Presentinhos
Já passava da meia-noite quando Severo entrou no quarto de Hannah. Ela, obviamente, já estava adormecida, andava dormindo bastante ultimamente, foi ao banheiro e já voltou ao quarto com sua roupa de dormir, quando deitou a cabeça no travesseiro percebeu que havia alguma coisa a mais, acendeu a ponta da varinha e pegou algo com um tecido macio e um pedaço de pergaminho.
Papai,
Olha o que nós ganhamos!
Não é lindo? Foi a vovó que nos mandou.
Amamos você!
Leu mais duas vezes a última frase, não controlou um sorriso e olhou mais uma vez para Hannah dormindo serenamente. Apontou a varinha para o tecido que tinha em suas mãos, e o leão da Grifinória foi iluminado acima do tecido vermelho, Severo arregalou os olhos quando brasão bordado começou a emitir seu som, e o soltou com espanto.
-Nem em um bilhão de anos! –exclamou mais alto do que devia acordando Hannah que levantou a cabeça para olhar o que estava acontecendo.
-Que foi, Severo? –perguntou assustada.
-Aquilo! –apontou para o babador jogado em cima dos lençóis, Hannah acenou a varinha depois que a tirou de cima da mesinha-de-cabeceira e as luzes do quarto foram acesas, ela pode ver o presente. –MEU filho não vai usar essa coisa! –Hannah sorriu, mas não pode segurar a vontade de chorar, ela pouco se importava se o bebê usaria ou não o babador depois que ele tinha dito “Meu filho” aquilo era mais que lindo, pendurou-se no pescoço dele e o beijou. –Não tente me comprar, ele não vai ser grifinório de forma alguma! Seria a vez que eu reduziria aquele chapéu estúpido a um monte de pano esfarrapado! –apressou-se em dizer quando, enfim, Hannah o soltou ainda sorrindo da reação dele.
-Severo, - falou com calma. – o bebê tem toda a chance de ser grifinório, assim como sonserino, mas você não esperava que a mamãe desse qualquer coisa com a cobra da Sonserina sibilando alegremente, esperava? Afinal ela é a diretora da Grifinória. –ela não precisava lembrá-lo, ele já era lembrado gentilmente disso todas as vezes que mexia mais do que devia com os pontos da casa vermelha ou quando o insuportável do Potter pegava mais uma vez, fantasticamente, o maldito pomo de ouro. –Mas é claro que nós temos mais duas casas, você se importaria que nosso bebê se tornasse um lufa-lufa? –provocou tentando segurar o riso.
-Meu filho não vai ser um estúpido! Mas eu posso providenciar todo um enxoval verde e prata com tantas cobras que você não poderia contar. –um sorriso com os cantos dos lábios e um brilho perigoso no olhar. –Afinal eu sou o diretor da Sonserina, nada mais justo que meu filho tenha tudo da casa que ele irá passar sete anos de sua vida.
-Chega, Severo. Acho que vou me aliar ao papai e começar a lutar pela a união das casas ou ficarei maluca com você e a mamãe lutando numa batalha em que vocês nada podem fazer. –encostou-se nos travesseiros.
-Tudo bem, mas pode esperar que na próxima semana o correio-coruja entregará um belo par de sapatinhos com uma cobrinha sibilante. –sussurrou e tomou os lábios dela antes de lhe dar tem pó para responder.
E realmente chegou, quatro dias depois numa quinta-feira particularmente tediosa em que Hannah esperava o tempo passar lendo redações e mais redações. Uma coruja-das-torres pousou em sua mesa depois de dar uma volta pela sala. Trazia no bico um pacote que deixou cair em cima de uma pilha de pergaminhos e saiu voando majestosamente. Hannah franziu a testa para o pacote analisando-o, rasgou o papel pardo com cuidado e sorriu quando viu os pequenos sapatos verde-esmeralda com uma cobrinha prateada na frente. Apanhou um pergaminho que vinha junto com o presente.
H.D,
Eu avisei!
S.S
PS.: É um absurdo, eles não tinham nada da Sonserina disponível. Tive que esperar confeccionar. Já da preciosa Grifinória... Adivinhe!
