Vovó
Acordou abraçada a Severo e sorriu contra a pele dele. Ela estava feliz, ele tinha agido de uma forma totalmente inesperada, e o melhor, uma forma inesperada positiva. Não tinha a menor ilusão de as coisas se encaminhariam de uma maneira fácil, mas ao menos tinha certeza de que eles estariam juntos. Precisava conversar com seus pais, ou melhor, precisava conversar com sua mãe, não tinha a menor dúvida que seu pai já sabia de tudo, ele sempre sabia, mas o que a preocupava era a reação de sua mãe, não tinha muita certeza do que ela achava de Severo, e descobrir que eles estavam juntos logo com a notícia de que seria avó não seria muito fácil de engolir. Beijou os lábios de Severo o fazendo abrir os olhos, murmuraram um ‘bom dia” e levantaram para os preparativos do dia que com certeza seria longo.
Quando entrou no salão principal recebeu um grande sorriso de seu pai, sorriu de volta. Remo lançou-lhe um olhar significativo quando ela sentou, Sírius estava a observando descaradamente, com certeza queria saber o motivo do sorriso, não era uma época para isso. Severo adentrou no salão, imponente como sempre, olhando venenosamente os alunos, sentou-se em sua habitual cadeira falou com as pessoas da mesa de uma forma tão baixa que quase ninguém pode ouvir, típico. Começou a comer observando o salão, seu olhar caiu sobre Sírius que ainda encarava Hannah de uma forma nada confortável, Severo fixou um de seus piores olhares no homem, olhou para Hannah que mantinha a cabeça baixa, trincou os dentes. O que diabos aquele vira-lata queria? Sírius virou a cabeça para Severo quando sentiu os olhar e revidou, eles ficaram logos minutos prontos para uma tentativa pública de suas afeições. Até que Dumbledore chamou por Severo para falar qualquer coisa que Hannah não escutou por que estava ocupada demais agradecendo aos céus a intervenção de seu pai.
-Querida? –ela virou-se para olhar o pai nos olhos. –Creio que quer falar comigo, não? –será que algum dia ela conseguiria ser como ele? Algum dia teria a capacidade de saber sobre tudo? Na verdade, nem sabia se queria isso. Concordou com a cabeça. –Antes do almoço em minha sala?
-Tudo bem.
Quando as aulas da manhã acabaram Hannah arrumou sua sala e dirigiu-se até a sala da diretoria. Assim que subiu as escadas encontrou com Severo sentado no banco de espera na ante-sala, sorriu pra ele e sentou-se ao seu lado, passou a mão pela perna dele e o beijou no rosto, conseguindo com que ele a olhasse com uma sobrancelha erguida, ela riu.
-Você precisa falar com o papai?
-Você devia estar muito perdida no olhar do Black para ter escutado que seu pai me mandou vir durante o café da manhã.
-Na verdade eu devia estar muito ocupada rezando para que vocês não tentassem se matar no meio do salão principal. –ele bufou com irritação. –Sua reserva de paciência é descomunal. –ironizou. –Quem está ai dentro com ele? –apontou a porta.
-Sua mãe. –cruzou os braços cansado de esperar. Hannah sentiu algo gelado descer pelo seu estomago. Esperaram ainda cerca de dez minutos quando Dumbledore abriu a porta e laçou-lhes um grande sorriso, ele parecia bem feliz. Porém quando Hannah entrou viu que sua mãe estava meio perdida, ela parecia não entender alguma coisa, talvez por que Dumbledore sorria tanto.
-Sentem-se, meus filhos. –Dumbledore sentou-se em sua cadeira e apontou duas cadeiras ao lado de Minerva.
-Alvo, eu ainda não entendi. –Minerva reclamou.
-Acalme-se, Minnie, logo você entenderá. –Snape olhou assustado para Hannah. “Minnie?” que tipo de intimidade ele acabara de adquirir para escutar tal apelido. Minerva por sua vez também não aprovou como Alvo a tinha chamado na frente de Severo.
-Alvo! –Hannah sustentou-se para não explodir em risadas.
-Ah, minha querida, Severo já é bem intimo de nossa família para você envergonhar-se com um simples apelido. –sorriu. –Hannah, meu bem, já está na hora de conversar com sua mãe, não acha? –Severo engoliu em seco e apertou a varinha dentro do bolso, com certeza Minerva tentaria enfeitiçá-lo. –Severo, meu caro, me acompanhe até o salão que tenho uma conversinha a ter com você enquanto as senhoras conversam. –levantaram-se enquanto Minerva olhava a todos sem compreender.
