Capítulo seis
Capítulo seis
- Harry James Potter, o que diabos você fez com o meu vestido? – exclamou Hermione, enquanto revirava a mala.
- O que? Você não acha realmente que vai sair com aquele pedaço de pano não é? – respondeu o homem, sentindo-se ofendido.
- Harry, pelo amor de Merlim! – exclamou, cansada. Revirou a mala mas nada do vestido. – Eu o adoro! O que fez com ele?
- Eu? Nada! – disse Harry, enquanto tentava, sem sucesso, abaixar os cabelos revoltos.
Hermione o olhou repreensivamente, olhar esse que diminuiria qualquer um a um mero mosquito. – Está bem, Potter, está bem. – disse finalmente, percebendo que Harry não a deixaria sair com o vestido nem que chovesse sapos de chocolate.
O moreno lhe cedeu um sorriso misterioso enquanto falava – Não quero ter que recolher um bando de marmanjos caídos aos seus pés quando chegarmos lá, Hermione.
Ela gargalhou com vontade e perguntou a si mesma se ele realmente pensava assim.
Ponderou.
Harry sempre teve várias namoradas, várias lindas namoradas que Hermione achava serem belas. Nunca gostou de nenhuma delas, e na verdade, nunca procurou estabelecer uma relação mais amigável com qualquer que seja a mulher que se aproximasse de Harry. A quantidade de mulheres, garotas e senhoras que matariam por uma chance com o famoso Harry Potter, era assustadora, mas o amigo era seletivo.
Ela nunca se compararia a uma das sempre belas namoradas de Harry, devido ao fato de que ela tinha uma coisa que nenhuma outra até agora demonstrou ter.
Inteligência.
Harry saiu do quarto para que Hermione pudesse se arrumar, e minutos depois, ela apareceu com um vestido verde escuro até os joelhos, com os cachos bem comportados e soltos, caindo como uma cascata até seus ombros.
Haviam decidido que iriam até um restaurante em Surrey, onde jantariam.
Descendo as escadas, Hermione encontrou Harry perto da porta, de braços cruzados, usando uma elegante camisa preta e uma gravata verde, realçando seus olhos. Ele parecia entediado, encostado na parede enquanto Duda lhe perguntava a onde iria.
Ele não respondeu. Apenas observou Hermione se aproximar e a elogiou imensamente enquanto os dois saiam da casa.
- Harry, como você fez para trazer o carro até aqui? – disse Hermione, parecendo confusa ao observar o elegante carro de Harry parado em frente à casa.
- Tudo é possível quando se tem um bom amigo como Rony. – ele confessou, sorrindo junto com a amiga.
- Rony ficou chateado por não passarmos o natal na Toca? – Hermione indagou, preocupada.
- Creio que não. Rony entendeu, Molly e os outros também entenderão, e ademais, poderemos passar o ano novo lá, o que me diz?
Hermione o analisou por um momento antes de responder: - Digo que concordo.
Harry dirigiu até um simpático restaurante nos arredores de Surrey. As portas de vidro eram cobertas por grossas cortinas vermelhas, as paredes eram forradas de um papel de parede escuro, e em todos os cantos do local, haviam pequenas árvores natalinas com bolinhas coloridas penduradas.
Hermione odiou.
- Trouxe-me aqui propositalmente, Potter? – perguntou ferozmente, embora estivesse certa da resposta que o amigo lhe daria.
- Que tipo de imagem você deve ter a meu respeito, Srta. Granger?
- Não queira saber.
Eles foram acompanhados por um garçom até uma mesa, perto do pequeno palco onde músicas natalinas eram tocadas por uma banda local.
Sentaram-se, e Harry apressou-se a fazer o pedido do cardápio, temendo que Hermione usasse os talhares para terminar com a vida dos pobres músicos.
- Considere-se morto assim que eu por as mãos em minha varinha, Harry James Potter. – rangeu Hermione, parecendo furiosa com o amigo.
- Você fica uma graça nervosa, sabia disso? – disse o homem suavemente, fazendo Hermione corar. Ele só não tinha certeza se era de raiva ou de vergonha.
A morena não respondeu nada, apenas abaixou a cabeça e fitou o prato, com as mãos no colo.
- E você me tira do sério. – sussurrou, finalmente. – Você me deixa feliz mesmo quando eu não gostaria. Faz-me esquecer de meus propósitos.
- Considerarei isso como um elogio, carinho.
- Pois não deveria. Droga Harry!
E então ele percebeu que Hermione estava chorando silenciosamente. Havia abaixado a cabeça discretamente, e Harry jamais perceberia o que se passava se não visse uma lágrima escorrer e cair em seu vestido.
Desesperando-se diante do estado emocional da amiga, Harry buscou sua mão e a apertou contra a dele.
- Mione... – chamou, carinhosamente.
- Desculpe Harry. – disse a morena, deslizando sua mão pela de Harry e enxugando as finas lágrimas – Você me faz tão feliz, mas tão feliz. Nenhum momento será suficientemente triste se você estiver comigo, e talvez eu não me sinta frustrada por isso. Desculpe, eu devo parecer tão dramaticamente tola...
