Sentimentos Também Mudam

Sentimentos Também Mudam



Draco estava caminhando com os amigos pelas ruas de Hogsmeade quando viu Sarah e Andrew em frente a uma loja de artigos para quadribol. Os dois riam e, algumas vezes, Andrew tocava os ombros e os braços de Sarah. Draco nunca pensou que poderia sentir tanta raiva de alguém como ele estava sentindo de Andrew naquele momento, embora não entendesse muito bem o porquê. Viu Sarah tirar delicadamente um pedaço do talo da flor que estava nas mãos e colocar a margarida no cabelo. Fora um ato tão simples, mas para Draco, que a observava, fora algo simplesmente encantador. Ela tocava a flor de forma tão delicada que dava a impressão de que fosse de cristal ou algo mais suave e frágil, assim como ela. Mas a garota era corajosa e forte ao mesmo tempo e isso o encantava mais e mais. Draco sacudiu a cabeça querendo que seus pensamentos fossem embora. Estava pensando demais para seu gosto e não gostava nada disso.
A morena entrou na loja para escolher a vassoura junto com Andrew. Não entendia muito bem do assunto e pediu para o amigo escolher. Andrew escolhera o último modelo da Nimbus. Queria escolher um modelo melhor, mas Sarah era principiante e não precisava de uma vassoura tão boa. Quando os dois estavam saindo da loja encontraram Draco com os companheiros de casa. Sarah respirou fundo antes de qualquer coisa. Não queria brigar. Não ali.
- O novo casal patético de Hogwarts... – Draco disse com ironia disfarçando a chateação em sua voz. – Você não decide com quem fica, não é?
- O que você quer, Malfoy? – Andrew ficou incomodado com a presença do garoto. Quem não ficaria?
- Como você consegue ficar com três garotos ao mesmo tempo? Se não me engano, é o pobretão do...
- Você não vai ofender os meus amigos na minha frente. – Sarah encarou Draco aborrecida, mas sem elevar a voz.
- Nossa! – O sonserino fingiu estar impressionado. – Agora você é a nova defensora dos pobretões?
- Vamos embora, Sarah. – Andrew tentou remediar a situação, mas Sarah nunca fugiria de uma briga, principalmente com Draco. Nunca fugiria de Draco.
- Eu não. Não ia embora agora e não vou.
- Corajosa... – debochou Draco, tentando provocá-la mais. Não havia outra coisa que gostasse mais de fazer.
- CALA A BOCA! – Sarah estourou de raiva. Não agüentava mais aquele garoto sempre tentando parecer melhor que os outros.
- Sarah, calma. – Andrew tentou tranqüiliza-la.
- Calma nada! Por que você me provoca tanto Malfoy? – Sarah se aproximou de Draco e o encarou com fúria.
- É o meu esporte preferido. – respondeu com um sorriso debochado nos lábios. Sarah, apesar da sua irritação, o achou lindo. Há algum tempo a garota vinha reparando que Draco ficava extremamente sensual quando sorria daquela maneira. Não era um sorriso simpático. Era um sorriso cheio de deboche e ironia, mas era algo que deixava Sarah encantada.
- Você é um idiota. – Deu as costas e se foi, deixando Draco, Andrew e seus pensamentos para trás.
- Deixe Sarah em paz, Malfoy. – Andrew falou e foi atrás da garota. – Sarah! Espere!
- O que foi? – Ainda parecia irritada.
- O Três Vassouras fica por aqui.
- Tudo bem, mas vou avisando que se o Malfoy...
- Ele não vai fazer nada. Aliás, achei estranho você se irritar com tanta facilidade. Ele normalmente fala coisas piores e você não se irrita tanto.
- Hoje eu não estou bem. – Sarah falou e se calou. Na verdade, ela se irritara porque não queria que Draco a provocasse daquela forma tão maldosa. Ela não queria brigar com ele, mas não conseguia. Por algum motivo
que desconhecia, Sarah queria estar bem com ele, mas ao mesmo tempo queria provoca-lo irritá-lo assim como ele fazia com ela. Quando Draco se aproximava, ela sentia um calor tão diferente e a única maneira de lutar contra aquilo era brigar com ele e adorava fazer isso. Por mais que se irritasse, gostava daquela provocação mútua. Seus pensamentos estavam confusos. Muito confusos.
