O primeiro dia de aula
A primeira coisa que se podia ouvir naquela manhã, no dormitório masculino do 6º ano da Grifinória, eram os berros de Remo Lupin. Este tentava inutilmente acordar o resto dos marotos, mais precisamente Tiago e Sirius, que não saiam da cama por nada.
- HOJE É O PRIMEIRO DIA DE AULA E VOCÊS JÁ QUEREM CHEGAR ATRASADOS!
- Remo para de... – bocejo. – gritar! Não somos surdos.
- É O QUE PARECE! AMANHÃ VOCÊS ACORDAM SOZINHOS! NÃO VOU PERDER MEU TEMPO TENTANDO ACORDAR OS DOIS! – furioso, sai do quarto batendo a porta.
- O que deu nele? – pergunta Tiago.
- Talvez seja a tensão pré-lunar. – responde Pedro.
- Claro que não, ainda faltam algumas semanas para a lua-cheia. – contradiz Sirius se levantando da cama.
- Talvez seja uma outra coisa ... – diz Tiago, que já estava pegando o uniforme no malão.
- O que você quer dizer com essa outra coisa ? – pergunta Sirius interessado.
- Talvez, nosso lobinho queira chegar mais cedo no salão principal para ver certa pessoa , se é que você me entende. – diz vestindo a blusa com uma cara de malandro.
- Oh! – Sirius começa a compreender. – Como as crianças crescem rápido! Há uns dois anos atrás ele morria de vergonha do sexo oposto. Veja-o agora, como mudou.
- Ele teve sorte de nos ter como professores. Mas é melhor nos apressarmos ou perderemos o café da manhã.
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Remo tinha acabado de descer as escadas do dormitório, quando, absorto em seus pensamentos, tromba com alguém.
- Ai! Desculpa...
- Tudo bem, eu não estava olhando para onde ia. – desculpou-se Lílian.
- Eu também não. Sirius e Tiago me dão nos nervos. – responde indo em direção da passagem, seguido por Lílian.
- Não sei como você agüenta os dois.
- Ah, eles não são tão ruins assim, como você pensa.
Lílian apenas revira os olhos.
- Também vai tomar café da manhã?
- Vou, fui à única que acordou cedo lá no dormitório.
Remo sorri.
Juntos, foram para o salão principal discutindo suas opiniões sobre a monitoria. Poucos alunos se encontravam lá, e os dois grifinórios se direcionaram para a mesa da casa.
Algum tempo depois, Tiago, Sirius e Pedro estavam tomando o café ao lado de Remo. Lílian já havia saído de perto de seu amigo monitor, indo para suas amigas antes dos marotos chegarem.
- Então Aluado, o que você e a Evans estavam conversando?
- Nada Pontas, só coisas de monitoria. – responde olhando para os lados, parecendo procurar alguém.
- Ah... Certo.
Sirius repara na cara que Tiago faz e não deixa de sorrir. Já estava desconfiado de que o amigo nutria uma paixão pela ruiva, mas agora virou certeza, só não comentava nada porque queria que o próprio amigo admitisse.
Logo, a Profa. McGonagall passou com os horários de aula.
- Cara que droga! Temos dois tempos de Poções com a Sonserina hoje. – reclama Sirius com a colher de seu cereal parada em meio caminho da boca.
- Bom, podia ser pior. – comenta otimista.
- Pior? Não vejo nada pior do que dividir dois, eu disse dois tempos com a Sonserina. - continua Sirius mostrando dois dedos para Remo.
- Ta bom, é ruim mesmo, mas temos aula agora, andem rápido.
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Os caldeirões borbulhavam em frente a cada mesa da sala formando grandes nuvens azuladas. Na última fileira se encontrava os marotos.
- Bosta! Isso aqui está horrível. – exclama Pedro, tentando inutilmente consertar sua poção. – Odeio essa aula!
- Odeia porque você não sabe fazer uma poção decente! – implica Sirius que já conseguira alcançar a cor desejada da poção.
- É fácil você falar, a sua já está quase pronta!
