Capítulo dois



CAPITULO DOIS



- Então – disse Hermione, engolindo um pedaço de lasanha e mirando o amigo à sua frente – Você já decidiu?
- O que? – indagou, levando um copo de suco de abóbora aos lábios e tomando goles demorados.
- Sobre o nosso natal triste e melancólico.
- O que tem? Não estava decidido que passaríamos juntos? – disse, levantando-se e recolhendo seu prato e o da amiga e os colocando em cima da pia.
- Sim, mas não decidimos onde – disse a mulher, tirando a varinha do bolso do casaco e fazendo a torneira produzir espumas, enquanto os pratos mergulhavam na água e se lavavam, secando-se sozinhos e voltando para a prateleira.
- Você não quer passar na Toca. – disse Harry, terminando de arrumar a cozinha da amiga – Teríamos outra opção?
- Diversas! – a morena alegou.
- Molly irá nos matar – disse Harry, olhando a amiga que franzia a testa, pensativa.
- Poderíamos ir para as montanhas... – ela disse.
- Ela realmente irá nos matar...
- Ou quem sabe ficar em casa mesmo...
- Você ainda pode mudar de idéia.
- Talvez para Hogsemad...
- Quando eu digo que Molly nos matará...
- Harry! – Hermione o repreendeu – Se você não quiser ir comigo eu já disse que...
- Está bem – o moreno concordou, relaxando os ombros e se dirigindo até a sala – Faça como quiser, carinho.
- Você vem comigo? – disse, amuada. Sentou-se no sofá ao lado do amigo e aninhou-se em seu corpo, enquanto afagava seus cabelos pretos.
- É claro que vou – respondeu o homem, lhe oferecendo um sorriso carinhoso – Poderíamos ir para o litoral – ele sugeriu.
- Oh não... – disse a mulher – alegre demais.
- Montanhas? – Harry sugeriu novamente.
- Frio demais – disse Hermione, sorrindo. Harry concordou.
- Campo? – disse, observando a amiga negar com a cabeça veemente. – Nós não temos muitas opções Mione, hoje já é dia 22!
- Eu sei...mas nenhum lugar me pareceu adequado à o natal que gostaria de passar...
- Ah vamos lá! – disse o homem, olhando-a impacientemente – Não tem muitos lugares propícios para se passar um natal deprimente, fora a casa dos Dursley é claro, mas eu realmente acho que deveriamos...o que foi? – indagou, ao observar os olhos da amiga saltarem e um sorrisinho satisfeito formar-se em seus lábios.
- Dursley... – ela repetiu, como se estivesse em transe. Harry estreitou os olhos para a amiga, mirando-a a desconfiado enquanto esta prosseguia – Harry, podemos passar o natal nos Dursley?
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A chuva caía grossa lá fora. Os pingos caiam em cima do telhado e escorriam pela janela, provocando um forte barulho.
O céu estava escuro e nublado. Os raios solares não eram sentidos de maneira alguma, e Harry não se atreveria a meter a cabeça para fora da janela a fim de procurá-los.
O moreno se encostou na parede do corredor, pensativo e alheio ao barulho da chuva que agora chegava a ser quase ensurdecedor.
Ele não sabia ao certo como havia cedido à idéia completamente desequilibrada de Hermione, mas o fato é que agora ali estava ele, parado diante a porta do apartamento dela, segurando uma mala razoavelmente grande nas mãos à espera da amiga para poderem viajar até a casa dos Dursley.
Passar o natal na casa de seus tios e seu primo porco nunca foi uma hipótese a se considerar, desde sua entrada em Hogwarts. Lembrava-se perfeitamente bem de como tudo era sem graça, monótono e patético na rua dos Alfeneiros, e voltar para aquele lugar não era uma coisa feliz.
Mas, feliz?! Ele estava indo lá para passar um natal horrendo, não feliz. Talvez isso fosse exatamente o que Hermione estivera procurando. A presença de Valter e Petúnia Dursley não lhe fazia feliz e não lhe agradava de forma alguma, e duvidava muito que agradaria a Hermione, porém era isto que a amiga queria.
De fato, alguém a procura da infelicidade no dia natalino era incomum, e Harry duvidaria veemente que haveria alguma pessoa atípica o suficiente para desejar tal loucura até Hermione lhe falar.
- Desculpe a demora - disse a morena, abrindo a porta do apartamento e saindo de lá arrastando uma mala e uma bolsa. Fechou a porta com o pé, e tentou, inutilmente, acertar a chave no buraco da maçaneta.
- Deixe-me ajudá-la - disse ele, risonho. Pegou as chaves da mão da amiga e trancou a porta. Hermione murmurou em agradecimento, e depositou um beijo amistoso na face do amigo, enquanto os dois andavam até o elevador do prédio.
- Você os avisou que iríamos? - Hermione perguntou subitamente, enquanto os dois andavam pelo saguão do edifício em direção ao estacionamento.
- Avisei - disse - e tenho pra mim que faltou o ar nos pulmões de Tia Petúnia quando lhe avisei que viríamos em dois... - ele hesitou, com um sorrisinho maroto - bruxos.
A morena gargalhou, e Harry a observou de soslaio, com um sorriso divertido nos lábios. Saíram do edifício ás pressas, com a chuva molhando seus casacos. Harry abriu o carro e atirou todas as malas nos bancos de trás assim que entrou. Sentou-se no banco do motorista, encharcado, enquanto Hermione sentava-se ao seu lado.
- Pode dar um jeito de nos secar? - indagou Harry, enquanto colocava o cinto de segurança - Minha varinha ficou na mala.
Hermione afirmou com a cabeça, e em instantes, os dois já se encontravam devidamente secos e apresentáveis. Surrey não ficava tão longe dali, e em questão de algumas horas chegariam.