Quando Andrew e Sarah chegaram, as meninas já estavam lá.
- Comprou a vassoura? – Adriene perguntou enquanto tentava segurar um enorme embrulho.
- Quer ajuda? – Andrew perguntou. – Posso levar pra você?
- Se não for incomodo. – respondeu sem jeito.
- Imagina. – Andrew entregou a vassoura para Sarah e pegou o embrulho das mãos de Adriene. – O que é?
- Alguns livros sobre criaturas mágicas.
- Sério? – Andrew pareceu não acreditar. – Eu adoro criaturas mágicas. Tenho pilhas de livros sobre isso.
- Que legal. Eu também adoro. Tenho muitas fotos.
- Pode me mostrar depois?
- Claro. – Adriene e Andrew saíram andando enquanto conversavam.
- Acho que Adriene não podia ter comprado esses livros em hora melhor. – Gina disse enquanto ria, mas parou ao perceber que Sarah parecia aborrecida. – O que houve? Quando você chegou, percebi que estava irritada.
- Briguei com o Malfoy de novo! – Sarah voltou a ficar azucrinada.
- Por que? – perguntou nada surpresa. Já estava acostumada.
- Ele sempre me provoca.
- Você também sempre que pode o provoca. Não seria diferente com ele.
- Eu sei, mas eu não entendo por que a gente tem que brigar tanto.
- Eu também não sei. Você briga mais com ele do que Rony e isso é impressionante.
- Sabe Gina... – Sarah ficou sem jeito de começar. – Eu queria falar uma coisa com você. É sobre o Malfoy. – Estava disposta a falar o que sentia, mas foi interrompida.
- O que vocês estão fazendo aqui ainda? – Hermione perguntou ao ver as amigas. – Todos já estão indo para as carruagens.
- Já vamos. – Sarah falou. As três voltaram para as carruagens. Sarah e Harry destrocaram de lugar e a volta foi tranqüila. Quando chegaram, já era hora do almoço e todos foram para o Salão Principal. Sarah sentou-se de frente para a mesa da Sonserina. Em meio a uma conversa e outra olhou distraidamente para frente e uma cena prendeu sua atenção. Viu Draco beijando ardentemente uma garota que ela não reconheceu. Sentiu um misto de tristeza e raiva invadir seu coração. Sentiu muito ciúme e não entendia o por quê daquilo.
- Casal perfeito, né? – Adriene falou ao perceber que Sarah olhava para os dois sonserinos.
- Casal? – indagou confusa sem tirar os olhos dos dois.
- Sim. Eles dois estão namorando. Vai dizer que você não sabia?
- Não, não sabia. – Sarah, mais do que antes, ficara muito triste e sentiu seu apetite ir embora. – Quase não os vejo juntos. – Queria achar um motivo para desmentir aquilo. Queria acreditar que não era verdade.
- É verdade. – Gina, que estava escutando a conversa, comentou. – Mas é assim mesmo. Você acha que um Malfoy vai sair por aí aos beijos e carinhos com alguém. E todo mundo sabe que ele não gosta de ninguém a
não ser dele mesmo. Deve estar com a Parkinson porque...
- Aquela é a Parkinson? – Sarah interrompeu.
Virou-se para olhar os dois e viu que Draco agora parecia aborrecido e entediado. Pansy mexia em seus cabelos e ele tirava as mãos dela bruscamente. Definitivamente não queria ter visto aquilo. Seu estômago estava embrulhado e só desejava ir dormir.

E Draco realmente estava entediado. Não agüentava mais aquela garota que sempre tentava mimá-lo de forma tão infantil. Só estava namorando Pansy porque era uma situação confortável para ele. Sempre que quisesse uma pessoa para fazer suas vontades teria ela, mas ele não sentia absolutamente nada por ela.
- O que você quer? – Draco perguntou irritado enquanto Pansy mexia em seu cabelo.
- Nada Draquinho. – respondeu fingindo inocência.
- Então pare de mexer no meu cabelo. Que saco! Você sabe que eu não gosto que toquem no meu cabelo. Você pediu um beijo e eu dei, o que quer agora?!
