Capitulo 8
Obs1:Aviso aos navegantes que nesse capitulo teremos cenas NC-17, caso vocês não gostem aconselho a não lerem o capitulo, mas se gostarem leiam, pois vão adorar!!!hehehe...
CAPÍTULO VIII
Hermione podia ter tirado o revólver, pensou Harry, porém continuava armada. Uma mulher com olhos cor de uísque e voz levemente rouca jamais estaria desarmada.
Pior, ela sabia disso. Tinha a boca com os cantos curvados para cima, lembrando um gato diante de uma gaiola de canário aberta. O canarinho, neste caso, era ele.
- Seu vinho. — Ele estendeu o cálice, tentativa deliberada de mantê-la a um braço de distância. - Embora me sinta lisonjeado, infelizmente agora não tenho tempo para me deixar seduzir.
- Oh, não vou tomar muito do seu tempo.
Hermione imaginava quantas mulheres ele não teria seduzido com aquele ar indiferente, como se a dispensasse. Diante do desafio, sentia-se ainda mais confiante quanto à vitória.
Pegou o vinho e, com a mão livre, agarrou Harry pela camisa, segurando-o no lugar.
- Gosto do seu jeito, Potter, dessa boca, desses olhos. — Tomou um gole da bebida fitando-o por sobre a borda do cálice. — Gostaria de ver mais.
Harry aguçava os sentidos, sentindo as entranhas rijas em meio a nós cegos.
— Você é bem direta, não?
— Você disse que estava com pressa. — Colocando-se na ponta dos pés, Hermione mordiscou o lábio inferior dele, insuflando o desejo. — Estou queimando etapas.
— Não gosto de mulheres sexualmente agressivas.
Ela riu em tom grave, zombeteira.
— Nem de mulheres policiais.
— Isso mesmo.
— Nesse caso, a sessão vai ser desagradável para você. Que pena... —Achegando-se mais, ela lhe lambeu pescoço. — Quero que me toque. Ponha as mãos em cima de mim.
Harry não se mexeu, mas mentalmente já lhe arrancava a blusa e se apossava de tudo.
— Como eu já disse, estou lisonjeado, mas...
— Sinto seu coração disparado. — Hermione agitou a cabeleira, exalando um perfume que entrou direto no sistema nervoso dele. — Sinto que me quer tanto quanto eu o quero.
— Algumas pessoas aprendem a disfarçar certos desejos.
Ela reparou na mudança de tom nos olhos dele, denúncia total.
— Outras, não. — Tomou mais vinho e avançou, obrigando-o a recuar. — Parece que vou ter que endurecer com você.
Para não ser tachado de covarde, Harry estacou e quase grunhiu de desespero quando ela chocou o corpo contra o dele.
— É uma situação constrangedora. Termine seu vinho, detetive Granger, e vá embora.
A voz rouca e contida dizia exatamente o contrário daquelas palavras, constatou Hermione, entusiasmada. O coração dele só faltava saltar do peito para sua mão.
— Engraçado, por que seu "não" soa mais como “sim”? — Bebeu o resto do vinho, sentindo-se forte e poderosa. — Não — sussurrou, pondo o cálice de lado. Tocou no cós da calça dele.
Excitado e furioso, Harry recuou novamente.
— Já chega.
— Vamos lá. — Tomando impulso, Hermione pulou para cima dele, agarrando-se ao pescoço e enrijecendo as pernas em torno dos quadris dele. — Vamos, Harry, faça o que tem vontade.
Roubando um beijo, ela sentiu um sabor selvagem, misto de desejo e raiva.
— Deite-se comigo — instigava, passando a mão pelos cabelos dele. — Acabe comigo. Acabe comigo...
O sangue dele fervia nas veias. Tinha na língua o sabor de Hermione, quente, feminino, temperado com vinho.
— Está pedindo encrenca — avisou.
Ela roçou os lábios nos dele, como se gravasse seu gosto nele.
