A queda de Almofadinhas



“Quando estamos felizes o tempo passa rápido.” Hannah estava confirmando essa sentença. O mês de Janeiro passou tão rápido que ela nem pode sentir. Apesar dos ataques e algumas mortes, ela estava feliz, às vezes achava-se egoísta por sentir-se feliz num momento em que o mundo mágico sofria. Mas estar nos braços dele a noite a fazia esquecer de todos os problemas, esquecia o mundo e tudo que havia nele, para ela naqueles momentos a lua era feita para os dois. Há uma semana as detenções com Harry acabaram e Severo fez questão de fazer da última detenção “memorável”. Hannah acabou por discutir com ele dizendo que ele não devia ter feito o que fez. Algumas horas brigados para acabarem reconciliando-se no alto da torre sul.
Acordou na cama dele, mas estava só. Sentou-se cobrindo-se com o lençol. Severo entrou no quarto, um vidro na mão. Ela sabia o que era. Eram as pequenas ações dele fazia Hannah perceber que ele gostava dela. Ele sempre trazia a poção contraceptiva de manhã, sempre preparava com cuidado. Mesmo que eles acordassem juntos. Cuidava dela, se preocupava. Hannah sorriu. Tomou com uma das mãos a poção, bebeu.
Ainda estava um pouco frio, mas a neve já começava a derreter. O calor do Três Vassouras era reconfortante, a mesa estava toda ocupada, eles haviam trocado de turno há pouco tempo. Dumbledore relutou em cancelar as visitas a Hogsmead, não queria pânico entre os alunos, não mais do que eles tinham. Porém a visita havia sido proibida a Harry, que não ficou nada satisfeito, mas acabou conformando-se depois de muitas conversas, apesar de Hannah achar que ele não reclamava mais por que sabia que não teria jeito. Sírius pediu para ficar no castelo, disse que queria fazer companhia a Harry, mas Hannah sabia que ele queria era certificar-se que o garoto não acharia um jeito de sair do castelo por uma das passagens secretas mostradas num mapa muito “útil”. Agradeceu aos céus quando voltaram em segurança para o castelo. Um ataque a Hogsmead não era o que a Ordem precisava. Os que aconteciam por toda Inglaterra já ocupavam demais o tempo livre deles. Subiu para tomar chá com sua mãe quando chegou. Certas coisas não mudavam nunca, e sua mãe era uma delas.
-Mamãe, como você e o papai estão? –testou sabendo que seria repreendida.
-Hannah! –“Bingo!” Minerva estava mais que vermelha, o lábio contraído. Hannah manteu o olhar, dessa vez não se intimidaria. –Estamos bem. –respondeu por fim. Aquilo significava muito, mais do que alguém poderia saber, mas ela... Ela não era “alguém”, era filha dela e sabia o que cada mínima palavra queria dizer. Sorriu para si mesma.
Terça-feira, o dia seguinte seria “Dia dos namorados”, Hannah não esperava nada vindo de Severo, afinal ele não era dado a “Datas de tolos sentimentais”, riu só com o pensamento. Não importava, só estar com ele já era suficiente. Entrou no quarto depois do jantar.
-Juro como ainda vou descobrir como você sabe as senhas de entrada. –falou rindo para o homem de preto que estava sentado no sofá. Jogou-se ao lado dele, e foi abraçada no mesmo momento, ele tinha a cabeça em seus cabelos sentindo o cheiro que desprendia dela, ficaram vários e longos minutos ali, apenas sentindo um ao outro. Mãos entrelaçadas, os corpos colados num abraço que não queria ser solto. Certos momentos eles não precisavam falar. Pouco depois as bocas se colaram e não soltaram mais, Hannah sentiu-se suspender, estava nos braços dele, o melhor lugar de todo mundo.
