INVASÃO EM HOGWARTS
A reação inesperada de Alvo fez a garota se calar, em silêncio, Rose foi em direção ao James petrificado e levitou-o como se estivesse movendo uma grande mala. Eles seguiram para o sétimo andar e passaram três vezes no corredor indicado por Harry e Hermione, pensando fortemente no espaço adequado para as aulas e no retrato da irmã de Dumbledore.
Uma porta de madeira enegrecida apareceu após a terceira passada no mesmo corredor, a maçaneta enferrujada foi girada por Alvo, revelando uma grande sala circular com o retrato de Ariana no ponto exatamente oposto à entrada. Havia estantes recheadas de livros que acompanhavam a curva da parede até a metade de sua extensão, sendo que a outra metade estava entulhada de objetos próprios para a prática de bruxaria: bonecos de palha, plantas venenosas e medicinais, poções regenerativas e até um baú com a palavra “Bicho Papão” escrita na superfície. O centro do aposento apresentava um círculo entalhado no chão, e dentro dele havia uma frase em latim que os garotos não tinham a menor idéia do que significava.
- Vá buscar o papai e a tia Hermione e não fale nada sobre o que aconteceu agora pouco, entendido?
- Desculpe Al, mas eu não vou ficar calada. – antes que o menino pudesse replicar, ela já tinha corrido pela passagem do retrato. Ainda meio indeciso, ele apontou sua varinha para o irmão e murmurou “Finite”. Os movimentos de James foram voltando aos poucos, fazendo ele ter certa dificuldade de levantar. Sem dizer nada, o garoto mais velho olhou nos olhos do caçula sentindo muita raiva. Os dois ficaram se encarando de maneira tão severa que a tensão no ar estava quase palpável, os sentimentos de arrependimento e raiva de ambos estavam bem aguçados, e após o que pareceu uma eternidade, os três apareceram na passagem dando fim ao contato visual deles.
Hermione e Harry checaram tudo que havia na Sala Precisa, separando os principais livros e utensílios que iriam usar. A primeira aula foi quase toda teórica, fazendo-os aprender mais sobre os feitiços Depulso – de ataque – e Protego – de defesa. Próximo ao fim da aula, Hermione reparou que até Harry estava entediado, e isso porque ele já estava acostumado a reuniões super chatas devido ao seu emprego no Ministério da Magia.
- Crianças, agora nós vamos praticar um pouco. – Hermione afirmou, acenando a varinha para trazer uma pequena gárgula para perto dela – Não adianta passar todo o nosso tempo sentado na cadeira e não tentar pelo menos um desses feitiços na prática.
A gárgula cuspia bolas de fogo, sendo ideal para treinar o recém aprendido Protego. Um de cada vez, os três conseguiram obter sucesso na primeira tentativa. Observando a facilidade deles, Harry posicionou mais uma gárgula em um ponto diferente da sala, dificultando a defesa dos alunos. Ainda assim, os três conseguiram proteger-se de todos os projéteis disparados pelas esculturas de pedra.
- Muito bem, agora vamos testar seu desempenho em equipe. Vamos controlar dez gárgulas para atacar vocês, de modo que vocês desativam cada uma ao acertar um Depulso. Ao meu comando vocês devem se preparar para contra-atacar, ok? – e os três levantaram seus polegares em sinal afirmativo – Já!
O primeiro disparo das dez gárgulas foi ao mesmo tempo, fazendo os três gritarem em uníssono “Protego!”. Após a primeira investida, os disparos ficaram aleatórios e cada vez mais potentes. Rose foi a primeira a derrubar uma gárgula, porém ia ser atingida em suas costas se Alvo não a puxasse no último segundo. Os dois conseguiram cooperar de modo bastante eficiente e derrubaram outras quatro esculturas rapidamente. Por estar combatendo sem cobertura, James derrubara apenas uma e gastava quase toda a atenção evitando ser acertado. Alvo foi auxiliar James e Rose, a contragosto, acabou tendo que fazer o mesmo. Faltavam apenas três gárgulas quando elas atacaram simultaneamente de novo, James defendeu-se do ataque frontal esperando que os outros dois protegessem seus flancos, porém, após um breve olhar, Rose e Alvo agacharam-se e rolaram para o lado fazendo James receber um belo impacto tanto na esquerda quanto na direita, rodopiando no ar antes de bater com força no chão. Hermione conteve um grito de espanto e Harry arregalou seus olhos sem entender o comportamento dos dois. Com sorrisos de satisfação, a primogênita Weasley e o Potter do meio detonaram com as três últimas estátuas como se estivessem brincando.
