Tudo azul
Deitada de bruços observando as formas que a luz cinza fazia na parede clara do seu quarto nas primeiras horas da manhã, suspirou feliz sentindo o peso da cabeça dele em suas costas, de estantes em estantes ele depositava um beijo suave na curva da sua cintura. Como era carinhoso quando queria.
-Lindo dia. -falou sem nem notar deixando a frase escapar de seus pensamentos. Severo levantou a cabeça e ela virou-se para ver o que havia causado o rompimento do toque.
-Igual a todos os outros durante o inverno. Cinza e gelado. -ele respondeu e desviou o rosto da janela à suas costas voltando seu olhar para Hannah que tinha um leve sorriso nos lábios.
-Ainda assim lindo. -retrucou sem nem olhar o pedaço de céu que aparecia pela janela. Severo rolou os olhos e voltou a sua posição inicial, só que desta vez deitando-se sobre a barriga dela.
-Só por hoje não vou reclamar do seu sentimentalismo. -ela riu pelo nariz. -Não acostume-se, é apenas por hoje.
O mundo parecia conspirar para tudo ser belo, ou era ela que estava excessivamente feliz? A neve parecia mais branca, o céu mesmo cinza ela conseguia ver algum azul, o mundo era lindo. As pessoas no salão principal estavam com cara de sono, principalmente Sírius, Remo e Tonks, que havia dormido no castelo, porém apesar de não ter dormido Hannah estava numa animação descomunal.
-Você está feliz demais. -Sírius constatou num bocejo.
-Era melhor que eu estivesse chorando, Sírius Black? -perguntou estreitando os olhos. Estavam no hall de entrada esperando que Remo voltasse dos jardins onde tinha ido "dar uma voltinha" com Tonks.
-Pensa que tenho medo de você, é? -ele riu e a abraçou posicionando a boca para beijá-la perto do pescoço.
-Não, Sírius, assim não. -tirou as mãos dele de sua cintura e o afastou com uma mão, Sírius a olhou e tentou entender por que ela o tinha afastado se ultimamente seus abraços eram tão bem recebidos, só quebrou o contato dos olhos quando ouviu uma risadinha de deboche as suas costas. Virou-se para olhar quem era, só para ter certeza, cerrou os punhos.
-Parece que está perdendo a "mão", não é, Black? -Severo continuava com aquele sorrisinho, pelas costas de Sírius, Hannah fez um sinal negativo para Severo com a cabeça, implorando.
-Sai daqui, Ranhoso, ou vou matar suas saudades dos tempos de escola.-enfiou a mão por dentro da calça e Severo nem se moveu já tendo as duas mãos por dentro da capa.
-É mesmo? Você e quem mais, pelo o que estou vendo não tem mais nenhum Maroto por aqui. Ah, já entendi, você vai virar um cachorro e latir pra mim.
-Ok, vamos parar. -Hannah mandou. -Já tiveram a regressão à infância. É melhor voltarem a idade adulta ou vou tratá-los como criança, e acho que vocês não duvidam nada que eu consiga dar uma detenção nos dois. -deu um sorrisinho falso. Eles não disseram nada, só a olhando. "Que era isso, eles estavam com medo dela?" Segurou-se para não rir, aquilo era bom demais para ser verdade. Manteu o olhar, e como numa sincronia Severo e Sírius viraram-se, cada um para lado opostos e saíram. Severo em direção a porta lateral e Sírius subindo as escadas. Eles achavam mesmo que iam pertubá-la? -Eu não ligo! -falou cantando e riu. A frase serviria para os dois e cada um iria achar que era só pra ele. Continuou rindo, o dia estava tão lindo, nada em todo o universo consiguiria estragar sua felicidade. Nada mesmo.
-Cadê o Sírius? -Tonks perguntou estranhando vê-la sozinha na porta principal, Remo vinha de mãos dadas com a mulher de cabelos verdes.
-Bem simples: -gesticulou com as mãos como se fosse ensinar um feitiço. -Ele e os Snape ficaram no mesmo metro quadrado sem nenhum aluno por perto, então eles se estranharam, xingaram, ameaçaram puxar as varinhas e acabaram por cada um ir para seu quarto.
-Sem nenhum hematoma? -desta vez foi a vez de Remo perguntar e Hannah estava novamente rindo.