Beijos no rosto, pescoço, orelhas. Não queria acordar, gemeu de preguiça e virou-se para o outro lado, para longe dele. Como ele podia estar acordado? Mal tinham dormido. A mão dele a puxou pela cintura, passou a morde-lhe de leve, ela riu ainda de olhos fechados.
-Se você não levantar vou começar a fazer com força. –ameaçou. Ela abriu um pouco os olhos e enxergou a claridade do quarto, ele tinha aberto as cortinas. –Vamos, Hannah, ainda tenho de fazer sua poção! –gemeu mais uma vez e virou-se para ele o enlaçando pelo pescoço. Começou a dar beijinhos nos lábios dele, escutou quando ele suspirou, riu.
-Ok. Eu levanto. –e mais rápido que ele pode ver ela estava de pé vestindo o robe, levantou-se também. –Mas nem pense que vou tomar café no salão principal... Nem você. –pegou a mão dele e o fez a abraçar por trás, abriu a porta do quarto, iria pedir o desjejum pela lareira. Severo beijava-lhe o pescoço e acompanhava as passadas dela até a sala do quarto. –Merlin! –exclamou de surpresa.
-Mas que diabos...? –Severo correu o olhar pela sala, estava cheia de flores. Seus olhos encontraram-se com os de quem ele menos queria encontrar.
-O que é isso? –Sírius gritou a plenos pulmões, Hannah não sabia o que responder, os olhos arregalados no susto, ela estava completamente sem fala. Severo não respondeu, mas Hannah sentiu que ele empertigou-se atrás dela e a mão em sua cintura ficou mais possessiva. –Hannah! Responda-me! –ele não baixou o tom. –O que o Ranhoso está fazendo aqui com você? –Hannah respirou. Sírius via tudo vermelho.Ódio.
-Eu pensei que você fosse menos obtuso, Black, ou será que tudo que dizem por ai sobre você e as mulheres é tudo balela...?-a sobrancelha erguida, o meio sorriso, o tom sarcástico. Era melhor ela se movimentar ou um deles sairia morto dali.
-Sírius... -falou com calma na voz apesar de seu coração estar extremamente apertado, não era essa cena que ela imaginava quando Sírius soubesse, mas quem disse que ela havia imaginado? Ela só não estava nada contente com aquela situação. Soltou-se dos braços de Severo (ele ainda relutou em soltá-la) e caminhou em direção a Sírius, viu que ele tentava buscar mais controle do que se tinha notícias de que Sírius havia tido um dia. –Está tudo bem. –falou, mas logo recriminou-se.
-Não, não está! –avançou perigosamente para ela e Hannah deu um passo atrás. –Desde quando você tem me feito de palhaço? Desde quando você tem me traído com esse... Esse... Ranhoso -olhou para Severo, que tinha a mão para trás segurando a varinha, com nojo.
-Espera, Sírius. –levantou uma mão. –Eu não tenho te traído com ninguém, por que eu não tenho mais nada com você há muito tempo. E eu estou com Severo sim e pare de chamá-lo de Ranhoso! –bateu o pé.
-Você está enfeitiçada! É isso! É poção do amor ou maldição império. –ele estava buscado uma explicação que doesse menos a ele, Hannah pode ver em nos olhos dele e isso rasgou o coração dela. –Vou chamar Dumbledore! –virou-se para porta.
-Não, Sírius. –falou com lágrimas nos olhos ela não queria machucá-lo, mas parecia inevitável, ela já tinha o feito. –Pare de tentar achar explicações. Você não teria notado se eu estivesse enfeitiçada? E meu pai já sabe que eu estou com o Severo. –Sírius virou-se e a encarou os olhos dele brilhavam de tristeza.
-Por que você está fazendo isso comigo, eu não sofri o bastante? Amar você não é o bastante? É uma vingança, é isso? Como você conseguiu se transformar numa mulher cruel? Onde está a minha Princesinha? Onde? –urrou e esmurrou a parede.
-Sírius, por favor, não tem nada disso. Eu estou com o Severo por que gosto dele.