-Agora você vai me dizer o que é essa loucura toda? –Minerva perguntou a filha quando ficaram a sós.
-Vou, mamãe. –respirou fundo e tomou coragem. –Há algo importante que a senhora precisa saber. –fez uma pausa. –Bom, é que... Bem... -viu a mãe arquear as sobrancelhas e inclinar um pouco a cabeça, sentia-se na sala de aula. – estou com alguém...
-Tudo isso para você me dizer que está namorando?
-Há algum tempo. –continuou como se não tivesse sido interrompida. – Cerca de quatro meses... –Minerva franziu a testa. –sem contar as brigas, claro. –acrescentou para si mesma.
-Quatro meses? Mas há quatro meses o Sírius não estava conosco.
-Sírius? Não, não o Sírius.
-E você está namorando alguém e só vem me dizer agora, claro que seu pai já sabia, não é?
-Ele descobriu por si só. –sentou-se na cadeira. –Mamãe, eu o amo. Nunca me senti assim por ninguém e esse amor que eu sinto está aqui. –colocou a mão na barriga, os olhos de Minerva se arregalaram em choque. – O meu amor por Severo gerou uma criança. –sorriu, mas a alegria que irradiava dela pareceu não atingir sua mãe.
-Severo? Severo Snape? Não! Você gosta do Sírius, você sempre gostou dele, claro que isso foi um problema por um tempo, mas agora, minha filha, vocês podem casar como sempre quiseram.
-Mamãe, eu amo o Severo, e minha história com Sírius acabou há séculos, e a senhora sabe disso.
-Mas o Severo é... Ele é... –ela procurava um adjetivo ruim o bastante. - ele é... Sonserino!
-Vou fingir que não escutei isso. Mamãe, escute o que estou lhe dizendo. É algo importante, é único, eu estou grávida!
-Godric, me ajude! Você não está falando sério. –levantou-se os lábios crispados de uma forma que ela não via há muito tempo. – Haja como minha filha, haja como sempre você foi, sensata! Coisa que você não está nem passando perto, tudo é uma completa loucura! Você sabe o que ele fazia e você sabe o que ele faz agora! Tem de dar um fim a isso o mais rápido possível!
-A senhora está dizendo que amar Severo é loucura, se estar feliz por que carrego um filho do homem que amo em meu ventre, é loucura, então eu completamente louca e estou adorando, muito obrigada. –levantou também. –Eu ao menos esperava que a notícia de ser avó a deixaria um pouco feliz, mas infelizmente me equivoquei! –virou as costas e saiu batendo a porta do escritório deixando pra trás os murmúrios dos quadros dos diretores que a chamavam de atrevida.
Chegou ao salão principal com a raiva quente descendo pelo seu estomago, sentou-se a mesa dos professores. Depois de algum tempo sentada começou servi-se parou quando sentiu a mão dele apertando seu joelho por debaixo da mesa, soltou a colher do purê de batatas no mesmo instante. Ele a olhava buscando uma resposta para as mãos tremendo, ela o olhou por poucos segundos, mas foi o suficiente para ele saber que estava certo em temer a reação de McGonagall.
Dois dias depois da conversa com sua mãe e elas ainda não tinham dirigido a palavra uma a outra, era uma sexta-feira e março havia começado no dia anterior, depois de ter conversado com seu pai sobre os cuidados que tinha de tomar para que a notícia da gravidez não se espalhasse, Severo agora tomava mais cuidados do que tinha para eles se encontrarem. Era noite e ela dava um passeio perto do lago. O ar frio da noite estava fazendo bem a ela, ao longe viu as luzes da cabana de Hagrid e do lado oposto as do castelo com suas inúmeras janelas. Olhou mais uma vez para o lago, sua superfície espelhar sendo perturbada constante e levemente pelos ventos, suspirou. Minutos após escutou alguém aproximar-se, virou-se, sorriu ao ver o visitante.
-Oi, Remy. –cumprimentou e chegou mais perto para passar entrelaçar o braço no do amigo, apoiando a cabeça no ombro do homem.
-Severo não está nada satisfeito com você andando aqui embaixo sozinha e no escuro. –ela soltou uma risadinha.
-E ele te mandou vir me buscar?
-Ah, ele me pediu com aquele jeitinho delicado dele. –Hannah riu mais ainda.
-Agora não estou mais sozinha, você chegou...
