Sonhos com Maldições Proibidas
Harry contou a seus amigos os sinistros acontecimentos do Salão: aquela conversa estranha com Evie Diggory; o feitiço que fazia uma pessoa voltar no tempo; o tal livro de Roberta Sparow; o fato de ele, Harry Potter poder salvar todas as pessoas que morreram e as que morreriam por causa de Voldemort usando esse feitiço e falando algo a alguém...
- Só não entendi uma coisa... – falou Harry franzindo as sobrancelhas.
- O que, Harry? – perguntou Mione.
- Ela disse que... – ele fez uma pausa, tentando lembrar as palavras exatas proferidas pela garota. – A vida é uma equação... O que isso quer dizer?
Hermione, Rony e Gina ficaram pensando por um instante. Até que a primeira tomou a palavra:
- Uma equação... Isso significa que... Os dois lados precisam ser iguais para que haja equilíbrio, caso não haja será necessário retirar ou colocar algum elemento para que se crie a estabilidade.
Rony levantou uma sobrancelha e logo após falou:
- Dá para traduzir? Por que eu não enten...
- Espere um pouco! – interrompeu Harry. – Então o que ela talvez esteja querendo me dizer é que... Cedrico morreu porque não havia esse equilíbrio entre os dois lados?
- Bem... Talvez. – respondeu Mione.
- Mas... Que lados são esses? – perguntou Gina.
- Não faço a menor idéia. – respondeu Hermione. – Talvez seja melhor nós irmos dormir e pesquisar mais sobre isto amanhã na biblioteca, talvez até encontremos o tal livro que ela citou: “A Filosofia da Viagem no Tempo”.
- Sim, ótima idéia. – disse Rony. – Estou morrendo de sono. Posso antes dar minha opinião sobre o que a irmã do Diggory disse?
- Claro. – disse Harry.
- Harry, meu caro, Mione contou-me sobre essa garota. Ela foi internada numa clínica psiquiátrica, isso não lhe diz nada? Essa garota é louca, cara! Não ouça ao que ela diz! No mínimo ela deve ter criado nesse tempo de internação, uns feitiços macabros para dominar a sua mente e fazer você acreditar nela!
Hermione olhou para Rony incrédula.
- Rony, pare de besteira, está bem? Feitiços macabros? Qual é! E se ela voltou para Hogwarts é porque está curada!
- Mione, loucura não tem cura! – disse Rony.
- E você é a melhor prova disso... – disse Mione.
Eles discutiram por um tempo, mas o sono os rendeu. Pararam e subiram as escadas; Gina e Mione para o dormitório feminino e Rony e Harry para o masculino.
Chegando no quarto Rony deu boa noite e se enfiou debaixo das cobertas. Harry retribuiu a “boa noite” e ficou algum tempo acordado. Não conseguia dormir. Não com aqueles pensamentos todos na cabeça. Equação da vida... Feitiço que volta no tempo... O livro... O diário... Dizer algo a alguém, mas... Quem? Nada fazia sentido. Talvez aquilo tudo não tivesse acontecido, fosse só uma alucinação. Mas fora tudo tão real. Talvez Rony estivesse certo e aquela garota fosse louca. Não, pare de pensar nisso, Harry. Descanse, amanhã você irá com a Hermione e o Rony na biblioteca e tudo estará resolvido. Os pensamentos turbulentos não cessaram, mas ele adormeceu.
- Ei, Harry. – alguém o chamava, uma voz conhecida.
- Quem é? – perguntava Harry.
- Sou eu, Harry. Abra os olhos.
O garoto abriu os olhos e de repente viu-se em meio ao campo de quadribol, do jeito que estava há 3 anos atrás; tinha, inclusive, o labirinto da última prova.
- Harry. – a voz voltou a chamá-lo.
O garoto virou-se na direção da voz e surpreendeu-se com o que viu. Aqueles cabelos castanhos claros, aqueles olhos cinzentos eram de...
- Cedrico?! – disse Harry surpreso. – E-e-eu achei que você tivesse morrido, mas você-vo-você está aqui! Você está vivo!
- Não, Harry, eu não estou mais vivo. – disse o rapaz com a voz calma e terna que sempre teve.
Ouviu-se então um grito às costas de Harry. Ele se virou para ver o que era. E viu a si mesmo com o rosto deitado na grama do campo, segurando a Taça Tribruxo e ao lado estava Cedrico, caído no chão, mas não estava morto, não, não estava, ele estava vivo, estava logo atrás dele. Virou-se, mas Cedrico não estava mais lá.
E vozes começavam a ecoar: “Ele está morto! Cedrico Diggory! Morto!”. Seguidas de uma outra voz distante, quase como um eco: “Não, Harry, eu não estou mais vivo”.
- Cedrico, você está em algum lugar, eu sei!! Apareça, eu sei que você está aí!! Volte, volte!!! – gritava Harry desesperadamente.