-Ah, então essa é a questão. –a olhou com um brilho estranho no olhar. –Você está gostando da aventura de dormir com um assassino. O sangue nos seus lençóis te alucina, Hannah? – ele segurou o braço dela.
-Solte-a, Black! –Snape avançou para os dois.
-Parem...! –as lágrimas não deixavam que ela enxergasse direito. –Sírius, por favor, me solte.
-Tiago deveria ter te deixado na passagem da casa dos gritos, hoje eu vejo que não me arrependo da minha atitude. –empurrou Hannah bruscamente para o lado fazendo-a bater na parede, puxou a varinha e apontou para Severo que já tinha a sua apontada.
-Black, é melhor guardar sua varinha, você não sabe brincar, vai acabar se machucando. –ele provocou. Hannah colocou-se no meio da varinha dos dois.
-Parem! –gritou e ela viu a sala sair de foco, levantou as mãos, concentrou suas forças e chamou as varinhas desarmando os dois. -Severo não piore a situação! –mais uma vez a sala fora de foco, aquilo não era nada bom.
-Hannah, seja sensata. –Sírius a segurou fazendo-a olhar para ele, a mão na cintura dela. –Você quer mesmo ser a concubina de um comensal da morte? Você sabe muito bem que nunca vai poder ser feliz ao lado dele, mesmo depois que essa guerra acabar, se ele ficar vivo vai parar em Azaskaban. Já, nós, podemos nos casar. –chegou perto para beijá-la, Severo sentiu-se queimar e já ia avançar e matar “Aquele Black” quando Hannah empurrou Sírius.
-Não! Não, Sírius! Severo não vai morrer, e eu vou viver o tempo que eu puder ao lado dele, saborear cada minuto. Eu quero estar com ele, não estou com um assassino, estou com a pessoa que ajuda a salvar vidas que seriam perdidas, inclusive a sua, seu imbecil! –ela ficou com raiva. - Pare de querer me convencer de algo que não quero mais. “Hannah e Sírius” acabou há muito tempo e você sabe disso tanto quando eu!
-Então é isso? É isso que você quer fazer com sua vida? Acabar com ela para ser mais exato.
-É isso que eu quero, Sírius, mas não vou acabá-la! –eles se olhavam desafiantes.
-Quero só ver o que vai acontecer a você nas mãos de um assassino. –desafiou.
-O que vem acontecendo há meses. Estou sendo feliz! –estreitou os olhos.
-Eu não conheço mais você. –virou-se chutou as costas do quadro que guinchou e saiu em disparada pelo corredor. Hannah estava tonta, sentiu-se cambalear, e Severo a segurou.
-Hannah? –chamou.
-Não estou me sentindo bem. –demorou a responder. E Severo a suspendeu nos braços.
-Vai ficar tudo bem. –beijou a testa dela e a sala escureceu.
-Hannah. –chamou mais uma vez. Ele havia corrido para colocá-la na cama quando ela desmaiou. –Hannah! –a sacudiu um pouco, mas logo desistiu, iria acabar a machucando. Teve uma idéia, iria apelar. –Dumbledore! Levante-se! –falou autoritário, ela odiava quando ele a chamava daquela forma. “Efeito imediato.”, pensou. Hannah abriu tão pouco os olhos que Severo duvidou que ela estivesse vendo alguma coisa. Sentiu uma tristeza tomá-la, nada tinha acontecido, tudo tinha sido apenas um sonho e Severo a estava acordando para irem tomar café no salão principal.
-Não me chame assim. –mandou.
-Funcionou, não foi? Vou ensinar a Papoula para se por acaso você desmaiar e eu não estiver por perto.
-Eu desmaiei? –ela olhou para cama e para si mesma. Definitivamente ela não tinha dormido daquele jeito. –Oh, Merlin! –levou a mão à boca. –Diga que eu sonhei. Diga, Severo, por favor, diga. Sírius não esteve aqui. Ele não esteve aqui! –falou para si mesma a ultima sentença.
