O fim
Assim que entraram de volta na sala redonda o minístro e o diretor os esperavam lá, ambos com um enorme sorriso no rosto. Hannah segurava o braço esquerdo que doia bastante, Remo parecia sereno como sempre, porém os olhos estavam levemente ajitados traindo sua imagem, e Sírius, bem Sírius tinha uma sorriso distinto e não tirava os olhos de Hannah.
-Oh, meus queridos. -Dumbledore veio andando em direção deles com os braços abertos. -Que maravilha. Que maravilha. -ele os abraçou e Hannah soltou um gemido de dor por causa do braço. -Que houve, meu bem? -ele perguntou passando a mão no rosto e depois segurando o braço.
-Cai por cima dele. -disse segurando uma careta enquanto o pai mexia dolorosamente em seu braço.
-Nada que Papoula não resolva. Prefere ir logo para Hogwarts ou aguenta ir a reunião da Ordem?
-Vou para reunião. -respondeu ativamente.
-Foi o que pensei. -ele sorriu e piscou. -E vocês, rapazes? Tudo bem? -ele olhou os homens de cima a baixo a procura de alguma coisa quebrada.
-Comigo tudo ótimo. -respondeu Sírius. -Onde está Harry? Ele estava lutando com os comensais, ele está bem? -Hannah franziu a testa e Remo e Arthur olharam Sírius com grande interesse, mas Dumbledore não demonstrou nada de diferente, apenas sorriu.
-Ele está bem sim. Nós temos muito o que conversar, vamos indo. Como você se sente, Remo?
-Bem, só com os joelhos um pouco doloridos.
-Ótimo. Vamos, vamos.
Eles seguiram para saída, Hannah de instante em instante olhava para Sírius, ele parecia bem feliz para uma pessoa que estava morta, e que história era essa que Harry estava lutando com comensais? No meio do caminho Dumbledore começou a conjurar seu patrono para chamar a Ordem, o fez várias vezes, quando chegaram ao hall do ministério, eles aparataram até uma rua suja, próxima a casa onde Sírius havia morado, Hannah sabia que a Mansão Black era a sede da Ordem, porém só havia estado lá quando adolescente, ainda namorava Sírius e foi uma das poucas vezes em que os familiares do namorado estavam ausentes e ela foi lá, não era querida pela madame Black, pois era considerada uma "traidora do sangue". O grupo parou de repente e Hannah sabia que tinha de mentalizar o local que queria entrar, o fez e no meio das duas casas outra surgiu: A Mansão Black.
Um a um, pé ante pé eles entraram e se dirigiram para cozinha e para grande surpresa de Hannah Severo estava lá sentado numa das cadeiras ao redor da mesa, com a cara emburrada e os braços cruzados, era um único membro da Ordem que havia chegado. Viu Sírius olhar com desdém para Severo e depois virar-se para ela, olhou para o braço que ela ainda segurava.
-Vem cá. -ele a puxou para perto de um balcão que não estava sujo como Hannah imaginou que estaria, aquilo devia ter o dedo de Molly, pensou. Colocou as mãos na cintura dela e a levantou fazendo com que ela sentasse no balcão, ele abriu as gavetas a procura de alguma coisa, que não achou. -Será possível? -reclamou e saiu abrindo mais gavetas. Hannah olhou para Severo que desviou o rosto, ela ainda tentou se comunicar com ele, mas sua cabeça doeu na tentativa. Sírius voltou com um pedaço de pano. -Aqui! Mudaram as coisas de lugar. -ele estava prendendo o braço dela com o pano como se fosse uma tipóia, por cima do ombro de Sírius ela viu os olhos de Severo queimando e leu nos lábios dele um xingamento que ela preferiu acreditar que tinha entendido errado. -Melhor assim? -Sírius perguntou num sorriso.
-Melhor. Obrigada, Sírius.
-Sírius, -Dumbledore chamou. -é melhor você não participar da reunião.
-Por que?
-É uma longa conversa, depois a teremos sim? Agora suba por favor. -Sírius olhou estranho sem enteder.
