NOVIDADES NATALINAS
Pela primeira vez dentro de muito tempo, os sete membros da Aliança reuniram-se para conjurar um encantamento. Mesmo que você soubesse onde eles se encontravam, olhando de fora, só era visível um velho casebre caindo aos pedaços, com lascas podres de madeira pendendo das paredes e um teto composto de telhas tão antigas que estavam quase esfarelando. O lugar ficava nos arredores de Dublin, na Irlanda e estava rodeado de residências bruxas bastante elegantes, o que fazia o barraco praticamente desaparecer na paisagem. Porém, no mundo mágico é muito fácil se enganar com aparências, ainda mais quando se trata do esconderijo de sete dos mais poderosos bruxos do Reino Unido. O interior do recinto esbanjava beleza e conforto, era formado por um único aposento específico para reuniões e tinha todo e qualquer utensílio que fosse preciso em um encontro da Aliança. Havia uma grande mesa circular no centro, rodeada por sete poltronas enumeradas indicando o lugar de cada integrante, bem no meio da mesa encontrava-se o maior tesouro daquela organização: a Obsidiana Negra. A rocha em formato de esfera era tão polida que reluzia até com as fracas luzes que iluminavam a sala naquela ocasião, apesar de não ser uma pedra preciosa, o potencial mágico dela era impressionante. Era quase do tamanho de uma bola de futebol, servia como um recipiente e conseguia concentrar uma enorme quantidade de magia que era usada pela Aliança apenas em ocasiões de risco, além de servir de alerta para o tabu que envolvia comentários indesejados acerca do nome da organização. Cada um dos membros também carregava um colar com um pequeno pingente de obsidiana, que tinha as mesmas funções da pedra maior, porém em menor escala.
Os sete já haviam se acomodado em suas devidas poltronas e olhavam seriamente para a obsidiana, como se procurassem por uma resposta mais fácil. Eles tinham tomado uma decisão bem arriscada para acabar com Harry Potter, mas que poderia também significar autodestruição. Eles iriam convocar um Espírito Negro, uma espécie de patrono corpóreo em forma humana feito totalmente de magia negra, porém muito mais poderoso, já que iria consumir energia de todos os integrantes da Aliança. Mas eles sabiam que apenas isso não seria o suficiente para derrotar Harry, e por conta disso não só convocariam a entidade como planejavam fazê-la ser incorporada pelo Escolhido, tomando controle de seu corpo, sua mente e sua magia. Usariam a Obsidiana Negra para prender o espírito e o libertariam quando conseguissem pegar Harry desprevenido e de preferência sozinho.
A idéia parecia realmente boa, mas alguns detalhes eram de extrema importância e não poderiam ser deixados de lado nem por um segundo. O processo de convocação de um ser tão poderoso era muito exaustivo, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Seria um tempo muito grande despejando uma grande quantidade de magia, e durante o procedimento, qualquer um deles poderia ser dominado pelo espírito se não conseguisse fechar sua mente por completo.
Os sete sabiam disso.
E os sete tinham medo.
Parece até irônico sentir medo quando a grande parte do que você faz é assustar as pessoas e machucá-las, mas nenhum deles era estúpido o suficiente para achar que não era absurdamente perigoso, com grande risco de um deles – ou todos – morrer.
- Todos estão a par dos procedimentos? – questionou número Dois, obtendo algumas respostas “Sim!” ou apenas um breve movimento de cabeça.
- Bem, chegou a hora de darmos início ao encantamento. – disse número Cinco. Em seguida o grupo inteiro murmurou – Septum Portus!
Uma grande quantidade de magia começou a circular pelo local, um vento forte e gelado começou a açoitar o aposento, fazendo coisas voarem aleatoriamente. Os sete membros da Aliança faziam grandes esforços para conter aquele gigantesco poder, porém isso exigia o máximo de concentração de cada um deles. A mesa central balançava fortemente, e sua superfície de madeira polida começou a se transformar em um material semelhante ao cristal líquido, como se uma janela tivesse acabado de ser aberta, e onde antes estava o tablado, agora se via uma paisagem bastante estranha. Uma profusão de sombras movimentando-se desordenadamente, vultos de magia negra apareciam e desapareciam rapidamente, emitindo ruídos horripilantes.
- Agora! – avisou Quatro, ao que todos responderam em uníssono – Ascendio Spiritum! – dito isso, um dos espectros negros começou a emergir vagarosamente, exalando um odor pútrido, como aquele exalado por cadáveres em certo estágio de decomposição.
A obsidiana flutuava graciosamente bem acima do lugar onde o espírito negro estava aparecendo. O processo estava caminhando para seu ultimo estagio: o lacre mágico dentro da poderosa rocha. Os sete já apresentavam grande cansaço, mas esse momento seria crucial para que a Aliança tomasse posse do espírito e por conseqüência, obtivesse uma maior chance de acabar com Harry Potter.
