Baile, Detenção e Problemas

Baile, Detenção e Problemas



- Filch?! – Sarah indagou assustada dando um passo para trás ao reconhecer a pessoa que os havia surpreendido.
- Venham comigo agora. – O velho disse muito satisfeito com Madame Nor-r-ra ao lado. Sarah olhou para Draco apavorada e viu que ele parecia bem calmo. Não acreditou.
- Filch, já é bem tarde e os professores devem estar dormindo. – O rapaz falou tranqüilamente sabendo como
remediar a situação.
- Você tem razão. – O zelador pareceu desanimado. – Amanhã falarei com os seus professores. Agora vão para os seus dormitórios.
- Sim. – Sarah disse com a cabeça baixa e saiu andando, aliviada por não ter que encarar McGonagall àquela hora.
- Boa noite, Wynette. – Draco disse em tom de voz mais alto ao perceber que ela se afastava, mas não a olhou.
- Boa noite, Malfoy. – Virou e viu o sonserino de costas indo embora.
Os dois foram para os seus dormitórios. Draco dormiu rapidamente, mas Sarah não. A garota não conseguia tirar aqueles olhos azuis de sua cabeça e nem o toque da mão de Draco. Percebeu que ele tinha uma mão muito fria. Apesar de tudo, tinha adorado aquela noite.
- Pensando nele? – Gina disse com a voz meio falhada de sono.
- Gina? – Sarah levou um susto. – Está acordada?
- Eu escutei você entrando no quarto. – A ruiva se sentou na cama ao esfregar os olhos e dar um longo bocejo. – Mas então, estava pensando nele? No imbecil do Malfoy?
- Em quem mais seria? Mas é, estava pensando nele.
- Ah Sarah! Não deveria. Onde você estava?
- Se eu te contar. – Sarah se levantou e foi se sentar na cama de Gina. – Eu estava sem sono e fui dar uma volta pelo castelo.
- Sarah! Se o Filch te pegasse?!
- E pegou.
- Não acredito. Verdade?
- Sim, mas não é isso que eu quero te contar. Adivinha quem eu encontrei.
- Não vai dizer que foi o Malfoy.
- Sim. O encontrei.
Sarah contou o que acontecera naquela noite animadamente. Disse como ficara quando sentiu a mão de Draco na sua e como ele era lindo. Gina não se empolgou com a história. Disse que a amiga estava agindo insensatamente, mas de nada adiantou. Sarah sonhava acordada com a imagem de Draco naquela noite. Quando terminou, voltou para sua cama, deitou e se cobriu com a grossa e quente coberta vermelha.
- Gina, agora eu tenho certeza que gosto dele.
- Por Merlin, pare de falar bobagens. Boa noite.

No outro dia as duas acordaram bem cedo. Quando saíram do quarto, Adriene ainda estava dormindo. Sarah preferiu não acordá-la. Desceram as escadas e encontraram Hermione sentada em uma poltrona.
- Olá Hermione. – falou Sarah ainda alegre pela noite anterior.
- Bom dia meninas. – A garota disse tentando passar animação, mas não conseguia.
- Mione! – Gina foi correndo até a amiga que estava com os olhos vermelhos e inchados. – O que houve?
- Não houve nada. – Hermione enxugou as lágrimas que ainda corriam pelo rosto e deu um falso sorriso.
- Como não houve nada. – Sarah falou não acreditando. Sentou-se na poltrona ao lado de Hermione. Gina fez o mesmo.
- É sério. O que vocês estão fazendo acordadas tão cedo?
- Não mude de assunto. – Sarah disse seriamente a encarando. – Algo aconteceu para você chorar desse jeito.
- Nunca te vi assim. – Gina estava ficando muito preocupada.
- Rony... – Hermione voltou a desabar em lágrimas.
- O que aconteceu com ele? – Sarah perguntou muito assustada. Imaginou algo terrível com o ruivo.
- Ele está namorando... – disse num sussurro não conseguindo controlar as lágrimas.
- O QUE?! – Gina e Sarah falaram ao mesmo tempo.
- Ontem, quando terminamos de jantar, subimos para cá. No caminho...

Quando Hermione, Rony e Harry terminaram de comer, foram para a torre da Grifinória. Um pouco antes de chegarem na passagem, uma garota de cabelos curtos e negros parou em frente a eles. Harry e Rony se entreolharam alarmados e temerosos sem Hermione perceber.
