Encontros e Encontros



- Fale logo Rony, o você que quer?! – Hermione, de braços cruzados, perguntou aborrecida com o garoto que permanecia calado.
- Eu queria pedir desculpas por não ter te contado sobre...
- Tudo bem. – Ela logo o interrompeu ainda sem o fitar. Não queria ficar ali e escutar qualquer coisa sobre a tal namorada de Rony. – É só isso?
- Eu terminei meu namoro. – falou enquanto olhava para os próprios sapatos. Também não conseguia encarar a garota.
- Como? – Hermione virou-se em sua direção e o olhou, parecendo não acreditar no que ouvia.
- Não estou mais namorando a Susi. – disse um pouco mais alegre do que antes ao perceber que Hermione parecia interessada em o ouvir.
- Por que? – perguntou confusa e desconfiada. Sua boca se contraiu em um pequeno sorriso.
- Não gosto dela. Gosto de outra pessoa.
- Bom... Você quem sabe. Deve ser só isso, né? – Hermione tentou ir embora, mas Rony a segurou pelo braço. A garota paralisou. Não pode se mexer ao sentir o toque dele.
- Eu queria te pedir duas coisas.
- Pode pedir. – Continuava de costas para ele.
- Você gostaria de ir comigo ao baile?
- Ahm... – A morena ficou muito feliz com o pedido, mas disfarçou. Fingiu não se importar. – Sim, pode ser. E a outra coisa?
- Você quer namorar comigo?
- O que? – Virou-se e encarou Rony estática, não podendo mais fingir desinteresse. Parecia não entender o que escutara.
- Hermione, – Rony falou docemente ao segurar as mãos da garota. – eu gosto de você. Gosto muito. Não como amiga, mas como mulher. – continuou sério, olhando fundo em seus olhos.
- Você está brincando comigo, Ronald Weasley? – Hermione indagou com os olhos cheios de lágrimas.
- Não, claro que não. Você quer?
- Mais do que tudo. – disse e o abraçou intensamente.
- É sério? – Rony não se conteve de felicidade pela resposta da menina.
- Claro! Eu amo você, Rony.
- Eu também te amo. Há muito tempo te amo. – disse com um imenso sorriso e os dois se beijaram apaixonadamente.
Há tanto tempo que os dois queriam aquilo, mas não permitiam que acontecesse. Não haviam tido coragem de confessar o que sentiam. Aproveitaram aquele momento. Estavam muito felizes. Depois de um tempo, voltaram para o Salão Principal e deram a notícia para Gina e Harry, que vibraram de alegria. Andrew e Adriene, que já estavam no Salão, também felicitaram o novo casal.

Sarah, enquanto caminhava pelo jardim, reparou como o dia estava bonito. Coisa que não fazia há muito tempo. As folhas das árvores estavam em tons que variavam de amarelo a vermelho e tinham muitas delas espalhadas pelo gramado verde. Viu uma árvore que ficava bem afastada do castelo. Quase não dava pra vê-la. Resolveu ir até lá. Caminhou lentamente até ela e, ao se aproximar, notou como era bonita. Suas flores pareciam muito com rosas, mas eram maiores e algumas eram brancas e outras azuis. Sarah adorou aquela árvore porque, além de produzir uma sombra maravilhosa, sua flor preferida era rosa. Ainda mais naquela árvore em que elas eram tão grandes. Pode sentir que a temperatura abaixava. Uma leve brisa bateu em seu rosto e a fez esquecer de tudo. Deitou-se na sombra da árvore e, pensando na vida, acabou adormecendo.
Acordou muito tempo depois. Levantou-se e viu que suas vestes e seus cabelos estavam cheios de folhas secas. Ajeitou-se e voltou para o castelo. Antes de entrar, viu uma coruja voando. Conhecia aquela coruja. “É a coruja da minha mãe!” ela pensou contente. A ave desceu calmamente e pousou no ombro de Sarah. A garota fez um carinho em sua cabeça e pegou a carta. Entrou correndo para o castelo e foi para a Torre da Grifinória. Como não tinha nenhum conhecido na Sala Comunal, subiu para o dormitório que estava vazio. A coruja voou até a janela aberta e pousou na bancada. Sarah se sentou na escrivaninha e abriu o envelope.

