Emoções, Confissões e Confusõe

Emoções, Confissões e Confusõe



Capítulo 4 - Emoções, Confissões e Confusões








O vento varreu para longe o fim de semana e assim se deu o início das aulas em toda Hogwarts. Os estudantes se mostravam aflitos: alguns ansiosos, outros carregavam em suas faces um semblante de descontentamento. Entre tantos estudantes, três meninas exibiam uma expressão singular, mista de apatia e felicidade:

-Nossa “última-primeira-semana-de-aula”. O que acham disso? –perguntou Lily inquieta


-Fascinante, se quer saber minha opinião. –respondeu Anna meio desligada


-Desastre total! –chorou Monique


-Pode parar, Mô! Vai dizer que você não está aflita pra que acabe logo esses N.I.E.M’s e essa síndrome toda de estudos? –retrucou Anna


-Claro que não! Eu adoro ter que estudar e na minha opinião os N.I.E.M’s são muito legais...


-Acorda Mô! N.I.E.M’s: Níveis Incrivelmente Exaustivos da Magia! Você entendeu a parte de ‘Incrivelmente Exaustivos’ ou não?


Alheia à discussão das duas amigas, Lily ria, mas não conseguia tirar a cabeça de certo alguém de cabelos escuros e olhar provocante:

“Por que o Potter? Por que você não consegue tirar ele da sua cabecinha oca, Lily Evans?” matutava a menina ruiva

- Não é porque são exaustivos que não podem ser interessantes, Anna! –falava uma Monique meio tensa


-Eu simplesmente não gosto, tá? Desculpa, Monique Waldorf, por eu ser uma garota negligente!



-Não comece com esse seu momento de ‘menina-orgulhosa-incompreensivel’! Eu nunca vi você ganhar nenhuma nota inferior à ‘Excede Expectativas’.

Lily percebeu que a conversa que ela mesma tinha iniciado estava tomando proporções mais sérias e então resolveu interferir na discussãozinha das duas melhores amigas:

-Meninas, caso vocês não queiram perder a primeira aula com a Trelawney é melhor se apressarem para tomar o café da manhã. Aliás: é melhor NÓS nos apressarmos!


As três então seguiram para o Salão Principal que já exibia fartas travessas em cada uma das quatro mesas. Encontraram acentos para elas no final da mesa da Grifinória e devoraram uma porção de torradas com geléia de abóbora acompanhadas de groselha. Enquanto isso, Anna com seu ‘humor invejável’ resmungava mais um pouco:


-Aula com Trelawney! Rá, tudo o que eu pedi a Deus para o primeiro dia de aula!


-Eu acho Adivinhação uma matéria muito interessante! –falou Monique de boca cheia


-Você acha tudo interessante, você é nerds! Você e o Remus, por isso se dão TÃO bem...Além do mais, ninguém merece agüentar aquela Morcega-Velha, que cada dia prevê um Sinistro para alguém diferente! –bradou Anna com seu ‘humor divino’


-Vou ter que concordar com a Anna, Mô. A Trelawney assusta até assombração! –falou Lily, terminando de mastigar as torradas


-Ah, deixa pra lá...-resmungou Monique fechando a cara


Mas ‘fechar a cara’ foi um ato rápido. Seu rosto se iluminou ao perceber que um movimento ao seu lado correspondia ao ‘menino dos seus sonhos’ sentando ao seu lado:


-Oi Monique! –cumprimentou Remus dando um beijinho na face direita da menina


-Er...Oi Remus! –falou a garota consternada


-Como foi seu final de semana? –perguntou o menino de cabelos castanhos


-Ah! Foi muito bom sim! –respondeu a garota, lembrando daquela tarde no Lago Negro


-Hum, bom! –falou Remus abrindo um sorriso, também lembrando da tarde maravilhosa que tivera com ‘a-garota-de-seus-sonhos’ – Bom, preciso ir! Os Marotos estão me esperando para irmos para a aula da Trelawney, passei só para te dizer um “oi”. Bem...tchau!


-Tchau, Remus. Até mais... –falou Monique um pouco triste com a saída do garoto

Quando Waldorf ia entrar em mais um devaneio com o garoto-que-roubava-suas-noites, Lily a cutucou e avisou:


-Estamos 3 minutos atrasadas, é melhor nos apressarmos.