Sorriu. Severo estava realmente assumindo o papel. Nunca, em toda a sua vida, nem nos momentos de pensamentos mais delirantes, ela chegou a imaginar que Severo agiria daquela forma com a espera de um filho. Tudo bem que ele não se transformara num doce de abóbora, mas ela não podia reclamar, ela gostava dele sarcástico, irônico, e insuportavelmente conhecedor de tudo, e ele que ainda chamava a pobre srta. Granger de “sabe-tudo”, ele sim era um insuportável sabe-tudo, mas sim, era maravilhoso. Ele estava até tentando ser paciente com o mau-humor dela que estranhamente estava constante mesmo que ela mesma não entendesse os motivos.
Olhou no relógio, estava na hora de descer e ir tomar chá com sua mãe, que estava se saindo tão “avó” quanto alguém poderia ser. Arrastou-se pelos corredores, mas apressou o passo quando sua bexiga deu sinal de vida, agora era assim, vontade constante de ir ao banheiro. Bateu à porta e esperou impacientemente, controlando-se para não começar a dançar no mesmo lugar. Seria bem estranho se um estudante a visse assim. Sua mãe abriu a porta com um sorriso no rosto.
-Oi, mamãe, preciso ir ao banheiro. –nem esperou resposta e correu até a porta que ela sabia ser a que procurava. Quando voltou viu sua mãe rindo sentada numa das poltronas próximas à lareira, franziu a testa.
-Você também fazia isso comigo. –apontou a barriga de Hannah e sorriu mais uma vez. –Era inevitável, as vezes eu chegava a pensar que não ia acabar nunca.
-Mas vai passando com o tempo, não é? –perguntou sentando-se na outra cadeira.
-Não, querida. Vai piorando conforme o bebê vai crescendo. –Hannah fez uma careta de desgosto. –Mas tem outro assunto que você tem que tratar. –falou séria.
-O que?
-Já falei com seu pai sobre isso...
-O que foi? –perguntou assustada.
-Acalme-se, Hannah! –reclamou. –Você precisa ir até a enfermaria consultar-se com Madame Pomfrey.
-Mas, mamãe...
-Eu já sei, Hannah, ninguém pode saber que você está grávida nem que o bebê é do Severo, mas você não pode deixar de ter alguém cuidando da sua gravidez e Papoula é de extrema confiança.
-Tenho que conversar com Severo sobre isso.
-Pode conversar, mas amanhã nós vamos até a enfermaria. –Hannah até que abriu a boca para argumentar, mas sua mãe foi mais rápida. –Ordem do seu pai. –e aquilo encerrava o assunto e Hannah achou melhor começar a falar sobre outras coisas.
-Pensei que a encontraria dormindo. –ele disse quando entrou no quarto e ela estava sentada na cama.
-Estava te esperando.
-É? –com sobrancelha erguida ele seguiu para a cama, sentando de frente para ela. –Já disse que não me esperasse quando tenho que... sair. –ela sabia o que significava a saída dele, mas ela precisava falar-lhe antes de ir até a enfermaria e o dia inteiro não o tinha visto.
-Eu sei, mas precisei. Tenho que ir a enfermaria amanhã, tinha que te avisar.
-Já sei.
-Como?
-Alvo me disse, é necessário. Ele já tinha a intenção de fazer isso desde que você disse a Minerva que estava grávida e nós conversamos sobre sua gravidez.
-Você realmente conversou com o papai sobre minha gravidez?
-Claro. –levantou uma sobrancelha.
-Ele nunca conversou comigo sobre... –Severo revirou os olhos.
-Por favor, Hannah, sem ciúmes por causa de uma conversa.
-Não estou com ciúmes, só estou dizendo...
-Que está com ciúmes.
-Insuportável.
-Mimada. –lançou-lhe um sorriso sarcástico, levantou e entrou no banheiro. E Hannah não pode deixar de sorrir deles.
Depois das aulas da manhã, Hannah, seguiu para enfermaria, e encontrou sua mãe à porta.
-Querida, vamos? –Hannah confirmou com a cabeça. –Deixe-a pensar em quem ela quiser para que seja o pai, que lógico pensará em Sírius, e isso é ótimo. –Hannah pensou que talvez Severo não soubesse desse pedaço e com certeza ele não acharia “ótimo”. Entraram, ela depois de Minerva.
-Oh, Minerva, aconteceu alguma coisa? –a enfermeira começou a circulá-la. –Tem algo quebrado?