“Querida filha,
estou morrendo de saudades. Clara não está mais morando comigo. Alugou uma casa aqui no prédio e agora é minha vizinha. Fui promovida, finalmente me deram um cargo melhor. Agora sou assistente da presidência. Tenho uma ótima novidade. Já que eu estava tão sozinha, adotei um bebê. Ótimo, não acha? Ele é uma gracinha e adivinha o nome dele. Philipe, como o seu pai. Ele é um garotinho de cinco meses. É uma prova de um milagre. A mãe, o pai e ele estavam em um carro que sofreu um acidente. A mãe e o pai morreram. Ele, que estava na cadeirinha, atrás, ficou um pouco arranhado e nada mais. Não tinha nenhum parente nem ninguém conhecido, então o adotei. Tem os cabelos negros e os olhos verdes como os seus. Estou muito feliz com ele. Só falta você pra minha felicidade ser completa, mas vou agüentar até o Natal. Os Weasleys nos chamaram para passar o Natal com eles. O que acha? E como anda o seu coraçãozinho? Está apaixonada? Tem namorados? Quero saber de tudo. Espero que não tenha se metido em encrencas. Seu tio falou que você não é tão quietinha como pensei. Imagine ficar em detenção? Nem pensar.


Sarah se lembrou da sua detenção e ficou receosa. Engoliu a seco. Sua mãe a mataria quando descobrisse. Continuou a ler a carta.

E seus sonhos? Anda vendo alguma coisa? Você sabe que qualquer coisa conte pra mim e se for urgente, conte para seu tio. Acho que não tenho mais nada pra escrever.
Um grande beijo meu e de seu novo irmãozinho,
Sabrina”


A garota terminou de ler e logo pegou uma folha, tinta e uma pena para responder. Estava muito feliz com a notícia do novo irmão.

“Mamãe,
também estou com muitas saudades. Adorei a idéia de ter um novo irmãozinho e ainda mais que ele tenha o nome do meu pai! Estou muito entusiasmada para o Natal. Vai ser maravilhoso. Tenho uma novidade, estou apaixonada. Não vou dizer por quem, mas garanto que será, bem, uma... surpresa. Estou aprendendo cada coisa maravilhosa, mas ainda não sei voar. Estou ótima e muito feliz. Haverá um baile no dia das bruxas e sábado vou sair para comprar minha roupa. Tem outra notícia: estou em detenção. Calma, não pense em me matar ou me estrangular. Eu saí para dar um passeio pelo castelo e Filch me pegou. Acho que é só. Mande beijos para todos.
Com amor,
Sarah”


Sarah colocou a carta em um envelope e deu para a coruja, que voou para fora da Torre. A garota correu para a janela e viu a fiel mensageira sumir no horizonte. Já estava escurecendo. Desceu para a Sala Comunal e não viu ninguém. Achou melhor descer para procurar os amigos.
Perto dos jardins, em um mural, havia informações sobre os jogos de quadribol que começariam logo. Sarah reparou que tinha muitas pessoas em volta dele. Como não sabia o que havia ali, resolveu ver também pois poderia ter informações importantes. Tentou se aproximar, mas não conseguiu. Eram muitos alunos na frente. Desistiu e foi embora. Estava indo para o lago, quando encontrou Harry e Cho.
- Sarah, onde esteve? Estão todos te procurando. – Harry perguntou. Estava abraçado com a namorada.
- Naquela hora que deixei você e Gina no Salão Principal, – falou com ênfase na voz, para deixar Cho com ciúmes. – vim para os jardins e acabei dormindo um pouco.
- Aqui no jardim? Deitada na grama? – perguntou com um sarcásmo maldoso.
- Sim, algum problema? – arremedou Sarah, cinicamente.
- Nenhum, mas que história é essa de você e a irmã do seu amigo ficarem sozinhos no Salão Principal? – Ela se soltou do abraço e olhou muito séria para Harry.
- Já vai ficar com ciúmes de novo?! – Harry perguntou irritado como se aquela cena já tivesse acontecido diversas vezes.
- Claro! Você sabe que essa garota sempre teve apaixonite aguda por você.
- Tinha! Não tem mais! Gina cresceu e não é mais uma criança para você falar assim. – defendeu a menina que não estava ali e Sarah ficou muito feliz.
- Sei... Não vou discutir novamente com você por causa dessa pirralha ridícula. – Cho disse aborrecida.
- Com licença, – Sarah se meteu, não se agradando com o que escutava. – não quero me meter na discussão de vocês, mas não vou deixar você ficar falando da minha amiga assim na minha frente.
