo uma grifinória. Ele estava sendo gentil demais.
- Ah...é... – Draco procurou uma resposta, mas não encontrou nenhuma. Não poderia dizer seu tolo motivo. – Você já está com ele e eu tenho muitos lenços. Não faço questão. Além do mais eu sou muito generoso. – Riu debochado para disfarçar.
- Tudo bem. – Não era essa a resposta que ela estava esperando. Não a que queria. – Vamos trabalhar. – Ela falou sorrindo, mas se via que ainda estava um pouco chateada.
- Sim. Vamos terminar logo com isso. – Draco se levantou em um salto e foi até o canteiro. Pegou um tubo com a poção e começou. Olhou para Sarah e viu que ela o observava. – Não vai me ajudar?
- Claro. Até parece que você faria tudo isso sozinho. – debochou desafiadora.
- Pois saiba que conseguiria fazer tudo isso e mais um pouco. – Draco, de repente, se lembrou e perguntou: – Você disse que é sangue-puro. De que família você é? Eu conheço quase todas e devo conhecer a sua. – Draco realmente conhecia todas as famílias de sangue-puro da Europa e muitas outras do mundo bruxo todo. Seus pais sempre eram convidados para bailes e festas.
- Ninguém pode saber. É um segredo.
- Por que? – Cada vez mais Draco se intrigava com Sarah. Nunca imaginou que ela tivesse tantos segredos. Aquele mistério todo o envolvia ainda mais.
- Por que sim. Agora vamos terminar com isso.
Os dois começaram a colocar as poções nas flores, mas não falavam nada. Estavam fazendo tudo em silêncio e afastados um do outro. Cada um pensava em uma coisa, mas seus pensamentos se encontravam. Estavam próximos e distantes ao mesmo tempo. Draco estava imaginando o que falar para sair daquele silencio quando ouviu a voz baixa de Sarah. Virou-se pensando que ela havia dito algo, mas se surpreendeu ao ver que ela estava cantando. Foi se aproximando sem que ela percebesse para escutar melhor. Reparou que ela estava distraída e por isso não percebeu a presença do rapaz tão próxima. Draco não reconheceu a musica que a menina cantava, mas uma coisa percebeu: a voz dela era belíssima. Não imaginava que ela tivesse uma voz tão doce para cantar quando, sempre que falava com ele, tinha a voz firme e confiante. Ficou seduzido como uma serpente ao som de uma flauta encantada. Aproximou-se mais. A música que Sarah cantava, que falava de amor, era bonita, mas parecia ser muito mais fascinante com a voz de Sarah na opinião de Draco. Poderia ficar a noite toda apenas escutando aquela voz semelhante ao som do mar. Inebriante era o que ele poderia dizer. Quando estava bem próximo dela, quase colado ao seu ouvido, falou baixinho:
- Você canta muito bem...
- AH! – Ela gritou ao cair sentada no chão pelo susto que levara. Sentiu seu coração palpitar forte e rapidamente. Não sabia o que mais a assustara: se a voz dele no silêncio perto de seu ouvido ou o fato dele ter a escutado cantar.
- O que houve?! – indagou espantado com a reação da garota e a ajudou a se levantar.
- Você me assustou e eu me furei com o espinho da flor. – Apontou para uma flor branca muito bonita, tentando recuperar o ritmo da respiração.
- Desculpe-me. Não foi minha intenção. – pediu arrependido. Percebeu que o susto que a garota levara fora realmente grande pois sua respiração ainda estava pesada.
- Tudo bem. – disse levando o dedo à boca. – Mas você não tinha o direito de me ouvir cantando. – Ruborizou furiosamente.
- Você estava cantando alto. A culpa não foi minha. – Sorriu vendo que ela ficava cada vez mais vermelha.
- Você adora me deixar sem-graça. – Concluiu aborrecida, sem olhá-lo. Fitava o dedo furado.
- Mas é verdade. Você canta muito bem. – disse a olhando profundamente e ela corou novamente. Draco começava a achar aquilo divertido.
- Obrigada. – Sorriu tímida. Ficara feliz com o elogio vindo de Draco. Todos sempre falavam aquilo, mas vindo dele aquilo se tornava especial. – Mas meu dedo ainda dói.
- Como você é fresca. – Rindo, se aproximou da garota.
- Não sou não. – Ela disse irritada. – Está doendo mesmo...
- Deixe-me ver. Ih...
Draco pegou a mão de Sarah delicadamente e viu que o furo no dedo sangrava muito. Pegou o lenço que a pouco havia dado para ela e limpou a mão da menina. Pegou sua varinha e proferiu um feitiço para estancar o machucado. Poucos segundos depois Sarah não sentia mais nada.
- Obrigada. – Ela sorriu em agradecimento para o loiro.
- Tudo bem. Tinha que ser você pra reclamar de uma coisa tão boba. Um furinho no dedo... Ainda dizem que os grifinórios são corajosos.
Passou alguns segundos e Draco não percebeu, mas ainda segurava a mão de Sarah. Ela estava muito nervosa. Estava tão próxima de Draco e isso fazia com que ela perdesse totalmente o controle. Olhou para os olhos do rapaz. Aqueles olhos que sempre a encantavam. Agora eles estavam tão brilhantes, mas, como sempre, tão incompreensíveis. O olhar de Draco nunca expressava alegria. Sempre parecia tão triste, mas dessa vez não estava triste e Sarah reparou.
Draco a olhou intensamente. Não dizia nada, apenas a fitava de uma forma intensa e cheia de sentimentos. Viu Sarah ali, tão bonita pela luz da lua que não resistiu. Foi aproximando seu rosto do de Sarah.
- O que você está fazendo? – Sarah perguntou percebendo que ele a beijaria. Ficou com medo. Não queria deixar que Draco se aproximasse tanto, mas não conseguia resistir. Olhou para a boca dele e notou que, apesar da palidez do rapaz, tinha uma cor saudável e rosada de uma forma tão bonita, de uma forma tão sensual.
- Estou fazendo uma coisa que queria fazer há muito tempo.
Antes que Sarah pudesse dizer algo, a boca de Draco foi ao encontro da sua, mas antes que seus lábios pudessem se tocar, uma voz os fez se separar.
- O que pensam que estão fazendo?!

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