Mais uma vez



O dia passou normalmente com a diferença de que ela era parada nos corredores por alunos sempre preocupados se ela estava bem. Ela foi para sua sala logo após o jantar, seu pai disse que era melhor não se reunirem hoje, já que Remo estava impossibilitado, e não era bom testá-la hoje. Depois de responder uma série de perguntas vindas de sua mãe ela pode seguir seu caminho traquilamente. Olhou o relógio, os alunos já havia sido recolhidos, Severo deveria chegar logo. Dito e feito. O quadro avisou que havia alguém a porta e Hannah foi abrir. Severo entrou sem mesmo ser convidado, mas Hannah não deu importância, ele não precisava de convite.
-Como foi o dia? -ela perguntou.
-Essas pestes estão cada vez piores, e a grifinória tem um talento especial para fracassos em poções. -ela fez uma careta.
-Quando nós estudavamos não era assim!
-Hoje em dia é!
-Draco não está mais te seguindo?
-Não. -disse cansado e sentou. -Não sei se isso é bom ou se é ruim.
-Como assim?
-Ele estava me seguindo por vontade própria, para ver se conseguia me pegar e me entregar ao Lord, e assim ganhar a marca e já entrar para os comensais com "aquele-que-pegou-o-traidor".
-Ah, Severo.
-Eu sei. Lucius falou com ele, e bem, ele veio me pedir desculpas. Eu só espero que essa idéia idiota de tornar-se comensal da morte saia da cabeça oca do Draco.
-Isso é difícil...
-Mas eu vou continuar tentando. Agora só me explique como você encontrou o Lucius? -Hannah sentou-se no sofá e Severo próximo a ela numa poltrona. Começou a contar todo o acontecido, sentiu um leve tremor na espinha, porém atribuiu essa sensação ao frio da noite, e não ao possível medo que ela poderia ter. Severo não disse nem uma palavra até que ela terminasse todo o relato. -Então você não foi procurar o Lucius?
-Eu já disse que não!- em tom aborrecido. -Não ouviu tudo que eu disse? Não sabia que ele estaria alí, até agora não sei o que fazia lá. Era meu caminho, estava indo até a sala que dou as aulas extras do 7° ano.
-Draco...!
-Anh?
-Ele deve ter ido falar com Draco...Alguém deve ter-lhe dito que ele teria essa aula no primeiro andar.
-Isso! Ao menos eu espero que tenha sido isso mesmo, e que ele tenha me encontrado por acaso...- disse as últimas palavras baixo, mas mesmo assim ele ouviu.
-O que quer dizer com isso?
-Não sei...É que ele disse que...Vol...-ele amarrou a cara- Você-sabe-quem me quer a muito tempo. Você sabia disso?
-Hannah, isso não tem importância neste momento.
-Você sabia, Severo? Você sabia que ele estava atrás de mim? -ele não respondeu. -Sabia? -estava irritada ele não podia esconder isso dela.
-Sabia. Mas eu já disse que não tem importância.
-Não tem importância? Não tem importância? Como pode escoder isso de mim?
-De que iria adiantar? -agora ele estava irritado. -Quem precisa saber já sabe.
-Eu não acredito nisso, não acredito. Eu não iria saber nunca, a não ser, é claro, quando ele me pegasse, já que eu não posso me proteger, pois não sei que aquele maniaco quer minha cabeça! -levantou do sofá e apoiou-se na lareira.
-Ah, Hannah, por favor, não comece esse drama. Seu pai lhe protegeu todo esse tempo enquanto você esteve morando não sei onde. E o Lord não quer sua cabeça, quer você. Morta não serviria pra nada.
-Quando iria me contar, Severo?
-Isso não tem a mínima relavância.
-Quando, Severo?
-Nunca.
-Saia!
-Por Merlin, Hannah, eu não podia.
-Não posso confiar em você. Saia!
-Ótimo. Não confie. Sabe qual é seu problema? -ela não olhava pra ele. -Você é amada demais, protegida demais, Alvo devia deixar que, uma vez na sua vida, você sofresse e deixasse de ser mimada. Sofrer, Hannah, devia esperimentar. Vive numa bolha, preocupada com seu mundo, enquanto lá fora tem uma guerra, você se importa se eu trato bem ou não as pessoas. -ele falava na sua voz letal.
-Eu já sofri, Severo. Perdi meus amigos, pessoas que eu amava. Perdi Lílian, Tiago e Sírius. Você está sendo injusto comigo.