- Dá para vocês pararem! Há coisas mais importantes a serem discutidas aqui. – intromete-se Tiago.
- Como o que? – pergunta Remo.
- Como nossos planos para a lua-cheia.
- Shiii... Dá pra falar baixo! – Remo quase teve um troço de tão branco que ficou. - Além do mais, faltam algumas semanas.
- Pois é, só faltam algumas semanas e não temos nada preparado.
- E precisa? – pergunta Pedro.
- Claro! – exclama Sirius, não acreditando na pergunta de seu amigo.
- Posso falar? – Tiago olha para os lados para ver se ninguém estava prestando atenção neles. – Estive pensando ontem, que este ano poderíamos estender nossa área de aventuras.
- Do que você está falando? – como sempre Pedro não entendeu.
- Ele está falando de sair da Casa dos Gritos, Rabicho. – responde Sirius um pouco impaciente pela lerdeza de Pedro.
- O QUE?
- Algum problema Sr. Lupin? – admirasse não só o Prof. Slughorn como toda a sala.
- Ah... Desculpe professor... É que... Não estou me sentindo muito bem. – Desculpa-se Remo corando.
- Se não está se sentindo bem pode ir a Ala Hospitalar.
- Sim professor, obrigada. – Remo arruma suas coisas e sai da sala, mas sem antes dar um olhar de desaprovação aos amigos.
- Continuem com suas tarefas. – pede Slughorn vendo que todos haviam parado de trabalhar devido à pequena agitação.
O resto da aula passou tranquilamente, exceto por algumas risadinhas vindas do fundo da sala (N/A: imaginem de quem) e logo o sinal tocou.
Todos recolheram suas coisas e se dirigiam para a próxima aula.
- O Aluado deve estar danado com a gente. – comenta Pedro rindo no corredor.
- Ah, ele acaba nos perdoando. – Sirius começa a rir também acompanhado de Tiago.
O que os meninos não sabiam, é que desde o início da aula, uma pessoa não parava de observá-los e havia escutado tudo.
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Todos comiam com vontade na hora do almoço, principalmente um menino gordo que estava sentado no final da mesa da Grifinória.
- Vai mais devagar Rabicho, se não você engasga! – alerta Tiago impressionado com o tanto de comida que Pedro conseguia ingerir de uma só vez.
- Éq q pod cabar a comda! – defende-se pegando mais uma coxa de frango.
Remo só observava, desde a aula de poções não falava com os amigos. Sirius, que até então não queria comentar nada, resolve quebrar esse silêncio.
- Sobre aquele assunto da aula de poções...
- Vocês não estão pensando que vou concordar com isso, estão? – pergunta Remo interrompendo Sirius.
- É só uma idéia, nada de mais. – responde Tiago, não entendendo a recusa do amigo. – Não precisamos colocar em prática se você não quiser!
- Ótimo. – fala por fim.
- Mas que seria uma boa idéia seria. – retruca Sirius.
Remo apenas olha para os dois marotos a sua frente.
- Ah! Vai Aluado, o que custa? Vai ser muito mais divertido do que ficar naquela casa mofada. – implora Tiago.
-...
- Remo? – esse foi Sirius.
-...
- Por favor? – esse foi Tiago.
-...
- Por seus amigos? – os dois juntos.
- Ah ta bom! – não consegue ignora-los. – Mas tem que ser muito bem bolado, pois não quero acordar e saber que machuquei alguém inocente.
- Isso aí Reminho! E não se preocupe, eu vou bolar um plano perfeito para sairmos da casa sem sermos vistos. – responde Tiago. Dos quatro, sempre fora o que tinha uma imaginação fora do comum para ter idéias marotas.
O resto do almoço fora silencioso, cada um só pensava na noite de lua-cheia, e no que poderia acontecer.
À tarde, os alunos do 6º da Grifinória teriam aula de Feitiços junto com os da Corvinal. Esta aula sempre fora muito barulhenta, e qualquer coisa que se falasse ninguém que não estivesse por perto escutaria. O que era muito bom para os marotos, pois podiam discutir sobre os detalhes da lua-cheia.
