Razões Vs. Emoções
Capítulo 5 – Razões Vs. Emoções
Os dois tempos após o almoço passaram mais rápidos para a maioria dos alunos, menos para duas pessoas. O tempo parecia escorrer, com toda paciência do mundo, se estendendo sob minúcias.
Sirius Black estava alheio à aula de Slughorn, interessantíssima por acaso. A poção que tentava executar havia desandado três vezes e o Professor já se mostrava impaciente:
-Black, o que está acontecendo com você?
-Er...desculpe Professor, acho que me desconcentrei. – respondeu o Maroto completamente desatento
-Ah, desconcentrou? Sua desconcentração fez você adicionar 1quilo a mais de Asfódelo em Pó, sem falar na sua infusão de losna que está um desastre, Sr. Black!
Consternado, Sirius pediu desculpas e prometeu que iria se concentrar mais na próxima aula.
-Ótimo Black, até porque a próxima aula é Poções! – sorriu Slughorn em tom cético
O menino então deu um suspiro, jogou fora a terceira poção sem sucesso e começou a manipular novamente os ingredientes da Poção Morto-Vivo. Dessa vez prestou bastante atenção ao medir as 500 gramas de Asfódelo em pó que a poção exigia e preparou corretamente a infusão de losna. Mesmo assim, não deu certo. Mais uma vez. Irritado, despejou tudo e recusou-se a preparar a quinta poção. Sentado diante da bancada, seus olhos alcançavam um ponto além da Sala de Aula, ele estava concentrado nos jardins. Então, espontaneamente, seus olhos varreram a sala em busca de algo que ele não sabia o que era. Foi quando eles pararam, involuntariamente, em uma menina de cabelos encaracolados. Mordendo o lábio inferior, a menina parecia muito compenetrada na poção que executava e parecia estar dando certo.
“Ela sabe o que está fazendo, e sabe que está dando certo. Com a poção e comigo.” Pensou Sirius, maravilhado
Tiago e Remus executavam a poção com perfeição e Pedro parecia ter explodido tudo, mais uma vez.
“Pior do que eu, só o banana do Pedro mesmo” pensou outra vez
Sem tirar os olhos da menina, perguntou para Tiago, baixinho:
-Pontas, o que você acha da Anna? Quer dizer, ela é bem inteligente...
-A Halloway? Anna Halloway?
-Sim, tem outra Anna por aqui?
-Você está caidinho por ela, cara. Aquele acontecimento frustrante no trem me provou isso...
-Você já viu Sirius Black ficar caidinho por alguma menina? Apesar de que a recíproca é verdadeira... – riu o menino juntamente com Tiago
-É como dizem, para tudo há uma primeira vez.
-Essa minha primeira vez não vai chegar. Se isso acontecer, me enforco com as calças de Merlin!
Tiago riu absurdamente, mas não falou mais nada. Sabia que o amigo estava confuso e apesar de tantas brincadeiras, estaria sempre disposto a ajudá-lo. Melhor amigo é pra essas coisas, mesmo.
Enquanto Tiago matutava consigo mesmo, Sirius estava em uma guerra interna, desnorteado. Mas lembrou de repente, que havia convidado Anna Halloway para encontrá-lo à noite. Arriscado, sim. Ela poderia não ir, poderia lhe xingar, poderia lhe bater. Mas algo lá no fundo de seu peito gritava, dizendo que ela iria sim. O que havia dado nele para convidá-la? Ele não sabia, mas parecia lhe fazer bem.
Quando o sinal tocou, avisando que o horário do almoço havia chego, Sirius Black juntou suas coisas e saiu correndo da Sala de Aula, sem ao menos saber para onde ia. Com o peito arfante, proferiu em tom baixo, ininteligível para quem ouvisse:
Sirius Black, você está ficando maluco.
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Anna Halloway saiu da aula transtornada. A poção do Morto-Vivo teve execução perfeita, o Professor elogiou e concedeu 20 pontos à Grifinória. Mas isso não parecia deixá-la feliz. Aliás, felicidade era a última coisa que ela poderia sentir naquele dia macabro. Seu maior segredo descoberto, lágrimas e o pior: o maldito bilhete do Black. Ao que parecia, Sirius não era o único que estava passando por uma guerra interna.