-Não vai embora antes de falar comigo, sim? -pediu a Hannah que concordou com a cabeça, ele a desceu do balcão e a beijou na bochecha. Andou para a porta da cozinha deu um tapinha no ombro de Remo. -Quero falar contigo depois. -piscou e saiu. Hannah ficou ainda olhando para o vazio, o que tinha acontecido? Andou até a mesa e sentou ao lado de Remo com três cadeiras de distância de Severo, o amigo segurou-lhe a mão em sinal de apoio. Logo os membros da Ordem chegaram e foram tomando os lugares na mesa, Tonks sentou do outro lado de Remo e sorriu para Hannah que tentou retribuir, estava tão cansada, com dor e confusa.
-Que foi isso no braço? -Tonks perguntou preocupada.
-Nada demais. Logo saberá.
-Boa tarde. -Dumbledore começou. Tarde? Que horas são? - Precisei chamá-los, assim de última hora, pois tenho um importante aviso. Primeiro deixe-me apresentá-lhes minha filha, de quem já lhes falei, Hannah. -ele apontou a filha. -Depois se apresentem e façam as honras da casa. -ele sorriu e piscou. -Mas o aviso. Há algum tempo venho tentando descobrir uma maneira de trazer Sírius Black de volta. -as pessoas soltaram uma exclamação. -Descobri e hoje com o maravilho trabalho de Hannah, Remo e Severo, nós conseguimos. -as reações foram diversas, mas todas denotavam surpresa. -Ele está vivo e bem. Está no quarto dele neste momento, porém vocês não terão o prazer de ter com ele hoje, já que, aparentimente, Sírius não tem noção do tempo que passou preso no arco. Eu vou conversar com ele agora e vocês podem voltar aos seus afazeres. Até mais. -as pessoas foram levantando logo depois de Dumbledore. -Vocês dois fiquem aqui, sim? -disse a Remo e Hannah e subiu as escadas da casa. Hannah viu Severo sair depressa da casa e os membros da Ordem vieram cumprimentá-la, se apresentar e oferecer alguma ajuda que ela precisasse, depois que todos foram embora e que ela e Remo explicaram ao menos três vezes a Tonks tudo que havia acontecido eles sentaram no sofá a espera do retorno de Dumbledore e Sírius.
-Severo está com ráiva. -Hannah disse a Remo com a cabeça encostada no ombro dele.
-Ele viu quando Sírius te beijou.
-Eu sei.
-Você não está só sentindo dor no braço, não é?
-Não. Doi minha cabeça e é como se eu tivesse muito fraca. E você?
-Da mesma forma. Snape também deve estar sentindo. Você...você viu coisas não foi?
-Vi, você também, né?
-Também, mas eu gritei?
-Não, eu não ouvi, mas teve uma hora que vocês desapareceram.
-Foi nessa hora que você gritou?
-Eu não gritei.
-Gritou sim. Muito. Que era que você via?
-Eu não gritei não, me segurei o tempo todo, nem quando ela me tocou eu gritei.
-Te tocou? O que apareceu pra mim não me tocou. Quem era?
-Bellatrix. E depois Severo. -Remo abriu a boca, mas fechou logo em seguida. -Ela tocou minhas temporas e foi uma dor terrível.
-E Snape fazia o que lá?
-Beijava a Lestrange e depois vinha me torturar também.-ela tremeu levemente- O que você viu?
-Tonks e ela me dizia coisas horríveis, depois o lobisomem que me mordeu, e meus pais -ele engoliu- eu os vi mortos. Foi terrível. Eu tentei acreditar que não era real, mas...
-Eu sei. -ela lembrou quando Severo tentou soltar a mão dela, será que o que ele viu era pior que tudo isso? Dumbledore entrou na sala com Sírius acompanhando, porém, agora, ele não parecia tão feliz, devia ser difícil aceitar que você morreu. Ele passou pelo sofá e jogou-se numa poltrona curvando-se sobre os joelhos.
-Sírius vai ficar em Hogwarts pelo menos durante esse mês, mas eu só quero que ele chegue quando os alunos já não estiverem mais passeando pelos corredores. Então, Remo você fica aqui com ele e quando o horário for propício vocês desaparatam para os portões. Eu estarei esperando.
-Também vou ficar. -Hannah disse.
-Tem certeza? Não é melhor voltar e ver como está esse braço? -Dumbledore.
