Capitulo 3
CAPÍTULO III
Harry estacionou diante de uma bela casa num condomínio de alto nível próximo à rodovia. Em dias de trânsito normal, a viagem até o centro da cidade não devia durar mais do que vinte minutos.
Os Chambers eram um casal bonito, ambos advogados de trinta e poucos anos, sem filhos, que empregava a polpuda renda nas boas coisas da vida.
Vinhos, roupas de grife, jóias, arte e música.
— Levaram meus brincos de diamante e meu relógio de ouro. — Maggie Chambers esfregava os olhos, sentada no sofá da ampla sala de estar. — Ainda nem inspecionamos tudo, mas havia litografias de Dali e Picasso naquela parede ali. E naquele nicho havia uma escultura Erté que arrematamos em um leilão há dois anos. Joe colecionava abotoaduras. Não sabemos quantos pares ele tinha exatamente, mas havia um de diamante, um de rubi, referente ao signo dele, e vários antigos.
— Estão no seguro. — O marido lhe tomou a mão e apertou.
— Pouco importa. Não é a mesma coisa. Bandidos entraram em nossa casa... Em nossa casa, Joe, e levaram nossas coisas. Levaram até meu carro... Novinho em folha, que não tinha nem oito mil quilômetros rodados ainda. Eu adorava aquele carro.
- Senhora Chambers, sei que é difícil.
Maggie Chambers voltou o rosto para Hermione.
- Já lhe furtaram algo alguma vez, detetive?
- Não. - Hermione pousou o bloco de anotações no joelho. - Mas já investiguei muitos casos de arrombamentos, assaltos...
- Não é a mesma coisa.
- Maggie, ela está só fazendo o trabalho dela.
- Eu sei. Desculpe-me, eu sei. — A mulher cobriu o rosto com as mãos, respirou fundo e expirou bem — Tive um ataque, só isso. Não quero dormir aqui esta noite.
- Podemos ir para um hotel. Falta alguma coisa, detetive Granger?
- Só mais algumas perguntas. Disseram que passaram boa parte da noite fora.
-Sim, Maggie ganhou uma causa e resolvemos comemorar. Ela trabalhou como louca durante mais de um mês. Fomos ao Starfire com amigos. — Enquanto falava, Joe Chambers afagava as costas da esposa. — Jantamos, bebemos e dançamos. Como dissemos aos primeiros policiais que chegaram, chegamos por volta das duas da madrugada.
- Alguém além de vocês dois têm as chaves da casa?
- A faxineira diarista.
- Ela sabe os códigos de segurança?
- Sabe. — O advogado assustou-se. — Ei, escute, Carol trabalha para nós há quase dez anos... É praticamente da família!
— É só procedimento, sr. Chambers. Pode me fornecer o nome completo e endereço dela?
Hermione os fez recordar e descrever toda a noite de diversão, em busca de uma conexão, um contato, qualquer coisa que fizesse sentido. Mas, para o casal, fora apenas mais uma noite de entretenimento, até chegarem à porta de casa.
Hermione retirou-se com uma lista parcial de itens furtados, que os Chambers ficaram de completar, além de providenciar um relatório da companhia seguradora. Os peritos continuavam na cena do crime, que ela mesma já examinara sem esperança de que encontrassem impressões digitais ou qualquer pista deixada pelos ladrões.
A lua desaparecera, mas as estrelas continuavam firmes e cintilantes. Mais forte, o vento varria a rua com pequenos redemoinhos e rajadas. A vizinhança dormia em silêncio dentro das residências as escura havia várias horas.
Era pouco provável que se apresentassem testemunhas.
Recostado no carro, Harry bebia café e conversava com um dos policiais.
Ao vê-la, ele ofereceu a metade que restava no copo.
— Obrigada.
— Pode acabar. Tem uma loja de conveniência a poucos quarteirões daqui.
— Que ótimo. — Hermione pegou o copo e voltou-se para o homem uniformizado. — Você e seu parceiro foram os primeiros a chegar à cena?
— Sim, senhora.
— Vou precisar de seu relatório em minha mesa até as onze horas. — Hermione observou o policial se encaminhar à viatura e devolveu o copo vazio a Harry.
- Não precisava ter esperado. Posso voltar em uma das viaturas.
- Tenho interesse. — Ele abriu a porta do carro. - Eles estavam no Blackhawk's?
- Por que pergunta, se já arrancou todas as informações daquele policial?
Harry começou a contornar o carro.
- Quer dizer que o casal de hoje foi visado no Starfire. Alguma das outras vítimas também tinha estado lá?