“Black, esse desaforado! Com que direito ele me convida para ir à Sala Precisa e com ele! Seja lá o que for eu vou. Não vou perder a oportunidade de lhe dizer umas boas verdades!”
Mas Anna não queria só lhe dizer umas verdades. Sinceramente, ela queria mais. Mas dar o gostinho às pessoas de saberem disso, ela não daria. Nem para as amigas:
-Anna, você vai mesmo? – perguntou Lily
-Claro que ela vai, Lily! Ela quer dar uns beijos no Black! – falou Monique séria
Anna repreendeu a amiga com um de seus olhares fulminantes e pronunciou bem mal-humorada:
-Vou sim, mas vou para falar algumas coisas que o Black precisa ouvir!
-Vai dizer no ouvidinho dele, Anna? –perguntou Lily, cutucando a onça com vara curta
Anna bufou e não falou nada. Saiu andando, para longe das amigas. Não sabia para onde seus pés a estavam levando, mas gostava da idéia de ficar sozinha. Não quis almoçar, seu estômago estava revirando: borboletas no estômago. Era exatamente assim que se sentia: precisava sentar, relaxar e acalmar aquelas borboletas. Inesperadamente uma porta materializou-se na sua frente. Foi quando percebeu que estava no corredor da Sala Precisa, a sala em que estaria à noite. Sem ter ponto de chegada, resolveu entrar. A Sala estava linda e aconchegante, perfeita para acalmar os seres esvoaçantes dentro de si que lhe causavam uma sensação de vertigem. Duas poltronas confortáveis no centro da sala, biscoitos em um criado-mudo próximo, suco de abóbora, uma lareira e Sirius Black. Espera aí, Sirius Black? Agora ela entendia as duas poltronas.
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Sirius correu, correu e correu. Não sabia nem porque estava correndo, mas sentia que precisava aliviar algo em seu peito, que queria sair. Estava incomodado, confuso e essa era outra coisa que ele não sabia por quê. Parou para pensar onde estava. Logo reconheceu o corredor da Sala, a Sala em que ele estaria à noite com Anna Halloway, a menina que o intrigava. Não mexia com ele, ninguém mexe com Sirius Black. Mas intrigava, sim. Sirius pensou em um lugar para aliviar a tensão que existia dentro de si e encontrou um lugar muito agradável para acalmar o dragão que estava urrando em seu interior. Sentou na poltrona defronte a uma lareira que se materializou ali. Fechou os olhos e sentiu que a tempestade dele havia se acalmado, já não estava arfando nem agoniado. Sereníssimo. Foi quando ouviu a porta escancarar. Abriu os olhos, pulando de susto e quem viu foi quem menos esperava: Halloway, Anna Halloway, a menina que o intrigava.
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Anna não acreditava. Realmente não. Quando ela precisava de paz, serenidade, ele parecia aparecer para roubar-lhe o momento de paz. Porque paz e Black não eram coisas miscíveis. Sem saber ao certo, fechou a porta e foi sentar-se em uma das poltronas, como se suas pernas a conduzissem por vontade própria. Sentou-se e ficou muda, olhando para as chamas que dançavam na lareira, tão bonitas e tão selvagens.
-Está me seguindo, Halloway? –perguntou Sirius um pouco irônico
Anna soltou uma gargalhada forçada e, ofegante conseguiu dizer:
-A última coisa que eu pensaria para materializar essa Sala seria pedir você como brinde. O ambiente está agradável sim, mas existe um clima estranho nesse lugar. Acho que é porque você está aqui, inconveniente como sempre.
-Senhorita, eu estava aqui antes mesmo de você imaginar essa belezura de Sala. Se não se importa, eu preciso relaxar.
Sirius fechou os olhos novamente para acalmar a erupção dentro de si. Dois minutos. Dois minutos foram suficientes para acender novamente aquela chama de confusão dentro dele, que o transtornava. Mas ele tinha um encontro com ela à noite. Na verdade, ele nem ao menos sabia se ela conhecia o remetente daquele bilhete entregue já cedo. Mas aquela voz de veludo da menina novamente interrompeu seus pensamentos:
-Black, como alguém pode ser tão prepotente como você? Me pergunto isso às vezes e essa pergunta me incomoda...