-Ah, claro. Black.- ele levantou as mãos.- Nunca vai superar ter julgado errado o Black, não é? O namoradinho. O amor da sua vida. "O casal simpatia." não era assim o nome que eles davam a vocês?-disse com desprezo.
-É eu errei com ele, mas ele não era mais meu namorado. E eu amo o Sírius sim. Não como você pensa, mas ele foi uma pessoa importânte pra mim e vai continuar sendo. -ela chorava.- Eu fui noiva dele, droga. Como você queria que eu fosse indiferente a ele.
-Devia ter ficado com ele, ou melhor fique, já que nós vamos trazê-lo de volta. Talvez, assim, você...
-Saia! -cortou.- SAIA AGORA! -gritou.
Ele ainda a encarou por um minuto ou dois, tinha a face contorcida de ráiva enquanto ela tinha o rosto lavado de lágrimas, girou nós calcanhares e saiu empurrando com força o retrato. Hannah jogou-se no sofá e ficou alí, chorando, até adormecer. Acordou com os raios de sol batendo em seu rosto, levantou o rosto para ter certeza que tinha passado a noite na sala, relembrou tudo o que tinha acontecido. Será que tinha sido apenas mais uma briga, ou agora era definitivo? Nem ela tinha muita certeza. Sentiu uma dor forte nas costas, não devia ter dormido alí, não devia mesmo. Depois de tomar um demorado banho ela desceu para o grande salão. Sentou na sua cadeira em silêncio, sem falar com ninguém. Severo nem a olhou, mas seu pai fixou o olhar nela, analizando-a. Hannah fingiu que não viu, era melhor ignorar. Depois que terminou seu desejum, se dois goles numa xícara de chá e uma mordida numa torrada significa desejum, saiu o mais rápido possível do salão.
-O que é que ela tem? -Minerva perguntou baixo quando Hannah deixou o ambiente.
-Difícil, minha cara, difícil. -respondeu Alvo.
O dia de Hannah foi péssimo, o dia parecia conspirar contra ela, os alunos estavam deploráveis, a dor nas costas dela estava cada vez pior. Não foi almoçar, mas sabia que não ia escapar da reunião na sala do seu pai, tudo o que ela menos queria encontrar estava naquela sala. Não ia desaparecer, onde estava o orgulho grifinório que todos diziam que ela possuia, não iria deixar Severo feliz por ela está triste, provavelmente ele estava se divertindo, e muito. Depois de jantar no salão principal, e distribuir sorrisos, foi para o escritório do diretor. Quando entrou só estava Remo sentado numa cadeira.
-Aluado!
-Oi.
-Não foi jantar porque?
-Madame Ponfrey não deixou, disse que era cansativo e me prendeu no quarto.
-Claro. Ela sempre faz isso. -Remo parecia cansado. -Onde está papai?
-Foi ao quarto, não me pergunte fazer o que... Sabe como ele é.
-Sei sim. -ela esbouçou um sorriso.
-Hannah?
-Hum?
-Tá tudo bem com você?
-Hum-rum. -ela balançou a cabeça categoricamente, mas teve a triste impressão de que não convenceria.
-Não, não tá. Olhe pra mim. -ele pegou o rosto dela com as mãos fazendo que ela o olhasse, ela não conseguiu evitar que seus olhos brilhassem de lágrimas, mordeu os lábios. -Que houve com você?
-Tocante, muito tocante. -Severo tinha entrado na sala.
-Remo nós conversamos depois, sim? -ela disse virando para frente.
-Ora, não fique tímida por minha causa. -Severo continuou ironico. -É muito bonito ver essa, como é mesmo que vocês chamam essa relação? Ah, amizade. Nunca vi uma tão próxima. Mas não tem problema já que a palavra "relação" encobre todo tipo de pecado. -Hannah levantou-se e ficou de frente pra ele.
-Qual será o seu problema, em Severo? -ela estava lívida de raíva. -O meu você já me disse, não é? Já que se acha o senhor da razão. Quer que eu comece a listar os seus problemas? Não tenho tanta habilidade para ofender quanto você, mas...Vejamos: frustração, é o primeiro...
-Atrevida! -interrompeu, segurando os ombros dela. -Quem você pensa que é? Além da garota mimada?
-Tenho tanto direito quanto você! E não me trate como uma aluna, pois não o sou.- Remo assistia sem nada entender.