- Ela deve ser muito frágil pra precisar de tanta gente para defendê-la.
- Ela pode ser frágil, mas não precisa namorar ninguém importante para ser reconhecida. Não precisa da popularidade do namorado.
- O que você está insinuando garota? – Cho indagou ao empurrar Sarah pra trás.
- Não faça isso, Cho. – Harry a segurou pelo braço com força.
- Você defende todo mundo, mas a mim não. Pois fique com ela e com seus amiguinhos pirralhos! – A garota foi pisando duro até o castelo.
- Desculpe-me. Não queria fazer vocês dois brigarem. – Sarah disse sinceramente. Sabia que tinha falado o que não devia impulsivamente.
- Não precisa. Não é a primeira vez que nós brigamos. Na verdade, já até perdi as contas. – Harry falou triste. Cada vez se decepcionava mais com a namorada. – Eu sempre quis namorá-la, mas não tenho certeza se é o que eu quero agora.
- Se você não tem certeza, então por que não termina o namoro? Assim como Rony.
- Mas ele tinha certeza de que gostava de Hermione.
- E você não tem certeza de que gosta dessa outra menina.
- Como você sabe? – Harry indagou encarando a amiga. Ajeitou os óculos que pareciam cair.
- Porque na hora que ela perguntou sobre você e Gina, você não tentou dar uma desculpa. Você ficou aborrecido e defendeu Gina. Além disso, quando Cho foi embora, você nem tentou ir atrás dela.
- Você deve ter razão. – concluiu pensativo.
- Não, eu não tenho razão. Você tem que ter razão.
- Eu acho que estou gostando de outra pessoa, sim. – Harry disse de cabeça baixa. – Mas tenho medo de estar enganado e magoá-la.
- Se você continuar namorando, vai acabar magoando Cho. Você não pode ficar do lado dela tendo dúvidas. – Sarah finalizou. – Bom... agora vamos entrar que já deve estar na hora do jantar.
Os dois entraram no castelo e foram para o Salão Principal. Estavam quase todos lá. Sarah se sentou ao lado de Gina e Harry se sentou ao lado de Andrew. Sarah olhou para o lado e viu Rony ao lado de Hermione. Os dois com sorrisos suspeitos e sem motivo. Suspeitou.
- É impressão minha ou você e Rony se ajeitaram? – Sarah perguntou para Hermione.
- Estamos namorando. – A garota respondeu muito feliz.
- Eu não acredito! – Sarah deu um grito de felicidade. Quase caiu da cadeira ao pular em direção dos dois e abraçá-los ao mesmo tempo. – Estou tão feliz!
- Você está bem melhor agora. – Gina falou percebendo a mudança de humor dela.
- Sim. – Sarah disse animada. – Eu tenho muitos motivos. O primeiro é que ganhei um irmãozinho.
- Sua mãe teve um filho? – Andrew perguntou surpreso.
- Não, ela adotou.
- Que legal, parabéns. – Adriene disse com a cabeça apoiada no ombro do namorado.
- Ela me escreveu e disse que ele é uma gracinha e que parece comigo. – disse orgulhosa com um sorriso de ponta a ponta.
- Quantos anos ele tem? – Gina perguntou interessada. Adorava crianças. Tinha muita vontade de se tornar uma medi-bruxa especializada em cuidar delas.
- Cinco meses.
- É um neném ainda. – Rony completou.
- Sim. Estou muito feliz.
- Vocês viram os dias dos jogos de quadribol? – Andrew, mudando de assunto, perguntou animado, inclinando o corpo pra frente e fazendo com que Adriene perdesse o equilíbrio.
- Sim. E vamos começar a treinar semana que vem. Só estou esperando o dia das bruxas passar. – Harry falou seriamente como um verdadeiro técnico.
- E qual vai ser o primeiro jogo? – Gina perguntou depois de engolir um pedaço de galinha assada.
- Corvinal contra Sonserina.
Quando todos terminaram de comer, não restava mais nada nos pratos. Nem ervilhas, nem rosbife, nem carneiro, nem nada. Os pratos ficaram limpos e em segundos surgiram as sobremesas. Todos comeram de tudo um pouco. Sarah preferiu comer apenas um pedaço do bolo de frutas com calda de vinho e alguns doces de chocolate com menta afinal, eram seus preferidos e, acima de tudo, a faziam se lembrar de Draco.