- Não. Estabelecimentos repetidos, só os seus. Deverão voltar. — Hermione fechou os olhos, sentindo a vista cansada. — É só questão de tempo.
- Ora, isso me tranqüiliza muito. O que foi que levaram?
- O carro de luxo que estava na garagem, obras de arte, eletrônicos e muitas, muitas jóias.
- O casal não tinha cofre?
- Tinha no closet da suíte master, mas é claro que deixaram o segredo rabiscado num papel na escrivaninha.
- O primeiro lugar em que os ladrões costumam procurar.
- A casa tem sistema de segurança, que ele juram que acionaram ao sair... Embora a mulher não tenha tanta certeza. O fato é que se sentiam seguros. Boa casa, bela vizinhança... As pessoas se tornam descuidadas. - De olhos fechados, Hermione exercitou o pescoço tentando aplacar a tensão. — Ambos são advogados.
- E daí?
Hermione riu, apesar do cansaço.
- Minha tia é promotora de justiça em Urbana.
Harry avistou a placa de néon da loja de conveniência.
- Vai querer tomar um café ou não?
— O quê? Oh, não, se tomar mais café, não vou conseguir dormir.
Ele duvidava de que mesmo um balde de café fosse, impedir Hermione de dormir. Ela já falava meio arrastado. O que tornava ainda mais atraente sua voz. Vencida, pela fadiga, deixava a cabeça pender sobre o ombro dele, em busca de um ponto de apoio confortável. Mantinha os olhos fechados e os lábios entreabertos.
Harry adivinhou-lhes o sabor, o calor, a maciez.
Parado diante de um semáforo no vermelho, engatou o ponto morto, puxou o freio de mão e acionou o mecanismo que baixava o encosto da poltrona de dela.
Ela se sobressaltou e bateu a cabeça contra a dele
— Para trás! — rosnou Hermione, empurrando-o pelo peito.
— Calma, Granger, não estava tentando agarrá-la. Só faço amor com mulher acordada. Só achei que ficaria mais confortável com o encosto mais reclinado.
— Não precisava — murmurou Hermione, vexada. — Eu não estava dormindo.
O semáforo deu luz verde e Harry pôs o carro em movimento.
— Pois devia. Há quantas horas está acordada?
— Trabalho na chefatura das oito às quatro.
— Como são quase quatro horas da madrugada, você está de pé há vinte horas. Por que não se transfere para o plantão noturno até esta investigação acabar?
—Não estou acompanhando só este caso.— Hermione já decidira falar com o tenente, explicar que não tinha como trabalhar direito dormindo só duas horas por noite. Mas nada disso era da conta de Harry.
— Denver entra em caos se a detetive Granger sumir por alguns dias?
Ela podia estar cansada, mas ainda não perdera a sensibilidade ao sarcasmo.
- Isso mesmo, Potter. Sem minha vigilância, a cidade entra em caos. É um fardo e tanto, mas alguém tem de carregá-lo. Pode me deixar na esquina, moro à meio quarteirão daqui.
Fingindo não ouvir, Harry dobrou a esquina e estacionou junto ao meio-fio bem em frente ao edifício em que ela morava.
- Obrigada.
Enquanto ela se abaixava para pegar a bolsa no assoalho, ele saltou e contornou o veículo. Talvez fosse a fadiga a lhe retardar os movimentos, como se estivesse em meio aquoso e não aéreo, mas o fato era que, ao tocar na maçaneta, Harry fez o mesmo por fora.
Durante cinco segundos, lutaram pela primazia de abrir a porta. Então, com um rosnado, Hermione desistiu, mas desabafou:
- Qual é o seu problema? Nasceu no século dezenove ou acha que não sou capaz de abrir uma porta de carro.
- É que você parece cansada...
- Eu estou, portanto, boa noite.
- Eu a acompanho até lá em cima.
- Não precisa.
Mas Harry a alcançou e, para irritação dela, adiantou-se para lhe abrir a porta. Sem dizer nada, fitando-a com aqueles incríveis olhos verdes, deu-lhe passagem.
- Daqui a pouco, terei de fazer uma reverência — Murmurou Hermione.
Harry sorriu e a acompanhou pelo saguão até os elevadores, mantendo as mãos nos bolsos.
- Daqui consigo ir sozinha.
— Vou acompanhá-la até sua porta.
— Isto não é um encontro.
— Céus, como você fica irritada quando está com sono! — Harry entrou no elevador com ela. — Ou melhor, está sempre irritada. Agora, já sei.
Hermione apertou o botão correspondente ao quarto andar.
— Não gosto de você.
— Que bom que esclareceu. Eu temia que estivesse se apaixonando.
