A Sala Precisa.



Narração de Marlene McKinnon

Aquela caixa... Pra que papai me mandaria uma simples carta dentro de uma caixa de papelão? Isso batucava na minha cabeça, até que, no fundo, eu vi... A caligrafia do James estava ali.

Dá pra vir depressa?
Pontas


Claro que o problema era “como ignorar Lílian Evans do modo mais convincente possível e sem estragar danos ao coração do Potter”; Sabe, por um momento até pensei em escrever um livro de auto-ajuda com esse título... Venderia, e eu ganharia uns bons galeões só com o James.

Levantei-me depressa e saí dali, deixando Lice, Lily e Dorcas conversando. Provavelmente, elaborando as mais loucas hipóteses sobre a minha repentina ida ao banheiro, não era ao banheiro que eu estava indo, obviamente.

Logo, já estava em frente à tapeçaria de Heitor, O Amalucado, tentando ensinar ballet aos trasgos, passando três vezes em frente a esta. Uma porta materializou-se à minha frente e eu aproximei-me dela, girando a maçaneta e entrando. Ali, estava exatamente como da outra vez; Haviam almofadas sobre o chão e cada um dos três marotos (James, Sirius e Remus) estavam sentados em cada uma delas, deixando uma para mim (Como são bonzinhos).

“Então, qual é o problema dessa vez, Pontas?”

Perguntei, olhando bem pra cara dele, com uma cara de “psicóloga”.

“ Diz pra ela qual é o problema, Aluado.”

Ouvi a voz do Maroto, apaixonado por Lily e olhei para o outro, o Aluado. Então o problema não era com o Pontas, era com o Aluado?! É óbvio que eu me espantei não é? Afinal, Aluado, todo certinho, estudioso e nem um pouco maroto, com problemas amorosos? Merlin, só me falta o Rabicho querer conquistar alguém (Aí, só na base da plástica mesmo, hehe).

“ O problema Lene...”

É, ele estava hesitante, e me olhava com aquela carinha de “Se eu contar você não ri, né?” que eu não resisti e dei um sorriso – aquele reservado pras meninas sabe? – um sorriso amigável, que eu pouco “mostrava” aos Marotos.

“ Não, espera, me deixa adivinhar... Hmmm... ”

O que custava quebrar todo aquele clima chato? Afinal, quem não sabia que o problema dele era com a Dorcas?! É estranho isso sabe, as pessoas me procuram pra pedir conselhos amorosos e eu mesma, não aplico nenhum deles com o Sirius... Realmente, esquisito... Opa... Com todo esse papo de vida amorosa eu esqueci de terminar o relato, né? Haha, desculpa...

“ Se você estiver pensando que o problema do nosso Aluadinho aqui é com a sua amiga loirinha, Dorcas você está... ”

Olhei pro Sirius, que tinha acabado de dizer isso, me esforçando pra abafar o riso. Ele tinha imitado certinho aquele apresentador trouxa sabe? Que usa um microfone junto com a gravata? Ridículo eu sei, mais é engraçado quando Sirius “incorpora” um desses trouxas.

“ Redondamente, incrivelmente, absolutamente... ”

Agora, foi o Tiago que falou e eu desviei o olhar pra ele. Quanta enrolação! Mas, pelo canto do olho, pude ver as maçãs do rosto do Remus ruborizarem muito.

“ Correta. ”

Almofadinhas e Pontas pareciam ter ensaiado tudo aquilo, já que, no final, eles disseram uma única palavra em um “uníssono cantado” e eu me esforcei pra não rir afinal, não queria envergonhar o coitado do Remus.

“ É... Eu imaginei que fosse mesmo... Remus, Remus... Pensa que me engana é? Pensa que eu não vejo o modo que você sorri quando olha pra Dorcas? Pensa que eu não reparo no brilho que seu olhar assume quando você olha pra Dorcas? Pensa que eu não vejo como você fica sem jeito quando o seu olhar encontra com o olhar da Dorcas? Meu querido Aluado... Você estava me subestimando. ”

Ok, acho que exagerei nisso tudo, mas, o pior, digo, o melhor, que era verdade, tudinho verdade. É que você não vê já que é uma folha de papel, mais se visse, acreditaria em mim.

