Capítulo X
Hermione sentou-se na poltrona do quarto e se pos a olhar fixo para o teto. A apenas dois dias do casamento, Harry falava de forma tão sugestiva com Elizabeth Kensington, um diálogo que apenas amantes partilhavam.
Levantou-se, incapaz de ficar sentada. Mas de onde ela tirara a idéia de que Harry seria um marido fiel? Na certa pretendia dar continuidade a seu caso com Elizabeth. Era muita ingenuidade pensar ao contrário. A maioria dos homens, sobretudo os ricos, era adúltera.
Hermione cruzou os braços e começou a caminhar de um lado para o outro no quarto, com mil idéias na cabeça. Harry merecia que ela desistisse do casamento. Mas aonde aquilo a levaria, e a Theo? Harry sempre venceria, seu dinheiro garantiria isso. Seria obrigado a arcar com as despesas de Theo, e em troca disso ela teria de tolerar suas visitas, e Elizabeth Kensington sendo a madrasta de seu filho. Não, estar casada com Harry lhe daria igualdade e certo poder. Desistir apenas a reduziria ao nível de sua dependente.
Deixaram Londres após as compras. Hermione, pensativa, observava Theo. Como poderia pensar em privá-lo da presença do pai, que ele já adorava?
O hall de entrada da residência era dominado pela árvore de Natal decorada em tons dourados e prateados.
— Você não me conhece, Harry. Sou do tipo que seria capaz de cortar seu terno Armani em mil pedacinhos, se me for infiel — disse Hermione ao tirar o casaco.
Harry voltou-se, e fitou-a, confuso com a declaração repentina.
O sorriso que ele recebeu foi mais frio do que todo o gelo acumulado nos picos do Himalaia.
— Sou do tipo de mulher que reuniria a imprensa e contaria toda a história, sem esconder um só dos mais sujos detalhes.
— Mione!
— Eu arrancaria até seu último centavo se você se atrevesse a me trair. Seria irracional, manipuladora, exigente e cruel!
— Mas o que está havendo, Mione? — Harry corria atrás dela escada acima.
— E enquanto considera suas opções, estarei dormindo no quarto chinês!
— Eu irei visitá-la — brincou ele.
Hermione voltou-se, os olhos soltando faíscas de ira.
— Nem pensar! E tem mais, Harry: não assinarei esse seu ridículo acordo pré-nupcial!
Hermione entrou no quarto e bateu a porta.
Um segundo depois, Harry tornou a abri-la.
— Contenha-se, Mione! A casa inteira ouviu você. Caso não saiba, Rony e Luna estão aqui.
Hermione deu de ombros.
— E por que isso o preocuparia, Senhor Sensibilidade? E quanto àquele acordo, se espera que eu confie em você, também espero que confie em mim!
Harry mediu-a, sem dizer nada.
— Afinal, ambos sabemos que este casamento tem por finalidade o bem-estar do nosso filho, Harry Potter. E não estou bem certa de qual será o tipo de tratamento que receberei após estar casada.
— Quando foi que lhe dei motivo de questionar a minha sinceridade?
Hermione deu-lhe as costas, sentindo-se cada vez mais frustrada.
— Alguém me contou que você e Elizabeth Kensington estavam envolvidos até a bem pouco tempo.
— Então, é isso? Eu devia saber. Elizabeth e eu somos amigos. Na verdade, é a ela que você tem de agradecer pelos bichinhos de pelúcia, pelos brinquedos e pelas roupas que Theo ganhou no dia em que a tirei da casa dos Dickson.
— Amigos? — repetiu Hermione, querendo muito acreditar.
— Elizabeth namora um cientista que deixou o país faz um ano para trabalhar em um projeto ambiental. Ela continua na Inglaterra porque tem negócios a tratar aqui. Esse “alguém” que lhe falou a respeito dela deve ter sido Rony, acertei? Meu primo não perde uma oportunidade de me prejudicar. Mas você me desapontou, Mione. Se tinha alguma dúvida, tudo o que precisava fazer era vir a mim e tentar saber sobre Elizabeth.