- Vai ser assim: Madame Pomfrey vai levar o Aluado para a Casa dos Gritos quase ao anoitecer. Almofadinhas vai segui-los com a minha capa de invisibilidade. Quando Madame Pomfrey sair, vocês dois esperem uns dez minutos para saírem. – Tiago falava aquilo se desviando dos feitiços que Remo lançava. – Eu e Rabicho estaremos os esperando escondidos na orla da Floresta Proibida. Muito simples. Alguma pergunta?
- Ao anoitecer todos vão jantar e alguém pode olhar pela janela e simplesmente nos ver. – Comenta Remo.
- Então... – aquele plano parecia tão perfeito, só mesmo o Remo para colocar defeito. – Ta certo, os três vão sob a capa para a casa. Esperamos passar à hora permitida de ficar fora da cama, e vamos para os jardins!
- Vamos ficar fazendo o que na casa? – Pedro sempre perguntava as coisas mais óbvias.
- Vamos matar o tempo fazendo o que sempre fazemos na casa. Tentar controlar... – Sirius olha para Remo. – o probleminha cabeludo . – começa a rir acompanhado por Tiago.
- Engraçadinho!
- Parem de rir, o professor está por perto! – avisa Pedro a tempo.
Por entre os alunos que estavam na sala, andava o pequenino Prof. Flitwick, que agitando seus braçinhos tentava ensinar a uma menina da Corvinal o feitiço daquela aula.
Em menos de dez minutos o sinal toca, encerrando as aulas. Todos saem apressados da sala, aquele ainda era o primeiro dia, mas dava para ver o olhar cansado dos alunos pedindo de volta as tão maravilhosas férias.
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- Estou morto de fome! – exclama Pedro fechando um livro que estava em suas mãos.
- Calma que nós já estamos indo jantar. Só precisamos achar algum livro com o feitiço certo. – responde Tiago, deixando de lado um livro e pegando outro.
- O que exatamente você está procurando? – pergunta Remo que já estava começando a ficar com fome também. Desde a última aula os marotos estavam na biblioteca (N/A: é o fim mundo), provocando espanto em quem passasse, pois eram raros os dias que se via Sirius, Tiago e Pedro debruçados em livros.
- ACHEI! – Sirius sai de trás de uma estante com um livro em suas mãos e vai para perto dos outros.
- Sr.Black, o senhor está em uma biblioteca fale mais baixo! – exclama Madame Pince com uma careta.
- Desculpe...
- E outra, estou para fechar isso aqui, então andem logo.
- Sim senhora. – responde Sirius sem graça.
Ela encara os quatro com um olhar de desconfiança, até seus olhos caírem sobre Pedro que estava com a cabeça baixa. Quase teve um ataque cardíaco quando nota que este estava com a cabeça apoiado sobre um livro, e uma fina baba escorria por sua boca.
- E VOCÊ SEU MENINO PORCALHÃO? O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?
Pedro pula da cadeira na mesma hora.
- Nada...
- FORA TODOS OS QUATRO! Se pensarem que podem entrar aqui e babar nos meus livros, estão muito enganados!
Não só os quatro saíram, mas todos que estavam na biblioteca foram-se com medo que Madame Pince descontasse sua raiva em mais alguém.
Já estavam no corredor rumo ao grande salão para o tão esperado jantar, quando Tiago vira para Pedro e diz:
- Parabéns! Agora como vamos pegar o livro? – estava frustrado, demoraram tanto naquela mofada biblioteca para no final serem expulsos.
- Não se preocupe com isso! – responde Sirius sorrindo. – Enquanto Madame Pince estava olhando para o Rabicho, coloquei o livro discretamente na mochila.
- Eu te amo Sirius Black! – Tiago agarra o amigo e lhe da um beijo.
- SAI PRA LÁ VEADO! Não se empolga não! Sabe que eu não torço pra esse time!
Pedro e Remo caíram na gargalhada.