- Mas que diabos! – exclamou Harry, enquanto Hermione cuidava do desmaiado James – Vocês só podem estar brincando comigo! Abandonar um companheiro no meio do duelo é uma atitude muito traiçoeira!
Rose nem esperou seu tio falar muito e relatou tudo que James fizera algumas horas antes, ainda reforçando sua opinião favorável a uma punição maior para ele. Alvo foi consultado em alguns momentos e confirmava as afirmações da prima com veemência. Os adultos escutaram o relato dos garotos e mandaram-nos voltar para a Sala Comunal, dizendo que iriam se assegurar do estado de saúde de James.
- Parece muito com uma atitude que você tomaria, não é? A ânsia de resolver tudo sem se importar com as conseqüências é um comportamento bem digno de Harry Potter aos onze anos de idade.
- É verdade, mas quando se trata dos nossos filhos as coisas parecem ficar muito mais perigosas.
- Sem dúvida. Sentimos mais medo por eles do que por nós mesmos, e isso é natural. Não sei se esse é o momento ideal, mas deveria conversar com James sobre essas coisas. No mais, suponho que as crianças resolveram a situação de uma maneira meio cruel, mas também engraçada.
- Concordo, realmente tenho que falar com ele, mas também quero a companhia de Gina com relação a isso. Devemos conversar o quanto antes, vou ver se consigo que ela venha aqui amanhã.
- Acho uma boa idéia Gina participar, vamos acordar o James e voltar para o nosso quarto cinco estrelas no Cabeça de Javali. – ela se aproximou mais uma vez de seu sobrinho e disse – Enervate!
O garoto despertou ainda confuso, e foi ordenado a voltar para o dormitório, ação que ele acabou fazendo automaticamente. Harry e Hermione adentraram o quadro de Ariana e rumaram de volta para o bar gerenciado por Aberforth Dumbledore.
O outro dia não foi nada feliz para James Potter, antes mesmo de descer para o café da manhã ele recebera um berrador enviado por sua mãe, dizendo que ela teria uma conversinha com ele na lareira da Sala Comunal da Grifinória, às dez da manhã em ponto. As dores que sentia em seu corpo o fizeram relembrar os acontecimentos do dia anterior, além de pensar um pouco mais antes de perseguir bruxos das trevas, agora que sua habilidade em duelos havia se comprovado abaixo de sua própria expectativa. Duas coisas ele tinha em mente, escutar calado o discurso de sua mãe e tentar aliviar um pouco o clima com seu irmão e sua prima, afinal, para evitar ser despedaçado no próximo treino, ele deveria aprender a atuar em conjunto e não com tanta prepotência como da última vez.
Como ele previra, o discurso de sua mãe foi bem rígido, deixando-o quase sem argumentos a seu favor. Apesar da eloqüência de Gina, ele não conseguiu segurar sua língua e acabou soltando uma frase rápida: “Papai abriu a câmara secreta no segundo ano e tornou-se um herói, eu não fiz nada de mais comparado a ele”. A mãe dele fez uma breve pausa, mas respondeu suavemente.
- Seu pai sempre lutou para proteger as pessoas e os valores que ele considerava corretos, não em busca de glória ou fama. Ele também não negava a ajuda de Rony e Hermione nas suas aventuras, além de respeitar demais as opiniões de Dumbledore, seu mentor. O que você fez foi egoísta e espero do fundo do coração que você tenha se arrependido do que disse ao seu irmão. Lembre-se que bruxos das trevas sempre vão existir aos montes, mas família, você só tem uma.
- Sim, mamãe. – de fato, as palavras dela esclareceram diversos pontos equivocados em sua conduta, e ele começou a compreender de fato o que era ser um herói.
Os dias passavam e eles praticavam cada vez mais na Sala Precisa, evoluindo rapidamente seus conhecimentos na arte de duelar. Os exercícios eram cada vez mais difíceis, fazendo-os sair exaustos do local quase todos os dias. Era uma sexta-feira e após o fim de semana recomeçaria o ano letivo, os três chegaram para o treino ainda cansados da sessão anterior.
- Podemos ter folga hoje? – declarou Rose, sentando-se no chão de tão cansada – Minhas pernas doem.
- Vocês podem sossegar amanhã, agora vamos fazer algumas repetições do feitiço Tarantallegra. – respondeu Harry, mas ele não sabia o que esperava seus filhos no próximo dia.
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O Prof. Chalmers havia visto as três crianças dando uma volta no castelo pela manhã, e permaneceu atento aos passos delas durante o dia. No entanto, quando elas tomaram o caminho para a Sala Precisa ele dirigiu-se para a Sala da Diretora pronto para relatar a presença dos descendentes de Potter em Hogwarts.Após falar a senha para as gárgulas, subiu a escada e bateu apressadamente na porta.