Conversaram sobre coisas banais durante todo o percurso, rindo e comentando sobre tudo que lhes despertava o mínimo de interesse. Hermione parecia espantosamente mais alegre do que Harry a encontrara dias antes, divertia-se e ria por qualquer coisa que o moreno dizia e isto lhe despertou curiosidade, sendo que a morena alegara não querer deixar a felicidade contagiá-la durante o período natalino.
Ele arqueou a sobrancelhas ao concluir tal pensamento, e olhou a amiga de soslaio enquanto esta contava quantas placas havia na estrada. Um sorriso discreto formou-se nos lábios do moreno, mas Harry não teve tempo de concluir seus pensamentos sobre o repentino estado de humor de Hermione, quiçá suas reais vontades, pois a mesma interrompeu-lhe, passando um braço pelas costas do amigo e acariciando sua face.
- Sabe... - disse ela, como se estivesse prestes a revelar o segredo do universo - você me irrita.
- O que? - exclamou Harry, olhando para a amiga rapidamente e voltando sua atenção para a estrada logo depois.
- Você manda todos os meus planos para o inferno toda a vez que sorri para mim, de mim, ou comigo. - disse, passando os dedos pela bochecha do amigo que sorriu. - Exatamente como agora. Pare com isso agora mesmo, Potter. Como você espera que eu passe um natal triste com você sorrindo dessa maneira?
- Se for de sua vontade, posso não sorrir mais. - disse Harry, dando de ombros e olhando a amiga de soslaio, como se esperasse sua reação.
- Oh, de modo algum! - disse a morena, parecendo abismada - Eu jamais seria egocêntrica ao ponto de privar o mundo de apreciar essa graça divina. A propósito, eu já lhe disse que mamãe adorari... - Hermione parou, repentinamente. A alegria evaporou-se imediatamente de seu ser, e ela voltou seu olhar para a janela do carro. Retirou o braço dos ombros de Harry e murmurou algo inaudível aos ouvidos do amigo, sentando-se encolhida no banco.
O moreno suspirou pesadamente, mirando a amiga com preocupação enquanto ela se acomodava no banco. Cauteloso, ele pousou sua mão livre na perna da morena, indagando carinhosamente - Você quer parar para comer alguma coisa, Mi?
- Oh, não não... - disse a morena, sorrindo fracamente - quanto mais rápido chegarmos melhor.
- Você se arrependerá amargamente por ter dito isso, Hermione - disse Harry, determinado a não deixar a morena sozinha com seus pensamentos. Sabia que se permitisse que Hermione divagasse a felicidade e a alegria que os dos desfrutaram por grande parte da viagem não retornaria tão cedo. Sorrindo, ele observou a amiga por alguns segundos, policiando-se para que ele próprio não se perdesse em meio a pensamentos sobre esta.
- São trinta e cinco. - disse Hermione, repentinamente. Harry piscou e então, lembrou-se de que estava dirigindo e que não deveria prestar tanta atenção em Hermione se pretendesse chegar a casa dos Dursley sem sofrer algum tipo de acidente no caminho.
- O que?
- São trinca cinco placas até agora. - disse Hermione, esgueirando-se - Trinta e seis agora, na verdade. Você está contando as placas do seu lado? - ela indagou, fitando-o.
- Hermione, caso não se lembre, alguém precisa dirigir. - disse, sorrindo levemente.
- Realmente, Harry. Você tem toda a razão, como eu pude ser tão cruel com você ao pedir que fizesse duas coisas ao mesmo tempo? Afinal, placas são absolutamente minúsculas, exigiria um esforço descomunal contá-las. - ironizou - Veja, agora são trinta e sete. Eu consigo falar e contar placas, não é inacreditável?
Harry gargalhou da ironia da amiga enquanto respondia - Oh, ok então. Perdoe-me, a senhora é superior. Devo encaminhar-me para o tronco agora ou mais tarde para receber meus castigos?
Hermione rolou os olhos e riu suavemente, postando uma mão no queixo e fingindo estar pensativa - Talvez seu castigo não requeira a sua ida até o tronco, carinho.
- Mesmo? - indagou Harry, mudando a marcha do veiculo.
- Oh sim. - disse Hermione - Há coisas piores do que ser chicoteado em um tronco, você sabe.
- Na verdade não sei. - disse Harry. Ele olhou a amiga, e esta parecia decida a falar somente se ele perguntasse. O moreno rolou os olhos, dizendo: - Diga-me, então.
- Bem - ela começou, pigarreando - Eu posso fazer cócegas em você até meu nefasto ser se cansar, posso encher o seu pescoço de beijos mesmo tendo perfeita consciência de que você morre de arrepios e também poderia fazer milhares de coisas perversas contra a sua pessoa, levando-se em conta de que conheço quase todos os seus pontos sensíveis e irremediavelmente vulneráveis, mas eu realmente estou pensando em reconsiderar todas essas hipóteses, levando-se em conta novamente de que sou uma mulher bondosa somente contigo, que te ama incondicionalmente e jamais seria capaz de fazer qualquer coisa ruim contra você. Isso não quer dizer que eu considere cócegas um castigo realmente mal, e também não quer dizer que você não mereça por não contar as placas que haviamos combinado, mas...Harry, eu não sei se você percebeu mas há uma vaca na estrada!
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N/A - Obrigada a todos os comentários, adorei!
Espero que gostem! :*

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