-Não!
-E como isso pode acontecer? -Tonks estava boquiaberta.
-Parece que Hannah, como sempre, consegue exercer seu poder sobre as pessoas. -Remo respondeu com um sorrisinho.
-Ow, Remy, não fale assim. Parece que sou algum tipo de manipuladora barata.
-Ah, não, isso nunca. -os três riram.
-Eu acho que o Sírius ficou de alguma forma chateado por eu ter acabado com a briguinha dele.
-Bem provável. -Remo confirmou com a cabeça.
-Então eu vou falar com meu primo e ver se o trago ao mundo dos alegres. -Tonks soltou beijinhos no ar e entrou no castelo, mas não antes de tropeçar nas próprias pernas quando levantou uma delas para subir uma escada.
-Essa garota é completamente maluca. -Hannah riu ainda olhando o espaço onde Tonks havia estado segundos antes.
-Eu sei! -ele olhou apaixonado para onde Hannah olhava, mas logo depois ficou sério. -Você está muito feliz.
-Sírius me disse a mesma coisa, vou começar a pensar que me preferem choramigando pelos cantos. -voltou seu olhar para os olhos castanhos dele.
-Ah, não, claro que não. -balançou a cabeça. -Mas é que fiquei preocupado com nossa conversa de ontem à noite. E se você está feliz assim nós temos duas opções: Ou você tomou a poção, que eu pedi para não tomar, ou você "tomou" o Mestre de Poções. -ele desviou os olhos ficando rubro. Hannah gargalhou.
-Mas olhem o comportado Remo J. Lupin está me fazendo uma pergunta dessas. -fingiu choque.- Digamos que eu preferi a segunda opção, apesar de amargo ele é muito mais gostoso de "tomar".
-Hannah! -ele repreendeu.
-Foi você que perguntou. -deu de ombros.
-Então está tudo bem? -ela confirmou com um aceno. -Você está até com cheiro diferente. -ele riu.
-Estou com o que? -cheirou sua roupa.
-Você não vai conseguir sentir.
-Ah, o faro. O que mudou no meu cheiro, Remo?
-Você está feliz e apaixonada, seus hormônios exalam isso.
-Mas, Remy, eu também estou um me sentindo um tanto culpada.
-Sírius?
-É. Eu sei que não posso contar a ele, mas por outro lado me sinto desconfortável por está escondendo algo dele, nós nunca fazemos isso.
-Eu sei, mas neste casa eu concordo por você esperar um pouco, se ele souber que você está com o Snape...não quero nem pensar.
-Nem eu. -olhou o céu e sorriu mais uma vez pensando na noite anterior.
-Nossa como você está boba. -ele zombou. -Quem de diria que o Snape poderia fazer alguém ficar feliz.
-Remo! -reclamou. -Você sabe muito bem que ele não é tão ruim como pintam.
-Depende do ponto de vista. Comigo ele só é ruim quando eu tento dar uma opnião contrária a dele, mas até que as vezes nos conseguimos ter uma conversa...digamos que amigável.
-Preciso presenciar uma dessas. -rindo.- Remy, tia Cath ontem conversou comigo...- ela tinha que fazer o que tinha prometido.
-Não, Hannah, você não vai se unir aos meus pais com relação a isso, minha decisão já vem de anos. -ele não queria nem ouvir o que ela queria dizer, já sabia.
-Seus pais sentem sua falta, sua família sente, e você também, ou pensa que não vi a forma que você tratava seus sobrinhos? O que custa ir mais até lá, ontem não foi divertido?
-Foi, mas eu sou perigso, Hannah, o que vou precisar fazer para que todos vocês entendam isso, matar uma pessoa? Lá é cheio de crianças o tempo todo, sou um perigo para todos. -ele virou o rosto.
-Vamos ser realistas, você passa o dia inteiro dentro de uma escola, que está cheia de crianças e até hoje você não atacou ninguém, e outra coisa, quando você casar com a Tonks vai viver em outra casa, é isso?
-Não sei o que vou fazer, cada vez fico mais confuso, eu amo a Ninfa, mas tenho medo de um dia perder o controle e atacá-la.