- Lacrai! – juntaram-se as vozes uma segunda vez, fazendo o vulto ser sugado abruptamente para o interior da Obsidiana. Apesar do grande impulso inicial, o ente mágico não se deu por vencido e começou a debater-se para evitar a prisão, exigindo ainda mais poder mágico dos poderosos bruxos. Prestes a sair por completo da magia da Aliança e libertar-se, o espírito levou outro grande baque com um feitiço lançado por número Dois – INCARCEROUS EXTREMOS! - Bradou ele em tom desesperado. Com isso, o espectro parou de se agitar, e foi enclausurado na Obsidiana.
- BLAM! – uma das cadeiras em volta da mesa acabara de cair.
Apenas seis lugares estavam ocupados na grande sala de reunião.
Número Dois estava no chão.
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Harry Potter acordou assustado em sua cama.
Sabia que algo estranho estava acontecendo.
Algo extraordinariamente perigoso.
Ele saiu do seu quarto, e caminhava no corredor, em direção à cozinha.
- Você também sentiu Sr. Potter? – sussurrou Kalderash, pela porta entreaberta do quarto em que se encontrava – Creio que devemos redobrar os cuidados nesse feriado – Harry apenas murmurou uma resposta meio desconexa, e o cigano levantou-se o acompanhou.
Na noite anterior, chegara em casa com o cigano e logo que amanhecesse planejava contar a Gina seus planos para o Natal. Porém, esse tipo de pressentimento era muito preocupante a essas alturas dos acontecimentos.
- O que foi isso? – foi única coisa que Harry conseguiu dizer.
- Acredito que alguma invocação muito poderosa foi realizada com sucesso. Esse nível de poder só é atualmente alcançado pela Ordem da Fênix ou pela Aliança. Visto que o membro mais forte da Ordem está aqui, acredito que foi uma convocação de magia negra feita pelos sete Aliados.
- Um basilisco? Talvez uma manticora?
- Não, Sr. Potter. Eu não faço idéia do que seja, mas é algo muitas vezes mais poderoso que esses animais mágicos.
- Então, vamos olhar pelo lado bom. Para fazer uma convocação desse nível os membros da Aliança devem estar com seu poder fragilizado, e vão procurar se esconder o melhor possível. Então podemos aproveitar o feriado para comemorar.
- A calmaria antes da tempestade, não é?
- Isso mesmo, a calmaria antes da tempestade... – Harry encerrou a conversa, com um meio sorriso, mas extremamente preocupado.
Não demorou muito, Gina chegou à cozinha com Lily. As duas vinham exibindo seus cabelos de fogo, de beleza incomparável. A esposa de Harry vestia um belo robe de cetim prateado, enquanto sua filha trajava um pijama vermelho com desenhos de quadribol.
- Bom dia, querido. A você também bruxo cigano que eu não lembro o nome.
- Sou Kalderash. Bom dia para você também, Sra. Potter.
- E você Lily, como está? – disse Harry, fazendo a filha sentar no seu colo – Já acordou de verdade, ou seu corpo está sendo controlado por sua mãe?
- Sou eu mesmo papai. E não venha com essas piadas sem graça a essa hora da manhã. – respondeu a caçula, arrancando risadas de Kalderash.
- Boa opinião, jovenzinha.
- Gina, temos de falar sobre algumas pendências sobre o nosso feriado.
- Então comece, acho que para este homem estar em nossa casa ele deve ser confiável, quanto a Lily, ela pode saber o que quiser sobre nossa festa de natal.
- Bem, é que estava pensando em reformar a casa de Godric´s Hollow e comemorar lá. A nossa viagem não foi um mar de rosas, e acho melhor não ficarmos nos lugares mais comuns de reunião familiar.
- Realmente não tem outro jeito? – Gina conseguia ser bem compreensiva quando precisava – Não – lamentou-se Harry.
- Droga... – ela resmungou baixinho – vou negociar minhas férias a partir de hoje, acho que amanhã já poderemos ir.
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- Idiotas! Você e Harry! Que idéia mais ridícula!É lógico que não vamos fazer isso!
- Mione, é o único jeito. Os mais poderosos bruxos das trevas estão atrás de nós, e esse foi o único lugar que nos ofereceu um pouco de privacidade!
- É um lugar asqueroso!
- Por isso vamos reformá-lo.
- Não contem comigo dessa vez!
- Deixa disso... Sei que você já entendeu nossos motivos, não adianta querer se fazer de durona. Pode dar as ordens que quiser durante os preparativos do feriado. Uma vez reformada a casa, ela pode ser muito útil para a Ordem da Fênix.