Monique, Anna e Lily saíram correndo do Salão Principal com suas mochilas penduradas nas mãos, deixando penas e folhas soltas atrás de si. Ofegantes, subiram as escadas que levavam à Sala de Aula de Adivinhação e perceberam que a Professora Sibila ainda não tinha chego. Tomaram seus devidos lugares naquele ambiente esotérico impregnado com o cheiro enjoativo de incenso e aguardaram a entrada da professora. Foi quando ouviram uma voz feminina que ecoava, vinda de lugar nenhum:

- Quiromancia ou Quirologia, como é chamado o modo de abordar a ciência da leitura de mãos, é tão antiga que se perde no tempo. Sai da história e entra na mitologia para narrar as suas origens. O princípio deste estudo é a visão dos principais planetas do sistema solar, incluindo o sol, nas diferentes regiões da palma e dedos das mãos.


Enquanto isso, Anna resmungava baixinho para Lily:


-Essa mulher é doida, sabe? Ela deve ter gravado essa aula e deve estar dormindo nesse exato momento!

Lily riu, mas não proferiu nenhuma palavra em resposta à amiga. Aos poucos, os alunos notaram uma sombra que tomava forma no início da escadaria: Trelawney vestia uma capa verde-limão que acompanhava sapatos prateados. Um chapéu de plumas de ganso lhe saía da cabeça o que lhe criava uma aparência de ‘pata’. Lily e Monique abafaram uma risada, mas Anna não conseguiu se segurar e soltou uma gargalhada gostosa:


-Essa Morcega me surpreende cada vez mais, eu não acredito que ela veio dar aula assim! Além de Morcega ela tem uma tendência a ser pata!


Monique e Lily deram uma cotovelada cada uma na menina que não conseguia parar de rir e pelo menos fingiam estar interessadas na aula:


- A primeira coisa que se repara ao ler uma mão é ver o karma da pessoa, para saber esta regra básica: como se observa a força dos planetas indicadores do que é chamado em sânscrito (a antiga língua indiana) de PUNYA - o mérito, o que a vida atual traz como resultado de atividades virtuosas do passado, como a facilidade para obter as coisas. Cada linha representa algo na vida da pessoa,a linha muda quando a pessoa muda.


Com todo aquele discurso encorajador, Anna começou a sentir uma sonolência impertinente, tomando conta dela cada vez mais. Foi quando se sentiu pesada e acabou adormecendo, meio que sem querer.

“Estava tudo muito escuro. Só conseguia discernir o que estava a meio palmo de sua vista e olhe lá. O cheiro que o local exalava lhe dava náuseas, era um cheiro podre, de carniça mista com mofo. A menina foi dar um passo e percebeu que estava pisando em algo viscoso e grudento: pegou então sua varinha e balbuciou ‘Lumus Máxima’. Sua vista até então acostumada com a escuridão, ardeu. Aos poucos foi distinguindo o que a cercava e nada pôde pronunciar: em sua cabeça as palavras ‘Meu Deus!’ ecoavam fortemente. De repente, sentiu que algo a puxava e...”

- Anna! Anna, a Trelawney ta vindo pra cá! Acorda! –cochichou Lily um pouco aflita

Anna então abriu os olhos. Seu coração palpitava e o sonho que acabar de ter a intrigava.

“Tomara que eu esteja errada dessa vez” falou Anna consigo mesma

Ao mesmo tempo as duas amigas que se postavam ao seu lado pareciam preocupadas:


-Tá tudo bem? –perguntou Monique


-Ahn? Ah, estou bem sim. Acabei cochilando e tive um sonho ruim, apenas isso.


-É só isso mesmo, Anna? Você não me parece muito bem... –falou Lily baixinho


-Estou bem sim e... droga, lá vem a Morcega-Velha...


A Professora de Adivinhação aproximou-se da mesa:

-Queridas, vamos testar os seus dotes na Quiromancia?

Anna sorriu maliciosamente e disse:

-Professora, posso tentar?

A professora aquiesceu e Anna pegou a mão de Monique e fingiu demandar grande esforço para ler a mão da amiga:


-As linhas das mãos indicam que minha amiga aqui carrega o Sinistro, provavelmente.