- Oi Rony. – A garota falou com um sorriso malicioso.
- Oi Susi. – cumprimentou-a timidamente, sem ao menos olhá-la.
- Só queria desejar boa noite. – Em um salto, a garota agarrou o pescoço de Rony e o beijou. Depois se afastou e se foi. O ruivo tentava não encarar Hermione. Não queria ver a cara e nem a reação da garota, mas Harry a encarou e percebeu que a sua reação não seria uma das melhores.
- Nossa! – foi a única coisa que Hermione conseguiu dizer. Estava chocada e ao mesmo tempo com raiva. Não sabia o que dizer. – Fale alguma coisa Rony. Não fica com essa cara de idiota!
- Ela é... Bom, Susi é minha... minha... – Ele balbuciava sem conseguir dizer coisa alguma.
- Namorada. – Harry disse rapidamente incomodado com a situação. – É a namorada do Rony. – Queria esclarecer logo as coisas. Desde o princípio não gostou da idéia de esconder aquele namoro de Hermione, mas acabou tendo que concordar com o amigo.
- Namorada? – Hermione não queria acreditar. Daria tudo pra que aquilo não fosse verdade. – Quem é ela?
- Susi Kullich. Ela é do quinto ano, da Grifinória. – Rony tentou dar uma qualidade a garota.
- Ela é sua namorada e você nem me contou... E você Harry, sabia e também não me disse. – Os olhos da garota começaram a lacrimejar. – Belos amigos vocês são! – Saiu correndo tomada de fúria e tristeza.
- Mione! – Rony ainda tentou ir atrás da garota, mas não conseguiu.


- Eu não acredito. – Sarah ficou pasma com o que tinha escutado.
- Foi horrível. – Hermione continuou a chorar lembrando do acontecido. Estava muito triste. Sarah e Gina, que não conseguiam acreditar, a abraçaram.
- Eu sabia que isso ia acabar acontecendo! – Sarah, furiosa, se separou do abraço. – Vocês com esse negócio de não dizerem o que sentem. Poderia ter evitado isso e você sabe.
- Sarah. por favor... – Gina tentou fazer com que a garota parasse de falar. Achou que aquele não era o momento certo embora a garota estivesse com a razão.
- Não Gina, Sarah está certa. Eu sabia que não era possível ser amiga de Rony pra sempre. Eu o amo. Não é possível manter apenas uma amizade assim.
- Eu vou matar Rony. – Gina falou muito brava por ver a amiga sofrer.
- Não conte comigo pra isso. – Sarah falou seriamente olhando pela janela. – Antes quero torturá-lo bastante, depois penso em matá-lo. Primeiro, vou raspar a cabeça dele. – Sarah estava fazendo de tudo para Hermione rir e felizmente estava dando certo. – Depois, eu posso fazer ele comer sacos e sacos de feijãozinhos de todos os sabores até passar mal. Aí eu o afogo no lago. Que tal?
- Obrigada, Sarah. – falou forçando um sorriso. Vocês são as melhores amigas do mundo.
- O que a gente não faz por uma amiga? – Sarah disse sorrindo. – Mas sério, se você quiser eu faço isso mesmo.
- Vamos descer, por favor. Não quero encontrar os garotos aqui. – Hermione pediu rindo ainda com os olhos molhados.
- Claro. Mas antes você vai lavar o rosto e secar essas lágrimas. – Gina mandou, puxando a menina da poltrona.
- Ok. Já volto. – Hermione subiu rapidamente as escadas. Depois de alguns minutos voltou com uma aparência melhor.
As garotas foram para o Salão Principal, que ainda estava meio vazio. Sentaram-se um pouco afastadas de onde Harry e Rony costumavam sentar. As três estavam conversando quando Gina parou olhando para a entrada.
- Rony e Harry estão entrando. – disse baixinho para as amigas. Hermione começou a ficar agitada sem olhá-los.
- Mione, – Sarah falou séria. – Aja naturalmente, como se não estivesse nem aí pra ele, ok?
- Ok. – Hermione colocou um sorriso confiante no rosto. Um sorriso que não era verdadeiro, mas que para os outros parecia bem convincente.
- Procure não falar com eles. – Gina completou enquanto bebia algo.