-Tenho.
-Já me vou. Eu mando um sinal para vocês sairem. É melhor comerem algo, acredito que Molly guarda algumas coisas aqui. -ele sorriu, deu "tchauzinhos" e saiu. Hannah levantou e foi em direção a cozinha.
-Onde vai? -Sírius perguntou levantando os olhos.
-Ver o que nós podemos fazer para comer. -respondeu achando estranho a pergunta para uma resposta tão óbvia.
-Não. -ele levantou. -Eu vou. Você está machucada.
-O braço que eu seguro a varinha não sofreu nada, e eu não sei se você lembra, mas eu já tive machucados priores que esse e continuei viva.
-Hannah, é melhor não mesmo, deixe que eu e Sírius resolvemos isso.
-Nem morta que eu vou comer qualquer coisa que vocês cozinharem.
-Eu sei cozinhar. -afirmou Remo.
-E eu morei sozinho um tempão. -Sírius parecia orgulhoso.
-Remo, em você eu até confio. Mas, Sírius, nem se você morasse sozinho durante um milhão de anos...-ela riu. -Vamos todos para cozinha. Satisfeitos?
-Não muito. -Sírius cruzou os braços. Hannah entrou na cozinha e tirou a varinha, apontava para as gavetas dos armários a procura dos mantimentos. -Aqui tem pão. -Sírius mostrou um pacote.
-Ótimo. -Hannah tinha encontrado alguns legumes. -Alguém quer sopa?
-Por mim tudo bem. -Remo estava mais animado. -Sírius onde você escondia aquelas cervejas amanteigadas? Será que ainda estão lá. -Sírius saiu correndo da cozinha.
-Vocês escondiam cerveja amanteigada? -Hannah perguntou surpresa.
-Eu não. -Remo tinha o ar divertido. -Mas Sírius roubava da cozinha e escondia para tomarmos sem Molly reclamar que estavamos bebendo demais.
-Você não escondia, mas tinha parte nisso. -Hannah olhou com um falso olhar reprovador e Remo riu. -Sempre os mesmos. -Sírius entrou nas cozinha com os braços cheios de garrafas, eram dez ou mais. -Tudo isso?
-"Tudo"? -Sírius olhou espantado. -Só sobrou isso! -ele colocou as garrafas em cima da mesa e Hannah agitou a varinha fazendo panelas voarem e facas cortarem os legumes por si só, depois que a sopa cozinhou ela agitou a varinha novamente e os pratos se encheram do líquido fumegante.
-Não é boa como a da Molly, mas eu estou com fome. -Hannah disse levantou a colher a boca.
-Está ótima, princesinha. -Sírius disse. -E pensar que é a primeira coisa que eu como em quase um ano e meio. -ele sorriu triste.
-Sírius...-Hannah nem sabia o que dizer.
-Eu não senti o tempo passar, quando saí e vi vocês pensei que a luta com os comensais tivesse acabado e vocês tinham ido me tirar logo em seguida. Eu estava morto.
-Mas já passou. -Remo disse dando palmadinhas no ombro dele. -Acabou. Você voltou.
-E a nossa princesinha também. -ele riu. -Eu pensei que nunca mais ia te ver, não aqui, até pensei em arquitetar um plano e descobrir onde você estava. O que te fez voltar?
-Estava na hora de volta. Acabou meu tempo de fuga. Papai precisava de mim.
-Ah, é você ensina feitiços agora.
-Não era só isso, Sírius. -Remo falou. -Precisavamos dela para que você pudesse voltar.
-Eu sei. Vocês dois foram demais. Como funcionou?
-Eramos três. -Remo comçou a explicar. -Snape também estava lá. -Sírius abriu a boca, mas nada falou. Hannah abaixou a cabeça. -Você foi trazido de volta pelos seus sentimentos. O que você sente por mim, Hannah e Snape. Isso e a magia que Hannah convocou trouxe você de volta.
-O Ranhoso ajudou? -eles estava surpreso.
-Não o chame assim! -Hannah censurou. -Se você está aqui hoje é por causa dele também.
