That's What You Get



1. That’s What You Get

Não senhor
Bom,eu não quero ser o culpado,não mais
É a sua vez
De tomar o lugar


Nunca, em sete anos, eu senti o cheiro dos pergaminhos de Hogwarts de uma forma tão intensa e maravilhosa. Era bom chegar em casa após fugir de uma prisão.

Eu e James saímos da lareira da sala da Profª McGonagal e eu até me alegrei em ver o seu olhar severo sobre nós. Partimos para o Salão Comunal, sob os olhares de poucos estudantes que andavam pelos corredores durante aquele fim de feriado. Dentre os estudantes, algumas garotas tentavam andar meio que grudadas em nós, lançando-nos olhares bem sugestivos. Eu até que sorri, porque, sabem como é, magnetismo animal. Mas James nem ao mesmo olhou duas vezes para as garotas. É, ele começou a amadurecer.

Isto era decepcionante, até mesmo para mim. Quem iria me acompanhar em nossas costumeiras saídas de sexta-feira? E quando levávamos as garotas para a Casa dos Gritos, fingindo não ter medo dos fantasmas de lá? Merlin, me ajude.

Quando sentamos em confortáveis poltronas em frente à lareira, após deixarmos os malões no dormitório, ficamos esperando Remus e Peter chegarem. Mas eles começaram a demorar, e eu comecei a pensar.

Supõe-se que depois de fugir de casa, você se sinta livre. Mas, não, não é bem assim que você se sente, e eu sou a prova viva disso. Depois de uma boa noite de sono eu pude perceber que não vai ser tão fácil assim. Apesar de James ter dito de forma animada, perante a minha expressão contrariada, eu ainda não acredito que vai ser fácil.

- Você é livre! Como um vira-lata sarnento!

Tudo bem que não seria tão ruim assim, mas é meio estranho mudar de vida assim, tão rápido.

- É normal todas as garotas acharem isso do Six após um tempo – Começou aquela voz doce que eu conhecia tão bem. – Mas até você, James?!

James riu, e depois de uma olhada rápida em Marlene, procurou por Lily ao seu lado, o que foi em vão.

- O Sirius andou abusando de você?
- Seria mais fácil eu abusar dele! – Sorriu de forma fajuta. – Sabe como é, magnetismo animal.

Pelo. Amor. De. Merlin.

Quando um maroto tira o dia para falar coisas estupidamente idiotas, ninguém segura. Ninguém mesmo.

Marlene abriu um sorriso meio debochado e me olhou. Eu acho que ela tem pena de mim, por eu ser o único Maroto com alguma coisa útil na cabeça. Mas quando eu expus a minha teoria, Remus me lembrou que se tal maroto existisse, ele não seria eu.

- Tudo bem ai em Marte? – Perguntou depois de um tempo, sentando-se a meu lado.

Homens são de Marte, mulheres são de Venus, segundo a Lily me contou uma vez. Às vezes acho que eu e a Marlene somos de planetas paralelos, já que nos entendemos tão bem. No mesmo dia em que Lily me explicou isso, James entendeu porque Lily não o suportava (e ele cogitou convidar a ruiva para morarem no mesmo planeta, mas eu o avisei que mesmo assim ela ainda não o suportaria.)

- Sim, terráquea. – Soltei um dos meus melhores sorrisos, até mesmo o encrementei com uma piscada bem cafajeste.

Como se eu conseguisse enganar a Lene.

- Sirius, o que aconteceu? Está acabado, sabe.

E eu conheço essa voz meio incerta que ela usou, junto com aquele tom de quem já sabe toda a notícia, mas precisa ouvi-la de uma fonte confiável para acreditar de verdade. E eu também tenho certeza de que todas as famílias puro-sangue de Londres já devem saber da fuga do primogênito dos Black.

É divertido imaginar o chilique que a minha mãe deve ter dado quando o negócio ficou público. É ainda mais divertido quando se está bem longe do alcance dela.

Enfim.

- Fugi de casa. Sou um sem teto!
- EI! – James se intrometeu, indignado. – Ele está morando na minha casa.

Uma espécie de sorriso convencido, mas ao mesmo tempo alegre e vitorioso surgiu nos lábios dele. Eu já disse que um dia ele vai poder me cobrar este favor. Ele disse que ficaria feliz se eu o ajudasse com a Lily; eu fui mais adiante e disse que ajudaria com os filhos ruivos deles.

Marlene me olhou atentamente, com aqueles olhos iluminados demais, com o rosto sério e preocupado demais.

Hey, Lene! Devolva o meu oxigênio.