Mas o que ela parecia era simplesmente encantadora.
Os pratos não demoraram a chegar, e Hermione parecia mais disposta do que quando chegara.
Parecia estar se divertindo, e Harry se sentiu imensamente aliviado ao chegar na casa dos tios e sentir Hermione aninhar-se em seu peito e adormecer tranqüila.
Os fracos raios de sol batiam na janela e refletiam na parede do quarto. O dia mal havia amanhecido lá fora quando Hermione saltou por cima de Harry e permaneceu debruçada por ele por longos minutos, apenas acariciando seu rosto e perpassando os dedos por seus cabelos revoltos enquanto este dormia tranquilamente, sem sequer ter percebido Hermione sobre si.
Divertia-se ao examinar a face do amigo e enrolar seus cabelos com os dedos, enquanto ponderava sobre os acontecimentos do dia anterior. A vaca, os Dursley, o quase beijo, e o ataque de choro no jantar. É, parecia dolorosamente bom dentro de suas perspectivas desastrosas sobre o natal que passaria.
Não que quase beijar seu melhor amigo tenha sido uma experiência ruim, ao contrário. Espantou-se ao desejá-lo de outra forma, e espantou-se mais ainda ao encontrar nos olhos de Harry o que ela mesma estava sentindo. Pegou-se atenta a expressão tranqüila do amigo, quando este abriu os olhos devagar e sonolentamente, dizendo: - O que diabos você está fazendo em cima de mim, mulher?
Hermione corou e riu ao mesmo tempo, antes de beijar-lhe a face demoradamente, e propositalmente. – Estou velando seu sono, belo adormecido.
Harry sorriu e a olhou desconfiado – Você estava abusando de mim, eu sei.
- Harry! – exclamou Hermione, parecendo divertir-se em cogitar a hipótese.
Mas o homem apenas sorriu. Sorriu para ela. Aquele sorriso que iluminava o mundo e derretia Hermione por completo. Ele se levantou e foi até o banheiro com a toalha nos ombros, seguido pelo olhar de Hermione.
A morena por sua vez, debruçou-se sobre a janela e surpreendeu-se ao notar a fina neve que começava a cair lá fora. Pensou em chamar Harry, mas decidiu que não seria uma atitude muito sábia visto que acabara de ouvir o som do chuveiro sendo ligado pelo mesmo.
Pegou um grosso livro de sua bolsa e tampouco atreveu-se a descer as escadas e postar-se diante a lareira com o livro nos braços, tendo consciência de que seria expulsa dali a meio minuto pela família Dursley.
Contentou-se em encostar-se na cama e ler, e assim o fez até Harry adentrar ao quarto com apenas a toalha enrolada na cintura. Hermione tossiu.
- Hermione, não tem mais ninguém em casa. – avisou Harry informalmente, enquanto perambulava pelo quarto em busca de uma muda de roupa. – Foram todos buscar Tia Guida.
Hermione estava começando a ficar vermelha, e mal conseguia segurar a vontade de voltar os olhos para o peitoral bem definido de Harry. Harry... seu amigo Harry. Ela não o fez.
- Hermione, está me ouvindo? – ele indagou, parando de andar e a observando com atenção enquanto Hermione corria os olhos pelo livro, visivelmente perturbada.
Socorro.
- O que? Sim, estou. – apressou-se a responder, sem fitá-lo. Hermione se levantou rapidamente e sorriu, passando os olhos por Harry e torcendo mentalmente para que o amigo não notasse a cor vermelho vivo de seu rosto. – Vou...fazer um almoço pra gente, então.
Harry sorriu e concordou, enquanto Hermione deixava o quarto apressadamente.
Desceu as escadas, tentando expulsar os pensamentos de Harry apenas sem a toalha de sua mente, enquanto constava que os Dursley realmente haviam partido.
Dirigiu-se até a cozinha e pensou que seria mais sábio se usasse sua varinha para fazer o almoço, considerando o fato de que não precisaria sequer encostar-se à preciosa louça de Petúnia.
Ponderou.
Não iria se acomodar na manhã do pior natal de sua vida.
Ele revirou a mala até encontrar o que desejava. Um embrulho de tamanho médio, levemente amassado devido a viagem.
Harry correu pegar sua varinha e, com um aceno, arrumou o papel de presente e o desentortou.
Refletiu se Hermione gostaria do presente que ele lhe comprara. Conhecia a amiga bem demais, sabia de absolutamente todos os seus gostos, e sabia, por exemplo, que dar um perfume a Hermione Granger era a mesma coisa do que lhe entregar um papelzinho dizendo “Não conheço você”.
Sempre dera a Hermione vários e diferentes tipos de presentes, e ela nunca pareceu ter achado nenhum ruim.
E se ela o tivesse achado, ele saberia.
Olhou para o embrulho em suas mãos, pretendendo escondê-lo no fundo do armário até a ceia, quando ele ouviu uma leve exclamação de dor vinda da cozinha.
Era Hermione.
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N/A) - Obrigada pelos comentários, espero que gostem e continuem acompanhando e também comentando! Beijo :*
Comentários (1)
ai que lindos!! quero muito post novo
2011-06-23