A tração do elevador ameaçava o equilíbrio já precário de Hermione. Harry a segurou pelo braço.
— Tire a mão.
— Não.
Ela tentou se desvencilhar. Ele segurou com mais força.
- Pare com isso, Granger. Está dormindo em pé. – Disse ele – Qual é o seu apartamento?
Harry tinha razão, era burrice fingir o contrário e idiotice desabafar a frustração em cima dele.
— Quatrocentos e nove. Pode me soltar. Estarei bem após uma hora de sono.
— Tenho certeza disso. — Ele a acompanhou para fora do elevador.
— Você não vai entrar.
- Que pena, eu planejava carregá-la no ombro, atirá-la na cama e fazer o que bem entendesse com você.
- Fica para a próxima.
- A chave.
— O quê?
Ao fitá-la nos olhos cor de mel enevoados de sono e notar as olheiras marcando a pele fina sob eles, Harry sentiu uma onda de ternura que o pegou de surpresa e o deixou muito constrangido.
- Querida, dê-me a chave.
Derrotada, ela enfiou a mão no bolso da jaqueta.
- Ai, estou mal... Mas não me chame de querida.
- Detetive querida, então. — Harry sorriu ao ouvi-la rosnar e destrancou a porta. Tirou a chave da fechadura, pegou-lhe a mão e a jogou sobre a palma.
- Boa noite.
- Boa noite. Obrigada pela carona. — Parecendo-lhe correto, Hermione fechou a porta na cara dele.
Uma cara bonita, pensou, rastejando até o quarto. Um rosto perigoso assim deveria ser registrado como arma. Qualquer mulher que confiasse num rosto assim devia ter o que merecia. E, provavelmente, adorar cada minuto da experiência.
Despiu a jaqueta e gemeu aos descalçar os sapatos.
Ligou o despertador e atirou-se vestida na cama, o rosto contra o travesseiro. Num segundo, dormia profundamente.
Quatro horas e meia depois, na sala de reuniões da chefatura, Hermione finalizava seu relato e sua quarta caneca de café.
- Vamos interrogar os vizinhos — informou ao tenente, seu superior. — Em um condomínio como aquele às pessoas tendem a colaborar umas com as outras. - Os elementos precisaram de um veículo para chegar a casa dos Chambers e transportar parte do produto do roubo. Já temos descrição completa do carro furtado da garagem e a patrulha já foi alertada.
O tenente Kiniki assentiu. Era um policial robusto de quarenta e poucos anos que gostava de comandar.
- O Starfire é novo na história. Quero dois agentes lá dando uma boa olhada. Roupas comuns — observou, reiterando que não aprovava terno e gravata nesse tipo de reconhecimento. — Nada de chamar a atenção.
- Hickman e Carson estão percorrendo as casas de penhores, pressionando velhos conhecidos. – Hermione olhou para os colegas.
- Até agora, nada. — Hickman ergueu as mãos. - Lydia e eu procuramos nossas fontes e fomos persuasivos, mas ninguém sabe de nada mesmo. Meu palpite é de que o cabeça dessa quadrilha dispõe de algum canal externo.
— Prossigam — instruiu Kiniki. — E do lado das companhias seguradoras?
— Nada que dê uma luz — informou Hermione. — Foram nove furtos e cinco seguradoras diferentes. Estamos tentando encontrar alguma ligação, mas até agora demos em becos sem saída. Tampouco há relação entre as vítimas. Os nove casos envolvem quatro banqueiros, três corretores de valores, nove médicos, nove tipo diferentes de emprego.
Após massagear a nuca, ela retomou a lista:
— Duas das mulheres freqüentam o mesmo cabeleireiro, mas requisitam profissionais diferentes, em horários não relacionados. Os serviços de limpeza não têm nada a ver, nem os mecânicos. Agora, dois dos alvos usaram o mesmo bufe nos últimos seis meses e estamos verificando o detalhe, embora não pareça promissor. A única característica totalmente em comum até agora é a noitada na cidade.
— O que apurou no Blackhawk's? — indagou o tenente.
— O lugar está sempre lotado — reportou Hermione. — A freqüência varia, mas pende mais para a alta classe média. Casais, solteiros em busca de aventura, grupos.
- A segurança é boa?
Distraída, Hermione esfregou os olhos, mas logo retomou a compostura.
- Há câmeras por toda parte e já requisitei as fitas gravadas. Sloan é quem toma conta das áreas públicas, tem acesso a tudo. São seis mesas na área do bar e trinta e duas no salão, que os clientes podem juntar, se estiverem em grupo. Há roupeiro, mas nem todos o utilizam. Perdi a conta das bolsas largadas nas mesas quando começaram a dançar.