- Sabe o que eu quero? – Pansy se aproximou do ouvido do loiro e continuou baixinho. – Quero que você vá para o meu quarto comigo agora e... – Ela dizia em tom malicioso. – o resto você já sabe.
- Então vamos para ver se você para de me encher um pouco. – Draco disse em um tom de voz frio e indiferente. A puxou pelo braço e foram em direção às masmorras da Sonserina. Chegando na Sala Comunal Draco falou:
- Vamos para o meu dormitório. Crabbe e Goyle não vão voltar agora. – O loiro não parecia nada animado. Muito pelo contrário, ele parecia ir contra a vontade, quase obrigado. Jogou Pansy na cama e foi tirando as vestes. –Vamos logo com isso..
Porém uma coisa aconteceu. Draco simplesmente não conseguiu. Não conseguiu por que ele não queria estar
ali com Pansy. Sempre ficava com ela por puro prazer próprio e mais nada, mas agora ele não conseguia tirar outra garota da cabeça e isso fez com que ele não conseguisse estar com Pansy naquele momento. Não conseguia tirar Sarah da cabeça por mais que não quisesse aceitar aquilo.
- O que foi Draco? – Pansy, semi-nua, parecia não acreditar. – O que houve? Isso nunca aconteceu.
- Eu não sei! – O loiro estava furioso consigo mesmo. Sentiu-se péssimo. – Isso NUNCA aconteceu comigo.
- Eu vou embora. – Pansy pegou suas vestes que estavam na cama e as colocou.
- Você não vai contar pra ninguém, entendeu?
- Claro que não! Todos ririam de mim e de você. Acha que eu sou idiota?
- Acho. Por isso estou falando.
- Tchau, Draco. – Pansy saiu do dormitório irritada e bateu a porta com muita força.
- O que aconteceu comigo? – Draco procurava uma resposta, mas não encontrava. Aliás, encontrava, mas não queria aceitar que o motivo fosse a Wynette. – Praga de garota!

Sarah não viu mais Draco naquele dia e isso a deixou desconcertada. Não queria imaginar o que ele estava fazendo com Pansy, mas acabava imaginando o que não queria: a verdade. Sarah estava na cama, mas não tinha sono nenhum. Resolveu passear um pouco pelo castelo. Já era bem tarde e Filch não estaria mais fazendo a ronda. Colocou uma capa sobre a camisola e pegou seu violão e sua varinha. Estava com muita vontade de tocar. Em alguma parte do castelo teria uma sala vazia. Então ela foi. Andou pelo castelo quase inteiro quando encontrou uma sala. Foi difícil, pois a porta era praticamente igual ao resto da parede. Somente olhos bem atentos conseguiriam enxergar. Ela tentou abrir, mas estava trancada. Percebeu logo que era uma sala inutilizada.
- Alorromora!
A porta se abriu. Estava muito escuro, mas dava pra ver que era uma sala pequena.
- Lumos!
Tudo estava bem sujo. Nada que Sarah não resolvesse em alguns minutos. E resolveu. Tinha muitas caixas vazias ao fundo da sala que Sarah foi transformando em tochas e colocou nas paredes. Tinha também uma cadeira bem velha que Sarah transformou em uma poltrona grande. Limpou a sala, fez algumas coisinhas ali e aqui e pronto. A sala parecia nova e estava linda. A garota pintara as paredes de azul claro e o piso era branco. No teto, Sarah colocou um encantamento que tinha lido num livro uma vez. Fez com que o teto ficasse em um tom azul bem escuro e colocou várias estrelas que se moviam. Bem parecido com o teto do Salão Principal. As tochas deixavam o lugar com uma luminosidade débil, mas perfeita. A poltrona branca era confortável e tinha duas almofadas azuis.
- Ficou perfeito!
Sarah ficou encantada com o seu trabalho. Olhou no relógio e viu que já era bem tarde. Resolveu ir embora, mas aquela sala seria o cantinho particular dela. Ninguém sabia daquela sala. Quando saiu, colocou um feitiço na porta para que nem um Alorromora conseguisse abrir. Só entraria quem tivesse a senha.