-Você não vai fazer isso, Remy. -chegou mais perto dele puxando o rosto para encará-lo. - Você é bom, tem o coração bom e não iria atacar ninguém sem estar sob o efeito da lua e para isso tem a poção que resolve. Sei que sente falta de sua família, de ver seus sobrinhos crescerem, de estar presente na vida deles. -os olhos estava cheios d'água.
-Estou com medo, Hannah, a guerra tem me feito perder a noção por instantes, a preocupação está fazendo isso. Eu sei e você sabe, ontem quando nós estavamos conversando eu sei que mudei em alguma coisa, senti o lobo dentro de mim se manifestando. -ela fechou os olhos lembrando da cor dos dele na noite anterior.
-Não importa, Remy. -ela o abraçou. -Seja o que for vamos passar juntos e nos ajudar. Juntos vamos conseguir seja o que for.
Aparentemente Remo havia esquecido o que lhe afligia, mas Hannah sabia que em algum ponto de sua cabeça o "eu sou perigoso" ainda martelava, e quando aquilo ia abandoná-lo ela não sabia. Mais risadas, ela olhou em volta, definitivamente eles havia regredido. Como podia quatro adultos estarem sentados no chão jogando snaps explosivos, comendo a maior sorte de doces, falando as besteiras que brotavam em suas cabeças e ainda sentindo-se imensamente felizes por causa disso? Qualquer pessoa que visse aquilo com certeza tentaria interná-los no St. Mungus. Mais uma vez o sapo de chocolate fugiu de Tonks se jogando na lareira que havia no quarto de Remo.
-Hoje eu não estou com sorte. -ela reclamou olhando o chocolate derreter, e Sírius soltou uma gargalhada.
-Ah, Tonks, nem vem com essa que desde que eu me lembre você nunca consegue pegar um sapo de chocolate.
-Não é assim, não. -ela mostrou a língua e Sírius fez uma careta. -Eu já consegui algumas vezes, o problema é que eu nunca consigo acertar o lugar certo, sabe eu miro num lugar e bato exatamente ao contrário. -enquanto ela falava Sírius ia mudando a careta, e Tonks ria.
-Eu não estou vendo isso. -Hannah piscou os olhos várias vezes. -Eu tomei alguma coisa que não devia. Nós voltamos a ter onze anos ou o Sírius voltou? -ela perguntou a Remo tentando se manter séria.
-Acho que ele pensa que tem onze anos. Talvez seja o caso de chamar um medi-bruxo. -Remo respondeu também sério.
-Vocês são dois chatos. -Sírius jogou as cartas no chão e elas explodiram, ele lançou a cabeça pra trás numa risada quando Hannah e Remo pularam no susto.
-Maluco. -Remo balançou a cabeça em negativa, mas com um sorriso discreto nos lábios.
Andou mais rápido que o normal, não era bom que nenhum dos "gentis" alunos da sonserina a visse por ali, chegou à porta dele e bateu rápido, ele a abriu, pela expressão ele não esperava que ela surgisse no meio da tarde, entrou.
-O que...- ele não teve tempo de falar o que queria, ela agarrou-se ao pescoço dele o beijando, Severo a pressionou contra a porta, aprofundando o beijo. Separaram-se, a respiração entrecortada. -Você está mais doce que o normal. -ela riu e Severo pensou que talvez aquela fosse a mais bela visão que um homem podia sonhar em ter, mas ele nunca deixaria ela ficar sabendo.
-Que dizer que eu sou doce. -ela mordeu o lábio inferior.
-Eu não disse isso. -ele levantou uma sobrancelha, mais um sorriso.
-Disse sim. -beijou o pescoço dele, ela o estava provocando.
-Eu só disse que você estava com...-ele não ia conseguir argumetar com ela movendo-se daquela maneira. -Bem, você estava comendo algum doce, o que era? -não era ela que o fazia perder o controle, tinha de ser ao contrário. Ela leventou a cabeça tirando os lábios do pescoço dele, focando os olhos negros, mais uma vez os lábios mordidos, mas desta vez era acompanhado com uma sorrisinho.
-Porque você não tenta descobrir? -desafiou ainda o encarando. Ele estreitou os olhos e o sorriso dela passou para os seus lábios, escostou mais o corpo ao dela e a escutou suspirar quando suas mãos apertaram a cintura.
