Eles me obrigaram a fazê-lo



Devido ao bizarro imprevisto no meio do Salão Principal e no dormitório da Grifinória, os estudantes da casa, por ordem de McGonagall, recolheram-se nos dormitórios das outras casas. Harry, Rony, Hermione e Gina instalaram-se nas dependências da Corvinal, que parecia ser a única casa com a qual Harry poderia almejar algum tipo de companheirismo, afinal, odiava os Sonserinos e os Lufas o odiavam, mas não faziam por mal, até ele mesmo se odiava por ter sido tão estúpido.
E estes pensamentos logo o remetiam para outros. Os escritos à tinta que apareceram em seu braço. Haviam saído na hora do banho, mas ainda estavam impregnados em sua mente. Vinte e sete dias, dezessete horas, quarenta minutos e quatorze segundos. Talvez fosse melhor começar a contar os dias. Se a profecia estivesse certa, se aquela garota disse a verdade, ele teria pouco menos de um mês para descobrir o que fazer.
Aquela garota. Quem era ela? Aquela voz. Era tão familiar. Lembrava muito a voz de... Evie Diggory? Seria ela de novo tentando avisar-lhe de algo? Algum tipo de sinal? De algo que ele estava ignorando? Mas ainda se lembrava perfeitamente bem do que aconteceu da última vez que dera ouvido a Evie.
- Nada mais faz sentido. - pensou alto.
- Você disse algo, Harry? – a voz de Rony soou sonolenta.
- Nada demais.
- Ah, então, está certo. – e voltou a dormir.
Potter decidiu fazer o mesmo e logo lhe vieram as primeiras imagens formando um sonho. Via perfeitamente Alastor Moody. Cedrico e Amos Diggory. Dumbledore. Figurões do Ministério. E todo o ambiente da última tarefa no Torneio Tribruxo. E logo o sonho ganhou as dimensões realistas que ultimamente tinham sido freqüentes.
- Ei, Harry, venha aqui. Vamos até a minha sala ter uma conversinha. – disse Moody. – Venha, vamos.
Moody puxou-o pelo braço até a sua sala onde, no centro, estava a taça do torneio.
- Esta taça é sua, pode pegar.
- Mas... Eu não quero.
- Por quê?
- Eu não sei... É que Cedrico...
- Não sinta pena de Cedrico, você fez por merecer. E ele também.
- Não. E eu não quero!
- É claro que quer. Ela lhe dará a glória eterna.
- Eu não quero.
- E aqueles Lufas. Não ligue para eles. Só o vaiaram, pois você derrotou o herói deles.
- Eu não derrotei ninguém e não quero esta taça idiota, se você gosta tanto dela que fique para você!
- Você não quer nem tocá-la?
- Não!
- Você quer.
- Não quero. E vou embora daqui se é só isso o que tem a me dizer, pois devo explicações a Cedrico.
- TOQUE NA DROGA DA TAÇA!
- Por quê?
Moody empurrou-o contra a Taça de forma que Harry segurou nela por reflexo. E o portal o transportou para aquele cemitério... Cemitério? Este mais parecia o banheiro masculino...
- Harry. – uma voz o chamava.
Não acreditou no que viu.
- Krum?! O quê...? Como...? – as perguntas não saíam.
- Agora faltam 27 dias exatos, Harry.
- O quê? Você também sabe disso? Por favor, explique-me. Nada faz sentido...
- As respostas virão. Apenas faça-o.
- Fazer o quê?
- Bombarda... Reducto...- o rapaz não soltara os feitiços, apenas os proferira.
A figura dele desapareceu. Harry viu-se com sua varinha e um pedaço de carvão nas mãos. Então tudo simplesmente sumira sendo substituído por uma imagem estranha: uma construção enorme vista de fora, um prédio, com água até quase o topo. Não fazia sentido algum. Fazia?
Não demorou muito até que os primeiros raios de sol viessem tirar Harry de seu estado subconsciente. Logo percebeu que o Salão Comunal da Corvinal estava completamente vazio, decidiu, porquanto, descer as escada e ver o que estava acontecendo.
Escada a baixo podia-se ver uma aglomeração de garotas na frente do banheiro masculino. Entre elas Gina e Hermione. Juntou-se à multidão e tentou fazer espaço para chegar até as garotas. Foi então que pôde ver o interior do cômodo. Estava ainda mais infestado. Só que de garotos.
- Harry, Harry – Gina e Hermione tinha acabado de perceber sua presença e foram correndo até ele esbarrando em muita gente. – Mandamos Rony, ir chamá-lo agorinha mesmo!
- Gina, Mione, o que está acontecendo por aqui?
- Não sabemos. Tem um monte de garotos aí que não nos deixam ver nada! E não podemos entrar para saber! Rony entrou lá, mas não conseguiu dizer nada depois que saiu! E essa água vindo daí está me dando nos nervos! E se isso não for água?! Argh! – dizia Mione, sem parar.
Foi então que Harry percebeu a água que escorria por debaixo dos pés de todos. Abriu passagem novamente, desta vez para dentro do banheiro. Deu de cara com uma imagem bizarra: O banheiro estava destruído; dos sanitários e das torneiras saía água torrencial; as portas das cabines se reduziram a pó. E mais sinistro ainda: nos espelhos podia-se ler escritos em carvão que diziam: “Eles me obrigaram a fazer isto”. Agora entendia porque Rony não conseguira dizer nada após sair de lá. A cena chegava a ser perturbadora.