-Sinto muito, mas o Black teve o prazer de estragar o dia.
-Oh, Deus. –enfiou o rosto nas mãos, sentiu as lágrimas voltarem aos olhos.
-Hannah, pare! –ele mandou irritado.
-Ele nunca mais vai querer falar comigo. Nunca mais... Eu não acredito! Essa droga de quadro que todo mundo sabe a senha!
-Grande coisa que ele não vai mais falar com você. Garanto que você está melhor sem ele. O imbecil Black não serve...
-Pare, Severo, por favor, pare! –ela não estava em condições de ouvir o Severo achava de Sírius, ela já tinha de cor.
-Não vou parar! –ele levantou-se, os pulsos cerrados. –Isso tudo é um verdadeiro absurdo! Ele disse tudo aquilo e você ainda está chorando por que o seu querido Black ficou chateado. A vontade que tenho é...
-De matá-lo. –completou. –Vocês não deviam ser inimigos, mas sim amigos, afinal vocês sempre chegam à mesma conclusão. Eu estou triste, Severo. Brigar com o Sírius não é um prazer para mim. Ele é uma pessoa que amo. –pra Severo bastava. Ele olhou profundamente para Hannah, o olhar perigoso, abriu a porta do quarto e a fechou num estrondo. Era exatamente o que Hannah precisava. Mais um motivo para enfiar a cabeça no travesseiro e chorar. Ele tinha entendido tudo errado. Mas não demorou nem quinze minutos para Severo entrar novamente no quarto acompanhado de Dumbledore. Severo não parecia nada “simpático”.
-Você está bem, minha querida? –Alvo sentou-se ao lado dela na cama, Hannah limpou as lágrimas com as costas das mãos.
-Estou...-falou num fiapo de voz.
-Tudo vai ficar bem. –Dumbledore deu tapinhas no ombro dela.
-Papai, ele está muito bravo. Fale com ele, talvez Sírius o escute. Eu não quero que ele me odeie.
-Afinal você o ama, não é? –Severo falou do canto do quarto.
-Você entendeu tudo errado, Severo.
-Eu falarei com ele sim, querida. –Dumbledore há muito tempo havia tomado à resolução de ignorar as pequenas “picuinhas” que Severo e sua filha tinham diariamente, afinal eram irrelevantes. –Vou fazer isso agora mesmo, e já que estás bem é melhor apresar-se para poder dar suas aulas. –beijou a testa da filha, deu uma tapinha nas costas de Severo e saiu. Hannah levantou-se e Severo foi tomando a caminho da porta, mas ela não permitiu pondo-se em frente a ele. O olhou nos olhos por alguns segundos e o abraçou, ele não respondeu o abraço, mas estava sendo difícil conter-se.
-Eu amo o Sírius sim, mas como um amigo. –a mão dela subiu até o pescoço dele, acarinhando. –Mas não como amo Remo, que é como um irmão. –deitou a cabeça no peito dele, escutando as batidas aceleradas. –Mas você... –suspirou e Severo fechou os olhos. –Você é diferente, é algo que nunca senti por ninguém, quando penso em você, eu sinto ao mesmo tempo vontade de sorrir e chorar, só de saber que você está por perto me sinto protegida... –uma mão dele pousou timidamente na cintura dela enquanto a outra subiu para entrelaçar-se com os cabelos dela. –Só de saber que você está me olhando no salão principal eu me sinto especial. E quando você me beija... Merlin! Eu sei que é mais do que desejo... Eu sou mais mulher, eu me sinto completa. Você me completa, Severo. –ela levantou a cabeça e o olhou nos olhos, viu aquele brilho raro, ele fechou os olhos e balançou a cabeça, mas Hannah foi mais rápida e o beijou antes que ele dissesse alguma besteira.

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