-Vamos, Hannah, você já passeou o suficiente por hoje, e se você não for logo eu receio que a Grifinória irá perder terrivelmente o campeonato das casas, ele está tirando pontos dos alunos por apenas o olharem, e se não olharem ele também tira pontos por falta de respeito...Sinceramente eu ainda não entendi.
-Tudo bem, então. Mas é só pela Grifinória. –riu e acompanhou Remo na volta para o castelo. Quando cruzaram o portal de entrada encontraram logo com Severo que esperava com os braços cruzados contra o peito e uma expressão de poucos amigos.
-Você está maluca ou o que? –Severo começou aos sussurros. – Ficar passeando perto da floresta proibida... Agradeça por que eu não podia ir lhe buscar chamando atenção da escola inteira. –o tom era baixo e ameaçador. –Vá para seu quarto que logo estarei lá. –ordenou, Hannah franziu as sobrancalhas e Remo pensou que ele não devia ter dito aquilo.
-Você não manda em mim, Severo, não sou uma aluna sua! –retrucou também aos sussurros.
-Apenas vá, depois discutimos o que você é ou não. –ela lançou um olhar de puro aborrecimento, soltou-se de Remo e subiu as escadas pisando duro.
-Acho que você não devia a ter mandado para o quarto, não da forma que mandou, ela deve estar furiosa. –falou quando Hannah sumiu no topo da escada.
-Eu sei exatamente o que fazer com essa fúria dela. –falou com os cantos dos lábios um tantinho curvados pra cima, e afastando-se quando Sírius apareceu descendo as escadas com um olhar de ódio.
-Confraternizando com o inimigo do seu amigo, Aluado? –perguntou chegando perto do amigo.
-Sírius, por favor, pare com isso. Hannah está feliz e nós já conversamos sobre isto.
-Já conversamos sim, e eu já deixei meu ponto de vista bem claro, ela vai voltar pra mim, e quanto a ela estar feliz, bom, a controvérsias, você viu como ela estava furiosa agora? –Remo poderia repetir o que Severo tinha dito, mas não tinha necessidade de machucar seu amigo.
Já estava sentada naquela droga de sofá há uns dez minutos e estava extremamente irritada. Quem ele pensava que era pra mandar nela? E quem ela pensava que era pra estar obedecendo? Levantou-se e ia sair para qualquer lugar do castelo quando o retrato moveu-se e Severo entrou com um ar zombeteiro que só fez a irritação aumentar, ele estava brincando com fogo.
-Hoje você vai me dizer como sabe as senhas! – o tom de voz saiu mais alto do que o normal.
-Acalme-se. Dizer a você como fico sabendo das senhas não vai abrandar sua irritação.
-Pare de me tratar como se eu fosse um de seus alunos!
-Acredite, eu não o faço. – a segurou num abraço que, Hannah até tentou, mas não conseguiu sair. –Tem coisas que só com você... –a voz aveludada em seu ouvido e, Hannah não pode deixar de rir.
-Ainda bem, não é? Nós não queremos uma linha de produção de “Snapinhos”, queremos? – sentiu ele rir contra seu pescoço.
-É por isso que sou um “Snape” e não um “Weasley”.
-Como você é maldoso, Severo.
-Não fique andando a noite perto da floresta proibida. –ela soltou-se do abraço.
-Eu não estava correndo risco algum.
-Se não quer pensar em sua segurança, ao menos pense na segurança do bebê.
-Mas ninguém sabe, Severo, o bebê está seguro, e você acha que eu deixaria alguma coisa acontecer a nós? –pousou a mão instintivamente no ventre.
-Não sabem sobre a criança, mas você sozinha já vale demais.
-Tudo bem. –aceitou por fim e voltou para os braços dele.
-São os fantasmas. –Hannah levantou a cabeça.
-Que é que tem os fantasmas?
-São os fantasmas que vigiam você e dizem ao Barão Sangrento que me diz.
-Você mandou os fantasmas...?
-Eu não! –interrompeu, com uma expressão de falso inocente. - Foi o Barão, eu só pedi que ele descobrisse as senhas, é que ele sabe lidar com os outros fantasmas...
-Típico sonserino. Eu nunca notei, eles pareciam tão inocentes... –sorriu.
Dez de março, era o aniversário de Remo, e Tonks havia entrado em contato com Hannah durante a semana avisando que chegaria de surpresa para vê-lo. Chegou à porta do quarto dele e bateu, Remo abriu e Hannah jogou-se nos braços dele dizendo votos de felicidades. Entrou e viu que Sírius já estava lá com um copo na mão, eles estavam comemorando de uma forma bem típica dos Marotos. Remo a colocou sentada ao seu lado longe de Sírius que lhe ofereceu um copo de bebida e Hannah recusou com a mão.