- Tudo bem. – Parou e pensou um pouco. – Espere, tive uma idéia. Comecem a rir!
- O que? – Sarah estranhou o que a menina pedira.
- Isso mesmo. Riam para parecer que estamos bem.
- Entendi. – Gina falou e logo começou a rir. Sarah e Hermione fizeram o mesmo.
Todos que estavam em volta estranharam aquele ataque de riso tão repentino. Harry e Rony, que estavam passando pela mesa da Grifinória também estranharam.
- Parece que ela mudou mesmo de humor. – Harry comentou num cochicho.
- É verdade. Vamos aproveitar e falar com ela. Hermione! – Rony chamou por detrás dela. A garota se virou e o olhou friamente. O ruivo percebeu e se arrependeu imediatamente por ter ido falar com a menina.
- Olá Hermione. – Harry tentou falar com naturalidade, mas percebia-se uma leve tensão na voz dele. Sabia que sua amiga estava furiosa e com razão.
- Oi. – disse secamente e virou de volta.
- Você não vai se sentar com a gente? – Rony também estava tenso. Gostava de Hermione e estava arrependido de ter escondido seu namoro dela. Ele colocou a mão no ombro dela para aliviar um pouco aquele clima ruim que estava no ambiente, mas não conseguiu. Só serviu para mostrar que as coisas não estavam nada bem.
- Não. – Ela tirou a mão do ruivo bruscamente de seu ombro. – Estou com minhas amigas e vou continuar com elas.
- Mas Mione...
- Sabe meninos, – Levantou-se e ficou frente a Harry e Rony, deixando Gina e Sarah nervosas. Todos que estavam em volta observavam a “conversa”. – sempre chega a hora em que a gente percebe quem são nossos verdadeiros amigos. A minha chegou agora. – Novamente Hermione se sentou deixando Harry e Rony sem ação.
Os garotos saíram chocados, sem saberem o que dizer.
- Uau! Fiquei impressionada! – Sarah falou segurando a mão da amiga que tremia.
- Eu não sei como eu consegui. Minhas pernas estavam tremendo e ainda estão.
- Você foi demais. Simplesmente demais. – Gina elogiou encarando com desprezo o irmão.
- O que aconteceu? – Adriene apareceu junto de Andrew.
- Bom dia, dorminhocos. – Sarah cumprimentou feliz ao vê-los abraçados e, principalmente, felizes.
- Bom dia garotas. – Andrew falou e se sentou ao lado de Sarah. – Senta aqui, Dri.
- Tá, mas o que aconteceu? – Sentou-se ao lado do namorado a curiosa de Hogwarts.
- Você estava brigando com os garotos? – Andrew perguntou ao pegar uma maçã da mesa.
- Não briguei com ninguém. Eu apenas descobri que eles não são tão meus amigos como pensei que fossem. – Hermione concluiu aborrecida.
- Por que? – Adriene estranhou a situação. Desde que entrara no colégio sabia que eles eram inseparáveis.
- Eles têm segredos comigo e amigos não têm segredos uns com os outros. Você e Sarah, por exemplo, são minhas amigas há pouco tempo, é normal que tenham coisas sobre vocês que eu não saiba. Agora eles! Eu os conheço desde o primeiro ano. Me enganaram...
Resolveram esquecer aquele assunto ao perceberem que Hermione não queria falar sobre aquilo e começaram a comer as delícias que estavam na mesa.
- Espero que estejam gostando do café da manhã. – Dumbledore falou ao se levantar de sua cadeira ao centro da Mesa Principal. – Eu gostaria de dar um aviso. – Todos pararam de comer e de falar e prestaram a atenção naquele velho senhor sempre tão simpático. – Bom, no sábado, todos os alunos do terceiro ano em diante serão liberados para irem à Hogsmeade porque no segundo sábado do mês haverá o baile de dia das bruxas, que esse ano atrasou um pouco. – Começou-se a ouvir murmurinhos nas mesas. Um baile sempre era especial.
- Um baile? – indagou Sarah surpresa. – Como assim um baile?
- Vai ser super divertido! – Gina falou já empolgada com a idéia. – É como uma festa.
- Ahm... – finalizou embora ainda estivesse um pouco confusa.
- O baile será apenas para o terceiro ano em diante. Agora, podem continuar a tomar o café. –Dumbledore concluiu e se sentou novamente.
