Capitulo 8
Capítulo VIII
Harry baixou o vidro e fitou o irmão e a cunhada com ar de desafio.
- Bem? O que desejam?
- Queríamos saber se estava tudo bem – disse Draco vacilante, e tentando não olhar para Hermione - A picape estava parada aqui, no meio do nada, e...
- Tudo bem – interrompeu Gina, tentando ajudar o marido a se livrar daquela situação difícil – Não vimos ninguém nem... nada.
- Sim, nada mesmo - disse com ímpeto.
- Estava mostrando uma foto dos irmãos Clark para Hermione – explicou Harry com frieza, retirando a prova do bolso. O recorte surgiu amassado e rasgado e, com gesto canhestro, ele tentou arrumá-lo – Estão vendo?
Draco pigarreou e desviou o olhar, dizendo:
- Deveria tê-lo tirado do bolso antes de ... bem.... vou embora!
Harry voltou a fechar o vidro da picape. Ao seu lado, Hermione tremia, e parecia prestes a cair na gargalhada.
- Não tive culpa - disse ela, tentando manter a voz firme - Estava sentada aqui, bem quieta, quando você resolveu bancar o Romeu.
- Boa comparação – resmungou ele, fitando-a com intensidade.
Hermione começava a voltar a realidade. Recolheu o chapéu de Harry do chão.
- Está todo amassado também – murmurou com um sorriso.
Harry segurou-o com um gesto irritado e atirou-lhe para o banco de trás.
- Vou mandar lavá-lo.
Hermione sentou-se muito aprumada, as mãos cruzadas sobre o colo, os dedos brincando com a capa de chuva que colocara sobre os joelhos.
- Marilee causou uma grande confusão entre nós dois - disse Harry de improviso, surpreendendo-a – Lamento muito.
- Quer dizer que não me odeia? – retrucou Hermione com a voz tímida.
Harry fez uma careta.
- Estava furioso por que acreditei nas mentiras dela – confessou – Falei sem pensar, mas nada do que disse partiu do meu coração. Sei que não resolve muito, mas peço desculpas por todas as palavras que a ofenderam.
Ela brincou com um botão da capa e desviou o olhar. Talvez o remorso o tivesse feito desculpar-se, pensou, e não apreciasse o fato. Conhecia Harry o suficiente para saber que detestava magoar os outros.
Após um breve silêncio, ele disse.
- Vou levá-la para casa. Aperte o cinto meu bem.
As últimas palavras a deixaram radiante, mas tratou de se conter. Não podia se deixar levar de novo por falsas esperanças, pensou.
A picape girou na curva para a estrada principal, enquanto entabulava conversa.
- Fred e eu vamos cercá-la de vigilância no Shea’s. Conhecemos a maioria dos fazendeiros de Jacobsville. E Pode pedir a Harley que vá vê-la de vez enquanto – acrescentou com ar magnânimo – Irei me encarregar com seu pai de convocar os outros.
Hermione lançou-lhe um olhar de soslaio.
- O queixo de Harley ficou muito inchado.
O olhar de Harry tornou-se sombrio e perigoso.
- Não tinha nada que interferir em nossa conversa. Você não é propriedade dele.
Hermione não soube o que responder. O tom de voz parecia de um homem enciumado, mas por certo isso era impossível, concluiu consigo mesma.
De repente Harry perguntou, furioso:
- Já sentou com Harley em uma picape e deixou que tirasse sua blusa?
- Claro que não! – explodiu Hermione.
Harry acalmou-se em um segundo. Remexeu-se ainda impressionado pela volúpia sexual que sentira havia a pouco, e resmungou:
- Tudo bem.
- Não tem direito de me fazer esse tipo de pergunta nem de ter ciúmes de mim - acusou Hermione com raiva.
- Depois do que fizemos aqui? – replicou com ironia. – Ora! É evidente que tenho!
- Também não pertenço a você!
- Mas isso quase aconteceu. Draco e Gina a salvaram.
- Como disse?
Harry endereçou-lhe um olhar faiscante.
- Hermione, você estava com a calça enrolada até os joelhos. Já esqueceu?