- As pessoas querem movimento. — observou Lydia. - Principalmente os mais jovens. O Blackhawk's é ponto de encontro para várias turmas e a paquera corre solta. — Encarou o colega Hickman, que desdenhava. — É um lugar com vibrações sexuais. As pessoas se tornam descuidadas quando a adrenalina aumenta. O alvoroço é total quando Potter entra.
- Alvoroço? — ralhou Hickman. — Isso é termo técnico?
- As mulheres ficam ofuscadas pelo dono do bar e se esquecem da bolsa.
- É verdade. — Hermione foi até o quadro no qual se afixava a relação de vitimas e itens furtados. – Em todos os casos, havia entre os alvos uma mulher. Nenhum homem solteiro na lista. A mulher é o alvo principal. O que uma mulher carrega na bolsa?
- Esse é um dos maiores mistérios da vida – brincou Hickman.
- As chaves – começou Hermione, séria. – A carteira, com a cédula de identidade e os cartões de créditos. Fotos dos filhos, se os tiver. Nenhuma das vítimas tinha filhos em casa. Se reduzirmos a análise ao elemento básico, teremos um batedor de carteiras, alguém com dedos leves, capaz de tirar de uma bolsa o que quer e em seguida devolver tudo, antes que a vitima perceba. Pode prensar uma chave numa massa e mandar fazer uma cópia.
— Se já conseguiu bater a bolsa, por que devolver tudo? — questionou Hickman.
— Para que a vítima não se acautele, o que dará tempo à quadrilha. A mulher vai ao toalete e leva bolsa. Ao pegar o batom, nota a falta da carteira e da o alarme. Já no outro quadro, a quadrilha invade residência, furta o que lhe interessa e sai antes que as vítimas cheguem.
Hermione consultou de novo a relação afixada.
— Meia-noite e meia, uma e quinze, meia-noite e dez, e assim por diante. Alguém da casa noturna alerta os que estão furtando quando as vítimas pedem a conta. Um funcionário, ou cliente constante. No Blackhawk's, os clientes levam em média vinte minutos para sair depois que pedem a conta.
— Temos duas outras casas noturnas envolvidas agora, além do Blackhawk's — observou Kiniki, preocupado. — Vamos precisar de agentes em todos eles.
— Sim, senhor. Mas é ao Blackhawk's que vão voltar, porque lá está a árvore que dá dinheiro.
— Descubra uma maneira de derrubar a árvore Granger. — O tenente levantou-se. — E pode tirar o dia de folga hoje. Recupere o sono perdido.
Imensamente grata, Hermione encolheu-se no sofá da sala de descanso, pedindo para que a avisassem quando chegassem os relatórios que aguardava.
Dormiu por uma hora e meia e já quase se sentia se sentia humana quando Hickman a sacudiu pelo ombro.
- Gosta de sanduíche de queijo? Eu tinha um e sumiu. Estou investigando.
Espantando o sono, Hermione pegou a presilha e prendeu os cabelos.
- Não vi seu nome nele.
- Mas era meu.
Hermione exercitou os músculos dos ombros.
- Seu nome é Padaria Panorama? Além disso, só comi metade. — Olhou as horas. — Chegaram meus relatórios?
- Chegaram, assim como sua autorização.
- Ótimo. — Hermione levantou-se e ajustou o coldre. — Vou trabalhar.
- Quero meu sanduíche de queijo naquela caixa até o final do expediente.
- Eu comi só metade — repetiu Hermione.
Antes de sair, parou em sua escrivaninha para pegar os papéis.
Ignorando o barulho na delegacia, correu os olhos pelo texto, ajustou melhor o coldre e vestiu a jaqueta.
Levantou o rosto quando o barulho se reduziu a murmúrios e viu o pai entrando. Assim como Potter, O delegado Granger causava alvoroço, entre o mulherio.
Sabia que alguns colegas ressentiam-se do fato de a filha do chefe de polícia ter ascendido tão rapidamente ao posto de detetive. As queixas abordavam desde o favoritismo até a bajulação.
Mas sabia que merecia o distintivo. Orgulhava-se demais do pai e da própria capacidade para se deixar abater por fofocas.
— Delegado.
— Detetive. Tem um minuto?
— Até dois. — Hermione tirou a bolsa da última gaveta da escrivaninha. — Podemos conversar no caminho? Estou de saída. Consegui uma autorização para requisitar uma coisa de Potter.