— Se sou eu quem está pedindo...
O controle se foi. Harry ouviu sua explosão dentro da cabeça, como uma martelada violenta contra pedra bruta. Apossou-se da cabeleira castanha, enrolando-a nos dedos, e puxou Hermione para trás.
— Você ultrapassou o limite. — Os olhos verdes flamejavam agora, como se um raio os tivesse incendiado. — Vai me dar tudo o que eu quiser. Se não der, eu tomo. De acordo?
Hermione ofegava, maravilhada.
— De acordo.
Harry lhe apreciou o pescoço esguio e vulnerável por um segundo. Então, enterrou os dentes naquela carne macia.
Ela estremeceu de choque à ameaça de dor, mas foi atingida por uma estocada de prazer. Entregue a Harry, mergulhou nas sombras, nas trevas.
Perdeu o fôlego quando ele a jogou na cama, perdeu forças quando ele se atirou em cima dela. Então, quando ele lhe abriu a blusa arrancando os botões, perdeu a cabeça.
Meio desequilibrada, ergueu os braços e enterrou as unhas nas colchas.
— Espere.
— Não.
Ele já lhe devorava o seio, degustando a carne tenra com os lábios, a língua, os dentes. Sem fôlego, Hermione lutava para recuperar a primazia que fora sua até pouco antes. Mas cada vez mais perdia o controle e a sanidade.
Harry a tocava e apalpava, conforme ela exigira. Com mãos duras e ávidas, ele explorava fraquezas, secretos que nem ela imaginava possuir.
Ele quis sua boca então, e tomou posse ardente e ganancioso. Ela deixou escapar gemidos, de terror e triunfo. Sem escrúpulos, aproximava-se mais e mais do fogo, exigindo tanto quanto Harry.
Enlouquecia sob o corpo dele. Contorcia-se, debatia-se, agarrava-se. Ele não queria menos. Se era para pecar, que pecasse por completo e colhesse todo o prazer antes do castigo.
A pele dela parecia queimar sob suas mãos, sua boca. Ansiava. Pelos contornos lisos e macios. Pela força impetuosa e pronta. Pelas curvas delicadas.
Hermione puxou-lhe a camisa, mandando os botões pelos ares, deixando escapar um gemido selvagem quando seus corpos se encontraram. Quando ele a colocou de joelhos, ela estremeceu, mas não de medo, do qual não restava nada.
Podia ver os olhos dele, com o brilho predador, à luz que invadia do escritório. Arquejante, passou as mãos avidamente pelo peito másculo, pelos cabelos.
— Mais — murmurou, e colou a boca à dele.
E houve mais.
Relâmpagos de êxtase insuportável. Ataques de desespero estarrecedor. E uma inundação de necessidades a engolfá-los.
Harry lhe puxou as calças pelos quadris, reconhecendo a pele exposta com a boca até senti-la convulsiva, murmurando seu nome em delírio com aquela voz rouca e erótica que ele não conseguia tirar da cabeça. Ele a mordiscou na parte interna da coxa, provocando espasmos nos músculos bem-torneados. Quando ela arqueou o corpo, abrindo-se, ele se banqueteou.
Hermione gritou quando o orgasmo a trespassou, agarrada aos lençóis, entregue a cada gloriosa rebatida pós-choque, até que seu organismo se misturasse ao prazer. O calor lhe subia o corpo, atravessava-a, e ela o acolhia, maravilhada com o poder do que haviam feito juntos.
— Agora, Harry...
— Não.
Ele não conseguia se fartar dela.Toda vez que pensava que o desespero o sobrepujaria, descobria algo novo a provocá-lo. Os quadris na largura perfeita, a cintura tão fina. Queria sentir as unhas dela enterradas em sua carne outra vez, ouvir o grito abafado de liberação quando a arrastasse por sobre a próxima crista.
Hermione respirava entrecortado, enquanto ele sentia os pulmões bloqueados a ponto de explodir. Foi novamente para cima dela, entregue às mãos ávidas que o apalpavam todo, sentindo o corpo febril pinotear.