- Hum... – Sarah começou a gostar da idéia. Sorriu imaginando como seria. – Então a gente tem que arranjar roupas, sapatos e...
- Acompanhante. – completou Gina meio aborrecida com o detalhe.
- Acompanhante? Precisa de acompanhante? – Não acreditou. Não estava acostumada com aquilo.
- Claro. Andrew vai comigo. – Adriene falou. – E você Sarah, vai com quem?
- Com licença? – Um garoto da Grifinória, com cabelos e olhos negros apareceu atrás de Sarah. – Você gostaria de ir comigo ao baile?
- Eu não sei, Peter. – Ela respondeu sem jeito.
- E comigo? – Outro garoto da Corvinal perguntou.
- Não sei também, Theo. Depois conversamos.
- Ela não vai com nenhum de vocês. Ela vai comigo, não é Sarah?
- Gente calma. Eu não sei com quem vou, Christian. – A garota ria sem jeito.
- Que menina mais disputada. – Gina brincou enquanto todos riam do rosto de Sarah completamente vermelho.
- Depois eu falo com vocês, tá? – A garota dispensou todos.
- Você tem que aceitar algum pedido, se não você vai ir com quem? – Adriene disse ao colocar uma torrada na boca do namorado sempre o mimando.
- Você quer ir comigo, Gina? – perguntou Neville que estava sentado próximo.
- Claro. – A garota respondeu com um sorriso tímido. Gostava de Neville, ele sempre era atencioso com ela.
- Gina, Gina. Você vai com Neville? – falou Sarah maliciosamente como Adriene sempre falava.
- Como você é maldosa. – repreendeu mesmo sabendo que era brincadeira. – E você Hermione, vai com quem?
- Com ninguém, vou sozinha. Na verdade nem sei se eu vou.
- Por que? – Sarah perguntou ao ver a amargura na voz da amiga.
- Ela sempre ia com Rony. – falou Gina no ouvido de Sarah.
- Porque eu não quero ir com ninguém. Agora vou pra aula. Mr. Binns já deve estar na sala. – A garota se levantou e saiu do Salão.
- Hermione está muito chateada e magoada. – Gina concluiu desanimada.
- Espera aí. Vão indo vocês pra aula que eu já vou. Primeiro, tenho que falar com uma pessoa.
- Ok. – Adriene se levantou junto com Gina, que desconfiara quem seria, e Andrew e os três foram para a saída do Salão. Sarah se aproximou dos amigos.
- Rony! – Ela chamou. – Vem cá que eu quero falar com você. – falou seriamente e saiu andando. O ruivo olhou para Harry confuso.
- O que será? – perguntou Harry curioso.
- Agora! – Sarah exclamou irritada ao ver que ele não tinha se levantado da cadeira.
- Não sei. Vou com ela para saber. Nos encontramos na aula. – Rony se levantou e foi atrás de Sarah. Quando saíram do Salão, começou tentando puxar assunto. – Então...
- Você está namorando? – A garota perguntou inconformada.
- Por que? Não posso? – respondeu bravo.
- Não, não pode. Você namora uma pessoa quando gosta dela.
- E quem disse que eu não gosto dela? Ora, eu não sei porque vocês ficam tão nervosinhas.
- A Hermione ficou chateada com razão. Você escondeu isso dela e ela se sentiu traída.
- Eu sinto por ela. – Rony tentou ir embora, mas Sarah o segurou pelo braço. – Droga, o que você quer? Que eu fique esperando por alguém pelo resto da minha vida? Por que? – Estava ficando irritado. – Eu gosto muito da Susi.
- Eu quero que você namore a pessoa que gosta e essa pessoa não é a Susi. Rony, você sabe que gosta de outra pessoa. Você gosta da...
- Ela é minha amiga! – Ele gritou irritado com si mesmo.
- Acabou se entregando... – Sarah falou com um sorriso triunfante. – Eu não disse o nome dela.
- Você sabe que estou falando da Hermione. Sempre soube. – Rony falou meio triste. Encostou-se na parede e cruzou os braços. – Ela é minha amiga e não quer nada comigo. Ela sentiu ciúmes de um amigo e não de um namorado.
- Você está enganado. Hermione gosta de você.
- Ela falou alguma coisa sobre mim? – Rony se aproximou muito interessado.