-Quer dizer então que você pensa em mim? Anna Halloway pensa em mim! Por Merlin! – riu o menino de cabelos bagunçados
Ninguém mandou ser tão atraente, Black. Ninguém mandou ter um olhar e um sorriso assim. – pensou Anna
A menina restringiu-se ao silêncio e Sirius Black esperava qualquer resposta, xingamento ou suspiro dela. Nada aconteceu. Na verdade, nada aconteceu, nos cinco minutos que se seguiram. Ambos pareciam apreciar, degustar cada parte daquele ensurdecedor silêncio. Impulsivamente, Anna levantou-se da poltrona estofada e seguiu para a porta. Com a mão na maçaneta, sem virar para trás, disse:
-Até mais tarde, Black.
Black não precisou dizer nada, seu sorriso falou mais por ele:
Ela sabe.
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A tarde passou voando. Arrastada pelo turbilhão de emoções que sucediam ali, naquele castelo. Os alunos do 7º ano da Grifinória concentravam-se majoritariamente na Sala Comunal. Duas exceções. A primeira exceção encontrava-se no dormitório feminino, estirada na cama e com os olhos fechados. Braços abertos e pensamento permanente em um par de olhos azuis. Anna Halloway estava ali parcialmente. Metade sabendo que eram 19:20 e a outra metade não sabendo de nada. As duas metades fundiram-se, dizendo-lhe que já era o momento de ir andando e assim ela o fez. Despediu-se das amigas engraçadíssimas, colocou sua capa e foi andando lentamente, sem pressa. 40 minutos era tempo suficiente.
Ali perto, no banheiro, Sirius Black passava por uma terrível dor de barriga. Já estava assado e a vontade de usar a privada não passava.
Ótima hora para você ter uma dor de barriga, Sirius Black! Isso é fascinante! – falou o garoto consigo mesmo
Dez minutos. Quinze minutos. E a vontade continuava. Sirius, impaciente, levantou as calças arriadas e saiu andando com as pernas abertas.
Maldição! Pelas calças de Merlin, isso é coisa das trevas, só pode ser. – pensou o menino mais uma vez
Sirius acreditava que estava atrasado. Não realmente. Anna dava dois passos e parava. Não sabia se ia ou se voltava. Resolveu ir, indecisa ou não. O menino foi mais rápido, mesmo andando de uma maneira estranha. Chegou no corredor da Sala Precisa com a varinha acesa, mas percebendo a ausência de Anna, pronunciou ‘Nox’ e a luz se desfez: queria assustar a menina.
Aguardou três minutos até ouvir passos vindos em sua direção. Segurou a respiração e não demorou para ter certeza de que era Anna que estava ali, na escuridão: o perfume cítrico não escondia a fragrância natural da menina. Chegou por trás da garota e lhe deu um abraço que a fez sentir arrepios:
-Oi Gatinha! Que bom que você veio!
Anna Halloway pareceu irritar-se com a atitude do garoto, mas assim como Monique, ela fingia bem:
-Vim sim, mas vim para lhe dizer certas coisas que estão entaladas na minha garganta, Black.
-Certo, vamos entrar na Sala Precisa antes. Deixe que eu pense em um lugar agradável, gatinha.
-Não me chame de gatinha, Black! Mas você pode escolher o ambiente sim...
Deram três voltas até a porta materializar-se diante de seus olhos. Anna estava maravilhada com a sala: pufes para todo o lado, um cheiro de amora no ar, uma lareira ligada, quadros coloridos nas paredes e uma cama. Cama?
-SIRIUS BLACK, O QUE VOCÊ PENSA QUE NÓS VIEMOS FAZER?
Sirius riu e respondeu a menina indignada:
-Conversar, é claro, meu bem. – o menino ao proferir estas palavras abriu um sorriso que faria qualquer menina morrer de amores por ele. Quem disse que Anna Halloway não estava?
-Não precisamos de uma cama para conversar, Black!
-Não, mas precisamos ficar confortáveis e as camas nos proporcionam conforto...
-Prefiro sentar nesses pufes. – a menina então sentou-se em um pufe próximo à lareira com as mãos envolvendo os joelhos, transparecendo a sensação de frio
Sirius pareceu resignado e fez a cama desaparecer com uma emissão de pensamento, afinal, a sala se comportava assim. Sentou-se ao lado da garota, que com o rosto iluminado pelas chamas parecia mais linda ainda. Encantado era o que Sirius estava. Passou uma de suas mãos pelo ombro da menina, a fim de esquentá-la. Mas sua tentativa novamente foi em vão: Anna desvencilhou-se daquelas mãos grandes e se afastou. Sirius pareceu chateado, mas conformou-se mais uma vez. Dois minutos de silêncio e a menina começou o discurso:
-Black, você deve imaginar que não estou aqui para ser agradável, até porque eu não gosto de você...