- Seus insultos não me atingirão hoje, Sirius Almofadinhas Black, estou muito feliz para me rebaixar ao seu nível. – falou com um tom irônico, mas ao mesmo tempo divertido.
Todos os marotos caíram na gargalhada. Sirius aproveitou para dar uns cascudos em Tiago.
- Cuidado com o meu cabelo! Como você quer que eu me apresente em público com o cabelo desarrumado? – de novo estava sorrindo.
- Depois você não quer que eu te chame de veado. Só veados se preocupam se o cabelo está arrumado ou não.
- Pare de me chamar de veado, se não vou te chamar de cadela!
- Ah é?
Começou a desarrumar o cabelo do amigo.
- Para com isso Sirius, não tem graça!
- Ha, ha, ha! Seu cabelo vai ficar igual à de um espantalho! – estava com uma cara de psicótico.
- Correção. O cabelo dele já é igual à de um espantalho, Sirius. – comenta Remo. Pedro estava sem fôlego de tanto rir.
- Tudo bem, agora PAROU! – Tiago se afasta das mãos de Sirius e tenta inutilmente dar um jeito no cabelo desgrenhado, que com a ajuda do amigo ficara pior.
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- Tem certeza? – perguntou impaciente.
- Foi o que disseram. Parece que vai ser na próxima noite de lua-cheia. – respondeu a moça virando um corredor, acompanhada pelo rapaz.
Ele apenas deu um sorriso de vitória. Esperava por aquilo havia anos.
- O que pretende fazer?
- Nada de sua conta Tereza, mas muito obrigado pela informação. – e saiu rumo ao salão principal. Teria sua vingança, e seria logo.
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Todos jantavam naquela hora. Não conseguia se ouvir nada com o barulho de talheres se chocando com os pratos e as conversas trocadas entre os que estavam no grande salão. Mesmo estando no primeiro dia de aula e nenhuma novidade a ser contada, os alunos ainda conseguiam conversar sobre algum assunto. Na mesa da Lufa-Lufa, por exemplo, umas meninas cochichavam e riam como nunca, causando espanto nas outras mesas.
Não demorou para que a notícia chegasse na mesa da Grifinória. Den Jhonson havia “supostamente” convidado Lílian para acompanhá-lo na visita a Hogsmead.
Acontece, que Thiago e Sirius não eram os únicos na categoria “garanhões” de Hogwarts. Nela também estavam incluídos Den e seu fiel amigo Albert Blanco. Os olhos azuis de Den e suas perfeitas madeixas douradas que lhe caiam sedutoramente pelos olhos, com certeza derretiam qualquer coração. Albert mesmo sendo muito bonito com seus olhos verde-profundos e seu cabelo cor de terra, não era tão galanteador quanto o amigo, mas sua presença era suficiente para arrancar suspiros. As tímidas, principalmente, pareciam ter uma queda irremediável por ele. Em conseqüência, Thiago e Sirius haviam criado uma velha rixa com os dois.
- Não acredito! – exclama Mary espantada para a amiga.
- Pois é. Nem eu acreditei quando ele perguntou. – responde a ruiva corando.
- Mas ainda não marcaram o dia que vamos a Hogsmeade! – ainda espantada.
- Vai ver não quis perder tempo, ficou com medo que alguém a convidasse primeiro. – responde Alice.
Mary e Alice irromperam em risadinhas estéricas. Lily enrubesceu e revirou os olhos.
A notícia se espalhou por toda a mesa, chegando por fim aos marotos.
- O Que? - Sirius gritara após saber da mais nova fofoca do momento.
Tiago acaba engasgando com o rosbife de susto.
- Que foi Sirius?
- Parece que o Jhonson convidou a Evans para sair. – percebeu a raiva do amigo. – Algum problema? – agora não tinha jeito, Tiago tinha que confessar sua paixão pela ruiva.
- Não, nenhum... – Tiago finge um tom de indiferença.
- Sei...
No resto do jantar, Tiago ficara em silêncio com a cabeça baixa. Sirius sabia que o amigo ficara enciumado, e sabia também que o mesmo nunca admitiria, pelo menos não agora.
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