Capitulo 11
Obs1:Capitulo dedicado a Fernanda Destro que saiu do hospital a pouco tempo e graças a Deus já está melhor!Bjux Fer!!!Se cuida!!!
CAPÍTULO XI
- É questão de pulso — afirmava George, virando um hambúrguer na grelha.
— Pensei que tinha dito que era questão de tempo.
De pé, com os polegares enganchados nos bolsos, Hermione sustentava o cotovelo de Bryant ao ombro.
— Evidentemente, o tempo é fundamental. A arte do churrasco envolve muitos aspectos sutis.
— Mas quando é que vamos comer? — reclamou Bryant.
— Em dois minutos, se quiser hambúrguer, em dez, se quiser carne. — Através da fumaça, George viu Harry se aproximando com uma travessa. — Ah, está chegando mais comida!
— Acho que vou querer um hambúrguer e depois carne — declarou Bryant, esperto.
— É o décimo da fila, filho, se não me engano. Pegue a senha. — George virou outro hambúrguer, que chiou deliciosamente, e então franziu o cenho ao ver a esposa no deque lateral.
Dançando no lugar, Cilla ondulou os braços, apontou para Harry e então para ele, movendo os dedos em círculo. Ah, era a vez dele de encostar o rapaz na parede! Discretamente, sinalizou que entendera.
— Pode deixar a ração fresca aí mesmo, Harry. — George indicou a mesa ao lado da churrasqueira. — Fez o curativo?
— Vou sobreviver. — Harry olhou carrancudo para Hermione. — Apesar do seu comportamento antiesportivo na defesa, fiz a cesta e ganhamos.
— Pura sorte. Vamos para a revanche depois do almoço.
— Quando perde, ela exige revanche — informou Bryant. — Quando ganha, ela esfrega a vitória na sua cara uma semana.
Hermione bateu os cílios.
— E daí?
— Mamãe não me deixava bater nela, porque era menina. — Ele apertou os ombros da irmã com extrema força. — Sempre achei isso a maior injustiça.
— Para compensar, descontava em Keenan.
— É verdade. — Bryant divertiu-se com a lembrança. — Dias felizes. Acho que vou socá-lo daqui a pouco, em nome dos velhos tempos.
— Posso assistir, como antigamente?
— Claro.
George reprovou.
— Por favor, sua mãe e eu cultivamos a ilusão de que criamos três adultos sérios e equilibrados. Não destruam nossos sonhos. Harry, ainda não conhece minha oficina, conhece? — Reparando no desdém da filha, meramente ergueu o sobrolho. — Bryant, chegou o momento.
— Que momento?
— De lhe passar os pegadores e a espátula sagrados.
— Espere aí, espere aí! — Hermione empurrou o irmão para o lado com uma cotovelada. — Por que não eu?
George levou a mão ao coração.
— Quantas vezes ainda terei de ouvir esse questionamento até o fim de meus dias? — Fitou a filha. — Hermione, meu tesouro, certas coisas um homem lega ao filho. — Apertou o ombro de Bryant. — Filho, confio-lhe a reputação dos Granger. Não me decepcione.
Bryant fingiu enxugar uma lágrima.
— Pai, sinto-me honrado. Juro proteger o nome da família, não importa o que custe.
George estendeu os acessórios de churrasco.
— Pegue. Agora, você é um homem.
Hermione pendurou o braço nos ombros de Harry.
— Que palhaçada.
Bryant esfregou um pegador na espátula.
— Você não passa de uma mulher. Conforme-se.
- Ela vai se vingar disso — advertiu George. Atentou a Harry. — E então, aproveitando o dia?
— Sem dúvida. — Como sair de fininho, se não paravam de arrastá-lo para um canto qualquer e encostá-lo na parede? — Agradeço a hospitalidade, mas agora tenho de voltar ao bar.