-Desculpe, mas você não quer que eu vire amiguinho dele agora e vá brincar com o "kit de química" dele, não é? -Hannah não respondeu, levantou e levou o prato até a pia. -Ele não vai ficar com ráiva de mim por causa do ranhoso, vai? -ele perguntou baixo a Remo que deu de ombros e o olhou com um olhar reprovador. -Ótimo! Meus amigos viraram admiradores do seboso.
-É melhor parar ou ela vai ficar com ráiva. -Remo acrescentou num cochicho. Hannah foi até eles e puxou o prato de Sírius.
-Terminaram? -ela estreitou os olhos.
-Não. -Sírius respondeu.
-Terminou! -ela disse e virou as costas e voltou para a pia. -E falem mais baixo que eu escutei tudo. Estão destreinados! -os homens se olharam e reviraram os olhos e Sírius fez com a boca um "Ótimo!".
Depois que a cozinha já estava arrumada, o que não demorou, eles voltaram a sala. Hannah sentou no sofá com Remo e Sírius sentou na mesma poltrona que havia sentado mais cedo só que agora ele jogou os pés na mesinha de centro.
-Eu perdi tanto. -disse olhando as botas.
-Você vai recuperar, Sírius. -Hannah falou com ele.
-Espero que sim. Digamos que não deve ser muito difícil não é? Depois de passar doze anos preso, ser o primeiro a fugir de azaskaban, quase receber o beijo do dementador, ser preso novamente, fugir num hipogrifo, viver outro ano escondido andando pelo mundo, depois mais um ano escondido em casa. -ele ia contando nos dedos. - É. Recuperar quase um ano e meio dado como morto não vai ser nada mesmo.
-E mesmo passando por tudo isso o Almofadinhas não deixa de ser convencido. Talvez seja por isso que você fez tudo isso, por achar que tudo, de alguma forma, daria certo. Nós chamariamos isso de loucura, mas como se trata de você, e nós somos seus amigo, vamos chamar de excesso de confiança. -Remo disse e colocou um sorriso nos lábios.
-Mas se fosse de outro jeito eu não seria o Almofadinhas!
-"Uma vez Maroto, sempre Maroto." -Hannah disse sorrindo. -Vocês não vão mudar nunca.
-Eu não, nem o Aluado, mas aquele nojeto do Pedro... -ele fechou as mãos.
-Será que nós podemos evitar certos assuntos? Só por hoje, estou cansada.
-Melhor mesmo, Almofadinhas.
-Tudo bem. Então, deixe-me ver o que mais preciso saber...Dumbledore já me informou sobre o andamento da Ordem, Harry, Hogwarts, comensais... -ele disse todas as coisas que o velho diretor havia falado que abragia todo mundo mágico. - porém -ele levantou um dedo. - ele não me explicou onde foram parar minhas roupas. -todos riram. -Já olhei no meu armário e não tem n-a-d-a. Faz mais de um ano, apesar que eu não tenha percebido, que uso a mesma roupa. O que vou fazer? -ele pôs as mãos na cabeça fingindo preocupação, Hannah estava rindo tanto que suas preocupações foram deixadas de lado por um tempo, era tão bom ficar entre seus antigos amigos, os amigos da sua vida inteira, que de certa forma nunca saíram de sua mente, ainda devia desculpas a Sírius, aquela seria uma longa conversa.
-Amanhã vou até hogsmead e compro algumas roupas para você. -Hannah disse entre as risadas deles.
-Nada extravagante. -ele exigiu.
-Nada extravagante. -ela levantou a mão como se jurasse.
-Ah, não. É melhor o Remo ir.
-Já disse que não vou comprar nada extravagante.
-Mas você vai comprar minha roupa de baixo? -Hannah não aguentou juntou suas risadas a gargalhada de Remo, ele ria tanto que Hannah teve medo que lhe faltasse ar.
-Sírius, sabe quem sou? -ela levantou e foi balançar a mão na frente dele. -Sou eu , Hannah, a Princesinha. -ela riu e olhou para Remo. -Aluado, eu acho que ela está delirando, não me conhece mais.- ela riu e sentiu se puxada por trás, caiu em cima de Sírius que começou a fazer cócegas nela.
-Sei muito bem quem é você. -ele ria.
-Espera, espera. Meu braço. -ele parou instantaneamente.