-Cuidado com o que deseja, Dumbledore. -sussurrou em seu ouvido e mordeu o lóbulo da orelha dela para logo depois beijar os lábios vermelhos.
Último dia do ano e a semana tinha sido tão...maravilhosa. O sorriso estava estampado em seu rosto onde quer que fosse, fizesse o que fizesse. Ela observava Severo escrever alguma coisa num pergaminho, algo que não tinha permitido que ela visse o que a fez reclamar muito e só parou quando ele respondeu que ela saberia em breve numa das reuniões da Ordem, e ela deduziu que era mais um dos relatórios dele. Consiguiu escapar de Sírius depois do café para ficar com Severo na masmorra, com a ajuda de Remo, claro. Estava mexendo nos livros das estantes, muitos, para não dizer a maioria, de magia negra.
-Admirando meus livros? -perguntou com a voz arrastada.
-Terminou? -animada.
-Não. -apertou as têmporas. -Nem vou agora.
-Que foi? -chegou perto pondo as mãos no rosto do homem.
-Nada que uma poção não resolva. -ela o ficou olhando queria perguntar algo que já estava em sua cabeça há alguns dias. Ele levantou e foi até um armário pegou um vidro com um líquido amarelo e virou a boca. Hannah o seguiu com os olhos. Severo virou e ficou olhando sério pra ela com uma sobrancelha levantada. -Qual é o problema?
-Nenhum. Não posso te olhar, não?
-Não gosto. E você tem o péssimo hábito de não usar oclumência com as pessoas que você cria intimidade.
-Já sei disso. -revirou os olhos.
-Então?
-Então...?
-O que você quer, Hannah? -sentou no sofá. -Vamos e sem meias palavras.
-Sua capacidade de gentileza é incrível. -sentou ao lado dele com os braços cruzados.
-Não confunda "gentileza" com "gente lesa". -os lábios dele curvaram um tanto para cima. Legal, agora ele era piadista. E Hannah não conseguiu evitar o sorriso.
-Ok, sr. simpático-snape, eu queria saber sobre o Linney.
-Sobre o Linney? -ele levantou.
-Não exatamente sobre ele, mas sobre aquilo que você me contou. Sabe, sobre Vol...desculpe, sobre você-sabe-quem, saber que tenho um namorado.
-No momento não tem mais importância. Dumbledore falou para esquecermos esse assunto, não foi?
-Mas ele não falou mais nada, aquela não foi a última vez que você foi lá, foi? Veja bem, -começou a contar nos dedos. - Fazem vinte e dois dias, exatamente,que você foi me procurar lá no quarto...
-Vinte e dois dias que fui lhe procurar, não significa que eu fiquei sabendo há vinte e dois, soube depois. -falou demais.
-E o que você foi fazer em meu quarto? -intrigada.
-Não importa! Sobre seu suposto namorado, eu acho que...
-Severo, o que você foi fazer? O que queria me dizer? -ele sentou numa cadeira longe dela, mas não adiantou, Hannah foi atrás, e ficou o olhando esperando uma resposta.
-Queria falar com você.
-E? -fez um sinal com a mão para que ele continuasse.
-E você me mandou embora.
-Eu lembro, mas o que você queria me dizer?
-Eu posso ter a esperança de alguma hora você desistir?
-Não. -ele suspirou.
-Precisava falar com você, porque, eu...-fitou a parede a sua frente -percebi que, não, eu não percebi, já sabia. Mas é que naquele dia eu... O fato é que quando você fica comigo, aqui, dorme comigo aqui, ou se eu dormir lá em seu quarto, -Hannah levantou a sobrancelhas, ele estava buscando palavras, confuso. -bem, eu...-respirou profundamente. -consigo dormir bem e não tenho tantos pesadelos como costumo ter. -ela boquiabriu-se. -Nos dias em nós estavamos brigados eu não consegui dormir sem poção do sono. -ele tomou coragem de levantar a cabeça e olhá-la, e ela estava chorando. -Que foi? -perguntou assustado.
-Nada. -balançou a cabeça e o abraçou, mas ele contiuou sem entender nada.
-Então o que você vai fazer? -Remo perguntou pela milésima vez, nas contas de Hannah, aos cochichos como ela resolveria o "problema".
-Não sei, Remo! Já disse que não sei! -levantou a voz sem perceber.