— Afirmou que o relacionamento que mantém com ela é de amizade. No entanto, não aceitou essa mesma explicação quando falei sobre mim e Rony.
— A situação era diferente. Rony queria você. — Harry não cedia um centímetro. Tornou a abrir a porta, com uma expressão sombria no rosto.
— Sem querer, ouvi um trecho da conversa de vocês esta manhã ao telefone, e não me pareceu ser um assunto entre amigos. Mas é possível que eu tenha me enganado.
— Aquilo não é o que pensa Mione, confie em mim.
Rony, sem a menor cerimônia, entrou no quarto de Hermione e colocou-se ao lado da cama.
— O que você quer Rony?
— Creio que lhe devo desculpas pelo que fiz Mione.
— Muito bem... Algo mais?
Rony sorriu, meio sem jeito.
— Fui muito desagradável na outra noite, mas não esperava encontrá-la aqui, e, para ser franco, aquela foi uma das piores noites de minha vida.
— Entendo... Mas de onde foi que tirou a idéia de que Harry e Elizabeth pretendiam se casar?
— Digamos que exagerei um pouco.
— Um pouco?!
— Está bem, eu menti, mas é que fiquei enciumado quando a vi com Harry. Odeio a forma como ele sempre consegue aquilo que quer. Mas agora amadureci e confesso que começava a me constranger toda vez que olhava para meu primo. Abri-me com Luna, contei o que fiz a vocês, e ela achou condenável o modo como me intrometi nesse assunto. Tanto fiz que acabei separando-os.
— Você não nos separou Rony. Harry já havia feito isso.
Rony suspirou.
— Só sei que Harry chegou aqui quatro semanas após ter partido, esperando que estivesse sentada à espera dele, apesar do modo como a tratara. Mas você não estava, e ele soube que saíamos juntos.
— Espere aí, Rony! Será que ouvi bem? Está me dizendo que um mês depois, quando Harry veio de visita... ele me queria de volta? — Hermione sussurrou. — Ele disse isso a você?
— Acorde Mione! Harry fazendo-me confidências?!
— Mas você disse...
— É óbvio que voltou por sua causa, tanto que na manhã seguinte pegou o primeiro vôo para Atenas. —Rony suspirou ao notar o ar desolado no rosto de Hermione, que chorava. — Eu achava aquilo uma comédia. Todo mundo sabia que você era louca por ele, menos Harry!
De repente a porta se abriu, e Harry gelou a soleira.
— Calma, primo. Isto é o mais perto que já cheguei da cama dela... — Rony foi logo dizendo.
O rosto de Harry estava tenso, e seus olhos brilhavam como se fossem de aço. Ele girou nos calcanhares e saiu pelo corredor.
Hermione fez menção se segui-lo, mas Rony a impediu.
— Pare de correr atrás dele! Nada houve aqui, e Harry sabe disso. Ele precisa aprender a confiar em você. Todo o mundo sabe que agora tenho Luna, e, embora você continue sendo uma gracinha, sei que ainda adora Harry.
Assim que Rony se foi, Hermione molhou o rosto com água fria. Então, Harry viera para vê-la no passado... Deus do céu seria verdade? E teria ela, em sua amargura, e querendo parecer que não fora afetada pela rejeição, se tornado sua pior inimiga?
Sabia que devia a Harry uma explicação a respeito de Rony. Afinal, nunca tentara esclarecer a amizade dos dois de uma forma que faria sentido para ele. Harry tinha todo o direito de se aborrecer. Seu primo era parte integrante da família, e sempre estaria por perto. Tudo o que Harry precisava era saber da verdade.
A intensidade de seu alívio ao entrar na sala e dar com Harry estaria em seu rosto? Hermione tentou adivinhar quando ele olhou de relance em sua direção. Estava ainda mais sensual que de costume, com os cabelos ainda molhados, usando um casual terno escuro e suéter vinho sob o paletó.
— Está zangado comigo, Harry?
Ele levantou-se.
— Vamos lá fora tomar um pouco de ar?
— Harry... Rony me procurou para se desculpar por todo o mal que causou.