- Não sei, mas eu percebo. – Sarah se aproximou do ruivo e colocou a mão sobre seu ombro num gesto de carinho. – Fale com ela. Garanto que não se arrependerá. – disse e o garoto parou pensativo.
- Você tem razão. – Rony parecia ter ganhado novamente confiança de si próprio. – Não posso enganar a mim mesmo. – O ruivo saiu correndo em direção ao Salão Principal.
- Aonde você vai? – gritou Sarah.
- Vou fazer algo que já deveria ter feito. – Ele falou e entrou no Salão.
Assim que Rony desapareceu de sua vista, Sarah foi correndo para a aula de feitiços. Quando chegou, todos já estavam na sala, inclusive o professor Flitwick.
- Chegando atrasada, mocinha? – Ele falou divertidamente fingindo aborrecimento.
- Desculpe, professor.
- Tudo bem. Sente-se. – Ela concordou com a cabeça e se sentou ao lado de Gina.
Assim, o professor começou a aula. Mostrava diversos feitiços importantíssimos. Enquanto Sarah e Gina estavam terminando de fazer alguns deveres, uma batida na porta se escutou.
- Com licença. – Minerva falou ao entrar na sala. Todos perceberam que ela não estava muito feliz. Muito pelo contrário, estava bem aborrecida. – Gostaria de pedir sua permissão para que a aluna Sarah Wynette me
acompanhe.
- O que houve, Sarah? – Gina perguntou bem baixinho ao ver a cara de pânico da amiga.
- Detenção... Por ontem...
- Claro. Senhorita Wynette, acompanhe a professora Minerva. – O professor Flitwick pediu gentilmente, como sempre, muito educado.
- Sim. – Sarah se levantou e foi até a professora, mas evitou encará-la. Estava morrendo de vergonha.
- Vamos. – McGonagall falou com ar severo.
Saíram da sala e foram caminhando silenciosamente até a sala da professora. Ao chegar, abriu a porta, deu passagem para Sarah entrar primeiro e em seguida entrou. Sentou-se em sua cadeira e pediu para Sarah se sentar em uma das cadeiras que estavam em frente à mesa.
- O que houve? – Sarah perguntou mesmo já sabendo a resposta, querendo acabar com aquele silêncio.
- Vamos esperar. – Ela falou secamente. Se antes tinha uma simpatia pela menina, agora parecia não ter mais.
Alguém bateu na porta e entrou. Era Snape. Vinha com Draco, que estava atrás do professor, mas Sarah não os viu. Estava muito distraída pensando qual detenção levaria. Sempre escutou que as detenções de Hogwarts eram diferentes.
- Chegamos. – Snape falou parecendo tentar conter uma enorme irritação.
- Sente-se, senhor Malfoy. – Minerva, severa, ordenou ao rapaz.
Draco se sentou ao lado de Sarah. Viu a garota, mas preferiu não encará-la.
- Vocês devem saber porque estão aqui. – Snape falou ao se colocar em pé ao lado de McGonagall.
- Sim. – Draco falou com arrogância e braços cruzados mostrando indiferença à tudo aquilo.
Sarah, ao escutar a voz do garoto ao seu lado, “acordou” de seus pensamentos. Olhou para o lado e viu o loiro encarando a professora. Não era como Sarah, que preferia não a olhar com tanta coragem.
- O senhor Filch me disse que vocês estavam andando pelos corredores no alto da noite. – McGonagall permanecia séria. – Isso é verdade?
- Sim. – Os dois concordaram.
- Mas isso é um absurdo! – A professora exclamou irritada. – O que estavam fazendo?
- Eu estava sem sono e fui dar um passeio pelo castelo. – Draco explicou sem muitos detalhes. Não se importava que a professora estivesse tão irritada.
- E você, senhorita Wynette?
- Eu também não conseguia dormir. Achei que Filch estivesse dormindo e fui dar uma voltinha.
- Eu sei que a senhorita ainda é nova, mas já deve saber que isso é proibido.
- Sim já sei, mas pensei que...
- Não pense. – Snape interrompeu irritado.
- Se eu não pensar, como vou estudar? Como vou viver? – Ela perguntou, debochando de Snape. Draco disfarçou uma risada tossindo de leve quando Snape o encarou.
- Filch também falou que tinha um prato com doces surrupiados da cozinha quebrado no chão. O que isso significa? Passeiam pelo castelo e ainda por cima furtam doces da cozinha e quebram utensílios?