-Hannah, pare com isso. -pediu. -Pricesinha, por favor. Não é bom que você se descontrole.
-É, princesinha, -disse com desdem. -obedeça o lobinho.
-Vá pro inferno, Severo. -ela o impurrou fazendo que ele a soltasse.
-Não acredito que isso vá levar vocês a lugar nenhum. -disse uma voz calma vindo do alto da escada. Alvo vinha descendo. Hannah e Severo abaixaram a cabeça de vergonha. -Vamos sentem-se. -eles obedeceram em silêncio, Remo ainda olhava Hannah como se a visse pela primeira vez. -Não acredito no que vejo, agem como crianças. -ele tinha o tom severo como o que Hannah escutava quando fazia algo realmente grave.- Quando vão parar com isso? Tive esperanças de que todas essas farpas tivessem terminado, mas não. De que adianta? Me digam. -Hannah sentiu que ia chorar, mas começou a dizer a sim mesma que não demonstraria sua fraqueza a Severo. -Já lhe disse, Hannah, que o orgulho grifinório não é uma qualidade.
-Desculpe, papai. -disse com uma lágrima descendo pelo seu rosto. Desde que tinha voltado a Hogwarts que vinha tendo aqueles momentos. Sentia-se novamente uma adolescente. Sem forças.
-Essa briga começou ontem, estou certo?
-Está. -respondeu Severo. Remo notou que ele estava extremamente constrangido.
-Qual motivo? -os dois começaram falar ao mesmo tempo. -Severo?
-Ela teve uma crise estérica.
-Não tive! Você me escondeu algo importânte! -quase gritou.
-É disso que estou falando: crise estérica.
-Ah, vá...
-Hannah, por favor, sua mãe não ia gostar de ouvir isso, ou você não aprendeu com a vez que ela lavou sua boca com sabão por você ter dito um simples "droga". -Remo segurou-se para não rir, não seria apropiado.
-Eu não tenho mais 11 anos!
-Mas está comportando-se como se tivesse. -Severo.
-Vocês estão me cansando e eu já sou velho demais pra isso.- Dumbledore olhou subitamente para Remo, como se visse que alí estava, agora. -Remo, me desculpe, creio que não está entendendo nada, mas sua amiga aqui vai lhe explicar tudo depois, coisa que ela já devia ter feito. -Hannah não gostou nada daquilo. -Hannah, o que Severo escondeu?
-Ele não me contou que Voldemort, ora por favor, -disse quando viu a cara de Severo quando ela mencionou o nome. -que ele estava querendo me pegar.
-Compreendo, mas por que você não veio brigar comigo também?
-Papai. Severo tinha obrigação de me contar sendo...-ela hesitou olhou Remo.
-Seu namorado. -terminou pra ela, e Remo ficou da cor de papel. -Creio que você não poderia esconder por mais tempo de Remo.
-Ele...você...? Eu não acredito.
-Poupe-me, Lupin. -Severo.
-Pare de ser grosso!
-Não sou obrigado a ficar ouvindo as impressões balbuciadas...
-Estou cansada, Severo.
-Acho que nossa conversa não vai ter fim, nem vai adiantar em nada. É melhor que conversem a sós, por que eu não estou ajudando em nada, e como já perdemos todo o tempo de nossa reunião. Creio que você pode aguardar para conversar com sua amiga amanhã, não Remo?
-Posso sim.- ele ainda parecia surpreso.
-E vocês tratem de resolver seus problemas ainda hoje ou vou trancá-los num quarto até essas brigas acabarem. -ficaram em silêncio, mas Alvo soube que eles não iriam ousar desobedecer. -Boa noite. -pelo tom dele Hannah sabia que ele estava chateado, e o pior, era com ela.
Eles saíram juntos, quando chegaram do lado de fora do gárgula ela beijou o rosto de Remo e murmurou um "desculpe" sem o menor jeito, ele logo virou de costas e saiu para o lado oposto do que costumava ir. Ótimo, agora Remo também estava chateado, com certeza amanhã seria um dia das bruxas maravilhoso, e para fechar a sua noite ela ainda ia ter de enfrentar uma conversa "agradabilíssima" com Severo. Ela iria para os aposentos dela, ele que a seguisse. Saiu pelos corredores pisando duro com Severo logo atrás. Disse a senha, entrou e se jogou no sofá. Estava cansada, só queria que aquele maldito dia acabasse logo. Deitou-se no sofá colocando o braço sobre a testa, suspirou cansada, tinha de lembrar de não adormecer alí. Ele foi até uma poltrona próxima e sentou-se, com as pernas meio abertas apoiou os cotovelos nelas curvando-se um pouco, também parecia cansado. Ela sabia que ele a olhava mesmo sem olhar pra ele podia senti-lo. Ficaram vários minutos em silêncio, era uma luta de egos. Ele viu quando ela fechou os olhos, devia estar muito cansada, o dia também não tinha sido fácil pra ele, apesar de não mostrar ele estava chateado por causa da briga.