-Ah, não, Princesinha! –Sírius reclamou e os olhos dele brilharam de perigo. –Você não vai se recusar comemorar o aniversário do Aluado, vai?
-Não, Sírius, não vou. Estou me recusando a beber, apenas.
-É a mesma coisa.
-Sírius, Hannah não vai beber. –Remo pôs fim no assunto, ou pensava que havia colocado.
-Por que isso agora? O mestre seboso não permiti que você confraternize com seus amigos de infância? –a voz dele tinha uma nota descontrolada talvez a bebida já estivesse agindo.
-Sírius! –Remo repreendeu.
-Qual é, Aluado? Deixe a nossa Princesinha responder.
-Eu não posso fazer uso de nada que contenha álcool, Sírius, é apenas isso, satisfeito? –era como se ela tivesse dito palavras mágicas calmantes, a expressão de Sírius mudou no mesmo segundo.
-Você está doente? –mas Hannah não respondeu, pois bateram à porta e ela sabia quem era, sorriu para Remo, que levantou para abri-la. Quando a porta foi aberta, Hannah e Sírius escutaram um gritinho agudo um relâmpago colorido, sorriram. –Ela disse que não vinha. –Sírius sentou-se no lugar que Remo estivera, que agora estava desocupado já que Remo era beijado muito envergonhado por Tonks perto da porta.
-Ela queria fazer uma surpresa. –deu de ombros.
-Você está bem, certo, não está doente nem nada, não é? –ficou sério.
-Não, Sírius, não estou. Não é nada demais pode ficar tranqüilo. –“ou não.” Não conteve-se de pensar.
-Não estou tranqüilo desde o dia dos namorados, e você bem sabe.
-Oh, Sírius, você vai começar?
-Vou!
-Ótimo. –irônica.
-Pare com toda essa birra e vamos agir como adultos, pare de querer dar uma de rebelde.
-Se estragarmos o aniversário de Remo a culpa é sua. E estar com o Severo não é birra nem rebeldia.
-Vamos ao Três Vassouras? –Tonks aproximou-se com um grande sorriso e os cabelos cor de rosa-chiclete. Beijou Hannah e jogou-se num abraço em Sírius. Hannah trocou olhares com Remo.
-Não sei se vou poder ir... –disse.
-É mesmo, Hannah, vamos falar com Dumbledore e ver se você pode ficar fora da escola hoje. –Remo concordou e os dois saíram para o corredor.
-Eu queria ir... –falou a Remo quando ele fechou a porta.
-Eu sei, mas o Severo vai ficar uma verdadeira fera se você for, e eu, particularmente, concordo com ele, é muita exposição.
-Se ao menos ele também fosse, mas nem adianta e também seria muito esquisito Sírius e Severo na mesma mesa do Três Vassouras.
-Então é melhor você e descansar, não acha? –Hannah concordou com a cabeça.
-Não precisa ir avisar ao papai que vocês vão sair, ele já está sabendo, o avisei quando Tonks me mandou uma carta dizendo que iria aparecer, mas de qualquer maneira ele saberia se eu não tivesse avisado, não é mesmo? –sorriu, e após despedir-se de Remo seguiu para seu quarto. Era melhor de qualquer forma, ela andava mais cansada que o normal, sonolenta. Disse a senha e entrou. Passou pela escrivaninha, diversos pergaminhos para serem corrigidos, que com absoluta certeza ficariam para o dia seguinte. Reparou numa caixinha bem embrulhada que não estava ali mais cedo, a pegou. Girou na mão, não tinha nenhum cartão solto, mas seu nome estava na caixa numa letra bastante familiar. “Mamãe”, pensou. Desembrulhou e abriu a tampa, seus olhos brilharam e um sorriso estampou seu rosto espontaneamente, retirou o pequeno babador vermelho com o leão dourado da Grifinória, que fazia pouco mais que um ronronar em suas mãos. No fundo da caixa havia um cartão que ela abriu.
Desculpe-me, minha filha.
Foi grosseria de minha parte, estupidez, e tudo mais o que você quiser denominar, me perdoe.
Amo você.
Mamãe ou Vovó (se você preferir.).
As coisas se encaminhariam por si só. Sorriu satisfeita. Subiu para o quarto e deixou o babador no travesseiro de Severo junto com um bilhete só queria ver a cara dele quando visse o leão da Grifinória...
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