— É o tipo de negócio que não dá muita folga ao dono, principalmente nos primeiros anos. — George já o conduzia rumo a uma construção de madeira no canto do quintal. — Entende de ferramentas elétricas?
— Sei que fazem um barulho infernal.
Rindo, George lhe deu um tapa forte nas costas e abriu a porta de sua oficina.
— E então, o que acha?
A sala do tamanho de uma garagem dispunha de várias bancadas de trabalho, máquinas, estantes, ferramentas, pilhas de madeira. Aparentemente, George tinha vários projetos em andamento, mas Harry não saberia defini-los.
— Interessante — opinou, educado. — O que faz aqui?
— Ah, faço muito barulho. Pouco mais do que isso. Há uns dez anos, ajudei Keenan a construir uma gaiola de passarinho. Ficou boa. Foi Cilla quem começou a me comprar ferramentas. Brinquedos de homem, segundo ela.
Passou a mão na capa de uma serra.
— Aí, precisava de um lugar para guardá-las. Quando vi, tinha uma oficina completa. Acho que foi tudo planejado, para me tirar do caminho dela.
— Muito esperta.
— Demais. — Em silêncio por um minuto, contemplaram o maquinário. — Bem, vamos acabar logo com isto, para podermos relaxar e comer. -O que há entre você e minha filha?
Harry não poderia afirmar que fora pego desprevenido, mas mesmo assim sentiu um peso no estômago.
— Bom, estamos namorando.
Compenetrado, George abriu uma geladeira pequena e retirou duas garrafas de cerveja. Abriu-as e ofereceu uma a Harry.
— E?
Harry tomou um gole da bebida e fitou o velho amigo nos olhos.
— O que quer que eu diga?
— A verdade. Mesmo sabendo que preferiria dizer que isso não é da minha conta.
— Claro que é da sua conta. Mione é sua filha.
Mais à vontade, George sentou-se numa bancada.
— Trata-se de intenções, Harry. Pergunto quais são suas intenções com relação a minha filha.
— Não tenho nenhuma intenção. Não devia ter tocado nela. Sei disso.
Intrigado, George inclinou a cabeça para o lado.
— É mesmo? Pode explicar?
Harry cedeu à tensão e passou a mãos nos cabelos.
— Que diabo você quer de mim, hein?
— Na primeira vez em que me deu essa resposta, nesse tom, tinha treze anos. Seu lábio sangrava também, naquele momento.
Harry procurou se acalmar.
— Eu me lembro.
— Então, deve se lembrar também do que eu lhe disse na ocasião, mas vou repetir: o que você quer de si mesmo, Harry?
— Já consegui o que queria. Uma vida decente, respeitável, agradável. Também sei a quem devo essa vida. Tudo o que consegui, tudo o que sou devo a você, George. Abriu-me a porta, ajudou-me mesmo sem motivo.
George ergueu a mão.
— Calma, também não precisa exagerar.
— Você mudou minha vida. Você me deu uma vida. Sei onde estaria, se não fosse você. Eu não tinha o direito de me aproveitar disso.
— Está atribuindo demais a mim, Harry. Apenas vi um menino de rua com potencial. E briguei para endireitá-lo.
Harry tinha os olhos marejados de emoção.
— Você me fez.
— Não, Harry, pare com isso. Você se fez. Claro, eu me orgulho de ter ajudado.
George desceu da bancada e perambulou pela oficina. Não pretendera, com aquela conversa franca, atiçar emoções. Tampouco imaginara sentir-se como um pai recebendo um presente valioso de um filho.
— Se acha que me deve algo, pague agora sendo honesto comigo. — Voltou-se. — Envolveu-se com Mione só porque ela é minha filha?
— Apesar disso — corrigiu Harry. — Parei de pensar nela como sua filha. Caso contrário, não teria me envolvido com ela.
Satisfeito com a resposta, George assentiu. Procurou amenizar o sofrimento do rapaz.
— Defina envolvimento.