Depois, Sarah e Gina resolveram ir para o dormitório porque todos estavam conversando sobre quadribol e elas não estavam interessadas no assunto. Estavam indo para a Torre, quando Sarah olhou para um canto perto das salas e viu algo que a deixou chocada e arrasada.
- O que foi Sarah? – Gina perguntou ao ver a cara de boba da amiga. – O que aconteceu? – Olhou para onde Sarah estava olhando e também ficou pasma. Draco beijava uma garota que estava imprensada na parede por ele.
- Eu não acredito. – O que Sarah falou não passou de um sussurro. Não conseguia tirar os olhos daquela cena que a enojava tanto.
- Vamos embora Sarah. – Gina tentou puxar a amiga, que estava a ponto de explodir de raiva.
- Não. – Ela resmungou. – Como ele pode fazer isso?
- Eu não queria te dizer, mas o Malfoy fica com várias garotas. Com qualquer uma. Essa é a segunda dessa semana.
- Diz que isso é mentira. – pediu sem acreditar. – Não pode ser. – Saiu correndo e Gina foi atrás dela.
Draco escutou a corrida das meninas e levou um susto.
- O que foi isso? – perguntou ao soltar Rita e virar para trás, de onde o barulho vira.
- Eu não sei. – Ela envolveu o pescoço dele com os braços e tentou beija-lo novamente, mas Draco desviou.
- É sério. – Ele se afastou. – Deixe-me ver o que houve. Pode ser que alguém tenha nos visto e...
- Não se preocupe. Pelo que eu pude ver foi apenas a Weasley e a Wynette. Elas...
- Quem? – Draco ficou apavorado ao escutar o último nome. Torceu para que tivesse escutado mal.
- A Weasley e a Wynette. Eu não vi direito, mas elas pararam e de repente saíram correndo.
- Elas estavam olhando pra cá?
- Não sei. – Rita falou aborrecida com o interesse do rapaz. – Elas estavam longe, não vi direito. O que tanto te importa isso?
- Nada. – Draco balbuciou chateado. Não gostou nada da idéia de que Sarah tivesse visto ele e outra garota se beijando. – Preciso ir, Rita. – Despediu-se e foi embora deixando a garota sozinha para trás.

Sarah sentia-se arrasada. Entrou no dormitório e se jogou na cama aos prantos. Gina tentou acalmar a amiga,
mas não conseguiu. Não havia nada que pudesse fazê-lo.
- Você viu Gina? – Sarah falou inconformada. Abraçava uma almofada.
- Eu avisei. Você não deveria ter se apaixonado por ele.
- Eu o odeio! – Sarah se sentou na cama e enxugou as lágrimas. – Amanhã na detenção vou matá-lo!
- Calma Sarah. Você fala assim como se ele fosse seu namorado ou como se ele tivesse um compromisso com você. Não se esqueça de que ele não te deve satisfação alguma.
- É verdade. – Sarah se acalmou ao pensar bem. Gina tinha toda a razão. Não poderia cobrar nada do sonserino. – Eu não tenho direito nenhum sobre ele.
- Mas olha só como você é. Tem um monte de garotos que caem aos seus pés e foi gostar do Malfoy, logo do
Malfoy!
- Eu sei Gina. Sou uma idiota, mas não vou chorar por ele. Já chorei demais por hoje. – Sarah se levantou da cama, pegou sua camisola e foi andando em direção ao banheiro.
- Você já vai tomar banho para dormir?
-Sim. Quero dormir bem essa noite por causa da detenção amanhã.
Sarah tomou banho, colocou a roupa e voltou para o quarto. Pegou uma escova no banheiro e se deitou na cama.
- Já vou dormir. – disse ao terminar de pentear os cabelos e se cobrir. – Boa noite.
- Vou tomar banho e depois vou me deitar. Boa noite. – Gina pegou seu pijama e foi para o banheiro. Quando voltou, Sarah já estava de olhos fechados, abraçada a uma almofada. Imaginou como estariam os pensamentos dela. Confusos provavelmente. A garota não conseguia imaginar como alguém poderia gostar do Malfoy. Aproximou-se da amiga, ajeitou sua coberta e foi para sua cama. Também precisava dormir.

Draco procurou Sarah pelo castelo inteiro, mas não a encontrou. Resolveu, então, ir para o dormitório. Viu que Goyle e Crabbe já estavam dormindo.
- Esses idiotas... – O loiro resmungou sem motivos, tentando descontar a raiva que sentia.
