Apenas o Nosso Conto



Draco permaneceu com a ameaça de tocar os lábios de Gina, sabendo que era um beijo o que ela realmente queria. Aproximava-se e, quando a via tentar levar seus lábios ao encontro dos dele, afastava-se, em uma provocação que Gina já não podia suportar. Ele apenas ria de sua ânsia. Impulsivamente, a ruiva agarrou a nuca do homem e o segurou forte, olhando profundamente em seus olhos. Já estava perdida naqueles olhos, naquele perfume, naquele clima inebriante que fazia com que ela perdesse qualquer rastro de razão.
- Você me quer tanto quanto eu te quero... – Draco disse muito baixo, quase um sussurro, sem se afastar nem sequer um centímetro da boca dela. Com o olhar preso ao dela, nem ao menos piscava. – Você quer ser minha...
- Eu sempre fui sua... – Ela disse e, fechando os olhos, apoiou a cabeça sobre o ombro dele. – Você sabe, sempre soube que eu sou sua, pra que continuar enganando a mim mesma? – Levantou novamente a face e o encarou. – Eu sou somente sua.
Draco, ao ouvi-la, apenas sorriu, mas ele sabia que aquele simples gesto não representava nada do que ele estava sentindo. Jamais pensou poder ouvir palavras que o satisfizessem tanto e pudesse influenciá-lo a tomar uma decisão tão certa. Não queria ninguém mais a não ser aquela ruiva à sua frente, a mãe de sua filha, a única que sempre amou. Viu os olhos de Gina se encherem de lágrimas. Levou delicadamente sua mão ao rosto dela e a acariciou por, pelo que pareceu a Gina, intermináveis segundos. Em seguida, aproximou-se devagar do rosto dela e beijou-lhe o rosto, abrindo um pequeno sorriso. Gina o fitou confusa. Imaginando que ele fosse fazer a mesma coisa que havia feito na noite passada, quando a provocara e simplesmente a deixara sozinha, cerrou o punho e o encarou duramente.
- Eu te odeio, Draco Malfoy.
- E eu te amo, Gina Weasley.
Sem dar tempo para a ruiva retrucar, Draco agarrou-lhe pela cintura, colando seu corpo ao dela, e beijou-a com toda a paixão que estava presa dentro de si há anos, quando somente desejava tê-la daquela forma, totalmente entregue entre seus braços. E Gina, não podendo resistir ao que também sempre desejara, rendeu-se aos lábios dele.
Não poderiam explicar o que sentiam ao estarem novamente juntos. Em meio ao longo beijo apaixonado, já não sentiam o chão sob seus pés e nem o mundo que os rodeava. Já não havia mais um passado e nem um futuro. Só existia o presente, aquele único momento em que no mundo inteiro só existia os dois e o amor que sentiam um pelo outro. As mãos nervosas de Draco corriam pelas costas da ruiva, que acariciava a nuca dele e o agarrava forte, para que seus corpos não se distanciassem por nem um mínimo de espaço. O homem a pegou no colo, tomando-a nos braços e, sem separar seus lábios do dela, levou-a para a cama, deitando-a com cuidado e se colocando sobre ela. Com um pequeno sorriso, fitou-a nos olhos e acariciou seu rosto, observando de perto cada detalhe de sua face. Admirou a mulher com o peito arfante e seus cabelos vermelhos espalhados sobre o lençol como chamas de fogo que o incendiavam e tornavam aquele quarto tão quente quanto seu coração. A ruiva, que não conseguia nem ao menos piscar, devido àquele olhar penetrante sobre ela, passou os dedos delicadamente sobre os lábios dele. Como conseguira se manter tanto tempo afastada daqueles lábios que desejava mais do que qualquer coisa? Viu-o se erguer ligeiramente e tirar seu blazer, ainda a encarando. Foi então que ela se deu conta do que aconteceria ali, sentindo seu rosto queimar ao imaginar se entregar a um homem depois de tantos anos. Torceu para que não estivesse vermelha. Levantou-se, ficando de frente para ele, e ia dizer algo quando ele a beijou e depois a encarou com um sorriso um tanto malicioso, mas ficou sério ao ver que ela mantinha a cabeça baixa, não conseguindo olhá-lo nos olhos. Draco ergueu o rosto dela delicadamente pelo queixo e se aproximou, fitando-a.
- Se você não quiser, tudo bem. Não quero te pressionar a nada. – falava tranqüilo com um sorriso compreensivo, segurando a mão dela e enlaçando seus dedos. Queria aquilo mais do que qualquer coisa, mas imaginava que não seria tão fácil assim para a ruiva e a entenderia.