— Tenha dó, Granger! — Harry tomou vários goles da cerveja gelada.
— Não me refiro a detalhes — observou George, bebendo também. — Esses devem permanecer entre quatro paredes, para não trocarmos socos aqui.
— Certo.
— Quero saber o que sente por ela.
— Gosto dela.
George deglutiu a informação.
— Sei.
Harry praguejou. George lhe pedira para ser honesto e ficava andando em círculos.
— Estou apaixonado por Mione. Inferno. — Fechando os olhos, imaginou-se atirando a garrafa contra a parede. Não adiantou. — Lamento, mas é só o que posso dizer.
— É suficiente — opinou George.
— Sabe de onde vim. E óbvio que não me considera bom o bastante para ela.
— De fato, não é — concordou George, sem notar mudança nos olhos verdes que conhecia tão bem. — Trata-se de minha filhinha, Harry, e nenhum homem nunca me parecerá bom o bastante para ela. Justamente por saber de onde você veio, creio que se aproxima bastante do ideal. Por que a surpresa? Jamais revelou problemas com sua auto-estima.
— Acho que vou ficar louco. Fazia muito tempo que não me sentia assim.
— Uma mulher faz isso com a gente. Quando é a mulher certa, você nunca mais se recupera. Mas ela é bonita, não é mesmo?
— Tanto que me ofusca.
—É também inteligente, forte e decidida.
Harry tocou no lábio ferido.
—Se é.
—Se quer um conselho, seja honesto com ela também. Ela não admitiria menos, não por muito tempo.
—Eu sei.
— Pois tenha isso em mente, filho. — Com um sorriso paternal, George apertou-lhe o ombro. — Só mais uma coisa: se a magoar, vai se ver comigo. E nunca encontrarão seu cadáver.
—Puxa, sinto-me bem melhor agora!
—Que bom. Mas, diga-me, prefere o churrasco bem ou mal passado?
Hermione os viu saindo da oficina e relaxou. O pai abraçava Harry aos ombros e ambos sorriam. Não deviam ter feito nada além de degustar uma cerveja e resmungar acerca de ferramentas elétricas.
Se George bisbilhotara quanto ao relacionamento entre Harry e ela, ao menos não perfurara nenhum buraco indevido.
Gostava de vê-los juntos, testemunhar aquele vínculo de afeto com respeito mútuo. A família era muito importante em sua vida. Teria atendido ao desejo do coração e ficado com Harry, porém seria uma felicidade incompleta, se os pais e irmãos não aceitassem seu amor.
Teria deixado cair à travessa com salada de batatas se a mãe não fosse rápida.
— Mão furada — ralhou Cilla, pousando o acessório na mesa.
— Mãe.
— Hum? O gelo está acabando de novo?
— Estou apaixonada por Harry.
— Eu sei, querida. Quem está disponível para ir buscar mais gelo?
Hermione segurou a mãe pelo pulso antes que ela fosse à grade do deque gritar por mais gelo.
— Como soube?
— Porque conheço você e vejo seu jeito quando está com ele. — Gentil, Cilla afagou-lhe os cabelos. — Assustada ou feliz?
— Ambos.
— Ótimo. — Com um suspiro, a mãe a beijou no rosto. — É assim mesmo. — Enlaçando-a pela cintura, achegou-se à grade. — Gosto dele.
— Eu também, mãe.
Cilla encostou a testa na da filha.
— Não é maravilhoso reunirmos a família assim?
— É. Harry e eu brigamos por causa disso hoje.
— Parece que você venceu.
— Vamos brigar de novo quando eu disser que vamos nos casar.
—Mas você é filha de seu pai. Aposto em você.
—Pode apostar.
Hermione desceu os degraus e atravessou o gramado. Já calculara tudo. Não se importava em ser calculista quando precisava marcar pontos.
Alcançou os homens e foi direto beijar Harry na boca. Ele gemeu, lembrando-a do lábio machucado, mas ela só riu.