-Desculpe, esqueci. -ele a ajudou a levantar.
-Almofadinhas, -Remo ficou de pé quando Hannah sentou, ela olhou querendo entender qual era a idéia. -tenho algo a dizer, algo que não pode participar, -os dois amigos olhavam curiosos para Remo. -algo que acho, eu, que Dumbledore não contou, -Remo estava nervoso? - é algo muito importante e...
-O que foi, Remo? -Sírius levantou. -Quem morreu?
-Não, é que a Tonks...
-Tonks morreu. Meu Deus! -ele sentou pálido na cadeira.
-Não! -Hannah e Remo gritaram.
-Então, por Godric, o que aconteceu?
-Nós, eu e Tonks,...nós vamos casar. Eu a pedi em casamento e queria saber... -ele foi interrompido por um abraço apertado de Sírius.
-Eu sabia! - ele balançava Remo pelos ombros.- A Tonks tem muita sorte, cara. E você também! -ele o abraçou mais uma vez.
-E eu quero que você seja meu padrinho. -Sírius sorriu bobo, mas Hannah viu os olhos brilharem, ele estava emocionado.
-Com o maior prazer. Quem é a madrinha? -Remo olhou para Hannah que sorriu. -Bem, então finalmente estaremos juntos num altar. É claro que a próxima vez será no nosso casamento. -ele piscou.
-Ah, tá bom. -Hannah debochou.
-Não acredita, é? Não tem problema, você estará lá pra ver.
A tarde passou e os amigos continuaram conversando, as vezes Severo aparecia na mente de Hannah para logo ser substituido por uma piadinha de Sírius ou um comentário de Remo. Quando a fome chegou eles concordaram em permitir que Remo demonstrasse seus "dotes culinários", depois do "jantar", eles ainda tiveram de escutar muitas vezes Sírius dizer que também podia cozinhar e que não estava tão bom assim. Hannah achou que estava bom sim, apesar dela não conseguir identificar o que tinha comido. A noite caiu e eles esperavam alguns sinal que deveriam partir, Hannah olhava da janela da sala enquanto Remo olhava pela cozinha patrulhando a janela e a lareira, e Sírius andava pelo primeiro andar. Até que Hannah viu fagulhas vermelhas brilharem no céu "É isso!" foi correndo para cozinha para avisar a Remo, o encotrou no corredor.
-Fagulhas vermelhas. -falaram ao mesmo tempo que Sírius descia as escadas.
-Vi fagulhas vermelhas.
-Nós também. -Hannah disse.
-Vamos então. -Remo chamou.
Os três sairam da casa e um vento frio bateu em seus corpos, Hannah apertou a capa, estava uma noite fria e eles andavam rápidos, não se sabe se para se aquecer, para não serem vistos, ou para chegarem o mais rápido possível ao seu destino. Hannah preferia pensar que era pelos três motivos, quando chegaram a uma esquina escura e deserta, Remo fez um sinal com a cabeça para que desaparatassem, Hannah deu um passo para frente e girou o corpo quando conseguiu respirar novamente já estava na frente dos portões da escola com os dois homens ao seu lado, Remo tocou com sua varinha nas correntes que abriram, atravessaram os jardins e passaram pela grande porta de carvalho, assim que puseram os pés no hall um senhor de longas barbas apareceu no topo da escada.
-Muito bom. Muito bom. -tinha um sorriso nos lábios. -Os três para enfermaria. -Hannah gemeu, odiava a enfermaria. -Depois todos para cama, o dia foi bem logo e amanhã nós conversaremos. -eles foram subindo as escadas. -Vou acompanhá-los para que ninguém -ele olhou profundamente para Hannah. -tente fugir dos remédios. -foram andando em silêncio, só aí Hannah sentiu o quanto estava cansada e como seu corpo doía em lugares bem estranhos, pensou em Severo, a preocupação retornou a sua mente, ele havia ficado chateado, ela tinha certeza, saiu daquela forma da casa de Sírius, nem a olhava nos olhos. Tinha sono, mas iria até as masmorras assim que saísse da enfermaria, tinha que vê-lo, ela teve a tarde inteira de conversar "leves" com os amigos, mas ele provavelmente não, ela nem fazia idéia se ele tinha amigos, e trazer Sírius de volta não tinha sido fácil, perderam muita energia e as coisas que ela e Remo havia visto, ele deve ter visto também, mas o que? -Papoula. -Dumbledore chamou quando entraram na enfermaria que estava mergulha numa penumbra, Hannah olhou para um canto onde havia um biombo, devia ser Gina Weasley, ela já estava bem, mas Madame Ponfrey "adorava" segurar as pessoas um pouquinho mais.
