Exames e vestidos
O feriado de páscoa passou exatamente como planejado. Muito tempo passado na cama - a maior parte dormindo (!)-, uma diversidade incrível de chocolates da dedos-de-mel e alguns passeios pelos terrenos do castelo (acompanhada e quando pensava em ir só, agora avisava a alguém). Era noite domingo e no dia seguinte as atividades da escola voltariam a todo vapor e Hannah encontrava-se de frente a lareira de seus aposentos. Sentada no chão olhando o fogo e de vez em quando anotando algo num pergaminho. Sentiu quando as mãos fortes envolveram seus ombros, fechou os olhos suspirando.
-Venha dormir. –chamou.
-Já estou terminando, Severo. –acariciou uma das mãos dele, escreveu mais alguma coisa no pergaminho e o guardou.
-O que é isso? –perguntou sem conseguir conter-se.
-Mas olhem: Severo Snape está curioso! –brincou e acabou por receber um olhar reprovador. –Nada importante... –deu de ombros. –Apenas alguns pensamentos... –Severo franziu a testa, mas não perguntou mais nada.
A semana havia sido puxada para os alunos dos N.O.M’s e N.I.E.M’s. As revisões já tinham começado há algum tempo e alguns dos alunos estavam muito nervosos. Dentro de uma semana as provas do N.O.M’s seriam aplicadas e na semana seguinte os N.I.E.M’s. Mas para alívio de alguns (e desespero de outros), neste sábado ocorreria a final de quadribol, a Grifinória estaria jogando contra a Lufa-lufa, e, por um momento, Hannah achou que o castelo havia esquecido-se dos exames, mas claro que se os alunos realmente esqueceram foi apenas por um momento antes de entrar em qualquer sala de aula. Os professores não se cansavam de repetir (inclusive ela) sobre a importância das provas.
O sábado amanheceu claro e sem vento, um céu límpido era mostrado no teto do salão principal acima dos alunos que comiam eufóricos. Sentada na mesa principal, Hannah, riu de si para si quando o time vermelho da Grifinória adentrou o salão, a mesa da casa levantou-se e aplaudiu animada, enquanto os sonserinos vaiavam. Certas coisas nunca mudam.
Depois que tomou seu lugar na arquibancada ao lado de Remo, Hannah esperou pelo jogo espetacular, que não veio. Bom, ela não podia reclamar, afinal, a Grifinória havia ganho a taça de quadribol, mas tudo ocorreu muito rápido: depois de cinco gols da Grifinória e dois da Lufa-lufa, o pomo resolveu passear pela vassoura de Harry, que não encontrou dificuldade em capturá-lo. Sem graça, tinha de admitir.
Se os alunos estavam pirando durante a semana seguinte, tinha de admitir que estavam conseguindo fazer isso com ela também. O nervosismo dos alunos estava começando a atingi-la na semana anterior ao início do N.O.M`s, ela agora preocupava-se mais com o desempenho dos estudantes. O prof. Flitwick sempre tinha alcançado ótimos resultados de seus alunos e ela sentia-se agitada por isso.
-Pare, Hannah, você está me deixando tonto! –Severo reclamou depois da milionésima vez que ela deu uma volta pela sala.
-Acho que amanhã devo passar os feitiços convocatórios com os alunos, o nosso N.O.M pediu, você lembra?
-Não, não lembro. –respondeu irritado. –Acho que vou fazer uma aposta com alguém, quem será que está mais nervosa? A Granger preocupada porque não pode tirar uma nota maior que “O” ou você com o desempenho dos alunos desse bando de cabeças-ocas?
-Você não está ajudando. –e voltou a andar pela sala.
O dia do N.O.M de feitiços finalmente chegou para o alívio de Severo. Hannah estava tentando colocar um vestido que parecia não querer passar por sua barriga de forma alguma.
-Desista.
-Estou gorda... –gemeu.
-Não, você está grávida. –ele apontou para a mínima barriga. –E de qualquer forma esse vestido é muito apertado, você não deveria usá-lo. –ela passou a mão pelo ventre e jogou o vestido de lado indo buscar outro dentro do guarda-roupa, era só um vestido...
