CRIANÇAS TAMBÉM SABEM REVIDAR
Alvo pensou que a queda estrondosa da armadura havia sido apenas um sonho e voltou a deitar, mas Rose despertou mais inquieta e saiu de seu quarto para checar o que causara tanto barulho. Entre as partes caídas da armadura, ela notou um pedaço de pergaminho dobrado. Brandiu a varinha para reorganizar as diversas placas de aço que compunham o corpo metálico e tomou em suas mãos o que reconheceu ser o Mapa do Maroto. Verificando a página que estava aberta, ela se apressou em acordar Alvo, subindo de dois em dois os degraus de acesso ao dormitório masculino.
- Alvo, olha isso! – enquanto ela falava desesperadamente, o símbolo de James estava a uma esquina de se encontrar com nove bruxos desconhecidos – Seu irmão está em apuros!
- Que forma gentil de acordar uma pessoa... Deixe-me ver isso aqui. – pegou os óculos da mesa de cabeceira e focou o nome James Potter, agora já cercado pelos outros nomes estranhos – Mas que diabos...?
- Quanto tempo acha que ele vai conseguir se defender?
- Menos do que o necessário para chegarmos onde ele está.
- Você reparou que todos os professores também estão sendo atacados?
- Sim, e você reparou que eles mandaram um maior número de pessoas em direção à Sala Comunal da Grifinória?
- Você acha que eles estão atrás de nós?
- E James foi correndo direto na direção deles, aposto que não pensou direito antes de correr para um duelo. O que faremos?
- A primeira providência é sair daqui, depois vamos ao corujal avisar nossos pais. O que acha?
- A sala mais próxima ao corujal é a de Herbologia, mandamos a mensagem e corremos para ajudar Prof. Longbottom. Temos que ser rápidos! Acho que tenho um pedaço de pergaminho por aqui. – ele vasculhou sua mochila e rapidamente retirou uma pena, tinta e um bolinho de papel – Está só um pouco amassado...
- Quase nada, só parece que foi mastigado por um trasgo montanhês.
Após rabiscar rapidamente uma mensagem de alerta para seus pais, Alvo e Rose partiram em velocidade para o corujal, sempre conferindo no Mapa do Maroto onde estavam seus perseguidores. Assim que despacharam uma coruja marrom com a carta, viram os bruxos inimigos entrarem à força no salão da Grifinória e desataram a correr para a sala de Herbologia. Neville duelava ferozmente com dois membros das Orquídeas Negras, enquanto o outro estava desacordado em um dos cantos da sala, estava com um pequeno corte na testa e aparentemente seu braço direito estava quebrado, dificultando o manejo da varinha e dando vantagem para seus adversários. Alvo e Rose aproximaram-se pelas costas dos bruxos das trevas, e gritaram em uma só voz:
- DEPULSO! – o impacto dos feitiços derrubou os alvos e deu tempo a Neville aprisioná-los conjurando um breve encantamento e logo tomando as varinhas dos rivais.
- Professor, o que aconteceu com seu braço? – Rose questionou, assim que percebeu o estranho ângulo formado em um lugar que não possuía articulações.
- Esses bandidos explodiram a porta e um grande pedaço dela me atingiu. Acho que está quebrado em dois ou três pedaços... Vocês chegaram na hora certa, mais um pouco eu acabaria sendo estuporado ou alguma coisa pior. Como sabiam que tinha alguém duelando comigo? E porque ainda estão de pijamas?
- Eu nem tinha reparado que ainda estava de pijama... – Rose ruborizou um pouco ao falar – Mas vimos no Mapa do Maroto vários grupos de bruxos dentro do castelo, fomos ao corujal mandar um aviso para casa e então viemos ao seu encontro.
- Pois fizeram muito bem avisando Harry. Vamos chamar James e esperar na Sala Precisa até os reforços chegarem.
- Aí está nosso segundo problema... Ele acabou de ser capturado. - Alvo afirmou, assim que verificou no Mapa do Maroto.
- Como isso foi acontecer? – espantou-se Neville – Não sabemos o que esses desgraçados querem, e ele sai perambulando pelos corredores do castelo como se estivesse num passeio amoroso.
- Não precisa ser tão radical, se não fosse por ele nós não teríamos acordado e a situação estaria bem pior. Ele foi o primeiro a perceber algo de errado na escola e deve ter vindo correndo para cá sem pensar quantos bruxos mais poderosos que ele estariam no caminho. – disse Alvo em defesa do irmão.
- Acho que tenho um jeito de trazermos de volta o meu primo maluco. Se esse tal de Stirling está há tanto tempo se passando pela Profª McGonagall e o professor de Poções é o cúmplice, provavelmente existe uma reserva de poção Polissuco, e deve estar na sala de aula de Poções que o Chalmers tem usado agora que finge ser professor da matéria. – ela dizia já se dirigindo para os bruxos que atacaram Neville – Vamos pegar um pouco disso aqui. – então deu um puxão forte no cabelo de cada um dos malfeitores.
- E isso também. – Neville disse ao tirar as vestes deles, deixando os malfeitores só com as roupas de baixo - Os pijamas vão ficar muito pequenos para vocês quando se transformarem.