- Eu sei. – disse com os olhos molhados. – É que faz tanto tempo, tenho medo de... não sei, de...
- Gina, não se preocupe com isso. Eu amo você. – Beijou-a docemente e a abraçou, acomodando-a entre seus braços com todo carinho. – Você vai ver que uma coisa leva à outra.
Ela, também abraçada a ele, fechou os olhos e sentiu o corpo quente do homem. Quase não podia acreditar que estava ali, no único lugar onde se sentia realmente segura e protegida de qualquer coisa. Ao refletir um pouco, sorriu para si mesma, enchendo-se de confiança. Levantou o rosto, encarou-o com um sorriso e o beijou. Levou as mãos até a camisa dele e começou a abrir os botões, sem conseguir parar de beijá-lo. Draco, entendendo que ela já havia se decidido, sorriu para si mesmo e correspondeu ao beijo com a mesma intensidade, ajudando-a a tirar sua própria camisa. Ao terminar, jogou-a no chão, fitando a ruiva que mantinha os olhos brilhando. Ela voltou a beijá-lo, acariciando seu abdome e sentindo cada músculo de seu corpo quente. O homem ia começar a tirar o vestido de Gina quando viu o colar pendurado no delicado pescoço dela. Segurou o cristal com um pequeno sorriso um tanto nostálgico, e ela também sorriu.
- Ele é muito especial pra mim. Jamais deixou que eu me esquecesse de todos os momentos ao seu lado. – Gina dizia, também fitando o cristal e se recordando das noites que passara abraçada ao cordão em meio ao pranto e à saudade. Ele apenas a mirou ainda sorrindo e a beijou delicadamente, segurando seu rosto com carinho.
Draco se posicionou um pouco mais para o lado, de modo que ela ficasse de costas para ele e lhe acariciou os ombros, beijando sua nuca. Sentindo-a arrepiar-se, riu. Começou a abrir-lhe o vestido devagar e cada parte das costas nuas da mulher que se revelava era beijada por ele. Ao abrir-lhe todos os pequenos botões, desceu as alças do vestido, aproveitando para acariciar os ombros nus e os braços arrepiados dela. Abraçou-a por trás e Gina, com os olhos fechados, recostou a cabeça sobre o ombro dele, sentindo o calor do corpo dele junto ao seu. Acariciava os cabelos dele enquanto o sentia colar a boca em seu pescoço. A mulher sentiu cada parte de seu corpo responder a carícia tão íntima, que nem ao menos parecida havia sentindo durante anos. Draco voltou a deitá-la e puxou seu vestido por suas pernas, contemplando cada parte descoberta que aos poucos era revelada, até que pudesse ver todo o corpo da ruiva vestindo apenas uma calcinha. Jogou o vestido sobre suas roupas ao chão e voltou a mirá-la com um sorriso encantado na face. Ela, sentindo-se mais do que observada, examinada, começou a ser tomada por um enorme acanhamento. Sentiu todo o seu corpo queimar de vergonha e ficou imóvel. Retraiu-se ligeiramente até que sentiu os lábios de Draco pousarem sobre sua barriga, dando-lhe delicados beijos. Ela fechou os olhos, com uma onda de prazer percorrendo seu corpo. Mergulhou seus dedos entre os cabelos loiros dele, enquanto sentia os beijos subirem até seus seios. Deliberadamente, Gina envolveu o corpo dele com suas pernas e o abraçou, como se não quisesse que se afastasse. Enquanto ele corria sua língua quente pelos seios da ruiva, ela se esforçava para abrir sua calça e retirá-la, o que conseguiu com uma pequena ajuda dele. Em poucos minutos já estavam, os dois, completamente nus e abraçados um ao outro. Gina, tomando-se de um atrevimento que ela própria desconhecia, virou-o, colocando-se por cima dele, e sorriu triunfante, mostrando que estava no comando da situação naquele momento e Draco sorriu satisfeito, vendo-a tão à vontade. A mulher percorreu delicadamente suas unhas por todo o corpo dele, até abaixo do umbigo, onde parou. Vendo-o com os olhos fechados e tomado de prazer, sentiu-se incentivada a continuar. Beijou-lhe a parte mais baixa do abdome e foi descendo, até chegar as partes sensíveis dele, numa exploração cada vez mais íntima. Escutou um gemido rouco vindo do loiro e continuou, movimentando-o provocantemente e arranhando-lhe o peito. Draco, não agüentando mais, puxou-a para cima e novamente pôs-se sobre ela. Beijou-a urgentemente, quase com fúria. Correu suas mãos pelas pernas eriçadas dela e, na altura de seus joelhos, afastou-os um