- Amare encantatum. – Foi a primeira coisa que veio à sua cabeça.
Depois voltou para o dormitório, mas sem fazer barulho para não acordar ninguém. Guardou o violão no guarda-roupa, colocou a capa perto da cama e deixou a varinha em cima de uma mesinha.

Na manhã seguinte algo estranho aconteceu no café da manhã. Draco estava comendo normalmente quando uma coruja sobrevôou a mesa da Sonserina e jogou uma carta para ele. O loiro não entendeu. Não recebia cartas ou coisas parecidas há muito tempo. Ao ver que não tinha remetente, abriu a carta com o cuidado de ninguém ver.

“Querido Draco,
já me instalei em uma pensão trouxa. Não é nada muito luxuoso, mas dá para se viver. Qualquer coisa é melhor do que morrer nas mãos do Lorde com modos dolorosos e horrendos. Espero que você já tenha mudado de opinião sobre ser um Comensal. Estou preocupada com você. Sempre mandarei cartas, mas não quero que me responda. O Lorde é muito inteligente e poderia me achar. Quando for a hora, eu voltarei. Espero que você esteja bem e também espero que não de motivos para que seu pai se irrite. Fique bem.
De sua mãe que te ama,
N. M.”


Draco ficou muito feliz. Adorou saber que a mãe estava bem e Sarah percebeu que o humor do garoto havia mudado depois que recebera a carta.
- Que estranho o Malfoy receber uma coruja. – Sarah comentou fingindo não ter interesse.
- É verdade. – Gina disse ao engolir algo. – Ele nunca recebe nada. Deve ter acontecido alguma coisa diferente ou, no caso dele, estranha.
- Eu acho que tem a ver com a mãe que sumiu. – Adriene falou num cochicho. Tinha um ótimo faro investigativo e talvez até mesmo fofoqueiro apesar de ser uma ótima pessoa.
- Será que a encontraram? – Sarah não pode mais disfarçar o interesse.
- Não sei. Mudando de assunto, hoje você vai tocar violão pra gente, tá?
- Ah não Adriene...
- Sem desculpas Sarah. – Gina disse e espero uma resposta da amiga que pensava.
- Tudo bem. Vocês ganharam.
À noite, todos se encontraram no dormitório das meninas com muito cuidado para não serem vistos. Foi uma reunião entre amigos muito agradável. Enquanto Sarah cantava, Andrew a acompanhava no violão. Divertiram-se muito e todos que ainda não haviam escutado Sarah cantar se impressionaram com sua voz extremamente bela. Era suave e tinha um dom de acalentar e aquecer o coração como Gina mesmo descrevera enquanto sonhava acordada ouvindo a amiga cantar uma musica lenta e romântica. Quando começou a ficar tarde, Hermione e os meninos resolveram ir embora. Estavam saindo do quarto e Adriene não deixou de elogiar o garoto que tanto gostava.
- Andrew. – Ela o chamou timidamente disfarçando um sorriso. – Você toca muito bem sabia?
- Obrigado. Quem sabe um dia eu não toque só pra você. – Ele falou, deu uma piscadela e saiu atrás dos outros.
Sarah e Gina, que viam tudo, quase caíram pra trás ao escutar aquilo. Adriene quase morrera de tanta emoção também. Gina percebeu que a garota continuava parada em frente à porta e se aproximou. Ela parecia estar em outro mundo.
- Viu isso? Você viu? Ele gosta de você! – Sarah disse animadíssima.
- É verdade. Foi quase uma declaração! – Gina completou.
- Será? – Adriene conseguiu falar enfim olhando para a porta fechada por onde ele passara.
- Claro! – Sarah a incentivava cada vez mais. Queria muito que seu amigo, que era quase seu irmão, ficasse com alguém como Adriene que realmente gostava dele.
- Sarah. – Adriene segurou firmemente nos ombros da amiga. – Você precisa falar com ele. Você precisa perguntar. Por favor! – Ela sacudia a garota que estava ficando tonta.
Enquanto Gina tentava acalmar Adriene, que estava cada vez mais desassossegada, Sarah concordou em falar com Andrew sobre ela. Logo elas foram dormir.