Boa parte dos alunos saíram-se bem, e ela ficou bastante satisfeita. Então ela passou a dedicar-se mais aos alunos do sétimo ano, os enlouquecendo ainda mais, mas neste caso ela tinha ajuda expressa de Severo, que andava pressionando tanto suas turmas que uma garota saiu aos berros e soluços na sexta que precedia o início dos exames. Para completar a lua cheia atingiu Remo no meio da semana e o resto do corpo docente teve de se revezar para cobrir os horários das aulas de DCAT. Não é preciso nem comentar o quando Severo parecia satisfeito em aterrorizar os alunos de Remo, hora dizendo que eles não sabiam de nada, hora dizendo que Remo não sabia de nada, o que fez, claro, Hannah brigar com ele diversas vezes durante os três dias de lua.
Encontrou com Harry na tarde de domingo. O garoto revisava a matéria de transfiguração, com a cabeça apoiada na mão e o cotovelo no parapeito de uma janela.
-Você vai acabar todo dolorido. –falou maternalmente, e o menino ficou ereto. –Aqui não é um lugar propício para o estudo, Harry.
-A biblioteca está muito cheia, o salão comunal muito barulhento e nos jardins vou prender minha atenção em qualquer coisa menos nesse livro.
-Entendo... Precisa de ajuda? –perguntou e Harry aceitou prontamente o que ela pudesse lhe oferecer sobre transformações humanas. Por um momento, logo após o terrível incidente em que Voldemort descobriu sobre ela e Severo, Harry ficou um tanto que afastado dela, talvez por medo de rejeição ele já havia sofrido um bocado disso na vida, mas Hannah tinha em mente que aquele garoto que virava homem precisa de calor e o que tinha ocorrido não era de toda responsabilidade dele, ela própria tinha sua parcela de culpa. Confiar uma informação daquelas a um garoto que tinha uma ligação especial com o Lord das Trevas e nenhum sucesso em oclumência não havia sido um ato sensato.
Então os N.I.E.M’s vieram e se foram sem deixar ninguém morto de preocupação, apesar de ter chegado bem perto. Agora a preocupação de Hannah era outra e um tanto que descartável, mas que nem um ser corajoso o suficiente dissesse isso a ela. Hannah precisava de um vestido! E rápido! A formatura aconteceria dentro de menos de uma semana e não havia um vestido sequer em todo o seu armário que ficasse bom em sua cintura, ou melhor, onde um dia havia sido sua cintura, ela estava definitivamente quadrada.
-Preciso de um vestido! –mais uma vez a frente do espelho.
-Novamente com essa conversa. –Severo resmungou logo após rolar os olhos. –Até onde estou vendo você está vestida, e com um vestido. –sorriu com o canto da boca.
-Estou morrendo de rir... –virou de lado para ter outro ângulo de visão. –Não posso ir a formatura assim.
-E qual é a solução? –perguntou por fim fechando o livro de capa escura.
-Hogsmead. –respondeu baixo esperando a explosão.
-Mas nem em um milhão de anos! Você só pode estar louca, ir a Hogsmead sozinha! –levantou.
-Não! Não quero ir só... Posso pedir a Tonks, ela pode me acompanhar...
-Aquela garota?
-Por favor, Severo, ela é auror! E é fantástica!
-Ela pode ser o que for, mas ainda não gosto da idéia.
-De qualquer forma ainda vou falar com papai.
-Ótimo, assim ele coloca um pouco de senso na sua cabeça e lhe proíbe de vez! –mas não foi isso que Dumbledore fez (e Severo o chamou de “velho maluco” por várias vezes), por um momento ele pensou e decidiu que Hannah realmente precisava ir a uma loja de roupas. Por fim achou que a idéia de levar Tonks junto era bastante sensata, a garota era uma boa auror e ia fazer Hannah comprar roupas bastante alegres (Severo fez uma careta nada discreta). Ninguém iria saber de qualquer forma. No fim Hannah ficou de mandar uma coruja a Tonks e esperar uma resposta, que chegou logo em frases animadas e vibrantes. No final da tarde da sexta-feira elas se encontrariam nos portões de entrada da escola.
Depois do término das aulas do dia a professora de feitiços desceu pelos jardins onde encontrou com uma garota com os cabelos espetados e verdes. Com sorriso nos lábios as duas mulheres atravessaram os portões sem ao menos ter idéia dos olhos azul-acinzentados que as observava pronto para passar a informação. Aquilo não havia sido uma boa idéia.
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