— Agüente firme, valentão! — E o beijou de novo.
Harry a pegou pela cintura e apertou contra o corpo.
— Pai? Mamãe disse que precisa de mais gelo.
George esquadrinhou o gramado e localizou o alvo.
—Keenan! Vá buscar mais gelo para sua mãe! — Ignorado, partiu para o corpo-a-corpo. — Keenan!
Hermione cruzou as mãos à nuca de Harry.
—Agora, vai me contar o que conversaram.
—Assunto de homens. — Ele roçou os lábios nos dela. — Idéia sua, foi?
—Não sei do que está falando.
—Estou em desvantagem aqui, Hermione. Quer que eu seja massacrado por sua família?
—Não seja bobo. Minha família é beijoqueira.
—Já reparei. Mesmo assim... — Ele se desvencilhou, cauteloso.
—Está se comportando muito bem — assegurou ela. — Uma gracinha mesmo. Está se divertindo?
—À parte pequenos acidentes... — Harry indicou o canto do lábio rasgado. — Sua família é muito hospitaleira.
— Não é? Cada reunião destas fortalece nossa união, nos deixa mais à vontade uns com os outros. Meus primos e eu nos vemos desde crianças, aqui ou no incrível castelo gótico de tio Gage, ou subindo as montanhas, ou...
— O quê?
— Só um minuto. — Fechando os olhos, Hermione se concentrou. — Estou regredindo no tempo, voltando aos lugares em que fui feliz com as pessoas que mais amo. É por isso que as pessoas sempre voltam à cidade natal, ou visitam os pais depois que crescem... — Abriu os olhos ante um novo pensamento. — Onde ele cresceu?
Espetou um dedo no peito de Harry.
— Onde ele e a irmã cresceram? Em que casa moraram? Ele era feliz? Deve ter um lugar de refúgio, no qual se esconde, planeja. Já sei onde ele está.
Dando meia-volta, Hermione correu para a casa.
Harry foi atrás e encontrou-a digitando um número no telefone.
— O que está fazendo?
— Ligando para a delegacia. Burra, burra, como não pensei nisso antes? Carmichael? É Granger. Preciso que descubra um endereço, o endereço antigo de Matthew Lyle, pode haver vários. Verifique inclusive onde morou na infância. Se não me engano...
Hermione fez um esforço para recordar o dossiê do assassino.
— Ele nasceu no lowa e a família se mudava muito. Não sei quando chegaram a Denver. Os pais já morreram. Sim, pode ligar para cá ou para meu celular. Obrigada.
— Acha que ele voltou para casa?
— Ele precisa resgatar a memória da irmã para se sentir seguro, poderoso. — Andando em círculos na cozinha, Hermione pinçava detalhes da vida do homem. — O perfil indica que ele dependia dela, embora se visse como protetor. Ela era a única consistência, a única constância na vida dele. Pais divorciados, filhos para lá e para cá. A mãe se casou de novo, mais turbulência. O padrasto era... Raios!
Esfregando a têmpora, forçava a memória.
— Ex-fuzileiro naval. Truculento, impaciente com o geniozinho gorducho e sua irmã dedicada. Em parte, a repulsa à autoridade decorre dessa vida familiar instável: pai fraco, mãe passiva, padrasto severo. Essa base se solidificou. Lyle era brilhante, de alto QI, porém emocional e socialmente inepto. Menos com a irmã. Bateu de repente com a lei pela primeira vez logo depois que ela se casou. Tornou-se desatento, descuidado. Era o início da fúria.
Aflita, olhava o relógio toda hora, rezando para Carmichael telefonar logo.
— Como ela permaneceu a seu lado, aparentemente a mágoa entre os dois se curou.
Correu a atender quando o telefone tocou.