Via os olhos dela e nada mais. Só aquele brilho na escuridão, assistindo a sua galgada sobre o corpo ardente. Tremulo, hesitou por mais um instante e então a penetrou.
Aquilo era tudo. Foi o único pensamento a lhe estilhaçar a mente quando Hermione se fechou quente e em torno dele.
Subiam e desciam juntos, os corpos unidos deslizando um contra o outro. Suspiravam juntos à medida que o prazer se intensificava. Os corações batiam no mesmo compasso doido, batida a batida. As respirações misturavam-se, atraíam-se, de modo que logo se viu beijando-a outra vez, em ligação extra, enquanto seguiam juntos na cavalgada.
O ritmo se acelerou e seus corpos já não escorregavam um contra o outro, atuando mais como um açoite, e os suspiros se transformaram em delírios e gemidos. Hermione projetava os quadris enquanto ele investia sem parar. Torturada pelas sensações, ela enterrava as unhas nas costas dele, instigando-o a continuar, embora já vivesse o novo clímax.
Harry sentiu-se liberar, uma gloriosa sensação de derrota, e relaxou com o rosto enterrado na massa de cabelos castanhos.
Estava perdido. Harry soube disso assim que seu organismo se estabilizou e a mente voltou a funcionar.
Jamais se fartaria de Hermione. Nunca abriria mão dela. Com um único golpe, ela destruíra toda uma existência de controle e cautela.
Agora, estava estúpida, desamparada e irrevogavelmente apaixonado por ela.
Nada podia ser mais impossível nem mais perigoso.
Hermione era capaz de fazê-lo em pedacinhos. Jamais permitira a ninguém exercer tamanho controle ou poder sobre sua pessoa. Nem queria permitir.
Precisava de algum tipo de defesa. Para começar, rolou para longe de Hermione. Ela simplesmente rolou para junto dele, esticando as longas pernas sobre seu corpo.
— Hummmmm...
Em outra ocasião, Harry teria rido ou experimentado aquele arroubo de satisfação masculina. Mas o que sentia agora era pânico.
- Bem, conseguiu o que queria, Granger.
Longe de se ofender, o que teria dado a ele tempo para se recompor, Hermione o focinhou no pescoço.
— Se consegui...
Só por capricho, ela enganchou uma perna em torno dele e depois a outra, deitando sobre ele, e alisou os cabelos para trás.
— Gosto do seu corpo, Potter. É forte, musculoso, rígido. — Passou o dedo no peito dele, admirando o contraste de sua pele contra a dele. — Você tem um pouco de sangue índio, não tem?
— Apache. Bastante diluído.
— Caiu bem em você.
Harry enrolou no dedo uma mecha dos cabelos dela.
— Sua pele é muito branca — desdenhou. — Mas caiu bem em você.
Hermione inclinou-se para a frente até encostarem o nariz.
— Bem, agora que trocamos elogios, que tal me fazer um favor?
— O que seria?
— Arranjar comida. Estou morrendo de fome.
— Quer o menu?
— Não. — Ela roçou a boca na dele, provocante. — Hummmm... Algo parecido com isto. Talvez possa pedir ao restaurante. — Abriu trilha até o queixo áspero, mas então voltou à boca. — E podíamos... você sabe, atiçar de novo. Mas posso tomar um banho antes?
— Pode. — Ele a empurrou de costas no colchão. — Mas só depois que eu acabar com você.
Hermione sorriu.
— Fazer o quê? Trato é trato.
Hermione mais se arrastou do que caminhou até o banheiro, depois que Harry acabou com ela. Fechou a porta, recostou-se e soltou um longo suspiro.
Nunca tivera que se esforçar muito para cultivar uma imagem descontraída, sofisticada. Mas tampouco jamais conhecera um homem capaz de virá-la do avesso e fazê-la tremer feito geléia.
