Capítulo cinco
Hermione dirigiu-se para o banho logo depois, fechando a porta e entrando debaixo do chuveiro rapidamente.
Encostou-se na parede enquanto a água corria sobre si, com a mente divagando há minutos atrás.
“Harry ia me beijar... nós íamos nos beijar.”
Não era a primeira vez que isso acontecia, nem seria a última, e Hermione era ciente disso.
Várias vezes ela se pegou se aproximando de Harry inconscientemente, e várias vezes pegou-se imaginando sua reação se ela realmente o beijasse.
Mas esses pensamentos eram varridos de sua mente tão logo quanto vinham, e Hermione sentia-se terrível por horas pelo fato de lhe ocorrer tais pensamentos em relação à seu melhor amigo. Ele era seu melhor amigo, certo? Não deveria, de maneira alguma, ocorrer-lhe outros tipos de pensamentos e sentimento em relação a ele!
Mas ocorriam, e isso a deixava perturbada por infinitos motivos.
Secando-se rapidamente, Hermione enrolou-se em seu roupão e saiu do banheiro em direção ao quarto no momento em que topou com um ser relativamente grande que a fez cambalear.
- Mas o que demônios... – resmungou a morena, apertando o roupão contra si e olhando desconfiada para o pequeno Duda Dursley.
Ele tinha os cabelos louros arrepiados e encharcados de gel, usava grossas correntes nos braços e pescoço, uma calça larga e um blusão mais largo ainda. Ele parecia ser tão grosseiro quanto o resto de sua família, na visão de Hermione.
- Você é a namorada que Potter trouxe? – ele indagou com sua voz alta e grosseira, examinando-a cuidadosamente.
- É, sou eu. Sou amiga dele. E você deve ser o...
- Duda.
- É, então, pois é... Duda. – disse Hermione, encabulada por se encontrada no corredor de roupão por aquele pequeno enorme ser. – Eu vou para o quarto.
- Mamãe mandou vocês descerem para comer agora. – resmungou, enquanto observava Hermione andar ligeiramente em direção ao quarto, fechando a porta em seguida.
Ela encontrou Harry segurando uma toalha de banho no ombro, enquanto abria a mala e pegava algumas roupas. Então, lembrou-se do acontecimento anterior e suas bochechas coraram levemente. Porém, ele apenas sorriu quando a viu entrar.
- Acabei de encontrar seu primo no corredor. – ela disse timidamente, enquanto pegava sua mala e pegava as duas primeiras peças que via pela frente.
- Duda? E como ele estava? – indagou Harry, e Hermione sentiu-se estranha ao ponderar se aquilo não havia significado nada para ele.
- Grande. – respondeu simplesmente, enquanto via Harry levantar-se e dizer: - Vou tomar banho, espere aqui e depois descemos.
Hermione concordou levemente com a cabeça enquanto Harry fechava a porta atrás de si e Hermione vestia uma calça e uma blusa cinza, e amarrava o cabelo em um coque baixo.
Ela se sentou na cama, e tudo o que conseguia pensar era no que Harry estaria pensando agora.
Abriu as cortinas e observou uma leve chuva começar a cair, os pingos tornando-se mais fortes e embaçando toda a janela do quarto.
Passou boa parte do tempo ali, apenas contemplando os pingos de chuva se depositarem nas pétalas das flores do jardim, escorrendo pela janela e molhando toda a grama. Ela mal percebeu quando Harry entrou devidamente vestido com seus cabelos pretos arrepiados e molhados, e seus olhos alarmantemente verdes brilhando para ela.
- Vamos almoçar? – indagou, enquanto Hermione virava-se e sorria, assentindo. Os dois seguiram em silêncio até a cozinha, desceram as escadas e Harry pretendia sentar-se a mesa quando percebeu que Hermione não estava mais ao seu lado.
Arqueando as sobrancelhas, ele voltou alguns passos, saiu da cozinha e deu de cara com a portinha do armário sob a escada aberto, e uma Hermione horrorizada e cheia de raiva.
- Não me diga que era nisso que você dormiu por anos?! – ela exclamou, revoltada. Abaixou-se e entrou no apertado e minúsculo armário, tendo a certeza de que se sentiria claustrofóbica se passasse muito tempo ali.
Era terrível, simplesmente inaceitável. Saiu de lá decidida a falar muito para aquela família horrível, quando Harry a puxou pelo braço delicadamente e disse: – Hermione, não se zangue.
- Como não me zangar? Eles foram absolutamente desumanos com você! – exclamou, cruzando os braços diante do olhar repreensivo que recebeu de Harry. – O QUE É?
- Não era isso o que você queria ver? Coisas horríveis, num lugar horrível com pessoas horríveis? Está ai, Hermione. – disse Harry, e Hermione sentiu-se subitamente tola.