— Granger. O que conseguiu? — Pegou um lápis e começou a rascunhar dados no bloco ao lado do aparelho. — Não, fora do Estado, não. Ele deve estar próximo. Um minuto. — Tapando o fone, pediu a Harry: — Pode me fazer um favor? Diga a meu pai que preciso falar com ele.
Enquanto aguardava, Hermione entrou no escritório do pai e ligou seu microcomputador. Com Carmichael ao telefone, reviraram arquivos destrinchando a história de Matthew Lyle.
— Veja, há dez anos, ele dava uma caixa postal como endereço de correspondência. Continuou usando-a por seis anos, embora já tivesse a casa no lago. Comprou a casa há nove anos, na mesma época em que a irmã se casou com Fricks. Mas continuava com a caixa postal. No mesmo período, a irmã fornecia a mesma caixa postal como endereço de correspondência dela. Mas onde moravam? Vou ver os antecedentes de Fricks. — Hermione mordiscou o lábio. — Carmichael, veja o que descobre nas áreas cortadas pelo metrô de Denver em nome de Madeline Lyle, ou Madeline Matthew. Verifique também Matthew Madeline e Lyle Madeline.
— Boa tacada — aprovou George. — Ótima idéia.
— Ele gosta de possuir coisas — lembrou Hermione. – Ter é muito importante para ele. Se permaneceu no mesmo lugar por seis anos, mais ou menos, devia ser o dono da moradia, ou a irmã.
Endireitou-se na cadeira.
— Achou?! Carmichael, eu te amo! Sim, sim, anotei. Informo. Muito obrigado. – Ao desligar, já se levantava. — Existe uma casa em nome de Lyle Madeline num condomínio no centro da cidade.
— Bom trabalho, detetive. Contate seu tenente e organize o grupo. E Mione? — George esperou que ela o encarasse. — Estou nessa.
— Delegado, tenho certeza de que posso arranjar um lugar para o senhor.
No tempo recorde de duas horas, elaboraram o plano e iniciaram sua execução. A residência foi cercada e todas as saídas, bloqueadas. Protegidos por roupas especiais, doze policiais avançavam pelo corredor lateral externo da casa de dois andares em que se escondia Matthew Lyle.
Com a planta da construção já gravada na memória, Hermione deu o sinal e dois homens arrombaram a porta da frente.
Foi a primeira a entrar, de arma em punho.
Uma fila de policiais se dividiu, subindo a escada e espalhando-se pelo térreo. Em menos de dez minutos, constatou-se que a casa estava vazia.
— Mas ele esteve aqui. — Hermione indicou a louça suja na pia e enfiou o dedo na terra de um vaso com limoeiro ornamental à janela da cozinha. — Molhada. Ele está cuidando da casa. Vai voltar.
Num quarto no andar superior, encontraram três armas de fogo pequenas, um fuzil e uma caixa de munição.
— Estejam preparados — avisou Hermione ao grupo. —Encontramos carregadores para pistolas nove milímetros, mas nenhuma pistola desse tipo. Isso significa que ele está armado.
— Detetive Granger? — O policial saiu do closet com uma faca comprida nas mãos enluvadas. — Parece a arma do crime.
— Coloque num saco plástico. — Hermione pegou uma agenda de sobre a cômoda. — É de Potter. — olhou para o pai. — Ele é o próximo alvo de Lyle. Só não sabemos quando vai atacar.
Já era noite quando Hermione encontrou Harry, no escritório dele. Além de teimoso feito mula, o homem tinha que discutir.
— Você tem que fechar o bar por vinte e quatro horas. Quarenta e oito no máximo.
— Não.
— Posso fechar, sabia?
— Não, não pode. Levaria mais de quarenta e oito horas para conseguir isso, o que não adiantaria nada.
Hermione jogou-se numa poltrona. Tinha que manter a calma. Era vital se controlar. Expirou lentamente e então emitiu uma seqüência de impropérios.
— Tantos elogios para mim?