-Não é nada comigo, Papoula, é a Hannah... –como atraída por um feitiço convocatório a enfermeira chegou perto da bruxa mais nova.
-Ah, menina, o que houve agora? –levantou os braços dela. –Ao menos não está desmaiada. –Hannah rolou os olhos e a senhora viu. –Talvez isso não seja tanta vantagem... Vamos deite-se. – sem muita vontade ela foi. E a senhora começou a passar a varinha por ela. Nada nem um sinal até chegar a seu ventre. A varinha tremeu na mão da curandeira, e ela arregalou os olhos enquanto Hannah parecia entediada. Um feitiço murmurado e uma luz prateada saiu da varinha, parou na frente do ventre dela e Hannah sentiu-se esquentar no local, o raio de luz começou a mudar de cor e ficou azul, os olhos da enfermeira arregalaram-se mais uma vez.
-Querida, você está...
-Grávida, eu sei. Está tudo bem? –perguntou levantando a cabeça como se esperasse ver alguma coisa.
-Você já sabia?
-Já. –respondeu entediada. –Está tudo bem? –repetiu.
-Preciso fazer mais exames. –respondeu ainda espantada e ainda lançou alguns olhares a Minerva que se manteve calada. A curandeira começou a trabalhar com sua varinha pelo corpo da bruxa mais nova, emitia raios de diversas cores, depois de repetir o processo diversas vezes guardou sua varinha. –Tudo bem com você e o bebê, mas devo recomendar que tenha cuidado, que se alimente e venha me vez sempre, não falte nenhuma consulta. –falou autoritária.
-Certo. –respondeu a contra gosto.
-Papoula, nós temos que pedir que guarde segredo sobre isso, nós tempos que estamos vivendo pode ser perigoso se essa notícia se espalhar.
-Claro, Minerva, não se preocupe.
Hannah e Minerva saíram da enfermaria logo depois de receber uma receita com diversas poções, Severo cuidaria daquilo para ela. A semana seguinte resumiu-se em trabalho, trabalho e trabalho. O sábado mais que esperado finalmente chegou e ela pode finalmente jogar-se no sofá que tinha em seu quarto. Já estava quase dormindo quando algo batendo fortemente contra o retrato que guardava seu quarto a fez pular, correu até o retrato e o empurrou e quase foi atingida por Sírius que se preparava para bater novamente no quadro que tremia descontroladamente. Ele entrou antes que ela pudesse pensar e a puxou para dentro com ele, mas não antes de ver um fantasma deslizar apressado pelo corredor. Ótimo, agora a confusão estava armada, em momentos Severo também estaria lá.
-Sírius! –chamou quando ele a arrastava até o sofá. Ele parecia fora de si. –Sírius Black! –ele a fez sentar-se no sofá sem nenhuma gentileza.
-O que você quer, em? Me destruir, é isso? Pois já conseguiu! –ele estava nervoso e ela viu que ele controlava-se para não desabar.
-Sírius, de que você está falando?
-Você podia ter me contado, mas não, é melhor continuar a me fazer de bobo. Como você foi capaz? Como?
-Ainda não consegui entender. –esperava sinceramente que em alguma hora ele lhe explicasse.
-Madame Pomfrey veio até mim aos cochichos. –ele pela primeira vez realmente enxergou Hannah desde que tinha entrado. –“Avise a Hannah que venha me ver hoje, nós precisamos de mais alguns exames e quero me certificar de ela tem tomado as poções corretamente.” - imitou uma voz aguda e Hannah finalmente achou que tivesse entendendo, arregalou os olhos de surpresa e medo. – Claro que como eu sou um imbecil que nunca sabe de nada, pois todo mundo me esconde tudo, perguntei se estava tudo bem. “Está tudo bem sim, mas nós só precisamos acompanhar o desenvolvimento do bebê de vocês.” - ela, infelizmente, tinha entendido. –Mas eu não podia ter um bebê com você, poderia, Hannah? Não! Não, poderia, você não tem dormido comigo, tem dormido com o seboso, e o filho que deveria ser meu... É dele! –disse amargurado.
-Sírius... - ela ia tentar explicar, mesmo sem saber como. Tentar acalmá-lo sem ter por onde começar, mas foi interrompida com a entrada estrondosa de Severo.
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