Ao contrário de Draco que não entendia por que não conseguia estar com Pansy como antes. Tudo bem que ele não gostava realmente dela, mas nunca tinha gostado de ninguém e mesmo assim ficava com qualquer garota que quisesse. Não conseguia se conformar.

As semanas foram passando e já havia dois meses que Sarah estava em Hogwarts. Muitas coisas haviam mudado. Adriene e Andrew começaram a namorar, com a ajuda de Sarah que conversou seriamente com ele depois daquele dia do violão. Havia um tempo que ela não encontrava com Draco e isso, de alguma forma, a
estava incomodando, ao contrário de antes que ficava feliz quando isso acontecia. Sentia saudades dele. Não
entendia porque, mas sentia. Saudades das provocações e dos sorrisos debochados.
Mal sabia Sarah que o mesmo acontecia com Draco. Ele tinha terminado o namoro com Pansy depois do pequeno incidente. A garota insistiu e chorou muito, mas nada convenceu Draco. Não conseguia ficar mais ao lado dela. Também tinha recebido uma carta de sua mãe. Cada vez que lia as linhas escritas com aquela caligrafia tão cuidadosa e perfeita se sentia muito bem. Não tinha saudades, mas de certa forma, tinha uma certa preocupação com ela. Também já havia esquecido aquela idéia boba de que não conseguia ficar com outra garota por causa de Sarah. “Por causa da Wynette. Que babaquice a minha!” ele pensava rindo de si próprio. Talvez estivesse com a razão já que agora, que estava livre, ficava com várias garotas. Era incrível sua capacidade de conquista com qualquer menina.

Agora, quase sempre, só ficavam Gina e Sarah. Adriene ficava mais com Andrew, mas sempre que podia, ficava um pouco com as amigas. Sarah sempre cantava para os seus amigos, mas na maioria das noites ficava em sua sala sozinha. Sarah era muito astuta e esperta e Filch nunca a escutava e muito menos a via. Aquela salinha era o seu lugar preferido. Lá ficava só ela e seus pensamentos. E é claro, seu violão.

Era um dia comum e todos estavam jantando no salão principal. Sarah estava muito quieta e pensativa e Gina percebeu.
- O que houve? – perguntou um pouco preocupada. Estava acostumada com a garota sempre animada e sorrindo. Nunca tão séria como naquele momento.
- Hum? – Sarah, aérea, perguntou ao escutar a voz da amiga.
- Você está tão quietinha. Aconteceu alguma coisa?
- Não.
- Vai dizer que está com saudades das brigas com o Malfoy? – Gina disse brincando ao beber um gole de suco.
- É. – Sarah respondeu sem perceber a besteira que tinha feito.
- O que?! – Engasgou chamando a atenção de todos em volta. – É isso mesmo?! – indagou não acreditando.
- É... Digo, não! – Tentava disfarçar sem sucesso.
- Fala a verdade!
- Bem... é, estou com saudades das brigas com o Malfoy. – A garota parecia meio desanimada enquanto comia.
- Mentira sua. Eu sei que você não está com saudades das brigas. Você está com saudades dele. – Gina disse em tom reprovador.
- Claro que não. – Sarah olhou para a amiga e percebeu que ela não estava acreditando. – Ah... você tem razão.
- Eu não acredito... – Gina pareceu desapontada. – Você sempre o odiou e agora vem me dizer que tem saudades. – dizia baixinho pois ninguém poderia escutar a conversa das duas.
- Não é só isso. – Sarah largou o garfo no prato e novamente olhou para a amiga. – Acho que gosto dele.
- O QUE? – Sem perceber, Gina gritou muito alto. Havia ficado chocada e não pode se conter. Todos que estavam em volta olharam novamente. – Você não pode estar falando a verdade. – Voltou a falar baixo.
- Estou sim. – Sarah queria se esconder debaixo da mesa de tanta vergonha. Sabia que não estava sendo sensata.
- Desde quando isso? – Gina estava inconformada.
- Eu não sei. Acho que desde a primeira vez que brigamos. Mas realmente me dei conta de que gostava dele quando descobri que ele namorava a Parkinson.
- Me diz que você está mentindo. Por favor... – pediu esperando que aquilo fosse mentira.