Acho que o James ficou meio que, sabe como é, sobrando. Mas ele avisou a Lily chegando, então nem se incomodou muito em nos deixar sozinhos.

- E como foi? – Marlene pôs as pernas sobre a poltrona e sentou-se mais confortavelmente.
- Menos heróico do que todos imaginam; muito mais libertador do que eu imaginei.

Sim, nas horas vagas Sirius Black também é filósofo.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas percebeu o meu olhar distante. A Lene é a minha melhor amiga, e eu perderia uma final de qualquer campeonato de quadribol apenas para olhá-la, mas com licença, o que está acontecendo agora é histórico. MEUS AFILHIADOS ESTÃO A CAMINHO!

Não, o James e a Lily não estão fazendo nenhum tipo de sexo em pleno salão comunal. Mas o simples fato de a Lily ter permitido que o Prongs levasse o malão dela até as escadas do dormitório [quando estávamos no 3ºano nós descobrimos, de uma forma bem dolorosa, que os garotos não podem entrar no dormitório feminino] já é uma vitória. Um dia o James chega lá! Na Lily, não no dormitório, eu acho.

E a Marlene também perdeu um pouco do interesse no assunto você-fugiu-de-casa;como-se-sente-sobre-isso?.

- Obrigada. – A Lily disse, com um sorriso leve e meio constrangido no rosto. Sabem, aquele sorriso de quem brigou com uma pessoa e depois vem se desculpar, mas está preferindo afundar no chão à fazer isso.

Oh sim, eu e a Lene somos curiosos e ficamos ouvindo a conversa deles, algum problema?

- Sempre que você precisar, é só chamar – James fez um festo estranho com as mãos. Algo entre um aceno convencido e um ‘okay’. Sem esquecer a piscada de olho completamente marota.

Depois não acreditam quando eu digo que ele aprendeu tudo comigo.

- Bobo. – É impressão minha ou ela disse isso de forma divertida, esquecendo os gritos?

Alguém chame os curandeiros, Lily Evans pirou.

É obvio que ela já não se comportava mais como uma leoa em caça há algum tempo, mas esse “bobo” de forma doce foi o fim dos tempos.

- Eu vou guardar as minhas coisas. – Ela falou assim, com um sorriso simpático e tudo. – Nos vemos mais tarde.

Alguém acreditaria se eu dissesse que ela ficou na ponta dos pés e beijou a bochecha do James? É, eu sei que não, mas foi isso que aconteceu. Ignorem o fato de que as minhas amigas do maternal me beijavam com mais fervor, e desejo, e paixão do que isso.

Nessas horas eu retiro o que eu disse sobre o James ter aprendido tudo comigo. O idiota podia ter virado o rosto. Idiota. A Lily não mataria ele por causa disso; apenas o deixaria sem algumas partes bem preciosas do corpo.

Mas, segundo o próprio James, alguns minutos depois, quando estávamos nos sentando para jantar, não era para ser daquela forma.

- Tem que ser especial. – Hey, James, o lunático/romântico aqui é o Moony.

Falando nele, olha quem resolveu parar de olhar vagamente para o nada.

- Seria idiota se, depois de cinco anos esperando, ele estragasse tudo.

Falou a voz da razão. Mas Sirius Black nunca ouve a voz da razão! Será que é por isso que o lindo Sr. Black se ferra tanto por aí?

- Ainda acho que ele deveria ter a beijado. – Eu protestei e, não, eu não desisto nunca. – Um beijinho não faz mal a ninguém!

Remus revirou os olhos, como se eu fosse um caso perdido. Como alguém pode achar isso de mim?

- Se James fizesse isso, ele teria que agüentar o Snape. – Peter comentou. – Ainda mais do que já agüenta.
- Peter. – É, para surpresa de todos, o James não suporta o Snape. – Não me lembre da amizade da Lily com esse idiota.

James Potter é do mal, muito do mal; tão do mal que não assusta ninguém.

- Não se esqueça que eles tiveram aquela briga. Eles não parecem mais tão amigos. – Alertou Remus com aquela calma que ele costumava ter.

Por incrível que pareça, o James se acalmou um pouco. E mais uma vez o dia foi salvo, graças a Remus John Lupin!

Um dia eu ainda vou salvar o mundo, eu garanto! Mas enquanto esse dia não chega, eu vou cumprir a minha promessa interna de ser completamente livre.

E foi só falar em liberdade que uma garota do 6º ano apareceu por aqui. O nome dela é Stella, ou alguma coisa parecida com isso; ou sei lá. Ela é bem bonita, se eu for ser sincero...toda loira, alta e frágil. Ela ficou um tempo olhando para mim, e depois se sentou ali perto.