- Harry! – ela gritou.
- Acho que não teria parado – continuou ele, fazendo uma curva – E você parecia bem contente com a perspectiva – acrescentou em tom de afetuosa zombaria.
Ela engoliu em seco, e ficou vermelha como um pimentão.
- Que audácia.
- Isso mesmo. O que fizemos foi audacioso, querida. Para sua informação, no futuro não deixe um homem chegar no ponto em que cheguei. É ingênua e inexperiente, e existem conselhos que deve seguir.
- Não preciso seguir seus conselhos.
- Claro que sim!
Hermione calou-se, lembrando do prazer sensual que sentira com os lábios quentes de Harry roçando seu corpo de modo intimo.
- Entende demais de mulheres – vociferou com voz rouca.
- E você não sabe nada sobre homens – replicou Harry com um sorriso – Fico feliz por isso. Perdeu o autocontrole no instante em que a toquei. Teria me deixado fazer o que quisesse, e não pode imaginar como vibrei sabendo disso. Foi maravilhoso.
Hermione estava confusa. Não sabia o que concluir com essas palavras. Primeiro ele fora rude e paternalista, e depois admitira que ela o excitava. Uma hora agia como um irmão mais velho, outra como namorado.
O olhar de Harry a fez voltar ao momento presente.
- Acredita mesmo que as coisas voltarão a ser o mesmo depois do que aconteceu nesta picape? – ele perguntou com suavidade – Lembro-me de ter dito que tudo mudaria.
Hermione pigarreou.
- Sim, disse.
- Já mudou. Olho para você e fico excitado – confessou com rude franqueza – E cada vez a tensão será maior.
- Não vamos ter um caso. – exclamou Hermione com expressão digna.
- Ótimo! Fico feliz que possui tanto autodomínio. Pode me dar aulas.
- Não entrarei mais em uma picape sozinha com você.
- Então da próxima vez virei com o carro – replicou Harry em tom de brincadeira – É claro que teremos de abrir as duas portas. Não vou conseguir me acomodar no banco da frente como fiz aqui.
- Isso não se repetira. – murmurou Hermione, apertando a capa de chuva de encontro ao peito.
- Acontecerá, bastará eu voltar a tocá-la.
Ela o fitou indignada.
Harry enveredou por um atalho lamacento que conduzia até as pastagens de Fred, desligou o motor e agarrou Hermione com calma.
Voltou a colocá-la sobre seus joelhos, e seus lábios sugaram-lhe a boca com luxuria, enquanto a mão experiente deslizava pela suas costas, fazendo-a vibrar como acontecera antes, e pender a cabeça para trás com um gesto de completo abandono.
- Está sentindo? – murmurou Harry junto ao ouvido – Tente resistir.
Hermione sentia-se presa em um mundo irreal de sensações deliciosas. Não conseguiu protestar nem mesmo quando ele tocou-lhe os seios e acariciou-lhe por sobre a blusa.
Ela o enlaçou pelo pescoço e aproximou-se mais, tremula e indefesa, sentindo a pulsação do corpo viril, que, sem palavras, revelava quanto a desejava. Gemeu, em um misto de felicidade e desespero.
- É a coisa mais estúpida que já fiz na vida - murmurou Harry gemendo também, apertando-a de encontro ao peito e beijando-a de modo frenético.
Inclinou-se mais no banco, quase se deitando, e a fez fazer o mesmo, de modo que sentisse a pressão e força de seu desejo.
Hermione não estava chocada e demonstrava desejá-lo com a mesma intensidade. Os dois pareciam se unir como se sempre tivessem sido amantes.
As mãos fortes apertavam os quadris delicados de encontro aos seus, em um frenesi de sensualidade, e...
De novo a aproximação de um motor possante o fez erguer a cabeça com um gesto brusco. Fitou o rosto afogueado de Hermione, sentindo seu hálito quente. Com um olhar embaçado, voltou o rosto para a janela da picape a tempo de ver o velho furgão de Fred surgindo na pastagem, um pouco adiante.
Deixou escapar uma palavra que Hermione só ouvia na boca de Miudinho quando discutia com fregueses bêbados, e, de modo rude, rapidamente a fez sentar-se de novo, afivelando-o cinto de seguranças.