- Tá bom. Eu estou mentindo. – disse séria.
- Sério? – A alegria de Gina voltou.
- Não. Você pediu pra dizer e eu disse, mas eu não estou mentindo.
- Eu não acredito. – Gina novamente ficou séria. Encarou a amiga a censurando com o olhar.
- Olha, você não pode dizer isso pra ninguém. Nem pra Adriene. É um segredo seu e meu.
- Por que eu não posso dizer pra ela?
- Porque ela contaria para o Andrew e ele ia ter um treco! Iria me matar.
- É verdade. – Parou para pensar. – Você terminou de comer?
- Depois disso perdi a fome.
- Então vamos para o dormitório agora.
As duas se levantaram da mesa muito quietas e saíram do Salão Principal. Caminharam lentamente até a Torre e foram para a Sala Comunal. Ela se encontrava vazia pois todos estavam jantando. Sentaram-se nas poltronasque estavam em frente a lareira. Um silêncio se fez até que Gina tentou puxar assunto.
- Então...
- Eu não sei o que está havendo comigo! – Sarah falou mais alto do que queria de repente dando um pequeno susto na amiga.
- Calma Sarah. Não precisa ficar assim. – Gina se levantou e se aproximou da amiga.
- O pior é que não tem motivo. Eu simplesmente gosto. – choramingou e Gina a abraçou.
- Claro que tem um motivo. Pense no que você mais gosta nele. O que ele faz pra te deixar assim? – Não acreditava no que estava fazendo, mas tinha que consolar a amiga. Apoiaria-a acima de tudo.
- Eu adoro quando ele ri daquele jeito cínico e debochado, mas a coisa que eu mais gosto nele são os olhos. – concluiu pensativa.
- Mas são sempre tão vazios e sem brilho. – Gina falou como se estivesse meio repugnada.
- É por isso. Dá uma vontade de ficar olhando pra eles. Tentar descobrir o que tem por detrás deles...
- Só você pra achar isso. – Soltou-se do abraço, mas continuou junto da amiga.
- Eu sei...

Draco estava andando por um lugar estranho que nunca tinha visto. Era dia, mas o céu estava escuro, muito escuro. Não se escutava nenhum som, nenhum tipo de ruído. O único barulho que ele escutava era os batimentos de seu coração que estavam bem acelerados. De repente ouviu um barulho alto. Um grito de mulher. Olhou para o chão e viu longos cabelos loiros.
- Mãe! – Ele se aproximou e viu que ela estava desacordada. – Mãe! Acorda!
- Ela morreu Draco. – Uma voz arrepiante vinha detrás dele.
- Quem está aí?! Foi você que matou minha mãe, não foi? – Ele gritava com raiva na voz e com medo também.
- Sim. Fui eu, Lorde das Trevas. E se você abandonar o nosso lado vai acontecer o mesmo com você. – Logo, aquela figura aterrorizante sumiu deixando Draco com sua fúria e tristeza.
- Eu odeio você! – Ele gritou e aquela figura voltou.
- Então... – Sorriu arrogante e debochado. – Avada Kedavra! – pronunciou as palavras e uma luz verde foi em direção a Draco.
- Não! – Draco gritou apavorado ao acordar completamente encharcado de suor. Olhou para os lados e só viu Crabbe e Goyle dormindo e roncando. – Tudo bem... foi só um pesadelo... – Sua respiração estava pesada. Estava assustado. O pesadelo fora tão real.
Ele bem que tentou dormir novamente, mas não conseguiu esquecer aquele pesadelo. A imagem de sua mãe morta e daquela figura tão fria não saíam de sua mente. Resolveu dar um passeio pelo castelo. Pegou sua capa de invisibilidade, igual à de Harry, e saiu do dormitório. Logo já estava fora das masmorras da Sonserina. Não encontrou ninguém por sorte.
Sarah também não estava conseguindo dormir. Decidiu ir para a sua sala pois precisava pensar um pouco. Já ia saindo do dormitório quando se lembrou de algo e voltou.
- É melhor colocar meu robe. Se Filch me pegar com essa camisola transparente morreria de vergonha. – Ela disse a si mesma enquanto as companheiras de quarto dormiam.