- Os doces eram meus. – Draco respondeu rapidamente antes que Sarah dissesse algo. – E fui eu que quebrei o prato. Deixei ele cair sem querer. A Wynette não tem nada a ver com isso. Nos encontramos por acaso.
- Então toma responsabilidade sobre isso? – A professora perguntou sem acreditar. Draco nunca assumia a culpa. Sempre a colocava sobre alguém.
- Claro. – Ele concordou. Sarah o olhou incrédula e admirada e ele, ao perceber, disfarçou um sorriso orgulhoso.
- Bom. Vou coloca-los em detenção. Os dois passarão a noite de amanhã ajudando o senhor Filch. Ele dirá o que deverão fazer. Encontrem-o às vinte e três horas no saguão de entrada. E o senhor, – Ela continuou olhando para Draco. – além disso, terá que ajudar a Madame Pince na biblioteca durante todo o domingo.
- Ok. É só isso? – Ele continuou com arrogância.
- Não abuse da minha paciência senhor Malfoy. – A professora falou tentando manter a calma, o que normalmente era difícil de se fazer quando o assunto era Draco Malfoy e seus deboches. – Tem mais uma coisa. Não quero problemas com vocês dois novamente. Essa não é a primeira vez. Podem ir.
Sarah rapidamente se levantou da cadeira e saiu da sala. Já Draco se levantou e foi caminhando calmamente até a porta. Saiu e viu Sarah resmungando.
- Pare de reclamar! – disse aborrecido. – Parece uma velha.
- Eu tenho motivos para reclamar. Sábado temos que ir a Hogsmeade.
- E daí?
- Como eu vou se tenho que passar a noite de sexta ajudando Filch? – Ela continuou revoltada.
- Pare, já disse! Não é só você. – Ele falou irritado.
- Se você não tivesse...
- Eu sei que a culpa é minha! – Draco gritou sem conseguir se controlar. – Não precisa ficar falando! Eu sei que se não tivesse deixado o prato cair Filch não teria nos pego! Mas não se preocupe pois vou passar o domingo todo ajudando a Madame Pince. Está satisfeita?! Minha detenção foi bem maior que a sua!
- Calma. – Sarah se assustou com a reação do garoto. – Não precisa ficar tão nervoso.
- Adeus, Wynette! – Ele falou e se foi, dando as costas para Sarah, que ficou confusa. Confusa e, não podia negar, feliz.
Viu que a aula de História da Magia já tinha acabado e resolveu ir para o Salão Principal. Lá encontrou apenas Gina e se sentou ao lado dela.
- Então. O que aconteceu? – A ruiva perguntou preocupada.
- Detenção... Amanhã a noite com o Malfoy... Você não vai acreditar no que aconteceu. – Ela falou baixinho.
- O que? – A amiga perguntou no mesmo tom.
- O Malfoy me defendeu. – Sarah falou tentando disfarçar a felicidade. Viu que a amiga parecia não acreditar. – É verdade. Se lembra dos doces? Ele falou que eram deles e que foi ele que quebrou o prato. Por causa disso, ele terá que passar o domingo ajudando Madame Pince.
- Eu acho que ele não fez nada mais que a obrigação dele. Falar a verdade. – Gina completou. – Se bem que isso não é uma característica do Malfoy. Ele sempre coloca a culpa nos outros.
- Isso mesmo. Foi por isso que me surpreendi.
Sarah contou toda a discussão que ela e Malfoy tiveram fora da sala da professora Minerva. Gina também se
surpreendeu com a reação de Draco. Depois de um tempo, Hermione chegou e se sentou junto com as amigas.
- Oi. – Ela falou sem muito entusiasmo na voz. – Onde está Andrew e Adriene?
- É verdade... Eles não estão aqui. – Sarah falou ao olhar em volta e não ver os amigos.
- Eles foram para o jardim namorar um pouco. – Gina falou rindo. – Sortudos eles não? – completou meio triste.
- Está falando isso por causa do Harry? – Hermione perguntou baixinho.
- E por quem mais seria?
- Não se preocupe. – Sarah falou com um grande sorriso malicioso no rosto. – Tudo vai se ajeitar.
- Como assim? – Gina perguntou estranhando o que a amiga disse. Sarah olhou-as e parou pensativa. Deu um longo suspiro, decidida a começar a falar.