Colocou o pijama e se deitou na cama. Estava se sentindo muito mal por ter sido visto por Sarah. Pensou bem e concluiu que fora bom não tê-la encontrado já que não teria o que falar pra ela. Não imaginava como a olharia novamente. Ficaria muito embaraçado. E o pior é que se veriam no dia seguinte na detenção.
- E daí? – Ele falou irritado consigo mesmo de repente ao perceber seus pensamentos. – Ela não tem nada com minha vida!
Depois de um tempo, acabou pegando no sono enquanto lutava com sua cabeça que teimava em ir até Sarah.

Sarah acordou muito cedo. Levantou-se e viu que Adriene e Gina ainda estavam dormindo, exatamente como ela também deveria estar fazendo, mas não conseguia. Sempre acordava cedo e com a cabeça cheia. Arrumou-se e desceu para a Sala Comunal. Lá, encontrou Andrew.
- Bom dia. – Ela falou animada indo em direção ao rapaz. No começo de uma manhã aparentemente chata, encontrar um rosto amigo era muito bom. Sorria pois não queria aparentar que estava aborrecida, embora estivesse.
- Bom dia. Dormiu bem?
- Sim, mas vejo que você caiu da cama. Por que está acordado tão cedo?
- Não consegui dormir. Alguém deixou a janela aberta e a claridade veio toda para o meu rosto. E você?
- Fui dormir cedo, acabei acordando cedo. – falou quando se sentou na poltrona ao lado de Andrew. – Hoje vai ser um longo dia. – A garota concluiu pensativa.
- Não vejo a hora do dia do baile chegar. Você já tem acompanhante?
- Não. – Estava bem desanimada para o baile que, para ela, seria uma chatice só. – Sou a única que ainda não tem.
- Porque você quer. Um monte de garotos te convidou e você não aceitou.
- Eu não quero ir com ninguém. – disse séria, olhando distraída pela janela.
- Sei... – falou desconfiado. – Pra mim você está gostando de alguém.
- Pare de falar bobagens! Eu não gosto de ninguém! – Sarah se levantou muito aborrecida e saiu pisando duro.
- Mas eu não falei nada demais. – Andrew disse confuso para si mesmo sem entender a reação da amiga.
Sarah desceu aporrinhada da Torre da Grifinória. Tudo o que menos precisava naquele momento era aquele tipo de comentário. Resolveu então ir para os jardins. Era o lugar perfeito para ficar sozinha e ouvir apenas seus pensamentos. O tempo estava bem frio, no entanto, como Sarah não sabia, não havia trago a capa. Pensou em voltar, mas desistiu. Era longe demais. Ainda estava cedo para a aula e queria caminhar um pouco. E parecia ser uma boa oportunidade já que era difícil encontrar os jardins tão vazios como naquela manhã. Além do mais, queria esquecer aquela cena que tinha visto na noite passada e que não saía de sua mente. Queria esquecer, mas não conseguia. Estava muito triste e se sentia magoada, embora não houvesse motivo. Draco não fizera nada pessoal a ela. Era difícil aceitar, mas era a única verdade. Foi caminhando até o lago, tremendo de frio. Estava tão distraída que nem percebeu que havia mais alguém lá. Só reparou quando chegou mais perto. Levou um susto e tentou dar meia volta, mas ele percebeu.
- Fugindo de mim, Wynette? – Draco perguntou debochado ao olhar para trás e vê-la, mas não deixou de ficar surpreso com a presença da garota ali.
- Eu? Claro que não! – Sarah falou ao se virar, tentando manter a pose e um olhar de indiferença. – Só ia voltar pra pegar uma capa para mim.
- O que veio fazer aqui tão cedo?
- Vim dar um passeio. – Sarah se aproximou do loiro que estava sentado na grama a beira do lago. – E você?
- Só vim dar um passeio também. Você é a rainha dos passeios, hein?
- Talvez... – Riu com o comentário. – Mas sempre tenho que encontrar alguém.
- Que indireta! – Riu também, sem olhá-la. – Preparada para a detenção de hoje à noite? – Draco perguntou em sua voz habitual. Conseguia disfarçar muito bem, mas estava inquieto com Sarah ao seu lado, tão próxima.
- Claro. Não vai ser em uma detenção que irá acontecer alguma coisa comigo. – falou superiormente, lembrando um pouco o jeito do próprio sonserino.