Não se tratava de reclamação, disse a si mesma, esfregando o punho no peito, sobre o coração. Entretanto, caía por terra sua crença em que sexo não passava de uma ocupação agradável entre dois adultos conscientes que podiam até se gostar.
"Agradável" não começava nem a descrever fazer amor com Harry Potter.
Enquanto aguardava a reestabilização dos nervos, contemplou o banheiro. Harry caprichara ali, incluindo uma enorme e convidativa banheira de hidromassagem na sua cor favorita: preto. Apesar da tentação, optou pelo chuveiro no boxe de vidro canelado.
A pia consistia numa grande cuba em balcão negro, sem nenhum objeto ou produto de uso pessoal para atiçar a curiosidade de uma visitante. Rememorando agora, não se viam enfeites, lembranças ou fotografias pessoais no escritório ou no quarto contíguo.
Ficou tentada a abrir o armário, vasculhar as gavetas. Que tipo de creme de barbear ele usava? Que marca de creme dental? Que bobagem.
Em vez disso, atravessou o piso de cerâmica branca e analisou o próprio rosto no espelho. Tinha os olhos serenos, a boca ainda inchada daquele maravilhoso assalto sensual. Leves hematomas marcavam-lhe a pele. No todo, aparentava exatamente como se sentia. Uma mulher satisfeita e feliz.
Mas o que Harry veria nela? Quando a olhava daquele jeito frio e distante? Ele a desejava, disso não tinha mais dúvida. Mas não sentiria nada além?
Reparara no recuo dele após o abandono da paixão, nas duas vezes em que se entregaram um ao outro. Como se em Harry a necessidade de separação fosse tão premente quanto à de união.
E por que se magoar com o fato? Tratava-se de uma reação feminina.
— Mas eu sou mulher, bolas — murmurou, abrindo o chuveiro.
Se Harry pensava que se safaria distanciando-se sempre que quisesse, estava redondamente enganado. Granger não era mulher de deixar um homem sacudi-la até os ossos e então ir embora, enquanto ela ainda delirava.
Colocou-se debaixo do jato de água.
Num relacionamento, esperava muito mais reciprocidade. Se Harry não se dispusesse a lhe dar um pouco de afeto junto com a paixão, que fosse para o...
Franziu o cenho.
Estava raciocinando como seu "ex", Dennis, ou bem próxima disso.
Bem, havia a opção de romper antes que se enfiasse num buraco fundo demais, do qual depois não conseguiria sair.
O único relacionamento que tinha com Harry Potter era físico e porque ela mesma insistira nisso. Ambos conheciam as regras básicas daquele jogo e, inteligentes, nem precisavam relembrá-las.
Se ela precisava de emoção além do desejo, o parceiro provavelmente não teria nada contra, porém se tratava de um problema só dela.
Satisfeita com a resolução tomada mentalmente, Hermione fechou as torneiras e procurou uma toalha.
Deu um gritinho ao ver Harry estendendo-lhe uma.
— A maioria das pessoas canta no chuveiro — comentou ele, divertido. — Você é a primeira que conheço que fala durante o banho.
Ela agarrou a toalha.
— Eu não estava falando coisa nenhuma.
— De acordo, eram mais uns resmungos ininteligíveis.
— A maioria das pessoas bate na porta antes de entrar num banheiro ocupado.
— Eu bati, mas acho que você não ouviu, porque estava falando sozinha. Achei que precisaria de algo assim... — Harry estendeu-lhe um robe de seda negra.
Hermione enrolou-se na toalha, prendendo bem a ponta entre os seios.
— Ah... Obrigada.
— Logo trarão o jantar. — Distraidamente, ele passou o dedo pelo braço dela, escorregando sobre a pele molhada.
— Ótimo. Preciso tirar minha arma de cima da sua escrivaninha.
— Já fiz isso. — Cenho franzido, Harry a acariciou na curva do ombro. — Levei para o quarto e fechei a porta. Vão deixar a bandeja sobre a mesa no escritório.