Trelawney então fechou a cara e, ríspida, falou:

-Talvez algumas alunas pensem que o ato de zombar com as professoras passe despercebido. Não tenho medo de esconder minha personalidade, Senhorita Halloway e acho que você deveria fazer o mesmo. Não preciso da Quiromancia para ler em seus olhos que você guarda um grande segredo, mas por quê?

Anna sentiu o sangue subir à cabeça conseguiu falar pouco:

-Pra mim já chega, vou embora.

A garota então recolheu o material que tinha sobre a mesa e saiu apressadamente, batendo os pés e fechando a porta atrás de si. As duas amigas pareciam incrédulas e sem palavras:


-Segredo? Que espécie de grande segredo ela esconde das melhores amigas? –falou Monique meio magoada


-Isso nós vamos descobrir em breve - respondeu Lily, que também não parecia muito contente


Quando o sinal bateu, indicando o final do primeiro tempo, Lily e Monique saíram correndo atrás da amiga. Não importava o segundo tempo com Slughorn, o que importava era achar a amiga que havia sumido. Procuraram na Sala Comunal, nos dormitórios e até em outras salas de aula, mas Anna parecia ter sumido. Quando pareciam ter desistido da busca, Lily pensou em ir até o banheiro:

-Não custa tentar, né Mô?

Ambas procuraram no banheiro do primeiro e do segundo andar, e quando pareciam descrentes ao entrarem no banheiro do terceiro andar se surpreenderam: Anna estava encolhida em um canto, com os joelhos junto ao corpo e com as mãos cobrindo o rosto. Ao perceber a entrada das meninas, Anna levantou a cabeça e lançou um olhar vazio e vago para as amigas que se postavam ali, na frente dela:


-O que vocês querem? Estão perdendo o segundo horário...


-Até parece que você não sabe que nós não nos importamos! –respondeu Lily


-Na verdade eu me importo sim... –disse Monique


-Ah, valeu! Obrigado pela parte que me toca, Mô. –respondeu Anna com a voz já embargada


-...me importo em saber o que aconteceu com você, ou melhor, o que está acontecendo


Anna fechou os olhos novamente e abaixou o rosto novamente. Com a voz abafada conseguiu pronunciar algumas palavras:


-Me desculpem...


-Anna, o que você pensa que está escondendo da gente? –questionou Lily


-A que diabos de segredo a Trelawney estava se referindo? Porque seja lá o que for, não está te fazendo bem! - perguntou Monique com a voz trêmula


-Eu não queria...EU NÃO QUERIA! –gritou Anna, carregando um rio de lágrimas em sua face


As amigas pareciam apáticas. Qualquer coisa que tivessem ensaiado não saía agora. Não naquele momento. A garota continuou, olhando para o chão:


-Vocês não sabem como é! Não sabem!


-Como é o que, Anninha? – falou Lily com um tom de pena na voz


Mas a menina de cabelos cacheados pareceu não notar a pergunta da amiga, propositalmente ou não e apenas seguiu seu discurso:


-Vocês não sabem como é ter o futuro das pessoas na sua mão, que se mostra aqui –Anna apontou para a palma de sua mão nesse momento- tão frágil...


-Eu não entendo... –falou Monique baixinho, também transparecendo pena


Mais uma vez Anna pareceu ignorar os comentários que as amigas davam e com os olhos vermelhos e a voz mais embargada do que nunca, continuou:


-...tocar as pessoas e presenciar uma vida inteira! Não, vocês não sabem como é!


-Como assim? –falaram as duas amigas que se postavam em pé ali no banheiro, em uníssono


Contudo, dessa vez a garota não ignorou as perguntas e exclamações delas. As lágrimas brotaram mais vivas ainda em sua face e ela desabou, quando sentiu que conseguiria proferir algo, apenas disse:


-Estou me referindo à Premonição...


-Pera aí, isso é alguma brincadeira? –falou Monique incrédula


-E-eu queria q-q-que fosse. Mas essa é a grande verdade, eu sou uma Sensitiva!


-N-não entendo... –disse Lily estática


Monique abriu a boca para dar seu discurso sabe-tudo, mas Anna foi mais rápida:


-Sem-s-sensitivas são aquelas pessoas que ao tocarem alguém têm acesso ao passado, presente e principalmente futuro de quem é tocado. É extremamente difícil de lidar com esse dom, se é que eu posso chamar isso de dom...