Mas a voz insistia em repetir: “Não, Harry, eu não estou mais vivo”. E a cada repetição Harry sentia uma pontada forte no peito. Culpa.
- Harry. Ei, Harry. – uma voz diferente o chamava. – Harry, olhe aqui, olhe para mim.
Desta vez ele sabia de quem era aquela voz. Aquela era inconfundível. Sentia uma vontade tremenda de olhar, mas... Sabia o que aconteceria se olhasse. O ambiente já havia mudado. Não queria vê-lo morrer outra vez.
- Harry, você não vai olhar para cá?
- Desculpe-me, Sirius, eu não posso. – dizia o garoto chorando.
- Ei, garoto. Não precisa chorar, venha dar um abraço no seu padrinho.
Bem que ele gostaria, mas não podia. Sabia o que iria acontecer. Queria tanto poder acordar daquele sonho logo.
- Não precisa me dizer, Sirius. Eu sei que você não está mais vivo.
Agora duas vozes falavam em conjunto: “Não, Harry, eu não estou vivo”. Duas vozes extremamente distantes que faziam Harry chorar de dor.
- Foi culpa minha, eu sei. Foi tudo culpa minha.
- Você pode consertar isso, Harry. Você sabe que pode. – diziam as vozes de Cedrico e Sirius. – Você precisa usar aquele feitiço, Harry. Você precisa avisar D... – as vozes ficaram tão distantes que não se ouvia mais o que elas diziam.
- Dizer o quê? A quem? – perguntava Harry. – Voltem! Digam-me como consertar o que eu fiz! Voltem! Voltem, por favor! Voltem! Só me digam como! Sirius, Cedrico! Voltem!
- Harry, Harry, ei, Harry!! Harrrrrryyyyyyy!!!! Alô!!!!! Tem alguém em casa? – outra voz o chamava.
Desta vez ele acordou. Rony estava o chamando.
- Desculpe-me por ter acordado você, mas é que já é de manhã e nós vamos à biblioteca, lembra? – disse Rony.
- Sim, sim, claro. – disse Harry com um tom aparentemente decepcionado.
- Foi algo que eu disse? Eu disse algo que não deveria? Desculpa, desculpa, desculpa!!!! – disse Rony, percebendo o tom do outro.
- Não, não foi nada disso, não, fique tranqüilo. – disse Harry. – Então, vamos tomar café e ir à biblioteca? – continuou Harry, com alguma falsa animação.
- É assim que se fala! Vamos! – disse Rony.
Desceram as escadas do Salão Comunal até chegarem ao Salão Principal. Lá chegando dirigiram-se à mesa da Grifinória, onde Gina e Mione já estavam sentadas.
- Oi, Harry. Oi, Rony. – disseram as duas em conjunto.
- Olá, garotas. – disseram os garotos sentando-se.
Harry não pôde deixar de reparar na mesa da Sonserina, afinal, aqueles pensamentos turbulentos que o fizeram ter aquele sonho estranho tinham todos origem em um elemento daquela mesa: Evie Diggory.
Lá estava ela, sentada entre Draco Malfoy e Pansy Parkinson, ambos parecendo querer puxar conversa, mas ela não parecia prezar qualquer parte daquela conversa, tinha o olhar caído sobre a xícara de café dentro da qual brincava com uma colher prateada. Ela então olhou para frente e percebeu que Harry a estava olhando. O rapaz achou que ela fosse soltar algum tipo de olhar fulminante de tão gélido, mas ela simplesmente abriu um leve sorriso e voltou o olhar para a xícara. Harry fez o mesmo.
- Hum... Temos a primeira aula livre. – comentou Hermione checando os novos horários.
- Bem, vocês têm, mas eu não, então acho melhor me apressar ou vou me atrasar para a aula de Herbologia. – disse Gina.
- Certo, tchau, Gina. – disseram todos.
- Vamos à biblioteca então? – perguntou Harry, cansado de ter que esperar ainda mais para desvendar aquele mistério.
- Você pegou o diário? – disse Mione. – Ele pode ajudar.
- Sim, peguei, está aqui. – falou tirando-o do bolso das vestes.
Foram até a biblioteca procurar em alguns livros de feitiços, informações sobre o tal Chronos. Mas não acharam nada interessante; começaram, então a procurar dados em qualquer livro velho e empoeirado que achassem.
Enquanto isso, Harry, foi folheando o diário de Evie Diggory, procurando por alguma informação relevante.