- Você não deve conhecer as detenções de Hogwarts. – Draco se levantou da grama e se postou em frente à Sarah, falando em tom sombrio.
- O que podem fazer? – perguntou a garota tentando disfarçar o medo.
- Não sei, mas se a detenção é com Filch...
- O que ele faz? – Já não disfarçava mais o seu temor e Draco, percebendo, tinha que continuar.
- Ele diz que suas preferidas são... – Fingiu estar tentando se lembrar. – Acorrentar os alunos e...
- Acorrentar? – Sarah indagou apavorada, arregalando os olhos.
- Sim. Por exemplo, logo no meu primeiro ano tive que entrar na floresta proibida.
- Você está mentindo.
- Não estou, não. – Sorriu ao ver que sua tentativa de assustá-la estava funcionando. – Pode perguntar aos seus amiguinhos porque eu cumpri essa detenção com eles.
- Mas isso era antigamente. Ele deve mandar a gente fazer alguma coisa no jardim ou coisa assim. Meu ti... – Ia falar que Dumbledore, seu tio, não deixaria nada acontecer, mas logo se lembrou que era um segredo.
- Seu o que? – indagou confuso.
- Não é nada. – Tentou disfarçar.
- Bom... se você prefere ter esperanças. – debochou, dando de ombros.
- Você está falando isso só para me assustar e não está funcionando.
- Então por que você está tremendo? – O loiro percebeu que a garota estava arrepiada também.
- Não é de medo, é de frio.
- Quer minha capa? – ofereceu num impulso.
- Não, obrigada. – Surpreendida, recusou, fitando-o intensamente.
- Pegue. – Draco tirou sua capa preta e colocou sobre os ombros de Sarah.
- Não precisa.
- Você está morrendo de frio, além do mais tenho outra. À noite você me devolve.
- Obrigada. – Não entendia porque ele tentava ser gentil com ela. Encarava-o meio encantada.
- Tudo bem. É como um pedido de desculpas pela detenção.
- Por que? A culpa não foi sua. Poderia ter acontecido com qualquer um. – Sarah falou ao se sentar na grama.
- É, pode ser. – Draco se sentou ao lado dela também. – Eu não pude deixar de reparar que você estava um pouco mal ontem na hora do almoço. O que aconteceu? Se eu puder saber, é claro.
- Alguns problemas. – Sarah respondeu triste sem muitos detalhes. Também não queria lembrar daquilo.
- Problemas de garotas? – Imaginou que fosse alguma bobeira.
- É, pode se dizer que sim. – disse sorrindo para Draco. – Está ansioso para o baile?
- Eu? Não mesmo. Não ligo para esse tipo de coisa. Só vou porque não se tem mais nenhum tipo de festa aqui e é uma maneira de me divertir um pouco.
- É a primeira vez que vou a um, mas acho que não deve ser tão ruim. Você vai com quem? – Sarah fingiu desinteresse em sua pergunta. Sempre tentava fingir desinteresse em relação ao sonserino.
- Talvez chame Pansy.
- Sua namorada?
- Minha ex-namorada. – O loiro a corrigiu. – Mas não tenho certeza.
- Você poderia chamar Rita. – Sarah falou aborrecida, sem pensar, mas logo se deu conta que tinha falado besteira.
- Por que eu a chamaria? – perguntou desconfiado se lembrando da noite passada.
- Sei lá... Ela parece gostar de você.
- Mas eu não gosto dela.
- Mas você ficou com ela. – Sarah falou num impulso novamente e voltou a se arrepender. Não conseguia controlar a boca.
- Como sabe? – O garoto teve ainda mais certeza de que ela realmente o havia visto na noite anterior.
- Todos sabem. – disse, tentando disfarçar.
- Ahm... – concordou sem acreditar muito. – E você vai com quem?
- Não sei. Estou pensando em aceitar o convite de Peter.
- Seu amigo? – Ele perguntou com desgosto na voz.
- Não, apenas um colega. Mas também não tenho certeza. Acho que vou sozinha.
Um silêncio mortal se fez ali de repente. Enquanto Sarah mexia na água, Draco olhava um peixe enorme nadar rapidamente de forma desengonçada.
- Bom... Já vou, até mais. – Draco cumprimentou ao se levantar e rapidamente foi embora, deixando Sarah sozinha e surpresa.
Ela se levantou depois de alguns minutos reflexivos e foi para o Salão Principal. Ao entrar, viu Draco na mesa da Sonserina, mas evitou olhá-lo. Foi se sentar ao lado de Gina.