— Ah... — Granger recuou para lhe dar passagem, atento aos demais funcionários quietos na sala. Os mexericos começariam só quando os dois estivesse bem longe.
— Vamos pela escada? — sugeriu Hermione. — Não tive tempo para meus exercícios esta manhã.
— Acho que consigo acompanhá-la. Para que a autorização?
— Para confiscar e assistir a todas as fitas gravadas do circuito interno da casa noturna. Ele ficou uma fera por conta disso ontem. Tenho a impressão de que o deixo meio nervoso.
Boyd abriu a porta da escada e atentou as costa da filha enquanto ela passava.
— Vejo pêlos eriçados em você também.
— Está bem, acertou. Irritamos um ao outro.
— Imaginei. Ambos gostam das coisas a seu modo.
— Por que eu aceitaria fazer minhas coisas do jeito de outra pessoa?
— Por quê? — concordou o pai, afagando o rabo-de-cavalo da filha. Sua garotinha sempre fora voluntariosa e cabeça-dura. — Por falar em pêlos eriçados, tenho um encontro com o prefeito em uma hora.
- Antes você do que eu — retrucou Hermione, descendo em passo lépido. - É sobre o furto desta madrugada?
- Mesmo modus operandi. Encontraram um verdadeiro esconderijo do tesouro na casa dos Chambers. Hoje cedo, a sra. Chambers passou a lista completa dos itens desaparecidos. É eficiente a advogada. Estava tudo no seguro e os itens somados alcançam a cifra de duzentos e vinte e cinco mil dólares. O maior prejuízo individual até agora.
- Isso mesmo. Espero que isso torne o bando mais ousado. Levaram obras de arte desta vez. Não sei se foi pura sorte ou se algum deles sabia o que tinha na frente ao ver as preciosidades. Tem de haver um esconderijo, onde guardam os produtos antes de repassá-los. Grande o bastante para guardar carros.
- Um desmanche clandestino dá cabo de um automóvel em duas horas — lembrou o delegado, policial veterano.
- Eu sei, mas... — Hermione encostou a mão na porta externa, mas o pai se adiantou e a empurrou.
- Mas?
- Algo me diz que não é o que acontece. Trata-se de alguém que gosta de produtos de boa qualidade, que tem bom gosto. Na segunda invasão, furtaram uma coleção de livros raros, mas ignoraram um relógio antigo que valia uns cinco mil, mas era feio de doer. Havia carros dando sopa nos outros cenários, mas levaram só dois. Os mais bonitos.
- Ladrões exigentes?
- Acho que sim. — Ao ar livre, Hermione piscou contra o sol ofuscante e colocou os óculos escuros. — E arrogantes. A arrogância leva a cometer erros. É o que vai virar o jogo a meu favor.
— Espero que sim. A pressão aumenta, Mione. — O pai a acompanhou até o carro e lhe abriu a porta, fazendo-a lembrar-se do cavalheirismo que Harry lhe impunha. — Até o prefeito já está incomodado.
— Acho que não vão esperar mais de uma semana para atacar de novo. Estão a todo o vapor. Vão voltar ao Blackhawk's.
— Sabem que é lá que estão os peixes grandes.
— Mais algumas noites lá e começarei a reconhecer rostos. Eu pego o olheiro, pai.
— Acredito. — George inclinou-se e a beijou no rosto — Agora, vou amansar o prefeito.
— Acredito. — Hermione ajeitou-se atrás do volante. - Só uma dúvida.
— Diga.
— Conhece Harry Potter há... Quinze anos?
— Dezessete.
— Por que nunca o levou lá em casa? Nem para jantar, nem para assistir a um jogo de futebol no sábado à tarde, nem para saborear as comidas que você faz?
— Ele nunca quis ir. Sempre recusa o recebimento do convite, declina e alega estar ocupado.
— Dezessete anos ocupado. — Pensativa, Hermione tamborilava com os dedos no volante. — Como trabalha não? Bem, há quem prefira não se misturar com policiais.
— De fato — concordou Boyd. — Mas há quem se imponha limites e nunca se convença de que pode ultrapassá-los. Ele atendeu a meu pedido para conversarmos na delegacia. Não gostou, mas aceitou. Já tomamos café ou cerveja no clube. Mas lá em casa ele não vai. Seria ultrapassar o limite. Nunca consegui convencê-lo de que isso é bobagem.
- Engraçado, ele parece um homem que se considera à altura de qualquer coisa ou de qualquer um.
- Harry é cheio de detalhes. Não há nada simples nele.
Obs:Capitulo postado!!!!!Desculpem a demora!!!!Espero que tenham curtido!!!Bjux e até a próxima atualização!!!
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