— Perfeito. — Ao sentir a carícia na pele fina sobre a clavícula, Hermione deixou cair a toalha. — É isso o que está querendo?
— Eu não devia estar desejando você de novo tão já. — Olhos nos olhos, ele a encostou na parede. - Não devia estar precisando de você outra vez.
— Então, por que não vai embora? — Ela baixou o zíper da calça que ele vestira. — O que o detém?
Harry fechou a mão em torno do pescoço dela. Apesar da pulsação acelerada, que ele sentia na artéria, ela ergueu o queixo desafiadora.
— Diga que me quer — exigiu ele. — Diga meu nome e que me quer.
— Harry... — Hermione deu o primeiro passo na ponte que podia lhe queimar os pés. — Nunca quis nenhum homem como quero você. — Respirava meio arquejante, porém o olhar permanecia firme. — Diga o que sente.
— Hermione... — Harry baixou o olhar, tão derrotado e doce que ela o tocou no rosto, para confortar. — Não consigo nem pensar, de tanto que a quero. E só você - completou. E tomou-lhe a boca, bem como o corpo, em desespero.
— Hum, a cozinha do seu restaurante é ótima! - elogiou Hermione, mais tarde, devorando a comida. — Na maioria dos bares, servem pratos medíocres, na melhor das hipóteses. Mas este aqui... — Lambeu o molho de churrasco no polegar. — Está nota dez!
Recusou quando Harry pegou o vinho para encher de novo seu cálice.
— Não, não... Vou dirigir.
— Fique. — Mais uma regra transgredida, percebeu Harry. Jamais pedira a nenhuma mulher que ficasse.
— Se eu pudesse... — Sorrindo, Hermione puxou a lapela do robe emprestado. — Acontece que não tenho muda de roupa para amanhã, quando retomo a rotina das oito às quatro. Já vou ter que voltar para casa com uma camisa sua. Você estraçalhou minha blusa.
Ele não fez mais do que erguer o cálice de vinho, mas ela sentiu que ele se distanciava.
— Peça para eu voltar amanhã e ficar.
Harry fitou-a.
— Volte amanhã e fique.
— Está bem. — Hermione atentou a uma jogada de beisebol na tela da televisão. — Olhe só, olhe só! Ele conseguiu!
— Fora — corrigiu Harry. — Por meio passo. — Adorou vê-la pular do sofá, entusiasmada com o lance.
— Não, você viu o replay instantâneo. Eles chegaram juntos. Está vendo?
Recordando o ponto em que interrompera a conversa com o amante, Hermione voltou a lhe dedicar toda a atenção. Esfregou o pé descalço no quadril dele.
— Foi ótimo, na minha opinião. Bom sexo, boa comida e até uma partidinha de beisebol...
Harry pegou-lhe o pé e passou o dedo pela sola.
— Foi o paraíso.
— Já que estamos no paraíso, posso fazer uma pergunta muito importante?
— Faça.
— Vai comer todas essas batatas fritas?
Ele riu, passou-lhe o prato e inclinou-se para atender ao telefone.
— Potter. Sim. — Estendeu o fone. — Para você, detetive.
— Informei que poderiam me encontrar nesse número — explicou Hermione, e atendeu. — Granger. — Enrijeceu-se no sofá, séria de repente. — Onde? Estou indo.
Já de pé, pôs o fone no gancho.
— Encontraram Jan.
— Onde?
— Está a caminho do necrotério. Preciso ir lá.
— Também vou.
— Por quê?
— Era minha funcionária —justificou Harry, apressando-se ao quarto.
Harry já vira e fizera muita coisa. Acreditava ter visto e feito de tudo na primeira metade da vida. Vira a morte, mas nunca em frio ambiente anti-séptico.
Contemplando a moça através da lâmina de vidro, só sentiu pena.