Hermione tremia como se estivesse com frio. Baixou os olhos para o corpo de Harry que vibrava de paixão, e corou até a raiz dos cabelos.
- Um homem não consegue controlar essas reações – disse ele com simplicidade.
Hermione abraçou o próprio corpo e murmurou:
- Posso entender. Também sinto o mesmo.
O mau humor que o invadira instantes antes, ao perceber a aproximação de Fred, parecia deixá-lo. Não conseguia afastar olhos de Hermione, como se um imã o atraísse de modo irresistível.
Ele olhou e disse:
- Desculpe-me.
- Por quê? Nós dois apreciamos o que aconteceu.
Hermione ardia de desejo insatisfeito e, de maneira instintiva, continuou:
- Se você usasse um preservativo...
Dessa vez foi Harry quem corou. Não podia acreditar no que ouvira.
Fred estacionou o furgão ao lado da picape e baixou o vidro.
-A chuva parou – anunciou – Pensei em ir até o rancho de Eb Scott pedir que mande seus homens ao Shea’s com freqüência.
- Boa idéia – replicou Harry, descabelado e vermelho – Encontrei Hermione passeando, e dei-lhe uma carona.
De modo sensato, Fred evitou encarar os dois, mas tinha certeza de que interrompera algo importante.
- Não vou me demorar querida – disse, sem olhar para a filha.
- Certo, papai. Dirija com cuidado – respondeu Hermione com voz débil.
Fred acenou, sorriu e foi embora.
Imitando-o, Harry deu partida no motor. Ainda tentava controlar a respiração apertada. Fitou o caminho enlameado, à frente, evitando olhar para Hermione. Como se não houvesse sido interrompido, respondeu ao que ela dissera antes de Fred chegar.
- Sim, posso usar um preservativo, mas o sexo vicia Hermione. Uma vez será apenas o começo, e não uma cura, entendeu?
Ela acenou que sim, começando a se recompor e percebendo, envergonhada, o que dissera.
Harry esticou o braço e segurou-lhe uma das mãos frias.
- Não pode imaginar como estou envaidecido – murmurou – Era virgem e ia se entregar para mim...
Hermione engoliu em seco e pediu com voz suplicante:
- Pare, por favor.
Ele soltou-lhe a mão.
- Vou levá-la para casa. Se não trabalhasse no sábado, poderíamos ir ao cinema e jantar.
O coração de Hermione deu um salto.
- Quer sair... comigo?
Harry a fitou com ar de posse.
- Poderia vestir o que usou no baile – acrescentou ele com voz rouca – Gosto de admirar os seus ombros. Tem uma pele linda – o olhar desceu vagaroso, pelo corpo de Hermione – E lindos seios também, com mamilos rosados e...
- Harry Potter! – ela exclamou escandalizada.
Mas em resposta ele se inclinou e beijou-a com fúria.
- Da próxima vez vamos ficar os dois sem roupa. Isso acabará coma sua vergonha.
Só em pensar naquela possibilidade, Hermione enrubesceu uma vez mais e tentou se justificar.
- Sei que disse muitas tolices naquela hora, mas...
Harry voltou a parar o carro e beijou-a outra vez, com delicadeza.
- Nós dois nos conhecemos a vida toda – falou com seriedade, buscando seu olhar – Acha que sou o tipo de homem que se aproveita de uma moça?
- Não – admitiu ela.
- Jamais faria isso com você, Hermione. Sempre foi especial para mim, antes mesmo de nos beijarmos na cozinha de sua casa – acariciou-lhe os cabelos com a ponta dos dedos, o que a fez estremecer – Mas depois que senti o gosto de seus lábios, serei sua sombra. Faz idéia do que acontece comigo?
- Você me deseja – respondeu Hermione com a voz rouca.
- Vai um pouco além do sexo – redargüiu Harry, voltando a beijá-la nos lábios – Digamos que estou... fascinado. Lembra-se de como gemeu quando a toquei por debaixo da blusa?
Hermione engoliu em seco.
- Sim...