- Eu nunca falei isso pra vocês, mas – Sarah se aproximou mais das duas meninas formando um meio-círculo e falou num cochicho. – eu posso sonhar com coisas que acontecem. – Hermione e Gina se entreolharam sem entender e Sarah tornou a explicar. – Minha mãe diz que isso é hereditário e meu pai tinha. Muitas coisas, na verdade a maioria das coisas com que eu sonho acontece.
- Acho que entendi. – falou Gina pensativa. – Quer dizer que tudo que você sonha acontece?
- Não é bem assim. Nem tudo, mas muitas vezes acontece. Não é com tudo.
- Entendi. – Hermione falou surpreendida. – É como...
- Previsões. – Gina concluiu admirada.
- Isso mesmo. É meio assustador... – falou um pouco chateada.
- Claro que não. Deve ser super legal. – Gina disse imaginando como deveria ser.
- Você acha? – Sarah disse meio triste. – Até quando são coisas ruins?
- Você já sonhou com coisas ruins? – Hermione ficou preocupada.
- Já. – respondeu séria.
- Você já sonhou com muitas coisas? – Gina perguntou muito interessada.
- Não muitas. As únicas coisas aqui em Hogwarts foram o namoro de Andrew e Adriene, – Ela tentava se lembrar. – o fim do namoro de Harry...
- Sério? – Gina perguntou com um sorriso no rosto.
- Sim. A briga que Malfoy e Rony tiveram em Hogsmeade, se lembram? Naquele sábado e... – Sarah não conseguiu terminar.
- E o que Sarah? – Hermione perguntou assustada com a cara da amiga.
- E... e uma... uma guerra.
- Guerra? – Gina estranhou.
- Entre o bem e o mal. Nós e as trevas. – Ela falou com os olhos vermelhos querendo chorar ao se lembrar do sonho tão terrível.
- Então... – Gina falou assustada arregalando os olhos.
- Voldemort vai voltar com muito mais força que antes. O sonho foi muito real e tenho certeza que foi uma previsão. – Sarah completou enxugando os olhos que teimavam em querer chorar.
- E quem vai ganhar? – Hermione perguntou mantendo a calma. Ela era a mais controlada, apesar de que também estava com medo.
- Não sei.
- Precisamos avisar Dumbledore. – Gina falou temendo o pior. – Ele precisa estar avisado. A qualquer momento...
- Calma Gina. Essa guerra não vai ser agora. Sinto que ainda falta.
- Mas é bom que você o avisasse Sarah.
- Quando você sonhou isso? – Hermione perguntou mais calma.
- Essa noite.
- E não tem chance de você estar errada? – Hermione percebia a tristeza da amiga.
- Eu gostaria, mas não. Desde muito pequena nunca errei.
- E você não sonha com você mesma? – Gina tentou mudar de assunto ao ver que Sarah estava ficando mal com aquele assunto.
- Não. Só com as outras pessoas. Vocês não sabem como as vezes isso é horrível. – Ela começou a chorar, deixando Hermione e Gina nervosas. – Eu daria tudo para não ter isso. Sonhar com o futuro é a pior coisa do mundo.
- Calma Sarah. – Gina a abraçou com muito carinho.
- É, não fica assim. Você tem que pensar que assim você pode ajudar muitas pessoas. –Hermione tentou consolá-la.
- E sem ser em Hogwarts? Já sonhou muita coisa? – Gina tentava mudar de assunto novamente.
- Não muito. Desde que vim para cá isso acontece com mais freqüência.

O Salão começava a encher. Quando Draco entrou e viu o estado de Sarah levou um susto. Nunca tinha visto ela assim. “Será que é por causa da detenção?” ele pensou. “Não, ela não ficaria assim por essa bobagem”. Foi até a mesa da Sonserina e se sentou ao lado de uma garota que se insinuava descaradamente para ele, mas Draco nem percebeu a presença dela. Apenas olhava para Sarah que chorava e chorava, fazendo com que o loiro se sentisse mal. Queria saber o porquê do choro tão intenso.
- Draco, – Crabbe falou ao ver que ele olhava para a mesa da Grifinória fixamente. – para onde você tanto olha?
- Ele sempre fica olhando nessa direção. – completou Goyle. – Acho que é alguma grifinória que será a próxima vítima dele.