— Podemos verificar a identidade — informou Hermione, seu lado. — Mas o procedimento é muito mais rápido se alguém reconhecer o corpo. É de Janet Norton?
— É.
Hermione meneou a cabeça positivamente ao técnico e ele cerrou as persianas.
— Não sei quanto vou demorar.
— Eu espero.
— Tem uma máquina de café, à esquerda no fim do corredor, mas costuma ser forte. — Ela hesitou à porta. — Se mudar de idéia e preferir ir embora, é só ir.
— Eu espero — repetiu Harry.
Hermione não demorou muito. De volta, encontrou Harry sentado numa das cadeiras de plástico no fim do corredor. Seus passos ecoavam no piso de linóleo.
— Nada a fazer enquanto não sair o laudo da autópsia.
— Como foi que ela morreu? — Harry irritou-se com a recusa dela em falar. Levantou-se. — Não pode ser uma transgressão muito grande às normas me contar.
— Esfaqueada. Várias vezes, por lâmina comprida com serrilha. O corpo foi jogado no acostamento da rodovia 85 sul, a poucos quilômetros de Denver. Estava com a bolsa e os documentos dentro, como se o assassino quisesse que a identificássemos logo.
— E daí? Só identificar e juntar mais essa peça ao quebra-cabeça?
Hermione não respondeu. Sabia que Harry estava nervoso e ela mesma podia explodir a qualquer minuto.
— Vamos sair daqui. — Ela seguiu na frente para fora do necrotério e encheu os pulmões com ar fresco. Mais calma, comentou:
— Pelo número de perfurações, pode-se dizer que Jan foi assassinada com muita fúria.
— E onde está a sua? — questionou Harry, irado. — Ou tem sangue de barata?
Hermione o encarou.
— Não fale assim comigo! — E lhe deu as costas.
Harry a segurou pelo braço e obrigou a se voltar. Ela investiu com o punho direito cerrado e por pouco não o acertou no queixo.
— Não queria fúria. Pois aí está. — Hermione desvencilhou o braço e se afastou, colérica. — Ao que tudo indica, Jan era feita em pedaços enquanto eu rolava na cama com você. Como acha que estou me sentindo?
Harry a alcançou antes que abrisse a porta do carro.
— Desculpe-me.
Ela tentou se libertar empurrando-o, mas, quando se voltou, ele simplesmente a aprisionou entre os braços.
— Desculpe-me — Harry repetiu, baixinho, os lábios roçando seus cabelos. — Não sei o que me deu. De qualquer forma, sabemos que não teria feito diferença onde estávamos ou o que fazíamos. Teria acontecido.
— Não, não teria feito diferença. Mas duas pessoas estão mortas. — Hermione desvencilhou-se. — Não posso perder a cabeça. Consegue entender isso?
— Claro. — Harry soltou-lhe os cabelos e massageou sua nuca. — Gostaria de ir para a sua casa e ficar com você esta noite.
— Ótimo, porque é o que quero também.
Ela entrou no carro e aguardou enquanto ele se acomodava no assento do passageiro. Ambos precisavam aplacar a raiva e o sentimento de culpa.
- Tenho de levantar cedo amanhã.
Harry sorriu.
- Eu, não.
- Que bom. — Hermione dirigiu o veículo para fora da vaga no estacionamento. — Se não tem pressa, pode limpar a cama e lavar a louça. É pegar ou largar.
- Isso quer dizer que vai fazer o café?
— Exatamente.
— Fechado.
Logo chegaram ao prédio em que Hermione morava e ela entrou direto na garagem no subsolo.
— Amanhã será um longo dia — avisou. — Tem importância a hora em que vou chegar ao Blackhawk's?
— Não. — Harry saltou, correu a lhe abrir a porta e estendeu a mão pedindo a chave do apartamento. Hermione suspirou.
— Você fez curso de boas maneiras ou algo assim?