— Então, por que você estava chorando quando cheguei?
— Porque eu estava apaixonada por você há dois anos e meio.
— Eu sei disso... — disse Harry ao abrir a porta. Saíram para o pátio, branco de neve. — Não sou nenhum idiota. Mas você era muito jovem, e era bastante compreensível que tivesse mudado de idéia.
Hermione estremeceu com o frio que fazia ali.
— Mas não mudei... E Rony sempre soube que eu amava você.
— Disse isso a ele? — Harry a fitou, intrigado, e em seguida gemeu. — Pela primeira vez na vida, lamento por meu primo.
— É por isso que nunca fomos outra coisa além de amigos. Ignorava o que Rony sentia por mim, eu falava o tempo todo em você. Mas esta noite, algo que ele disse me tocou, e foi por isso que chorei. Rony revelou que naquele dia você havia voado vinte e quatro horas... por minha causa, porque me queria de volta.
— É verdade. — Harry pegou-a pela mão enquanto encaminhavam-se.
— Se você me queria, então, por que me rejeitou de forma tão cruel?
— Porque precisava pensar e tentar descobrir o que se passava comigo. Não havia sido feliz com Cho, mas eu a escolhera. Como confiar no meu próprio julgamento após um único fim de semana?
— Está querendo dizer que se julgava apaixonado por mim?
— Eu temia que fosse um entusiasmo passageiro e que não duraria. Você era tão doce, tão vulnerável... Não pude fazer nenhuma promessa sem saber se voltaria para você.
— Mas por que não usou de franqueza comigo, porque não pediu que eu esperasse?
Harry riu amargo.
— Eu era arrogante o suficiente para acreditar que não seria necessário, que você me esperaria. E quando cheguei não me sentia preparado para vê-la com Rony. Você me parecia feliz com ele.
— Não deve ter olhado direito. Eu estava infeliz até o fundo da alma!
— Fiquei furioso após ter passado seis semanas lutando corpo a corpo com meu desejo por você, Mione. Senti ganas de matá-la ao chegar e vê-la dependurada no braço de Rony.
— Usei seu primo porque não queria que você soubesse o quanto me havia feito sofrer.
Harry a abraçou.
— Mas agora que a tenho de volta, nunca mais permitirei que se afaste de mim!
Parada à porta da capela do vilarejo, Hermione esperava o momento de entrar. Seu vestido era bonito e de modelo tradicional, de acordo com o que ela sempre sonhara, com o corpete de rendas e a saia de cetim. Seus olhos percorreram o interior florido. Harry já esperava por ela no altar. Rony parecia estranho, tão sério em seu papel de padrinho. Hermione sorriu.
Tornou a fitar Harry, e seu coração pareceu prestes a explodir, quando pensou que em minutos seria sua esposa. Quando poderia imaginar que o neto petulante do patrão de seu pai chegaria a ser a pessoa mais importante de sua vida?
Quando a marcha nupcial começou, Hermione deslizou pelo tapete vermelho estendido no piso encerado, ao lado do pai, que a conduzia, ouvindo os murmúrios admirados dos presentes.
Harry a observava, emocionado, e Hermione prendeu o fôlego por um instante. Era como se tivesse medo de respirar, achando que acordaria de um sonho lindo.
Quando o padre sugeriu que o noivo beijasse a noiva, e Harry a beijou, Hermione soube que ele também encontrara a paz que tanto desejava e que dividiria com ela as mesmas emoções. Para sempre.
— Mione?
— Sim, querido?
— Esperei estar aqui, na casa de Deus, para lhe dizer: eu te amo.
— Oh, Harry! Eu também, meu amor! Eu também!
----->Eeeeeeeeee... FIM... The End... que triste... odeio finais... Sorry eu disse que postava ontem mais eu passei o dia fora e quando voltei ja tava muito tarde não deu pra postar =/... Como eu ja tinha dito eu vou postar uma nova fic H/Hr... eu pensei em colocar ela D/G mais não achei que ficaria legal =D Bem... brigadão pra quem comentou, é legal saber o que vocês tão achando da fic... eras isso até a próxima =****<-----
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