-Ah, Prof. Dumbledore, eles chegaram? -ela saiu da sua sala.
-Sim, sim. Hannah machucou o braço, Remo os joelhos e Sírius parece não ter sofrido nada, -a mulher olhava fixamente para Sírius, lógico que Dumbledore já havia falado com ela sobre o acontecido, ou ela teria gritado quando o homem apareceu, mas ela ainda parecia bem espantada. -mas mesmo assim quero que você o examine.
-Sim, senhor. Vamos, cada um numa cama.
-Nós não vamos precisar dormir aqui não, não é? -Hannah perguntou com receio.
-Creio que não. Posso consertar seu braço num instante. -a medi-bruxa respondeu meio aborrecida e Sírius estrangulou uma risadinha.
-Já que não precisam de mim aqui... Boa noite. -Dumbledore falou e já ia dando as costas quando Hannah chamou. -Sim, querida?
-Preciso falar com o senhor. Tem um minuto?
-Claro. -ele fez um aceno com a mão a chamando para aproximar-se, ela desceu da cama e foi pra bem junto dele observando se as outras pessoas na sala estavam preocupadas com seus próprios problemas.
-Papai, onde está Severo? -ela não soube bem o que a fez fazer aquela pergunta, lógico que ele estava no quarto dele, ou ela queria que ele estivesse no hall a noite inteira a esperando?
-Ele foi chamado, meu bem. -ela percebeu um tom de preocupação.
-Mas ele não deve está bem, eu não estou, nem Remo. Ele também não deve está. Você não deveria ter deixado ir, papai. -ela reclamou, por que não tinha voltado a Hogwarts, poderia ter impedido.
-Ninguém podia impedir, nem você. É pior pra ele se não for. Nada vai acontecer a ele.
-Ele está fraco, papai. Preciso vê-lo. -falou baixo.
-Não! -proibiu. -Não vá. Espere para amanhã.
-Porque?
-Só me obedeça. -ele colocou as mãos no rosto dela. -Faça o que estou dizendo, vá para seu quarto e durma. Oh, Deus onde estou com a cabeça?- ele virou-se e foi até onde Sírius estava. -Esqueci de dizer em que quarto está. No quarto andar, no corredor maior, a terceira porta fica em frente a uma janela. Acho que não vai ter problema em encontrar.
-Não vou mesmo.
-Boa noite. -Dumbledore se despediu mais uma vez e beijou o rosto da filha não sem antes da-lhe um olhar profundo.
-Vamos ver esse braço. -Madame Ponfrey disse tirado o pano que Sírius havia colocado.
-Ai! -Hannah gemeu quando a senhora tocou o braço inchado.
-Vai ter que ficar imobilizado por uns dois dias. -a senhora balançou a cabeça. -Demorou muito. Eu poderia resolver isso num aceno da varinha se tivesse vindo na hora. -ela acenou com a varinha murmurando palavras, o braço de Hannah esquentou e esfriou rápido, a dor passou, e ela mexeu um pouco o braço. -Não movimente! Tenha cuidado, pois não está totalmente cicatrizado, se você machucá-lo enquanto está assim vai ser pior. - ela colocou uma tipóia no braço de Hannah. -Podem ir. Não esqueça de tomar essas poções. -disse a Sírius. -Boa noite. -e deu um enorme sorriso para Remo.
-Ela sempre gostou mais de você. -Sírius disse quando sairam da enfermaria.
-Ela sempre teve pena de mim...
-E olhe que ele já até brigou na enfermaria. -Hannah acrescentou.
-Você brigou lá? -Sírius estava pasmo. -E ela não te matou?
-Não. -ele respondeu simplesmente.
-Com quem você brigou?
