Capítulo um
CAPITULO UM
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Chegou em casa tarde, como era de costume. Girou a chave na maçaneta e empurrou a porta de seu confortável apartamento em Londres.
Jogou sua bolsa no sofá e depositou o molho de chaves em cima de uma pequena mesa de carvalho ao lado da porta. A morena abriu a porta de vidro da sacada, e deixou a luz do luar iluminar a sala. Sentiu uma leve brisa passando por seus cabelos, fazendo-a sorrir satisfeita.
Hermione parou pensativa, observando o porta-retratos que se encontrava em cima da mesa de centro. Lá, havia uma foto dela há pouco tempo, abraçada a um homem, que alguns segundos depois, a pegava no colo e a girava alegremente. Eles sorriam.
Ao lado deste, havia mais outros dois. No da direita, havia uma foto dela rodeada por dois rapazes. Aparentavam pouca idade, eles sorriam e se cutucavam freqüentemente, acenando logo em seguida.
No da esquerda, havia uma foto de uma Hermione pequena, duvidava que tivesse lá seus sete anos de idade. Mantinha um sorriso forçado no rosto, que deixava claro que se tivesse escolha, não gostaria de estar tirando aquela foto. Ela estava à frente de um casal relativamente incomum, a mulher usava uma blusa amarelada com listras pretas, prateadas e douradas, e exibia um sorriso contagiante. Já o homem, mantinha uma postura impassível, sorrindo discretamente. Eles não acenavam nem se mexiam, permaneciam imóveis.
Flagrou-se parada a frente da mesa durante alguns segundos, apenas observando os sorrisos largos, os olhos brilhantes e os gestos de afetividade que seus pais a ofereciam em suas expressões.
Deus, como ela sentia falta! Poderia jurar que era capaz de ouvir suas vozes longínquas e quase inaudíveis, soando comentários, conselhos, advertências.
Uma lágrima rolou em sua face ao olhar ao redor, onde Jane e August Granger a olhavam prazerosos das paredes, do console, dos vãos dos armários. Buscando a continuidade, a permanência, a memória.
A morena deixou seus olhos molhados escorrerem pela superfície lisa e ainda colorida do rosto de seus pais. As imagens dançavam em sua mente e tornavam-se borrões para, no segundo seguinte, reaparecerem em perspectivas alteradas: fundo e primeiro plano mudam de posição, sorrisos se confundem e figuras perdem os contornos, o brilho e toda a contagiante alegria que havia ali antes.
Pouco se lembrava daquele fatídico dia em que tudo ocorrera, e não fazia questão que a memória lhe voltasse. Já bastava a saudade que a assolava...
Sentiu uma mão pousar em seu ombro, e se não fosse pelo perfume e a confiança que sentiu em seu toque, o ser estranho estaria jogado no chão.
- Oi Harry – cumprimentou, ainda de costas.
- Olá - disse, estalando um beijo demorado na face da amiga – Está tudo bem?
Hermione virou a cabeça, desviando os olhos da face preocupada do amigo e fitou a parede com rapidez - Eu não ouvi você chegar... – falou, sorrindo fracamente.
O homem abaixou a cabeça lentamente, percebendo o brilho das lágrimas na bochecha da amiga. Tentou buscar os olhos da mesma, analisar novamente todo o sofrimento ali estampado, toda a angústia e solidão. Gesto esse, que Hermione parecia decidida a evitar – O silêncio dos teus olhos deteriora-me.
- Oh Harry – disse, voltando-se para o amigo, amuada. Ela o abraçou e afundou seu rosto no vale entre o ombro e o pescoço do moreno - quisera eu não derramar mais nenhuma lágrima.
Harry acariciou o topo da cabeça da amiga compreensivamente, segurando sua cintura logo em seguida – Eu sinto muito, Mione. Não tem idéia de como me sinto em ter uma parcela de culpa na partida deles... – disse, baixando o tom de voz normal para um sussurro rouco e pesaroso – É insuportável ver você sofrer, meu bem...
Hermione balançou a cabeça negativamente, as lágrimas agora corriam soltas pelo seu rosto, molhando a camisa do moreno. Mas ele parecia não se importar, assim como ela. Já haviam discutido sobre esse assunto algumas vezes e ambos chegavam a mesma conclusão de que não haveria jeito nenhum de preverem o atentado a casa dos pais de Hermione Granger, atentado o qual levou a vida de seus pais da forma mais cruel e desumana possível, há menos de um ano.
Hermione sentia-se segura em contar a Harry sobre todo e qualquer sentimento que lhe ocorresse, sobre os flashes de lembranças que mais a assolavam, sobre toda a vontade que tinha de personificar a saudade, dar-lhe voz e sentimentos. Porém, dificilmente o fazia.
Sentia-se na maioria das vezes, a criatura mais estúpida da face de terra por pensar em sua dor, de um modo tão terrível.
Harry havia passado por coisas milhares de vezes piores, já sofrera tanto que Hermione não se sentia no direito de lamentar muito. Harry a compreendia e a instigava a falar, chorar ou explodir sempre que quisesse. Embora Hermione se sentisse extremamente confiável em fazê-lo, detinha-se sempre que possível. Não era justo com ele, não era justo que ela o fizesse relembrar seus piores momentos, não era justo que se sentisse culpado e nem que se penalizasse de Hermione, logo ele que já sentiu sentimentos que Hermione dificilmente sentiria algum dia...
- Não é justo que se culpe por nada, Harry – disse, abraçando-o com mais firmeza. O moreno soltou um muxoxo de lamentação, inaudível.
- Você disse que já havia superado. – o homem disse – Porque me escondeu? Se você tivesse me ouvido entrar...
- É tão injusto com você. – Hermione o cortou, sorrindo amargamente – Não me sinto no direito de reclamar de nada.
- Hermione...
- Você sofreu coisas terríveis Harry, - ela continuou - e eu seria uma tola se lamentasse ter perdido meus pais sendo que você já passou por coisas piores e nunca sequer chegou a reclamar... - ela ponderou por um momento – bem, quase nunca, mas você entende não é?! Não é fraqueza, apenas me acho completamente prepotente nessas ocasiões...
Ficaram em silêncio, um silêncio incomodo no qual a mente da morena fazia questão em lembrá-la de como poderia estar sendo insuportavelmente melancólica na visão de Harry.
Permaneceram assim durante alguns segundos, até Harry segurar a cabeça da amiga com as duas mãos, lhe oferecer um sorriso carinhoso e dizer: – O que você faria se eu te dissesse que trouxe o seu prato preferido para o jantar?!
Hermione fungou e sorriu ao mesmo tempo, fazendo Harry rir da expressão da amiga – Oh Deus, lasanha? – ela disse - Eu iria agradecer a mim mesma pelo amigo prestativo que eu fui arranjar! – disse, esboçando um sorrindo e sendo guiada pelo amigo até a cozinha do apartamento.
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N/A) Obrigada a todos que comentaram, adorei!
Espero que gostem, e embora o capítulo tenha ficado pequeno, os outros estão maiores!
Continuem acompanhando, e o capítulo dois chega no próximo sábado!
Beijo :*
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