- BLAM! BLAM! BLAM! Stirling, parece que chegou a hora de botarmos em prática o nosso plano!
- Fale mais baixo seu doente. – respondeu o outro e rapidamente fechou a porta atrás de seu comparsa – Por que você acha isso?
- Os pequenos Potters estão no castelo, sem a proteção dos pais nem a atenção dos professores. Devemos agir o mais rápido possível para capturá-los.
- Essa é uma ótima notícia! As corujas estão preparadas para despachar nossos recados?
- Sim, separei as mais velozes em minha sala. Os reforços devem começar a chegar via Flú cerca de meia hora depois da partida das aves, todos irão utilizar a lareira da diretoria como ponto de chegada, pois não fica sob vigilância.
- Muito bem, a poção Polissuco que tomei hoje deve durar tempo suficiente para completarmos nossos afazeres. Vamos para a sua sala enviar as notícias para as Orquídeas Negras.
Os dois andaram furtivamente pelo castelo até entrar na Sala de Poções. Lá, encantaram diversas penas que escreviam as palavras ditadas pela falsa Profª. Minerva, ao passo que Prof. Chalmers as endereçava para diferentes bruxos. Com mais uma série de acenos de varinha, as cartas foram amarradas às pernas de cercas de quinze corujas engaioladas naquela sala e de súbito todas as gaiolas foram abertas, liberando os pássaros para voarem em meio às nuvens noturnas.
Como esperado, não demorou muito para os bruxos começarem a surgir na sala controlada por Stirling. As corujas ainda foram postas para entregar mensagens mais uma vez naquela noite, e já era madrugada quando os trinta bruxos convocados acomodavam-se na Sala da Diretora. Os quadros nas paredes resmungavam freqüentemente, sendo necessário conjurar uma grande cortina além de alguns encantamentos para abafar as vozes dos antigos diretores.
- Prezados companheiros, chegou a hora que tanto planejamos! Vamos extrair todo o sangue Potter disponível nessas duas crianças, a pequena Weasley pode também servir de brinde! – discursava Lady Pollock, exaltando os ânimos de seus comandados – Iremos capturar todos os professores e dominaremos esse castelo inteiro, e com nossos poderes aumentados dominaremos o mundo bruxo! – após alguns minutos de vivas e aplausos, ela gesticulou com uma mão e fez todos se calarem – Muito bem, com McGonagall aprisionada, Binns já sendo um fantasma e Chalmers do nosso lado, nos falta capturar em torno de sete professores. Serão designados três de nós para cada professor de Hogwarts e eu partirei com o restante em busca dos garotos.
Os trios foram formados e saíam organizados da sala em variadas direções para confrontar os desavisados professores, que nem sequer imaginavam o que estava vindo ameaçá-los naquela noite. Porém, apesar do plano ter sido arquitetado quase perfeitamente, as Orquídeas Negras pecaram por desconhecer o Mapa do Maroto.
Naquele dia, após o treino árduo na Sala Precisa, James tinha ido se sentar na poltrona da Sala Comunal da Grifinória para relaxar um pouco, além disso, também havia pegado o pergaminho encantado há muito tempo por seu avô e, batendo sua varinha no objeto, falou:
- Juro solenemente não fazer nada de bom. – o mapa se abriu revelando os diversos aposentos de Hogwarts e o garoto começou a olhar à toa os diversos andares do castelo. Ele folheou a primeira vez todas as páginas do mapa e começou a folhear de trás para frente sem pensar realmente no que estava fazendo. No entanto, muitos pontinhos começaram a se acumular na Sala da Diretora de uma maneira muito suspeita. Sem pestanejar, James atribuíra a culpa daquilo ao estranho nome que vira dias antes naquele mesmo lugar: Stirling. Piscar parecia uma atitude dispensável para James enquanto ele olhava aquele amontoado de pontinhos e nomes, tentando pensar o que estava acontecendo. Quando ele se deu conta que não sabia nem por onde começar a entender aquilo, os pontinhos começaram a sair de três em três em direções que num primeiro momento pareciam aleatórias, mas logo ficou claro que estavam indo de encontro aos professores em suas respectivas salas.
- Preciso avisar o Prof. Longbottom! – falando para si mesmo ele saiu correndo para a sala de Neville com a varinha em punho, no caminho de saída da Sala Comunal da Grifinória, acabou esbarrando numa velha armadura que caiu com um grande estrondo e acabou acordando Alvo e Rose, os dois outros hóspedes do dormitório grifinório.
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