Continuou a observar o local abarrotado. Olhou novamente a frase nos espelhos. Aquela letra parecia a sua. Alguém estava tentando incrimina-lo? Por quê? Ou será que... Olhou para as suas mãos e percebeu que estavam sujas de carvão. Esfregou uma na outra amenizando a tonalidade das manchas de modo que ninguém reparou naquele detalhe que podia delatá-lo.
O outro sonho. Teria sido somente um sonho? É claro que não! Suas mãos estavam manchadas! Estaria alucinado? Seria meramente sonambulismo? O que era real e o que não era? Ele mal conseguia fazer esta distinção. E mais: lembrava-se de Krum dizendo “Bombarda” e “Reducto”, se aquele sonho fora real, ele o mandara fazer aquilo, mas por quê?
“As respostas virão. Apenas faça-o”. Que respostas eram estas? Para que perguntas? Evie já havia esclarecido tudo: não havia saída. Não havia mais pergunta alguma. Do que Krum estava falando, então?... Seriam estas as perguntas certas?
Neste exato momento uma fileira abriu-se na superpopulação tanto à frente da porta quanto dentro do ambiente. Era McGonagall que havia acabado de entrar.
- O que aconteceu por aqui? - ela estava assustada, olhava para todos os lados desorientada.
- Ninguém sabe, professora. – respondeu um aluno novo da Lufa-Lufa.
- Mas como assim, ninguém sabe? Quem foi o primeiro a entrar aqui?
- Fui eu, professora. – respondeu o mesmo aluno. – Mas quando eu entrei já estava assim.
- Certo. – McGonagall estava desconfiada. – Bem, aproveitando que a maioria dos alunos está por aqui venho lhes informar que amanhã todos vocês passarão por testes para que se possa encontrar o real causador deste caos aqui! – ela apontava para os espelhos. - E espero que as garotas não pensem que estão excluídas da nossa lista de suspeitos! Estou cansada disso! Vocês sabem o perigo que correm, o tempo perigoso em que vivemos e ainda por cima ficam fazendo gracinhas pela escola!
- Professora. – Gina manifestou-se.
- Diga, srta. Weasley.
- Como você sabe que isso não é obra de Você-Sabe-Quem?
- “Eles me obrigaram a fazer isso”. – a professora leu a frase. – Acho que isso já é suficientemente esclarecedor! Quem seria imbecil o suficiente para obrigar Você-Sabe-Quem a fazer algo?
- Mas e se... Alguém foi induzido a fazer isto... Pelos Comensais da Morte? – perguntou Mione alarmando todos a sua volta, inclusive McGonagall.
- Srta. Granger, esta é uma possibilidade a ser levada em conta, mas... Por que eles diriam que foram obrigados?
- Talvez ele queira que entremos em pânico.
- Sim, é possível. Tomarei algumas providências com relação a isto, mas mesmo assim iremos amanhã fazer os testes. Precisamos saber com o que exatamente estamos lidando.
Nisto uma mulher, da porta do banheiro interveio:
- Eine minuto, Sra. McGregor.
Era a nova professora de Poções. Harry já a havia visto uma vez, mas nunca havia reparado em como a nacionalidade alemã dela era evidente, pois ela facilmente misturava o alemão ao inglês. Talvez porque no dia de aula dela ele estava mais interessado em ir a St. Mungus.
- McGonagall, Sra. Dylan.
- Diehl, Sra. McGonegail.
- Certo, mas diga.
- Se esta realmente ist eine obra von Você-Sabe-Quem, quer dizer que você também acredita que die turbina tem algo a ver com ele?
- Não entendi o seu ponto, Sra. Diehl.
- Bem, ist claro o que está acontecendo aqui. Quero dizer, die turbina, “Eles me obrigaram a fazer isso”. Ist óbvio quem são eles. Não acha estranho eine turbine cair bem no meio de die Salão Principal quando deveria estar no mundo dos trouxas?- parou um pouco e continuou. - Por que Você-Sabe-Quem traria algo do mundo dos TROUXAS para tentar assustar? Ele não é o BRUXO mais temido deste mundo? Pense bem!– pela primeira vez a frase saiu sem sotaque.
- Não falamos nada da turbina. Apenas do estado caótico deste banheiro.
- Eles estão relacionados. Die frase. Preste atenção. Und por que atacar die toalete?
- Sra. Diehl, por favor, não tente piorar as coisas. Os alunos já estão assustados o suficiente.
- Eles nom merecem saber die verdade?
- Como pode ter certeza?
- Die fatos, McGonegail. Die fatos.
McGonagall olhou para os lados e reparou nos olhares curiosos que observavam a cena.
- Bem, Sra. Diehl, você se importa de continuar esta conversa na minha sala?
- Nom, de forma alguma.
As duas se retiraram em direção à sala da diretora. Os olhares curiosos acompanharam o trajeto. Que conversa estranha fora aquela que relacionava os dois acontecimentos anteriores? Teria ela algo a ver com fazer as coisas funcionarem melhor? Teria ela a ver com o fim do mundo? Teria ela algo a ver com o que Evie havia dito no início de tudo?
Seria ela a resposta que viria?

Continua...

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