- Do jeito que você fala parece ridículo. – ela disse, aborrecida.
- E não é?
- Eu só não queria... – começou Hermione, amuada.
- Tudo bem, carinho. Está tudo bem, eu entendo você. – disse Harry carinhosamente, enquanto postava uma mão no ombro de Hermione protetoramente. – Não vamos falar disso, tudo bem? Agora estamos aqui.
Ela concordou levemente enquanto era levada por Harry até a cozinha da casa dos Dursley, onde eles almoçavam sem fazer questão de esperar por eles.
Valter e Petúnia parecerem não notar quando o casal de amigos sentou-se a mesa, e Duda apenas ergueu os olhos e os abaixou rapidamente, voltando-se para o prato imenso em sua frente.
Harry puxou a cadeira para Hermione e se sentou ao seu lado, enquanto servia-se e pensava consigo mesmo que se ainda fosse um garotinho magricela e indefeso, estaria comendo as sobras do almoço do dia anterior como sempre acontecia.
- Guida vem para a ceia amanhã. – informou Tio Valter à Duda e Petúnia – Vamos buscá-la na estação logo no meio dia. – Ouviu-se um gemino de reclamação de Duda, e Harry ponderou que ele, com seus 22 anos, continuava a agir como o garoto birrento com quem vivera durante anos.
- Não reclame, Dudinha. Tia Guida ficará tão contente! – disse Petúnia meigamente, o que fez Harry rir enquanto engolia, fazendo com que quase se engasgasse. Duda o olhou perigosamente, enquanto Hermione sorria desconcertada.
- Algum problema? – Duda dirigiu a palavra a Harry pela primeira vez desde que o vira.
- Na verdade, só se for com você. – disse Harry, dando de ombros. Hermione o chutou por debaixo da mesa. – Ai!
Duda empertigou-se e olhou para o pai, furioso.
- Porque você deixou que ele viesse?
Mas Valter não respondeu. Apenas voltou a comer rapidamente e na primeira oportunidade que teve, levantou-se da mesa, seguido por Duda.
Hermione, que pretendia levar seu prato até a pia, levantou-se logo depois e encaminhou-se até o balcão, quando Petúnia a parou, retirou o prato das mãos da morena e disse que ela e Harry poderiam sair.
- Mas se a senhora precisar de ajuda com... – disse Hermione educadamente, segurando seu prato e tentando impedir que Petúnia o arrancasse de suas mãos.
- Não, eu não preciso de ajuda com nada. – ela disse grosseiramente, tentando puxar o prato das mãos de Hermione, que negava veemente.
- Eu faço questão! A senhora poderia, por favor...
- Não poderia menina. Já disse para subir e deixar que eu mesma tomo conta da minha cozinha. – e dizendo isso, Petúnia puxou o prato de Hermione com tanta força que este acabou se espatifando no chão, espalhando cacos por todo o assoalho do lugar. – Olha o que você fez!
- Eu? Foi a senhora quem puxou o prato que eu pretendia levar até o balcão! – exclamou Hermione, indignada com a turrona Petúnia. Harry gargalhava na porta da cozinha.
Petúnia nada disse. Apenas virou as costas para Hermione, bufando, enquanto a morena pegava a vassoura, pretendendo varrer os cacos espalhados pelo chão.
- O que você pensa que vai fazer com isso, menina? Devolva a minha vassoura agora mesmo! – disse Petúnia, ficando vermelha gradativamente pelo atrevimento da moça.
Hermione suspirou fundo e fechou os olhos, pedindo calma aos céus. – Mas a senhora não disse que quem quebrou o prato fui eu? Então, deixe-me limpar!
- Ora essa! Deixe que eu mesma cuido das minhas coisas, não preciso da ajuda de gente como você. – sussurrou Petúnia maldosamente, enquanto Hermione atirava a vassoura no chão e saía da cozinha, seguida por um Harry que gargalhava as suas costas.
- Eu disse que iria se arrepender, carinho. – disse Harry, enquanto os dois subiam para o quarto e passavam direto por Valter e Duda, sentados feito porcos no sofá da sala.
- Eu não estou arrependida, Harry. Estou achando irritantemente ótimo. – respondeu Hermione, corada.
- Vi que sim... – ele disse, enquanto entravam no quarto. Hermione o ignorou.
- Vamos sair à tarde? – indagou Hermione, enquanto sorria.
- Não, não. Nós vamos sair à noite, Herms.
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N/A) - Desculpem pela demora, pessoal, mas eu viajei final de semana e ficou dificil de atualizar.
Espero que continuem acompanhando e comentem :D
Beijão :*
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