Sejamos francos: desde quando o cachorrão coloca uma chance delas fora? Vamos ao ataque.

- Olá! – Eu saudei, todo animado, após me levantar e ir parar do seu lado.

Os Marotos já se acostumaram com isso, mas mesmo assim trocaram sorrisinhos maliciosos ao ver o meu sorrisinho malicioso.

- Oi, Sirius.

A noite vai ser longa.




Ou a noite teria sido longa. Teria sido se, ao cruzar um corredor ao lado da Stella [e fica pela imaginação – e malícia – de cada um decidir o que nós estávamos fazendo por ali] eu não tivesse perdido todo o meu interesse pela garota que estava comigo.

Em alguns anos de amizade com a Marlene, eu nunca a vi chorando de verdade, então foi meio estranho a ver saindo de um banheiro feminino, com os olhos vermelhos.

- Ah, oi Sirius. – Os olhos dela caíram sobre a minha mão, que ainda se encontrava sobre o ombro da loira. – Olá Stella.

Vendo as duas, Marlene e Stella, juntas, eu pude reparar bem na diferença entre as duas. A Marlene era linda, mas de um jeito bem diferente de Stella. De um jeito mais discreto, eu poderia dizer. Já que a Stella tinha todo aquele jeito de Rainha do Baile, enquanto a Lene estava mais para Namorada Perfeita (e real).

As minhas mãos saíram rapidamente do ombro da Sella, e eu me afastei um pouco dela, assim me aproximando um pouco da Lene.

- O que houve? – Os meus instintos me mandaram abraçá-la, mas achei melhor simplesmente postar as minhas mãos sobre os seus ombros, de forma delicada.

Mas é obvio que ela não ia dizer o que havia a feito chorar ali, na frente de uma garota que ela mal conhecia.

- Você se incomoda de nos deixar a sós? – Ai, Sirius, essa doeu. – Nós terminamos de conversar amanhã, o que acha?

Ela concordou, apesar de ambos termos plena certeza de que eu não cumpriria a minha promessa.

- Você não deveria fazer isso com as garotas. – Repreendeu Lene, quando a outra já estava longe.
- O assunto não é esse. O assunto é: quem te fez chorar? – Estufei o peito. – Pode falar, eu dou uma surra no idiota!

Eu odeio quando a Lene me olha da forma com que ela olhou quando eu acabei de falar. Daquele jeito meio triste, mas ao mesmo tempo simpático. Nessas horas fica meio difícil de discordar de todas as coisas que o James fala sobre eu estar apaixonado.

- Eu não quero que você bata no meu pai.

Então era isso. Como sempre. O maldito pai da Marlene. Eu sempre tive problemas com o meu, mas o meu maior desafio sempre foi a minha mãe. Mas o pai da Marlene era um pouco diferente da minha família; os McKinnon não costumam usar a força como ordem geral das coisas, mas são os maiores manipuladores que eu conheço. Depois de todas as mulheres Black, obviamente, porque essas ganham de qualquer um.

- O que ele fez dessa vez? – Frisei bem o “dessa vez”; até quando ele ia fazer a Lene sofrer?

Ainda lembro de uma das primeiras vezes que eu vi a Marlene triste por causa do pai dela. Era alguma coisa relacionada a ela não poder jogar Quadribol, pois isso era coisa de garotos, e os McKinnon eram tradicionais demais.

- Ele diz que não fez nada. Diz que as coisas aconteceram. – Ela suspirou, e pareceu que tinha levado todo o meu ar com ela. – Pelo jeito eles estão planejando me mandar para Paris assim que eu acabar Hogwarts.

Isso, por si só, já teria sido ruim o bastante, mas ela continuou:

- O Marcus pretende me acompanhar, para cuidar de mim. Meu pai e os meus irmãos ficaram felicíssimos.

Ah, perai, isso já é palhaçada! O Marcus, aquele idiota da Corvinal, que vive dando em cima da Marlene, a acompanhando em uma viajem até Paris?! Matem o McKinnon Pai, pelo amor de Merlin.

Marcus era amigo dos irmãos da Marlene, e sempre foi muito visado como futuro pretendente dela, e isso era ridículo. Eles pareciam achar que estavam na Idade Média, e podiam escolher o marido da garota da família!

- Ele não é tão mal assim. – Sussurrou, meio que percebendo a minha cara de desgosto pelo o que ela havia comunicado. – Só não é o que eu quero para mim.