O garoto de cabelos negros interrompeu-a:
-Claro que não, isso você já é naturalmente.
Anna irritou-se mais um pouco com o sarcasmo dele e aumentou o tom de voz:
-Está vendo? Não podemos ter uma conversa civilizada, você não me deixa falar! O que eu quero dizer é que...Black, do que você está rindo?
Sirius estava segurando o riso, mas ela podia perceber que ele estava rindo dela:
-Nada, Senhorita. É muito curiosa essa situação. Veja, você me detesta, mas não consegue negar um encontro comigo. Nós dois, esta lareira...ai que romântico! – ironizou ele com um olhar apaixonado
-Se você me deixasse falar nós poderíamos acabar com esse momento romântico!
-Por quê? Eu estou gostando... – Sirius Black foi se aproximando da menina, que não se moveu
-Sirius Black, afaste-se de mim...
-Você vai ter que se afastar sozinha. –falou ele cada vez mais perto
Mas ele sabia que ela não conseguia se mover. Novamente ela sentia a respiração dele, o calor dele. O hálito quente estava cada vez mais próximo e Remus nenhum, nem Lily iriam interrompê-los. Ainda tentando conter o que estava por vir, Anna disse:
-Nem mais uma palavra, Black. Vou sair daqui agora!
-Sem mais nenhuma palavra, Senhorita Halloway...
Nesse momento, Sirius colocou uma de suas mãos na cintura da menina, puxando-a para si. Ela deixou-se levar, sem forças para negar. O menino roçou sua boca no ouvido da menina, sussurrando qualquer coisa inaudível. Os pêlos do corpo dela eriçaram, deixando-a mais exposta ainda. Black foi dando-lhe beijinhos nas bochechas cor-de-rosa, até chegar ao destino. Roçou sua boca na dela e deu-lhe uma mordida no lábio inferior até os lábios se tocarem por completo. Ele podia sentir a respiração acelerada de Anna, que não sabia o que fazer.
Mova-se Anna! Você é Anna Halloway, a menina mais forte de toda Hogwarts e não vai ser esse menino que vai te provar o contrário! – pensou
Mas os seus sentidos falavam mais alto do que sua razão. Razão e emoção se confrontavam em uma erupção de sentimentos diferenciados. Raiva, ódio, desejo. O beijo aprofundou-se para desespero de Anna: sem saber exatamente o que estava fazendo, passou uma das mãos no pescoço do moreno enquanto a outra deslizava sobre os seus cabelos negros. Já Sirius deslizava suas mãos nas costas da garota.
Você está louco, garoto. Louquinho. – pensou ele
Mas, em um impulso que veio assim, do nada, Anna desvencilhou-se do Maroto, que exibia um semblante de satisfação, e deu-lhe um tapa com as mãos abertas na face direita do menino. Apontando-lhe o dedo indicador disse com a voz trêmula:
-Sirius Black, nunca mais olhe na minha cara e não ouse falar comigo novamente! Seu...Seu...PERVERTIDO!
-Você não pareceu irritada com o que estava acontecendo...muito pelo contrário. E sobre o que você tinha para me dizer? – falou um Maroto meio irônico
-Espero que esse tapa tenha lhe dito o suficiente! – bufou a garota, saindo da Sala Precisa batendo os pés e a porta
Black deixou seu corpo pender e cair no pufe. A única coisa que tinha em sua mente se mostrava fisicamente em sua face, exibindo a marca dos dedos da menina que estava ali há pouco:
Sem dúvida nenhuma o tapa que Anna Halloway tinha lhe dado tinha dito o suficiente: Sirius Black estava apaixonado.
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N/A: A-M-E-I FAZER ESSE CAPÍTULO, LEVOU ALGUM TEMPO MAS SAIU :P
PRÓXIMO CAP SERÁ T/L, VOU ALTERNAR OS SHIPPERS DESSA MANEIRA, UM EM CADA CAPÍTULO :P
SEM MAIS,
COMENTEM.
Ana,
;*
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