-O que você não sabe, Princesinha? -Sírius levantou a cabeça num canto onde conversava, também aos cochichos, com Harry. Hannah fez uma cara de desgosto. "Droga!"
-Nada importante, Sírius, algo sobre nossas turmas conjuntas. -tentou disfarçar. "Muita droga!" Porém, graças a algum deus que talvez ela desconhecesse, Sírius parecia mais interessado na sua conversa "íntima" com o afilhado e aceitou de bom grado sua mentira. "Mais uma."
-Ele não liga muito para essas datas, não é? -mais uma vez o tom baixo, ela estava ficando irritada com Remo falando daquele jeito, como se confabulassem, que tramassem algo proibido, escondido. Bem, escondido era, mas...
-Diz que não, porém não acredito. -falou olhando diretamente Sírius. -Mas eu não queria passar o último minuto do ano longe de... -parou, pensou se era seguro, deu de ombros. -Severo.
-Já que não tem que possa fazer isso...Vou ter que fazer, mas não pense que estou me divertindo as suas custas, porém me sinto na obrigação... -deu um sorrisinho.- É ridículo te ver apaixonada deste jeito e , ainda mais, pelo Snape. -sem guardar o riso.
-Poxa, Remo, me ajuda! -reclamou. -Você sempre foi bom nisto.
-Nunca fui! -franziu a testa. -Era bom em arquitetar planos mais elaborados, mas quando era para ajudar casais de namorados...Uma negação.
-É a mesma coisa! -bateu o pé.
-Tá tudo bem mesmo? -Sírius perguntou de onde estava. E eles confimaram com a cabeça.
-Tá vendo? -apontou discretamente Sírius. -A mesma coisa. Um "plano bem elaborado".
-Hannah, isso não necessita de um "plano bem elaborado". Fazer com que Almofadinhas saia de perto da Princesinha no ano novo é praticamente impossível. -"Ótimo!" ela pensou, mas não teve mais coragem de falar.
Desceu mais um dos vários lances de escada que havia passado, o vestido azul e prata dançando com seus movimentos. Entrou num corredor afim de alcançar a escadaria principal, alguns alunos no corredor, todos com o mesmo destino, ficar no salão principal até a hora dos fogos em Hogsmead e depois ir olhá-los do lado de fora, já era mais uma das tradições de Hogwarts. E o viu, o que estava fazendo no primeiro andar? Não importava, ia alguns metros a sua frente, a figura alta, elegante, imponente, poderia passar a noite inteira achando qualidades nele, ah, como podia. E como era lindo, sim, lindo, em todos os sentidos que ela poderia achar na palavra, em todos os sentidos que olhava pra ele. Tão corajoso, ele poderia ser grifinório. Era melhor não falar isso em voz alta, por a amor a sua vida. Será que ele pensava assim sobre ela, será que pensava num "futuro" com ela? Já tinha pensado, diversas vezes, claro que não era como a maioria dos sonhos comuns, Severo não era nada comum, as vezes isso lhe dava um certo medo, era imprevisível, instável. Os olhos fixos no corpo de preto, claro, de preto. Riu boba. E como se sentisse que era observado, Severo virou o rosto e seus olhos pefuraram o dela. Um meio sorriso, um olhar insinuante, os corpo de volta a posição inicial, as vestes farfalhando e sumiu no meio de alunos alegres. Merlin, como ele conseguia fazer aquilo com ela?
Barulho insuportável. Ele podia resumir aquela "festa" com essas duas palavras, os alunos tinham um talento nao para zoada, mesmo em número reduzido. O que diabos Alvo tinha na cabeça para permitir uma baderna daquela? Uma vez havia procurado dentre os arquivos de Hogwarts, e, não para sua surpresa, Alvo era o único diretor na história que havia permitido aquele tipo de "comemoração", o pior de tudo era que ele não só permitia, como organizava, todos os anos, uma "festinha" de final de ano para os alunos que ficavam na escola. Maluco. Alvo era, definitivamente, maluco. E o obrigava a ir. Um absurdo! Porém aquele ano não estava tão ruim, afinal ela estava ali, bem ao seu lado, falando animadamente com Lupin e, claro, com aquela coisa que deram o nome de Black, mas ainda assim era gostoso. Falava com os amigos por cima dele, as vezes sem perceber, as vezes lançando-lhe sorrisos doces quando encostava em seu braço. Que mulher era aquela que o fazia ter vontade de beijá-la ali na frente de todo o salão principal, vontade de mandar o mundo para o inferno e figir para outra galáxia. Talvez, agora, ele fosse o maluco. As pernas se encostaram, e ele pôs a mão no joelho dela, acarinhando, viu os olhos dela no canto o observando e logo em seguida a mão dela desceu e seus dedos se entrelaçaram ao delas. As mãos se tocando, os dedos, as palmas juntas como se fossem uma só, dedos subindo e descendo tocando o que podia da pele da mão dela.