Colocou seu robe lilás por cima da camisola branca de renda e saiu. Desceu até a Sala Comunal, passou pelo quadro da Mulher Gorda e se foi com todo cuidado e silêncio possível.
Draco, que passeava pelo castelo com toda liberdade e tranqüilidade, havia acabado de sair da cozinha. Tinha pegado uns doces de chocolate com menta para comer. Era sua sobremesa preferida. Estava andando calmamente quando viu um vulto passar rapidamente por um dos corredores. Resolveu segui-lo e viu que era uma garota, mas não conseguiu reconhecê-la. A garota se aproximou de uma parede. Draco chegou mais perto e viu quem era com satisfação. “Wynette” ele pensou sorrindo por dentro. Aquela era uma grande chance de surpreendê-la e não poderia desperdiçar. Tirou a capa de invisibilidade e se aproximou dela.
Sarah ia dizer a senha para abrir a porta quando sentiu uma mão em seu ombro surgida repentinamente. Sentiu seu sangue congelar e entrou em choque. Estava perdida. Qual explicação daria? Queria se virar para ver quem era, mas não conseguia. Suas pernas não a obedeciam. Estava paralisada até que escutou uma voz conhecida.
- Que feio Wynette! – Draco disse debocho. Gostou de perceber que Sarah tinha ficado assustada. – Saindo de madrugada pelo castelo... A professora McGonagall não vai gostar de saber disso.
- Você?! – Sarah exclamou surpresa. Sentiu-se aliviada por ter sido ele e não Filch que estava ali, mas também se sentiu temerosa. Estava nas mãos de Malfoy e com certeza ele a entregaria. Mas ainda se sentiu feliz por ver novamente aquele sorriso debochado que ela adorava. Sempre quando estava com Draco sentia esse misto de sentimentos totalmente diferentes um do outro.
- Não. O que está aqui na sua frente é uma miragem, muito bela por sinal.
- Há, há, há. – Sarah riu irônica. – Você é hilário!
- Obrigado. Agora me diga o que está fazendo essa hora andando pelo castelo. Se Filch pegar você...
- E você? – Sarah o interrompeu. – O que está fazendo?
- Não te interessa! Não devo explicações a pessoas como você e...
- Estávamos conversando como pessoas civilizadas, mas você tinha que falar educadamente como sempre.
- Tudo bem. Estava sem sono e resolvi passear pelo castelo. E você?
- Eu também.
- Mas é arriscado. Filch pode pegar você. – Draco estava gostando de falar com Sarah e, principalmente, de tê-la ao seu lado. Foi nessa hora que percebeu como Sarah estava. Seu robe só cobria até os joelhos e deixava as pernas de fora já que a camisola também era curta. E ele não deixaria de olhar.
- É arriscado e você também está aqui.
- Mas, eu tenho isso. – Draco, ao desviar os olhos para o rosto de Sarah, levantou a capa que estava nas mãos e mostrou a garota, que ficou admirada.
- Demais! Posso ver?
- Tá. – Deu de ombros e estendeu a capa para Sarah. A garota pegou com todo o cuidado. Observou e colocou, maravilhada.
- Nossa! Eu estou invisível! Que legal!
- Ok. Já viu, agora me devolve.
- Calma. Não precisa ficar nervoso. – Sarah tirou a capa. Sem perceber, seu robe abriu um pouco. Draco tentou disfarçar, mas não conseguia deixar de olhar para a “camisola” da garota. – Seria bom você colocar a capa para esconder seu lindo pijaminha verde de seda. – Sarah debochou do garoto.
- E eu acho que seria bom você fechar o seu robe para esconder sua linda camisola branca de renda. – Draco falou com um sorriso de superioridade. Conseguira deixá-la constrangida.
- Seu idiota! – A garota fechou rapidamente o robe e ruborizou furiosamente.
- Você está virando um tomatinho, hein? – Draco falou rindo ao perceber que ela estava completamente vermelha.
- Você é um idiota, Malfoy!
- E eu tenho culpa se você não anda com uma roupa decente pelo castelo? – Fingiu inocência.
- É roupa que eu uso pra dormir assim como você usa pijama.