Claro que ele não era o que ela queria para si, porque no pouco tempo em que eles andaram juntos, ele foi o maior cafajeste do mundo. Saia por ai com todas garotas possíveis, mesmo estando com ela.

E é nessa hora que alguém se pergunta: “Quem é você para falar isso?”.

Ninguém. Ou melhor, Sirius Black. Mas apesar de ser O Galinha de Hogwarts [eu já sugeri O Cachorro inúmeras vezes. Alguém me ouviu?!], eu nunca fiz isso com garota nenhuma. Pelo simples motivo de não namorar há anos, mas mesmo assim nunca fiz. Eu sempre fui honesto com todas as garotas com quem eu saí!

Ok, nem todas. Mas a Lene...?! Ela definitivamente não é uma garota que tenha vindo ao mundo para ser a namorada traída; ela é o tipo de garota amiga, que sempre vai estar ali para te ajudar com a sua amizade, antes de qualquer coisa. Mas, Céus, alguém me ajude, eu comecei a falar igual ao James!

Pelo menos a Lene não percebeu aquele monte de coisas que eu comecei a pensar do que ela falou. Talvez ela já tenha se acostumado aos meus silêncios; eu penso demais, e na maioria das vezes são bobagens.

- Eu briguei com ele... – Ela voltou a falar, com a voz um pouco mais firme. – Eu não vou morar em Paris, como uma princesinha.

Eu deveria estar triste por ela. Sabem como é, ela tinha acabado de ter uma super briga com o pai, mas eu não deixava de me sentir um pouco feliz. Pelo menos eu tinha alguma esperança de que ela não tivesse que ir para Paris com um cara.

- Você fez o certo, Lene. – Me aproximei um pouco dela. – Mas você sabe...o seu pai só quer o melhor para você.
- Sirius! Não precisa fingir, eu sei que você o odeia!

E ela descobriu o meu segredo!

- Bobagem! – Sorri abertamente para ela, na esperança de fazê-la sorrir também.

Fez uma careta de descrença, não acreditando muito em mim.

- Sempre terá o Snape, e todos os outros Sonserinos antes dele na minha lista negra!
- Sirius, você não tem jeito!

ADIVINHEM!

Ela sorriu! E logo depois me abraçou, num impulso. As minhas mãos postaram-se na cintura fina dela, sem que eu tivesse real consentimento, e ela descansou a cabeça no meu ombro. Parecia estar cansada, como se tivesse corrido uma longa maratona, e só agora se sentisse leve.

- Obrigada por ser meu amigo. – Murmurou com a voz abafada.

As palavras dela entraram pelos meus ouvidos, e instantaneamente mais algumas palavras escapuliram pelos meus lábios, meio que sem querer.

- Eu posso ser mais que isso.

Eu juro que não fui eu que disse isso! Sirius Black não diria isso! Sirius Black preza a amizade acima de tudo! SIRIUS BLACK NÃO DISSE ISSO!

Ou melhor, Sirius Black diria isso, mas para alguma garota qualquer, que ele quisesse levar para uma sala de aula qualquer – vazia, de preferência. Nunca para Marlene McKinnon.

E foi a mesma Marlene [aquela, para a qual eu nunca diria aquela coisa que eu havia acabado de dizer] que afastou o rosto do meu ombro e me encarou desconfiadamente.

Eu sou um cachorro sarnento e mereço morrer por dar em cima da minha melhor amiga, que por algum acaso é completamente apaixonável.

Mas graças a Merlin o meu apelido é Pads, e eu faço parte dos Marotos, e Marotos sempre conseguem sair desse tipo de fria.

- Eu posso ser o seu melhor amigo! – Ai, que sorriso mais fajuto o meu.

O olhar que ela me deu depois disso me machucou mais do que vê-la chorando.

- Você já é o meu melhor amigo. – Falou, se afastando por completo de mim.

O cachorro é o melhor amigo do homem, mas trata as cachorras meio mal. E foi isso que eu concluí mais tarde, após deixar a Marlene no nosso Salão Comunal, e voltar a sair, já que eu não queria obrigar a Lene a me aturar.

Porque eu sou um cão sarnento, e não mereço essa poodle. Digo, a Marlene.


“É isso que você ganha quando deixa seu coração ganhar”





(N/A):
Ah, vai, nem demorou tanto assim. Então, eu escrevi esse capítulo bem rápido, mas tava no meu caderno de química, e eu odeio¹²³ passar coisas pro pc, por isso demorou. Mas agora tá ai. Eu gostei do início e talz, mas odiei o final (y)
Comentem *-*
Lisi Black

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