- OK Rony, as ordens começam agora está bem? Primeiro você tem que me arranjar algumas corujas, para eu conseguir uma folga do Ministério. Depois, tenho uma lista de compras para o Natal, e quero que você deixe tudo pronto até amanhã. Falando nisso, amanhã você tem que ir pegar a Rose na estação, aí você pode também...
“Onde eu fui me meter? Dar passe livre para as ordens da Mione? Devo estar ficando maluco!”
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As Orquídeas Negras também não estavam paradas, Lady Pollock estava armando suas estratégias para controlar pontos-chave do mundo bruxo. Após ter tomado conta da direção de Hogwarts, ela já planejava vôos mais altos para sua organização. O próximo ponto de domínio que ela tentaria estabelecer seria o Caldeirão Furado, já que era um dos maiores pontos de conexão entre bruxos e trouxas.
Mas seus planos também tinham outra vertente, que era a melhoria dos poderes mágicos da organização, que atualmente não tinha tantos bruxos habilidosos. Em sua maioria só possuíam poderes medianos e realizavam feitiços razoáveis. Lady Pollock era uma mulher muito inteligente, e sua procura por métodos mágicos inovadores era constante. Ela havia feito diversos experimentos com seu próprio sangue e havia desenvolvido uma poção para incremento de magia instantânea. Porém, para fazer com que a poção tivesse efeito permanente, a quantidade de sangue era muito grande, e era necessário que fosse de uma descendência bastante poderosa. A linhagem Pollock era de uma qualidade relativamente boa, porém, para poção ficar perfeita era necessário algo ainda melhor. Em sua cabeça havia apenas duas opções: Dumbledore e Potter. Apesar das habilidades mágicas durarem cronologicamente mais do que as capacidades físicas, ainda assim, Aberforth estava muito velho para ser útil nesse caso. E como Harry Potter era o bruxo mais poderoso da atualidade, ela tinha voltado seus olhares para as crianças Potter, tornando assim o objetivo alcançável.
Os dois bruxos infiltrados em Hogwarts – Stirling, tomando a posição de Diretor, e Chalmers, como professor de Poções – eram de alta classe dentro da corporação, por isso Lady Pollock acreditava fielmente em suas capacidades para a obtenção tanto do sangue Potter quanto do domínio do mundo bruxo.
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Alvo, Rose e James caminhavam pelo trem procurando uma cabine vazia. Não foi nada fácil achar um lugar em que pudessem ficar sentados em paz, mas eles conseguiram encontra-lo já quase no último vagão. O clima nos últimos dias não vinha sendo muito agradável, e os belos jardins de Hogwarts haviam mudado de seu usual tom verde para um branco pálido. O expresso de Hogwarts também tinha neve por todo o seu comprimento, mesclando-se em cores alvirrubras em seu exterior. Logo após a partida, os flocos de neve faziam barulhos suaves ao se chocarem com os vidros das janelas do veículo. Os três primos contavam ainda com a companhia de Molly e Phillip, que haviam chegado um pouco depois do trio. Os garotos rapidamente começaram uma animada conversa sobre quadribol, e as meninas também começaram a expressar suas opiniões sobre o assunto. Rose e Molly sabiam muita coisa sobre o esporte e várias vezes confundiam os garotos com tanta informação. James até se exaltou um pouco tentando provar que sabia mais do que elas sobre a Copa Mundial de Quadribol, mas não conseguiu ser convincente.
Com a conversa, os cinco discutiam, mas também riam bastante com as tentativas frustradas de James demonstrar superioridade. Quando finalmente prestaram atenção no horário, a chegada na Plataforma 9 e ½ estava bem próxima, e eles já conseguiam ver no horizonte a Estação King’s Cross.
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O Expresso de Hogwarts parou com um solavanco na plataforma mágica da Estação King’s Cross. Potters e Weasleys esperavam para o reencontro familiar, mas dessa vez, em vez de irem à Toca, o endereço dos feriados de fim de ano seria Godric’s Hollow. Alvo, James e Rose despediram-se de seus amigos e trocaram calorosos abraços com seus familiares presentes, sendo logo saudados pela novidade.
- Vamos para Godric’s Hollow. – Hugo disse aos seus primos quando se aproximaram.
- Hã?! – foi a única coisa que James conseguiu articular que ficasse parecido com uma palavra.
- Já esperava que não fôssemos ficar em casa, mas ir para Godric’s Hollow já é um pouco demais, Hugo. Nós mal chegamos e você já começou com as suas piadas – Rose disse com cara de tédio.
- Parece piada, mas é verdade filha – Rony afirmou, sussurrando no ouvido dela – Venha, vamos pegar uma chave de portal na casa do Harry para economizar tempo.
O grupo que havia ido à estação de trem saiu andando calmamente em direção à casa de Harry. Os pais de Rony e Gina jé se encontravam em Godric’s Hollow, para garantir a segurança do transporte das crianças. Os demais Weasleys chegariam apenas na véspera de Natal.
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