- Bom dia, Gi. – Sarah disse sorrindo.
- Onde estava até agora? – indagou ao vê-la e enfiar uma torrada inteira na boca.
- No lago... com o Malfoy. – completou Sarah com a voz baixa.
- Como?! – Gina quase se engasgou quando escutou.
- Isso mesmo. Eu fui até o lago e lá o encontrei. Aí conversamos.
- Conversar? – Gina não acreditou. – Eu não estou entendendo mais nada. E essa capa? – perguntou ao ver a capa que a amiga estava vestindo.
- Lá estava muito frio e o Malfoy me ofereceu. – Sarah continuou falando baixo. Tirou a capa e, dobrando-a, colocou sobre as pernas.
- Essa capa é do Malfoy?
- Sim. Ele falou que eu podia devolver hoje à noite.
- Não se iluda, Sarah, ou pode se magoar outra vez como ontem. – aconselhou, percebendo um brilho diferente em seu olhar.
- Oi, Sarah. – Peter se sentou na cadeira que estava vaga ao lado dela de repente. – Pensou no meu convite?
- Sim e aceito. – Sarah disse sem muita animação e um tanto aborrecida por ele ter atrapalhado a conversa.
- Ótimo. – Ficou muito feliz. – Como você vai?
Peter gostava muito de Sarah e não tentava esconder. Desde que a conheceu na aula de Feitiços, quando tiveram que trabalhar em dupla, sempre a procurava e, literalmente, corria atrás dela, mas Sarah o considerava apenas um colega e nada mais. De qualquer forma, o garoto estava disposto a conquistá-la.
- Não tenho idéia. – respondeu enquanto comia algo, sem dar muita atenção ao garoto, que parecia não se importar muito com a indiferença.
- Então depois a gente se fala, tchau.
Peter se levantou da cadeira e, sem Sarah esperar, beijou-a e se foi. A garota ficou paralisada com a atitude do garoto.
- Nossa! – Gina exclamou surpresa. – Fala alguma coisa. – A ruiva percebeu que Sarah estava sem ação. – FALA!
- Hum?! O que foi isso? – Voltou a si.
- Eu acho que ele te beijou. – Gina falou debochando, rindo. – Acorda Sarah. – Ela voltou a ficar séria. – Ele sempre gostou de você. É normal que queira te beijar.
- Mas ele não pode... – Parou de falar ao ouvir uma voz alta.
- Bom... – Dumbledore começou a falar da Mesa Principal. – Só queria avisar que as aulas sobre criaturas mágicas começarão hoje. Hagrid, o nosso professor, voltou hoje de viagem e começará a dar as aulas. Vejam nos horários os dias das aulas. Tenham um bom dia.
Sempre que seu tio falava, Sarah ficava muito orgulhosa. Vendo ele ali na frente a fazia se sentir segura e com confiança. Lembrou-se do sonho que tivera e decidiu que, por via das dúvidas, iria contar para ele o que havia sonhado depois da aula.
- Legal. – Gina falou muito feliz. – Teremos aula com Hagrid agora.
- Quem é ele? – Sarah perguntou curiosa ao olhar para a cadeira ao lado de seu tio e ver um homem extremamente grande e barbudo.
- Ele era guarda-caças aqui no colégio, mas desde um tempo atrás dá aulas. Você vai adorá-lo. Hagrid é um grande amigo de Harry.
- Oi, meninas. – Harry falou muitíssimo feliz com a notícia de Dumbledore.
- Oi... – Gina cumprimentou timidamente.
- Harry, você andou pensando no que eu te falei sobre... – indagou Sarah sem terminar.
- Sim. E você tem toda a razão, mas depois nos falamos. – Despediu-se e foi embora.
- O que você andou falando com ele? – Gina perguntou desconfiada.
- Sobre a Cho. Agora vamos que o Peter está vindo para cá. – Sarah completou ao ver o garoto se direcionando a elas.
- Sarah, – Gina cochichou disfarçadamente olhando para o lado. – tem alguém que não tira os olhos daqui. – Indicou discretamente com a cabeça para a mesa da Sonserina. Sarah se virou e encontrou os olhos de Draco. Os olhos que ela tanto gostava fixos nela.
- Vamos sair daqui. Ele não parece muito feliz. – Sarah concluiu e as duas saíram do Salão.

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