De soslaio, eu vi Sirius e Tiago de costas, obviamente tentando não rir do que eu havia acabado de dizer num tom tão... Tão... Estranho. É, até pra mim o que eu dissera tinha soado meio estranho sabe? Tipo uma... Detetive. Ok, isso foi o cumulo da idiotice.

“ Certo eu... Eu imaginei que... Que você havia no... Notado. ”

Remus, ah, ele gaguejou um pouquinho... Eu fiquei com dó do lobinho.

“ Ok, diga pra mim então, Remus, qual é o seu problema? ”

Perguntei, usando o tom de voz mais doce, meigo, amigável e suave que eu tenho. E olha que é difícil d’eu usar isso. Sirius me olhou de um modo esquisito, como se tivesse se derretido todo por dentro com o tom de voz que eu usei. Certo, ele é fofo, principalmente quando faz aquela carinha de cachorrinho abandonado na beira de estrada numa noite chuvosa.

“ É basicamente o mesmo do Pontas entende? Eu quero convidar ela pra sair, mais também, não quero receber tapas e foras. ”

Chega a ser óbvio que eu sorri, não é? Eu estava ajudando duas pessoas com o mesmo problema, ora, que coisa de louco. Só que o problema da Dorcas não era convidá-lo pra sair, claro, por que os papeis seriam trocados e não é isso que ela gostaria que acontecesse, certo? O problema da Dorcas era outro, que não vem ao caso, certamente, agora, vamos falar apenas do problema do Aluado.

” Entendi, entendi... Bom, você não insiste em sair com ela desde o segundo ano então, acredito que vai ser mais fácil... Vejamos...”
O olhar do Remus expressava nada mais nada menos do que ansiosidade. O que era mais do que o normal, já que ele nunca havia saído com garota nenhuma, e não foi por falta de oportunidade; As meninas adoravam o jeito tímido dele, os cabelos meio arrepiados e com ‘mechas’ diferentes.

” Conquista ela... Quero dizer, isso você já fez. Então... Chega e convida, mas, comece como um convite de amigo entende? Ou então, deixa pra convidar ela quando nos encontrarmos nas férias. Londres tem lugares interessantes pra se conhecer. “

Pela expressão no semblante dele, eu podia jurar que ele tinha considerado a idéia. Pontas me olhou, como quem diz ‘isso-vale-pra-mim-também-Lene?’ e eu balancei negativamente a cabeça.

“ E aí Lene, posso mostrar pro Aluado aqui como se faz? “

Que beleza, que beleza... Já vi que vou começar a ser perseguida pelo Sirius também. Ok, nunca se sabe o que se passa na mente masculina mas, eu assenti com a cabeça. Ele se levantou da almofada, caminhou até mim, olhou bem fundo nos meus olhos (Odeio quando fazem isso comigo).

“ Sabe Lene... Eu ‘tava aqui, pensando... E se a gente fosse à Hogsmeade assim... Eu e você, digo... Passar a tarde so... Sozinhos. Que me diz? “

Eu nunca vi ele se enrolar tanto com as palavras, acho que não era só demonstração... Sirius deu uma piscadela pra mim e eu logo percebi que ele ‘tava se aproveitando do ‘momento como convidar a Dorcas pra sair’ pra me convidar pra sair. Incrível né?

“ Erm... Ok. “

Depois, fiquei pensando... Será que toda essa história de sair com a Dorcas não foi tudo armação, num modo de fazer o Sirius me convidar pra sair? Sei lá viu, não sei se o Remus faria uma coisa dessas comigo, mas, o que esses amigos não fazem uns pelos outros?

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