-Isso é uma longa história. -Hannah disse e beijou os dois amigos. -Boa noite.
-Boa noite. -os dois responderam e ela entrou pela passagem que Remo havia lhe ensinado.
Hannah chegou ao quarto e depois de tomar um banho e colocar a camisola ela tentou dormir, virou e revirou na cama, colocou o travesseiro no rosto deitou do outro lada da cama, e nada de conseguir dormir, ela estava cansada, com sono, mas não conseguia de forma alguma dormir. Levantou, foi até a janela e a abriu, um vento gelado entrou no quarto, mas ela nem se importou, curvou-se no parapeito e ficou observando os jardins, o céu e a floresta, já estava lá a mais de uma hora quando ela percebeu os portões se movendo, ela apertou os olhos tentando ver, ela viu o vulto alto "Severo!", num impulso ela puxou o robe e desceu as escadas vestindo, entrou pela passagem de Remo, por alí era muito mais rápido, correu pulando os degraus de dois em dois, chegou a um corredor no térreo, correu e entrou por uma porta que dava nas masmorras, ela não fazia idéia da hora, correu até encontrar a porta do quarto dele, bateu. Ele abriu ainda vestido com a roupa, que Hannah reconheceu, de comensal.
-O que quer? -ele perguntou ríspido.
-Falar com você. -ela tentou manter a voz o mais doce possível.
-É tarde.
-Cinco minutos. -ela entrou antes que fosse permitido e ele afastou-se como se tocar nela queimasse. Ela ficou olhando pra ele tentando absorver algo do homem que ela conhecia por trás daquela máscara.
-Quatro minutos. É melhor falar.
-Você está bem?
-Estou ótimo, não está vendo? -respondeu com um sorriso amargo.
-Severo, não fale assim comigo. Por favor, não me trate assim. -pediu.
-Estou tratando você como merece ser tratada. Três minutos.
-Severo, eu não fiz nada com você. -ele gargalhou e Hannah tremeu.
-Realmente. Comigo você não fez nada. Fez com ele. Com o Black. -ele se aproximou. -Me diga. O que pensa que sou? Um idiota que você passa o seu tempo enquanto o maravilhoso Black não chega pra te beijar na minha frente. Eu não aceito ser traído por ninguém, mesmo que seja pela menina dos "olhos do mundo mágico", a filha de Dumbledore.-ele mantinha a voz baixa e Hannah começou a chorar.
-Eu não tive culpa. Eu não sabia que ele ia me beijar, eu me afastei dele, eu não queria. -ele chegou mais perto e ela estava com medo dele.
-Mas permitiu que ele colocasse as mãos em você, não foi? -ele a segurou onde Sírius havia segurado, só que ele não estava sendo gentil, não, ele estava apertando e começava a machucá-la. -Permitiu que ele ficasse entre suas pernas. -ele apertou mais forte. Ele a olhava de uma forma que nunca tinha olhado, era desejo e ódio.
-Ele estava me ajudando, o meu braço estava machucado. -ele olhou o braço dela preso na tipóia. -E você está me machucando. -ela o olhou nos olhos e ele a empurrou fazendo com que ela batesse de leve na parede.
-Seu tempo acabou.
-Severo, não faz isso.
-Não quero mais olhar pra você. Nem ouvir sua voz. Nem nada vindo de você. Fora!
-Severo, por favor, não faça isso comigo. Não faça com você. Pare de tentar se machucar. -ele avançou pra cima dela.
-Quem disse que estou fazendo algo comigo? Acha que eu estou apaixonado por você?-debochou.- Eu só vou perder uma das mulheres que posso ter na minha cama. Você só foi mais uma. -ele encostou o corpo no dela. -Só mais uma. -disse bem próximo ao ouvido dela. Hannah o empurrou com a mão livre e com certeza liberou algum tempo de mágia, pois não conseguiria tirar Severo de perto dela com uma mão livre, chorando correu para porta e saiu. "Acabou. Acabou. Acabou" ela repetia e cada vez seu coração apertava e doía mais, ela corria e lá fora uma chuva fina acompanhava suas lágrimas. Nas masmorras Severo sentou no chão encostado na parede.
-Acabou. -disse afundando o rosto nas mãos.
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