A ficha da ruiva parecia ter caído e ela não podia acreditar:


-Não...não pode ser. Você não ia esconder uma coisa assim de ninguém. Ninguém tem fibra suficiente para agüentar isso sozinho!


-Dezessete anos e apenas minha mãe soube. Eu não poderia conviver com as pessoas me encarando como um monstro ou como uma anomalia. Você não entende? ‘Sensitiva’ não é uma condição muito comum. Como eu daria um passo sem alguém querer saber como será sua vida daqui a dez anos? As coisas não tinham e não devem ser assim! As coisas devem seguir seu rumo natural: como você se sentiria sabendo que têm duas semanas de vida? É devastador! E essas coisas me atormentam o tempo todo, em qualquer lugar. Um esbarrão, um beijo no rosto ou um roçar de pele me faz assim: prever a vida das pessoas...


A menina essa altura estava caída no chão, as lágrimas corriam em um fluxo intenso e o rosto estava mais vermelho e inchado do que nunca. Nenhuma das meninas ali conseguiu proferir qualquer palavra durante os quinze minutos que se seguiram. Ambas pareciam ter mergulhado em uma melancolia e Anna, principalmente Anna, parecia inconsolável: os cabelos estavam desgrenhados, as vestes molhadas e as mãos sobre a face. Só se escutava o soluço desta, que em anos, parecia estar aliviando toda a tensão guardada para si. Lily então resolveu tomar uma atitude e se dirigiu à amiga que chorava e sentou ao seu lado, segurando-lhe uma das mãos:


-Olha, Anna, qualquer coisa que tenha acontecido já passou. Nem eu e, aposto que nem a Mô, queríamos fazer você se sentir culpada...já passou, tá?


-Não Lily, não passou. Minha vida é o presente, passado e futuro das pessoas. Não passou, não!


-Sua vida é aquilo o que você faz dela! Se você fizer dela uma desgraça ou uma ‘anomalia’ como você disse, não vai passar mesmo!


-Essas emissões de pensamentos involuntários martelam minha mente o tempo todo...–bradou Anna, com a voz chorosa, batendo as mãos contra a cabeça


Monique, que até então parecia mergulhada em seus mais profundos pensamentos, se aproximou das duas amigas e falou olhando diretamente para Anna:


-Nós vamos pensar em alguma coisa, juntas! Agora, por favor, pare de chorar. Está me matando por dentro!


Anna e Lily levantaram juntas e deram um forte abraço em Monique, compartilhando aquele momento de demonstração da forte e inquebrável amizade que mantinham, e Anna sabia que ela nunca iria acabar e não era necessário ser Sensitiva para saber disso. A menina que até então estava aos prantos parecia mais consolada: enxugando o rosto decidiu sair dali e ir direto para a Sala Comunal, já que o horário lhes guardava um tempo livre antes do almoço. Quando atravessaram o quadro da Mulher-Gorda, encontraram um Salão Comunal completamente vazio. Anna decidiu ir trocar as vestes encharcadas antes de contemplar a mesa farta no horário de almoço. Subiu os degraus de dois em dois e colocou camisa, saia e capa novas. Assim como subiu, desceu os degraus de dois em dois o que ocasionou em um ‘quase-super-tombo’, que tirou boas risadas das três.
Quando estavam iniciando uma conversa sobre o início daquele ano, algumas batidas no grande vidro da sala as tiraram do assunto: uma coruja parda trazia algo amarrado às patas. Anna foi correndo abrir a janela e percebeu que ela mesma era a destinatária da carta que ali estava na coruja. Se surpreendeu e com uma expressão cética, abriu a carta e a leu frente às amigas:


Preciso falar com você,
Senti sua falta nas aulas hoje.
Me encontre hoje em frente à Sala Precisa, às 20 hrs,

Até mais.


As três almas vivas que ali estavam pareceram achar a carta intrigante. Monique e Lily pareciam divertidas e Anna parecia irritada:

-Que diabos é isso?


-Isso é uma carta, Anna. –respondeu Lily serenamente e Monique completou:


-E não é qualquer carta. Nem nós precisamos de Premonição para saber quem é o rementente...





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N/A: QUEM PASSAR POR AQUI, COMENTA GALERA! :)
CAPÍTULO 5 EM CONSTRUÇÃO :B

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