— Harry, escute...
— Não, escute você. Que adiantaria eu fechar o bar e impedir Lyle de atacar? Ficaríamos nesse impasse a vida toda. Não, tudo vai continuar normal por aqui e, se ele aparecer, vamos pegá-lo.
Hermione suspirou.
— Vamos pegá-lo em dois dias, eu prometo. Mas com o bar fechado e você, descansado em algum lugar bem longe daqui. Meus pais têm um chalé nas montanhas, sabia?
— Você vai comigo?
— Claro que não. Estou quase encerrando este caso!
— Se você não vai, também não vou.
— Você é civil.
— Exatamente. A menos que imponham estado de sítio, tenho o direito de dirigir meu negócio e ir e vir como me aprouver.
Hermione queria arrancar os cabelos.
— É minha função manter você vivo para que dirija seu negócio.
Harry levantou-se.
- Considera-se meu escudo, Mione? Por isso mantém sua arma ao alcance da mão mesmo quando nos trancamos entre quatro paredes? — Contornou a escrivaninha e se aproximou olhando-a de cima. — Saiba que não gosto nada disso!
Ela se pôs na ponta dos pés, para ficarem no mesmo nível.
— Você é um alvo.
— Você também.
— Estamos perdendo tempo.
Hermione seguiu para o elevador, mas ele a puxou pelo braço.
— Não vou me esconder atrás de você. Tenha certeza disso.
— Não queira me ensinar meu trabalho.
— Não queira dirigir a minha vida.
Ela se desvencilhou, o olhar faiscante.
— Vai ter de agüentar as conseqüências, então. Guardas na porta do bar vinte e quatro horas. Tiras à paisana espalhados por todo o estabelecimento e agentes disfarçados na cozinha e no serviço.
— Não.
— É pegar ou largar. Acho melhor pegar, pois posso mexer meus pauzinhos e colocá-lo sob custódia preventiva, a pretexto tão bom que nem você, que é freguês, vai conseguir sair. Sabe que posso conseguir, Potter. Meu pai me ajudaria, porque gosta de você. Por favor. — Agarrou-o pelas lapelas. — Por mim.
— Quarenta e oito horas — determinou Harry. — E, nesse ínterim, espalho a notícia de que estou atrás dele.
— Não!
— É pegar ou largar.
Hermione suspirou, esgotada.
— Fechado.
— Agora, quanto quer apostar que descubro num minuto todos os tiras que plantou lá embaixo?
Ela sorriu.
— Será que consigo convencer você a ficar aqui em cima esta noite?
Harry deixou o dedo escorregar até o centro do corpo dela.
— Só se ficar comigo.
— Foi o que pensei. — Às vezes, o compromisso era a única saída, por mais que incomodasse. — Agüente até pegarmos Lyle.
Harry chamou o elevador.
— Acho que agüento. Vai ser esta noite ou amanhã à noite, não é?
— É. Provavelmente, vamos pegá-lo na casa dele. Mas, se ele pressentir o perigo e furar o cerco, será aqui. E logo.
— Will está sempre atento e não deixa passar nada.
— Não quero que você ou seus funcionários se arrisquem. Se virem Lyle, avisem-me. — Hermione captou o olhar dele. — O que foi?
— Nada. — Harry a acariciou no rosto. — Quando isto estiver acabado, pode tirar uma folga?
— Alguns dias.
— Podíamos viajar...
— Para onde?
— Você escolhe.
Hermione entrou no elevador.
— Já estou pensando.
— Mione?
— Hum?
Havia tanto a dizer. Demais a sentir. Mas não era hora nem lugar.
—Depois. Depois eu falo.
Obs2:Oi pessoal!!!Capitulo postado!!!Espero que tenham curtido!!!!Este é o penúltimo capitulo da fic, temos mais o capitulo 12 e um epílogo.Logo logo tem fic nova na área!!!Bjux e até a próxima!!!
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