- Então imagine como seria se minha boca a tocasse ali também...
Ela apenas estremeceu, e Harry continuou no tom de voz baixo e sensual que a enlouqueceria:
- Mas vamos dar tempo ao tempo. Por enquanto trate apenas de ficar de olhos e ouvidos bem abertos, e não faça nada no seu trabalho que possa deixa Clark intrigado.
- Tomarei cuidado.
Harry a fitou com intensidade.
- Se ele a tocar, vou matá-lo.
Podia ser um comentário sem sentido, mas não era, pensou Hermione. Jamais vira um olhar como aquele, e ficou amedrontada.
Uma mão poderosa segurou-lhe pela nuca.
- Hermione, você me pertence – sussurrou – Serei seu primeiro homem. Pode apostar!
O novo beijo foi, ao mesmo tempo, excitante e selvagem, mas muito breve. Harry forçou-se a largá-la, e deu partida no motor, voltando à estrada para a fazenda. Entretanto sem querer seus dedos enlaçaram os delas, como se detestasse perder o contato físico. Hermione de nada sabia, mas Harry acabara de tomar uma decisão, e nada o demoveria naquela idéia.
Na sexta-feira seguinte, Jack Clark apareceu no Shea’s.
Hermione não comentara a seu respeito com ninguém no restaurante, temendo ameaçar a própria segurança. Mas começou a observá-lo com atenção. O homem era alto, muito magro e desajeitado. Sentou-se sozinho a um canto, olhando ao redor de modo nervoso, como se estivesse louco para arrumar confusão.
Um caubói empregado de Cy Parks e homem de confiança de Harley Fowler, levantou-se a se encaminhou até o balcão do bar. Sentou-se em um banquinho e pediu cerveja e pizza.
- Olá, senhorita Hermione – saudou com um sorriso que mostrava a falta de dente – Harley mandou dizer que em breve virá vê-la aqui.
- Que gentileza a dele – Hermione retribuiu o sorriso – Já vou providenciar seu pedido Ned.
Rabiscou em um papel verde e passou para a cozinha.
- Onde está meu uísque – gritou Clark do deu canto – Já estou sentando aqui há cinco minutos.
Hermione olhou torto. Miudinho não estava por ali, sem dúvida estava trabalhando nos fundos, e Nick, o cozinheiro, tinha massa até os cotovelos. Ela teria de providenciar o pedido, concluiu.
Preparou uma dose de uísque e colocou o copo sobre a bandeja.
Encaminhou-se à mesa de Clark, forçando-se sorrir.
- Aqui está senhor.
O homem a fitou com os olhos azul desbotado e rosnou:
- Que isso não volte a acontecer. Detesto esperar.
- Sim, senhor.
Assim dizendo, Hermione deu as costas para voltar para o balcão, mas Clark a reteve pelo laço do avental e a fez girar, fazendo-a prender a respiração ao sentir uma mão suada tocar-lhe a cintura.
- É bem bonitinha, garota. Por que não senta no meu colo e me ajuda a beber isto?
Caso Miudinho estivesse presente, Hermione teria recusado a servir a dose de uísque, mas no momento caíra na armadilha e não sabia como escapar. Seus piores temores pareciam estar acontecendo de verdade.
- Também preciso levar uma bebida para o homem no bar – disse apontando para o caubói de Harley – Voltarei logo, esta bem?
- Aquele garoto poderá servi-lo – replicou Clark, por sua vez apontando para Nick, o jovem cozinheiro detrás de vidraça da cozinha.
- Ele está preparado as pizzas, senhor - protestou Hermione começando a ficar com medo. - Por favor!
Desculpar-se foi um erro. Jack Clark adorava apavorar mulheres e vê-las suplicar. Sorriu de maneira maldosa.
- Já disse para ficar aqui.
Puxou-a para os joelhos ossudos, e Hermione gritou.
Como um raio, dois caubóis que até então permaneciam quietos a um canto, levantaram-se com uma expressão perigosa e aproximaram-se da mesa de Clark.
- Ora, ora! – resmungou ele – Você tem anjos-da-guarda com botas. – levantou-se arrastando Hermione – Afastam-se! – gritou, segurando-a pelos cabelos de modo ameaçador.