— Primeiro da classe. Ganhei até placa. — Ele apertou o botão chamando o elevador. — Claro, algumas mulheres inseguras incomodam-se quando um homem lhes abre a porta ou puxam a cadeira, mas não é o seu caso, uma moça consciente de seu poder e feminilidade.
— Sem dúvida — concordou Hermione, porém volveu os olhos ao teto quando ele lhe ofereceu a dianteira para entrar no elevador.
Lá dentro, ele lhe pegou a mão.
— Gosto do seu estilo, Potter — confessou ela, sorrindo. — Ainda não consegui defini-lo, mas gosto. — Inclinou a cabeça, analisando-o. — Você jogava beisebol, não é mesmo?
— O beisebol e seu pai é que me seguraram na escola.
— Eu preferia basquete. Já tentou fazer cestas?
— Algumas vezes.
— Que tal no domingo?
— Talvez. — Saíram do elevador.— A que horas?
— Ah, lá pelas duas. Posso passar na sua casa e então... — Alarmada, Hermione se colocou na frente dele já sacando a pistola. — Fique onde está e não toque em nada.
Harry também já vira. A porta do apartamento de Hermione estava toda arranhada e com marcas de pé-de-cabra na borda. Usando só dois dedos, ela girou a maçaneta e então escancarou a porta com um chute. Cautelosamente, entrou acendendo luzes. Na sala, Harry a ultrapassou.
— Atrás de mim! — advertiu ela. — Está louco?
— Uma das coisas que aprendi no curso de etiqueta é não usar uma mulher como escudo.
— Acontece que esta mulher aqui é policial e está armada.
- Já reparei. — Harry atentou aos sinais de destruição no cômodo. — Além disso, o invasor já se escafedeu há muito.
Hermione já percebera isso, também, mas tinha que observar regras e procedimentos.
— Preciso me certificar. Não toque em nada — repetiu, passando por cima de um abajur quebrado. Verificou o resto do apartamento.
Praguejando baixinho, pegou o telefone.
- O velho Dennis? — sugeriu Harry.
— Talvez, mas não creio. Lyle tomou a rodovia no rumo sul. — Digitou um número no telefone. — Acho que já sei por quê. Alô? Aqui é a detetive Granger. Meu apartamento foi arrombado.
Antes de a equipe de peritos chegar, Hermione calçou as luvas e começou a elaborar um inventário. Seu aparelho de som não fora levado, só destruído, assim como o microcomputador portátil e a televisão pequena.
Todos os abajures e a antiga luminária de contador que comprara para a escrivaninha estavam quebrados.
O sofá exibia um rasgo de ponta a ponta, com o enchimento todo para fora.
No quarto, o invasor despejara no meio da cama seu meio galão de tinta nunca usada, aproveitando-a também para escrever uma mensagem na parede junto à cabeceira:
“Tente Dormir à Noite.”
— Ele me culpa pela morte da irmã. Sabe que fui eu. Como descobriu?
— Jan — opinou Harry. — Ela deve tê-los alertado naquela noite de que havia algo errado. Você acompanhou os Barnes de volta à mesa deles, mas isso não eliminou o fato de terem passado muito tempo ausentes. O casal estava nervoso, tenso. Ela deve ter notado.
Hermione concordou e recuou para fora do quarto.
— Ela não me viu sair, pois estava ocupada, mas Frannie viu e pode ter comentado com ela de passagem. - Atravessou a sala de estar e entrou na cozinha. — Deve ter dado o alarme, mas um pouco tarde demais. Tarde demais para salvar a irmã do amante. Bem, parece que não quebrou nada aqui... — Apreensiva, aproximou-se da bancada. — Oh, não! - Voltou-se horrorizada. — Minha faca de pão. — Tocou no suporte de cutelos com uma das ranhuras vazia. — Lâmina comprida serrilhada. Harry, ele matou Jan com uma faca minha!
Obs2:Bem, espero que tenham curtido o capitulo!!!Segunda tem mais atualização!!!Ainda hoje tem fic nova no ar.Bjux!!!!
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