-Olha a bandeira. -Remo debruçou-se sobre ele e falou olhando fixamente para Hannah. Efeito imediato. Uma mão puxada de volta e posta em cima da mesa. Teve vontade de arrebentar aquele lobo idiota, ele precisava falar alguma coisa? Um dia iria ensinar aquele metido a sabe-tudo a manter a língua dentro da boca ou até mesmo dentro da de sua namorada colorida, era mais últil para todos.
-Maldição! -resmungou baixo e pode escutar o barulhinho dela prendendo o riso.
-Vamos, todos. -Dumbledore chamou depois do que, para Severo, pareceu muito tempo. -A torre de astronomia nos aguarda e os fogos de Hogsmead estão loucos para estourar. -Mais barulho, desta vez o som de cadeiras arrastadas misturaram-se as vozes animadas, muito a contragosto levantou, esperou que abrissem espaço, andassem e desaparecessem, mas sua noite não acabaria tão fácil assim, tinha certeza. A viu andar entre os alunos, ia a braços dados com Remo que com o outro braço levava Tonks. Estava inquieta, a cabeça virando-se para os lados. Sírius chegou perto, a abraçou e sorriu. "Tire as patas dela!" Como odiava aquele Maroto. Continuou mexendo-se, mesmo agora estando presa pelo braço de Sírius também. Começou a subir as escadas, olhou para trás. Desistiu e subiu.
Achou um lugar escuro, escondido, mas também não fazia diferença alguma, fazia? Todos estavam muito preocupados olhando para cima. "Idiotas!" Será que não viam que a coisa mais bela que havia no mundo estava bem ali bem no parapeito olhando o céu como eles? "Por Salazar, quando ele havia tornado-se um tolo cego por uma mulher?" O novo ano seria melhor que esse, seria tranquilo, seria feliz, seria...livre? Sempre havia uma pontinha de esperança, talvez amanhã tudo melhorasse, talvez depois... Ela olhou para trás, olhou com cautela todos os rostos, ele tinha de estar ali. Procurou, e mais uma vez, e mais outra. Um brilho nas sombras. Era ele, tinha de ser, o que mais brilharia daquela forma se não fosse aqueles olhos que a hipnotizava? Soltou-se do braço de Sírius, que tentou segurá-la, mas desistiu assim que Remo falou alguma coisa para ele. Afastou alunos que começavam uma contagem regressiva, não viu mais o brilho, não via mais nada na direção que tinha visto, mas continuou. Entrou nas sombras, não viu, sentiu. Encostou em algo e sabia que era ele. Não falou, beijou. Sentiu ele movimentar a varinha. Seguros. Mais beijos. Fogos. Exclamações. Luzes.
-Feliz ano novo. -sorriu mesmo sabendo que ele não podia ver.
-Você é maluca. -afirmou e boca na boca. Hannah sentiu as mãos dele sairem da sua cintura e ir para um lugar que ela não podia sentir, então as mão dele passaram pela sua cabeça, descendo até o pescoço. Sentiu algo gelado no pescoço, e ele colocou a "coisa" escondida dentro do seu vestido, e as mão de Severo voltaram para cintura dela.
-Que é isso? -levantou as mãos para tocar o objeto, mas ele segurou os pulsos.
-Guarde. É seu presente de Natal.
-Mas...
-Eu sei que o Natal já passou, mas não importa. -interrompeu. -Devia ter dado antes, mas isso também não importa. -tomou os lábios dela. -Vá. -mandou, a empurrou um pouco e ela foi, sem saber o que carregava no pescoço, mas sabendo que devia ser muito importante apesar da vezes que ele disse "não importa".
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