De súbito, esbofeteou seu rosto com toda a força e, em seguida, retirou uma faca do bolso. A lamina brilhou, enquanto retinha a jovem pelos ombros brandindo a arma.
- Afastam-se rapazes – voltou a gritar – Ou vou cortá-la em pedaços.
Encostou a face no pescoço de Hermione que, amedrontada, lembrou-se de todos os golpes de defesa pessoal que aprendera vendo televisão ou ouvindo o pai. No momento sabiam que era ineficazes quando alguém mantinha uma arma em seu pescoço, pensou. Clark cortaria seu jugular se os homens se aproximassem mais.
Imaginou-o arrastando-a para fora do bar e violentando-a. Tudo era possível com um mau-caráter como aquele, concluiu. E não havia ninguém para impedi-lo. Se ao menos Harry estivesse ali, rezou consigo mesma.
De modo vago, percebeu Nick se esgueirar até o telefone. Quem sabe conseguiria ligar para a policia, pensou esperançosa.
Segurou o pulso de Clark, tentando afastar a lâmina.
- Está me machucando – gemeu.
- Verdade? – sibilou o bandido, apertando-a mais.
Hermione sentiu que o ar lhe faltava e então, como se fosse uma inspiração, lembrou-se do que fizera uma mulher durante um ataque. Se fingisse um desmaio, pensou, talvez ele a soltasse.
- Não... posso... respirar - disse com a voz entrecortada, fechando os olhos.
Se perdesse os sentidos, Clark tanto poderia soltá-la, como corta-lhe a garganta. Mas de qualquer modo o pegariam, concluiu. Valeria a pena.
Deixou o corpo pender, no exato momento em que ouviu um grito da porta.
Nos minutos caóticos que se seguiram, viu-se atirada para o chão com tanta violência que machucou o cotovelo e a cabeça.
Gritou com a dor do impacto e, ato contínuo, Harry Potter e Harley Fowler surgiram no salão pela porta da frente, correndo para Clark. Harley chutou a faca da mão do homem, e a arma voou pelo salão. Entretanto o bandido também era bom de briga, e atingiu-lhe o estômago com movimento de perna, fazendo Harley se esparramar sobre uma das mesas.
Harry tentou segurá-lo por detrás, mas também foi atirado para longe.
Os dois outros caubóis, ao verem que, apesar do tamanho de Harry e a destreza de Harley, Clark os tinha abatido com facilidade, trataram de se acautelar.
Fez-se um súbito silêncio, e Hermione conseguiu se sentar no chão a tempo de ver o policial Cash Grier entrar no restaurante e se aproximar do agressor.
Jack Clark voltou-se, segurando a faca outra vez, e lançou-se sobre o recém-chegado. O assistente do delegado esperou de modo paciente pelo ataque, e sorriu. Foi o sorriso mais frio e perigoso que Hermione já vira.
Grier moveu-se tão depressa como um raio e, quando Clark se aproximou o suficiente, tomou-lhe a faca da mão, atirando-a de encontro a parede. Como o impacto, a arma voltou no espaço e caiu sobre o balcão, enterrando-se profundamente na madeira. Miudinho levaria um algum tempo para conseguir arrancá-la de lá.
Em silêncio e com calma, Grier voltou-se de novo para o inimigo e esperou.
Clark estava furioso por ter sido pego distraído, e arremessou-se sobre o policial como um trator. Porém, de novo, Grier se afastou, evitando o soco, e atingiu o outro no queixo, com um movimento de perna que teria orgulhado Bruce Lee.
Começou então a esmurrá-lo de maneira metódica, desferindo golpes de braços e pernas, até fazê-lo cair no chão, sem fôlego e vencido.
Tudo não levou mais de três minutos. Clark pôs as mãos nas costelas e começou a gemer. Grier postou-se sobre o homem, a respiração normal, como se não tivesse feito o menor esforço, e pegou as algemas do bolso.
Harry já se recompusera e correra para Hermione, apertando-a de encontro ao peito, enquanto ela esfregava o cotovelo dolorido.