-Hannah. -chamou.
-Hum? -ela abriu repentinamente os olhos.
-É melhor ir dormir na cama ou vai ficar com dor nas costas. -ele estava preocupado com ela, mas para não admitir isso, colocou um tom sarcástico na voz.
-Não estava dormindo. -retrucou sem muita convicção.
-Não, eu que estou.
-Eu já disse a você que cansei dessa droga de briga?
-Cuidado ou a Minerva vai vir lavar sua boca.
-Estou morrendo de rir, mas você pode falar com conhecimento de causa, que eu me lembre Tiago lavou sua boca. -ele cerrou os punhos. -Não me provoque que eu não provoco você.-acrescentou.
-Muito bem.
-Ótimo.
Ficaram encarando-se.
-Chega! -ela sentou no sofá com as pernas cruzadas na posição de lotus. -É o seguinte: não gostei de você ter me escondido que o "Lord" me procurava, e também não gostei do que você disse comigo.
-E qual é a novidade? Isso você já me disse.
-Só que eu também não gosto de ficar brigada com você, nem gosto dessas discurssões, eu estou cansada disso, Severo. Não tem uma semana que se passe sem uma briga.
-Eu sei. Também não aguento mais isso, já tenho problemas demais para ficar brigando o tempo todo.
-É infantil. Nós brigamos por tudo.
-Ridículo.
-Desculpa por ter falado com você daquele jeito.
-Não acredito. -fingiu espanto. -Cadê seu orgulho?
-Tá vendo é por isso que nós brigamos.
-É você não entende uma brincadeira. -ela revirou os olhos. -Que habito feio esse de revirar os olhos. Tem um professor de poções que também tem essa mania. -ela riu.- Eu não podia contar.
-Eu sei, mas não me esconda mais nada.
-Mas, Hannah, tem coisas que eu não posso contar.
-Mais nada, Severo, não quero ter motivo para desconfiar de você.
-Tudo bem. -ele esperou um segundo. -Ontem fui chamado.
-Ontem? Que horas? -ela endireitou a coluna.
-Pouco depois que saí daqui.
-Não aconteceu nada com você, aconteceu? -ela levantou rápido e pôs-se a analizá-lo, para ver se tinha deixado passar algo estranho.
-Não. -ela continuou a olhar. -Quer parar? Não tem nada fora do lugar.
-Eles não lançaram maldições? Nem te obrigaram a nada?
-Hannah! -ela parou. -Eu-estou-bem! -sublinhou as palavras.
-Você conseguiu manter a mente fechada? -ele fez cara de incredulidade.
-Você acha mesmo que se eu não tivesse fechado a mente eu estaria aqui conversando com você?
-Não. -falou baixo.
-Então que pergunta foi essa?
-Eu fiquei preocupada. -ele esbouçou um sorriso.
-Você ficou estérica.
-É a segunda vez que você diz que eu fiquei estérica e nenhuma das vezes eu fiquei. Acho que você está precisando me ver estérica.
-Corrigindo. -ele a puxou fazendo que ela sentasse em suas pernas. -Foram três vezes. -ela jogou a cabeça pra trás rindo e ele começou a beijar o pescoço dela.
-Estou ferrada. -ele descançou as pernas dela num dos braços da cadeira e a cabeça no outro de forma que ela ficasse deitada.
-O que? -voltou ao pescoço.
-Remo.-suspirou. -Ele...com raíva...mim. -ela não estava conseguindo formar as frases corretamente. Severo riu.
-É drama. -segurou a cintura dela. -Qualquer coisa eu ameaço ele. Digo que não faço mais a poção de acônito.
-Severo! -censurou.
-É só ameaça. -a beijou apaixonadamente. Hannah pensou que mais uma vez eles brigavam e mais uma vez voltavam em pouquíssimo tempo, estavam saindo-se passionais demais pro gosto dela.

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