“Este é o diário de Evie Diggory, a única Diggory não digna deste sobrenome e cujos pais sempre fazem questão de enfatizar a segunda parte... Só porque eu não sou igual ao idiota do meu irmão. Sorte minha. Bem que ele poderia desaparecer... Quem sabe papai não veria que eu também tenho o meu valor... mas não, tudo o que eu faço, Cedrico faz melhor, tudo o que eu faço não está certo, o Ced é sempre quem faz tudo certo; eu sou a errada, eu sou o pedaço de mau caminho, eu sou a tudo de ruim... o Ced? O Ced é perfeito: ele é lindo, ele é inteligente, ele é bom, ele é alegre, ele é certo, ele é honesto...”. Havia uma página inteira cheia de virtudes que Cedrico tinha. “... ele é o melhor irmão do mundo. Mas com uma pessoa dessas do seu lado, você, que não tem nada de especial além de saber fazer geringonças para ouvir rádios trouxas, descobrir e inventar novos feitiços, fica em segundo plano, ninguém repara que você existe, tudo o que faz de bom é esquecido, pois o outro faz melhor, isso faz com que você queira que ele desapareça da sua vida, mas no fundo, no fundo, bem lá no fundo mesmo... ele é seu grande herói”.
- Que garota estranha! – dizia Harry.
- Por quê, Harry? – perguntava Rony.
- Ela ama e odeia o irmão ao mesmo tempo. É... Estranho!
- Hum... Chega a ser sinistro.
Após o comentário de Rony ouviu-se Mione sussurar: “Harry, Rony!” Sem parar e completamente nervosa.
- O que foi? – perguntou Harry, indo acompanhado por Rony até a mesa onde estava sentada Hermione.
- Olhe o que está escrito neste livro! – disse ela com tom extremamente nervoso.
O título do livro era “Maldições Proibidas”.
- Hermione... por que você está vendo um livro de maldições proibidas?
- Por que foi a coisa mais velha e empoeirada que eu achei! Leiam e parem de perguntar!!!!!! – gritou Mione nervosa, o que fez com que os outros alunos e a bibliotecária pedissem silêncio.
“Maldição de Chronos”
“A maldição de Chronos é a primeira das maldições proibidas. Costumava ser um feitiço de utilização muito comum por bruxos de todas as idades para consertarem atitudes e decisões erradas tomadas em suas vidas, porém, por sua propriedade de voltar no tempo acabou por causar danos sérios a essas pessoas e, tendo isto em vista, o Ministério da Magia decidiu por abolir a sua utilização, porém não há punição para tal ato, pois quem evocar a Maldição de Chronos terá a vida automaticamente amaldiçoada por todo o sempre”.
- Espere um pouco... – disse Rony. – Como é que você pode voltar no tempo para consertar algo na sua vida e isso causar mais danos?
- Não sei, mas... Acho que você tinha razão ontem à noite, Rony.
- Razão? Razão de que?
- De achar que a Diggory é louca. Desista dessa idéia, Harry, é loucura! Você estará cometendo um crime, não contra a sociedade, mas contra você mesmo! Você viu o que está escrito. Sua vida correrá perigo se você fizer isso.
- Sim, é verdade... – comentou Rony.
- Será que vocês podem deixar de se impressionar tão facilmente e pensar um pouco sobre o que a Evie falou? – disse Harry. – Ela pode estar certa! E se ela estiver? E se essa for a única chance de eu salvar Cedrico, Sirius e Dumbledore? E se eu puder mesmo salvar todos aqueles que Vold... Você-Sabe-Quem matou? Será que vocês pensam nisso? Como seria bom tê-los de volta?
- Harry, eu sei como você se sente, mas... – começou Mione.
- Não, você não sabe, está bem? Se não você não estaria me aconselhando a não tentar salvar essas pessoas.
- Mas, Harry... – Rony tentou dizer.
- Não, não venha me dizer que não é seguro, que eu devo me preocupar comigo mesmo! Você não sabe como é ter que agüentar saber que você poderia ter impedido que estas mortes ocorressem, mas você simplesmente não o fez. É assim que eu me sinto agora! EU DEVERIA ESTAR MORTO AGORA!!! Eu deveria ter morrido. Não Cedrico, não Sirius, não Dumbledore, mas eu. Sou eu quem ele está procurando! Sou eu aquele que ele sempre procurou. Eu não me importo de amaldiçoar a minha vida, se eu puder salvar a dessas pessoas. – disse Harry extravasando todos os seus sentimentos.
Os outros alunos da biblioteca, desta vez, ficaram imóveis e em silêncio ao invés de pedi-lo. Hermione e Rony viraram-se para eles e pediram desculpas.
- Harry, Evie só disse para você dizer algo a alguém. Você nem sabe quem. Não há como salvar estas pessoas se você não sabe como. – disse Mione, tentando ser realista.
- Mas eu descobrirei! – disse Harry saindo da biblioteca.
Rony e Mione se olharam. Não sabiam o que fazer. Estavam preocupados, mas qualquer coisa que dissessem iria aborrecer Harry ainda mais. Olharam-se de novo.
- Talvez seja melhor deixarmos ele decidir. – disse Mione.
- É, acho que sim. – respondeu Rony.
Continua...
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