- Tudo bem. Não vamos nos estressar. Há algum tempo que não te vejo. Estava fugindo de mim?
- Eu? Claro que não. – Virou de costas para ele com os braços cruzados. – Não nos encontramos por pura sorte.
- Sorte? Eu não acho que seja sorte ficar sem brigar com você. O dia fica sem diversão.
- É claro. Seu esporte favorito é me atazanar! – Sarah elevou o tom de voz.
- Agora é você que não está mantendo uma conversa civilizada.
- Ok, mas acho melhor você ir embora. – Sarah ficou completamente séria. – Sua namorada não vai gostar de saber que você está...
- Eu não tenho namorada. – falou também sério.
- E a Parkinson é o que sua? Irmã?
- Ex-namorada.
- Ex? – Um pequeno sorriso se abriu no rosto de Sarah.
- Sim. Eu terminei com ela. Não gosto de ficar preso a uma garota. Eu gosto de ter liberdade. – Draco mentiu descaradamente. Não contaria o motivo do fim do namoro.
- O que é isso na sua mão? – Sarah olhou para o prato que estava com Draco.
- Isso? Doces de chocolate com menta. – Ele levantou o prato na altura do rosto de Sarah.
- Chocolate com menta? – Essa era a fraqueza de Sarah. Não tinha nada que Sarah gostasse mais do que doce de chocolate com menta. – Me dá unzinho?
- Não, não. Esses são para mim. Se quiser, vai na cozinha pegar.
- Um só. Você tem muitos aí. – Sarah tentou pegar, mas Draco desviou o prato dela.
- Você gosta? – Draco pegou um doce e colocou na altura dos olhos da garota.
- Muito. São meus preferidos.
- Sendo assim... – Draco fingiu que ia dar para a garota, mas colocou o doce por inteiro na boca. – Está uma delícia, você iria gostar. – Ele disse de boca cheia deixando Sarah furiosa. Era tão prazeroso implicar com a garota.
- Você é um idiota debochado!
- Obrigado pelo elogio. – Draco olhou para Sarah e viu que estava bastante aborrecida. – Não precisa ficar com cara de criança mimada! Toma... – O loiro pegou um doce e ofereceu a ela.
- Agora eu também não quero! – disse sem olha-lo.
- Eu estou dando pra você. Pega!
- Não quero, já disse.
- Não vamos sair daqui enquanto você não pegar esse doce e comer. – disse sério.
- Tá bom! Obrigada. – A garota agradeceu com um sorriso sincero nos lábios. Draco ficou tão distraído com a beleza de Sarah que, sem querer, o prato escorregou das suas mãos e caiu.
- Merda! – Ele se abaixou e viu que os doces estavam todos misturados com os cacos de vidro do prato. – Tinha que cair no chão.
- Tome. – Sarah pegou seu doce e ofereceu a Draco de volta. – Pode comer.
- Não precisa, pode ficar. Você gosta também e eu já te dei, é seu.
- Espere. – A garota pegou o doce e partiu ao meio, dando metade para Draco. – Fique com a metade pelo menos.
- Obrigado. – Draco disse encantado com o sorriso dela. Fitou-a diretamente nos olhos, nos olhos que ele tanto admirava. Verdes como nunca viu parecido, como nunca viu tão belo.
Sarah tentava desviar do olhar de Draco, mas não conseguia. Sentia-se presa naqueles olhos azuis tão bonitos e encantadores.
Quando Draco foi pegar o doce, encostou sua mão na de Sarah, fazendo a garota arrepiar por completo. Ele também ficou um pouco sem jeito, mas não demonstrou. Continuou a olha-la. Para se desviar da cena, Sarah colocou a sua metade do doce na boca rapidamente.
- Está muito bom. – falou sem olha-lo.
- Realmente está muito bom. – Ele disse depois de colocar o doce na boca a fitando fixamente.
Ficaram em silêncio de repente e cada um olhava para um lado até que algo os assustou.
- Peguei vocês... – Uma voz sombria se fez próxima dos dois.


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N/A.: Hum... Quem será hein? Eu sei, mas vocês só ficarão sabendo no próximo capítulo. Bjinhus da LiKa e não esqueçam dos comentários!

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