Os três tiveram que fazer alguns desvios pelo caminho para evitar o encontro com o numeroso grupo que estava perseguindo as crianças. Ao entrarem na sala, Neville bradou “Accio Polissuco”, um frasco cheio até a metade veio voando e Rose pegou-o no ar.
- Acho que não vai ser suficiente para três pessoas. Vocês dois vão beber a poção e fazer o seguinte: vão me levar como se fosse um prisioneiro, e se perguntarem onde está o terceiro integrante do trio, digam que ele seguiu as crianças em direção à Torre de Astronomia. Afinal, parece que eles duelam em equipes de três integrantes e o objetivo principal é capturar James e vocês dois. Vamos lá, ponham essas vestes.
Primeiramente, Alvo e Rose vestiram as roupas que tinham tirado dos bruxos abatidos na sala de Herbologia, após isso, os dois dividiram a poção em dois copos conjurados por Neville e cada um pôs um tipo de fio de cabelo dentro do seu copo. A poção de Rose adquiriu um aspecto esverdeado, enquanto a de Alvo tornou-se laranja. Ao beberem, sentiram um gosto amargo e enjoativo que quase os fez vomitar, porém acabaram engolindo todo o líquido e começaram a sentir as mudanças no seu aspecto físico. Alvo incorporou um bruxo de cabelo louro penteado para o lado e empastado com bastante gel, sua prima ficou com a forma de um homem alto com nariz protuberante e pele escura.
- Levem um pouco disso cada um. – Neville disse, entregando para cada um deles dois itens: uma pequena flor amarelada e um potinho de creme de musgo – Em caso de emergência, apertem a flor e passem o musgo no nariz e na boca, ok? – as crianças assentiram e rumaram para a sala que deveria estar ocupada por Minerva McGonagall, mas estava lotada de bruxos de má índole.
Assim que avistaram a entrada da diretoria Neville se fingiu de desmaiado e os garotos o fizeram levitar o resto do caminho. Foi então que um importante detalhe ficou evidente.
- Qual é a senha? – o gigante negro perguntou, com voz grave. Rose assustou-se com o tom que saía de sua boca.
- Ei, Langley! Langley! – um homem gritava na direção de Rose, mas ela demorou a perceber. Alvo tinha estabelecido contato visual e ele gritou de novo – Grimm, chame este brutamontes do seu lado! Lady Pollock está esperando por ele!
- Nós temos um prisioneiro e esse cabeça oca esqueceu a senha! – o louro respondeu.
- É “Cabeça de Tubarão"! O professor capturado fica por sua conta, Grimm! - e dirigindo-se para Rose - Vamos logo seu imprestável! – sem dizer mais nada, Rose seguiu aquele desconhecido.
Mais ou menos dez pessoas esperavam Alvo e Neville dentro da Sala dos Diretores, era muito mais do que qualquer um dos dois esperava.
- Onde coloco esse idiota? – o garoto disse no tom mais insolente que conseguiu. Um dos presentes apontou a porta do gabinete do diretor, e ele obedeceu, jogando Neville em meio aos outros professores capturados.
Assim que bateu a porta, Alvo apertou a florzinha em seu bolso e encostou-se em um canto para empapar sua cara com aquele musgo fedorento. O efeito foi quase imediato, os bruxos foram caindo desacordados pela doce fragrância sonífera emanada pela flor que Neville lhe dera. Ele amontoou os corpos imóveis no centro do aposento e, já próximo à porta, disse o que tinha feito com os bruxos.
- Excelente! – a voz fina de Flitwick estava esperançosa – Destranque a porta e vá deter esses monstros, sairemos assim que o efeito sonífero tiver passado.
Alvo obedeceu e procurou no mapa onde estavam sua prima e seu irmão. Os dois estavam na companhia dos outros vinte bruxos que tinham invadido Hogwarts. Eles seguiam vagarosamente em direção à Torre de Astronomia, provavelmente seguindo o palpite dado por Rose. Foi nesse momento que uma surpresa bastante oportuna ocorreu. O garoto viu surgir no mapa do sétimo andar quatro pontos distintos e muito bem-vindos – seu pai, sua mãe e seus tios Rony e Hermione.
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Rose e os outros bruxos malignos haviam chegado à base da escada da torre, e as ordens de Lady Pollock foram bem claras:
- Eu, Stirling e Chalmers vamos subir primeiro, prendê-los e começar o Ritual de Sangue assim que capturarmos eles, fui bem clara? – após a concordância geral, que fez Rose sentir um calafrio, Lady Pollock e seus dois capangas subiram os degraus em direção à torre iluminada pelas estrelas. Rose tinha ficado tão nervosa que se esquecera do objeto que Neville dera para alguma emergência. Assim que recordou da planta e do creme, ela utilizou-os sem ser muito discreta. Sujou sua cara com aquela pasta que parecia extrato de esgoto para depois pressionar com força as pétalas do sono. A maioria caiu dormindo no mesmo instante, uns dois ou três ainda tentaram correr, mas acabaram adormecendo depois de alguns passos.
Os guardas que escoltavam James haviam adormecido, e Rose usou a força que tinha, aumentada por causa do corpo obtido com a Poção Polissuco, para carregar James, andando para longe antes que percebessem que não havia nenhum Potter ou Weasley na Torre de Astronomia.
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