- Quebrou o braço? – perguntou ele em tom preocupado.
Ela balançou a cabeça em negativa.
- Não, meu cotovelo está apenas machucado e ralado. Minha boca está sangrando?
Harry acenou de modo afirmativo, o rosto pálido. Em pensamento, censurou-se por não tê-la ajudado. Ele e Harley deveriam ter dominado Clark, resmungou consigo mesmo.
Pegou um guardanapo de sobre as mesas, e limpou o sangue dos lábios e face de Hermione. O lado esquerdo do rosto começava a inchar e ficar escuro.
Enquanto isso, em silêncio, Grier tomava conta do bandido. Fizera-o encostar-se na parede, afastar as pernas, e estender as mãos para ser algemado.
Por fim falou com calma.
- Preciso de uma testemunha para comparecer diante do juiz e dar queixa do ocorrido.
- Aqui estou – prontificou-se Harley, limpando o sangue da boca, também com guardanapo – E creio que o senhor Potter irá comigo.
- Pode apostar que sim - replicou Harry. – Mas primeiro preciso levar Hermione para casa.
- Não há pressa – disse Grier, segurando Clark pelo pescoço – Harley, sabe onde mora o juiz Burr Wiley? Vou levar este homem até ele.
- Sim, senhor. Irei direto para lá dar queixa, de modo que possamos prender este... cavalheiro – em tempo mudou de expressão que desejaria ter usado, por consideração a Hermione. Voltou-se para ela – Tudo bem com você?
Hermione estava tremula, e apoiava-se em Harry.
- Claro – esforçou-se para sorrir – Vou ficar ótima.
- Vou pegá-los – vociferou Clark, olhando para Harry e Hermione – Vou pegar vocês dois!
- Não agora – replicou Grier com paciência – Farei com que o juiz saiba de todas as acusações a seu respeito.
- Conte comigo – exclamou Hermione, fazendo uma careta ao sentir dor no queixo.
- Mas não hoje à noite – interpôs Harry, segurando-a pelo ombro de modo protetor – Vamos, meu bem. Vou levá-la para casa.
Seguiram Harley e Grier e seu prisioneiro. Os três entraram na viatura de policia, e Harry e Hermione dirigiram-se para a picape.
Com delicadeza, ele a ajudou a subir o banco da frente, e só então Hermione notou que Harry usava roupas e botas de trabalho.
- Deve ter vindo correndo para o Shea’s – comentou.
- Estávamos levando gado para um novo pasto. Um dos touros escapou e tivemos de persegui-lo – Harry examinou as botas enlameadas – Desejava ter vindo há mais de uma hora, mas não foi possível. Por coincidência cheguei ao mesmo tempo que Harley.
- Dois homens de Cy Park estavam no bar, mas quando Clark começou a me ferir, recuaram com receio que o louco me matasse.
Harry tomou-lhe a mão. O lindo rosto de Hermione ficaria com um hematoma, e a visão do machucado o deixava furioso.
- Obrigada a todos vocês – disse ela.
- Harley e eu não ajudamos muito – replicou Harry com um sorriso encabulado – Clark deve ter treinamento militar, mas por sorte não foi páreo para Grier. Foi como assistir a um filme de lutas marciais. Nem dava tempo de ver os pés de Grier se movendo.
Hermione só tinha olhos para Harry, e perguntou:
- Aquele brutamontes o machucou?
- Só no orgulho. Jamais fui derrubado com tanta facilidade.
- Pelo menos tentou – murmurou ela- Obrigada de novo.
- A culpa foi minha. Nunca deveria ter permitido que continuasse no Shea’s.
- Foi minha escolha.
Harry a beijou na testa.
- Não vou levá-la para sua casa nessas condições, porque Fred terá um colapso. Vamos para a minha, e de lá telefonaremos ao seu pai dizendo que houve um pequeno problema, e que irá se atrasar.
- Tudo bem – replicou Hermione, sem forças para resistir.
Obs:Capitulo postado!!!!Espero que tenham curtido!!!Logo logo tem mais atualização!!!!Bjux e tenham uma ótima semana!!!!Adoro vocês!!!
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