- Por que vocês estão falando isso?
- Porque você não para de olhar pra mesa da Grifinória. – respondeu Crabbe como se fosse óbvio.
Draco percebeu que deveria disfarçar. Se aqueles dois idiotas desconfiavam de alguma coisa, então o resto da Sonserina tinha certeza. Com isso, evitou olhar Sarah e acabou reparando na garota que estava ao seu lado.
- Olá, Draco. – Ela cumprimentou com um sorriso mal-intencionado mostrando interesse.
- Oi. – respondeu malicioso.
Percebeu que a garota era muito bonita e, apesar de estar preocupado com Sarah, ainda era Draco Malfoy e não tinha compromisso com ninguém. Há algum tempo não ficava com ninguém e então pensou: Por que não?
- Acho que não te conheço. Vamos conversar um pouco mais. – Ele colocou o braço sobre as costas da cadeira da garota em sinal de aproximação. A garota sorriu maliciosamente se aproximando mais. Olhou novamente para Sarah e viu que as amigas começavam a acalmá-la. Ficou mais aliviado, mas ainda assim preocupado, mas seu instinto conquistador era maior que qualquer preocupação.
- Meu nome é Rita. – Ela falou.
- Oi Rita. Você tem namorado?
- Não.
- Bom saber...

Hermione e Gina tentavam acalmar Sarah, mas a menina não conseguia conter o choro. Não chorava só por aquele motivo. Pensava em tudo e imaginava que talvez teria sido melhor se nunca tivesse ido para Hogwarts. Não teria aquele sonho horrível e, principalmente, não teria conhecido Draco.
Rony e Harry entraram no Salão e foram se sentar. Aproximaram-se e viram que Sarah chorava.
- O que houve? – perguntou Rony muito preocupado com a amiga.
- Não é nada. – Hermione respondeu sem o olhar. Sarah pediu para que elas não contassem nada sobre o que
elas haviam conversado.
- Claro que é alguma coisa. – Harry falou enquanto tentava acalmar Sarah alisando seus cabelos.
- Ela está se sentindo um pouco mal, só isso. – Gina mentiu tentando evitar mais perguntas.
- É isso, Sarah? – perguntou Rony desconfiado.
- Sim. – respondeu enquanto enxugava as lágrimas. – É só um mal estar.
- Menos mal. – Harry disse aliviado, mas um tanto desconfiado.
- Sarah, eu já resolvi aquilo. – Rony falou tentando disfarçar para que ninguém mais entendesse.
- Que bom. – Ela falou tentando sorrir.
- Hermione, eu queria falar com você. – O ruivo disse sem jeito.
- Não vou falar com você. Não está vendo que Sarah está se sentindo mal e eu quero ficar com ela? – Irritada, ignorou o rapaz.
- Pode ir, Mione. Estou melhor agora.
- Não. Vou ficar aqui com você.
- Pode ir, Mione! – Sarah ordenou com um olhar duro. Sabia o que era e queria que Hermione fosse conversar com o amigo.
- Ok, vamos. – Hermione falou para Rony, que deu um largo sorriso.
- Não seria bom se você fosse no jardim pegar um ar? – Harry sugeriu ao perceber que Sarah não parecia realmente nada bem.
- É Sarah. É uma boa idéia. – Gina concordou.
- Sim, eu vou. Não estou com fome.
- Vai não, vamos. – Gina falou. Não queria deixar a amiga sozinha.
- Você vai deixar o Harry sozinho? – perguntou dando uma discreta piscadela a Gina.
- Mas...
- Nada de mas. – disse severamente. – Quero ficar sozinha. Fique aí com o Harry.
- Gina, Sarah não está doente. Não tem problema se ela passear pelo jardim sozinha. – Harry falou. Queria ficar com Gina. Gostaria de conversar com ela novamente.
- Está bem. – Estranhou o fato de Harry querer ficar com ela. Perguntou a si mesma se estava ouvindo direito.
Quando Sarah saiu do Salão, viu Hermione e Rony de longe discutindo, mas achou melhor não interferir. Foi para os jardins. Lá não viu nem Andrew e nem Adriene. Provavelmente eles já tinham entrado para almoçar. De qualquer forma queria ficar sozinha. Precisava respirar e pensar. Pensar na vida e em seus sentimentos.

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