do outro com cuidado e se ajeitou sobre o corpo de Gina. A ruiva, sentindo-o rígido lhe penetrar, abriu-se mais para recebê-lo e cravou as mãos em suas costas largas com força, arqueando os quadris e sentindo uma leve dor que, em segundos, se transformou numa chama de prazer que invadiu todo o seu corpo. Ela, com os olhos fechados e uma mão abraçada a ele, com a outra acariciou seus cabelos molhados que colavam na fronte de seu rosto e, em seguida, abraçou-o pelo pescoço, sentindo em seu ouvido a respiração descompassada do homem forte sobre ela. Movimentando-se por instinto ao mesmo ritmo de Draco, Gina estremeceu ao sentir os lábios dele em seu pescoço e uma mão excitada correr pelas curvas de seu quadril. Sentiu-o vibrar dentro de si em um movimento que fazia seus corpos serem envolvidos de suor e ardor incontroláveis, que foi se tornando cada vez mais rápido. Gina repetiu o nome do amante várias vezes, com a voz entrecortada em meio à respiração ofegante do outro, com a respiração igualmente pesada, permitindo-se emitir gemidos roucos algumas vezes. Draco, por sua vez, beijava-a com volúpia quando a sentia apertar mais as unhas em suas costas. E, tomados por aquele clima inebriante e ardente, quase surreal, sem saberem onde seus corpos se tornavam dois, no máximo do prazer, renderam-se ao clímax daquela noite. Draco, sem forças, jogou-se ao lado dela, com os olhos fechados e o peito molhado arfante, não contendo um sorriso prazeroso no rosto. Gina, sentindo tomar de volta o controle sobre seu corpo, virou o rosto para ver o homem ao seu lado e sorriu. Levou a mão sorrateira até o tórax dele e o acariciou, sentindo sua mão subir e descer no mesmo ritmo do peito dele. Aproximou-se mais e repousou o queixo sobre seu ombro, mirando-o com admiração. O loiro, sentindo-a perto, abriu os olhos e se virou para fitá-la, acariciando os cabelos úmidos e vermelhos. Sorriram um para o outro e se beijaram docemente. Draco a puxou para mais perto de si e a abraçou, deixando as curvas da ruiva amoldadas a sua musculatura. Mergulhou a cabeça no pescoço dela, perdendo-se entre as mechas vermelhas, sentindo o perfume suave dela misturado ao seu. A mulher fechou os olhos, cálida, sentindo os corpos juntos.
- Ainda não acredito que isso é real. – Ela disse com a voz baixa e um sorriso feliz nos lábios, acariciando os cabelos dele.
- Não? – Ele perguntou com uma sobrancelha erguida e um sorriso divertido, voltando a beijá-la de maneira profunda e prolongada. Afastou-se minutos depois e a encarou. – Realmente não acredita?
- Passo a acreditar em qualquer coisa. – falou, mirando-o com amor, e voltou a abraçá-lo até que permitiram que o cansaço e o sono os dominasse e , juntos, adormeceram.


Sentindo os raios de sol que invadiam o quarto, Gina despertou, sem conseguir abrir os olhos. Lembrou-se do sonho que tivera com um sorriso. Havia sido maravilhoso. Com aquela memória, resolveu voltar a dormir. Quem sabe assim poderia continuar aquele sonho? Aconchegou-se e apertou mais o que estava abraçando. Há anos tinha a mesma mania de dormir abraçada a um travesseiro, mesmo dividindo a cama com a filha. Mas algo estava diferente. Aquele travesseiro não era tão afofado e macio como os outros que estava usando nas últimas noites. Tateou o volume que abraçava e abriu os olhos de súbito, muito assustada, reconhecendo aquela textura. Deparou-se com um corpo que não era o seu. Levantou o olhar e encontrou o rosto de Draco, a dormir com um sorriso nos lábios de forma plena e tranqüila. Não acreditou. Acariciou-o, querendo confirmar se aquela cena era real e meramente não uma mera lembrança de seu sonho. Não, ele não era uma lembrança. E não poderia ser com aquele perfume tão real. Gina aproximou o rosto do peito dele e sentiu o perfume de sempre, que ela conhecia tão bem. Ergueu-se um pouco e fitou o rosto dele mais de perto. Passou a mão carinhosamente sobre sua face e depois afastou os cabelos que lhe caíam sobre seus olhos. “Você é meu sonho.” pensou sorrindo para o homem adormecido. Voltou a se acomodar entre os braços dele. Repousou a cabeça sobre seu peito e o abraçou. Sentindo o corpo dele colado ao seu, deu-se conta de que ainda estava nua. Desceu a mão sobre o outro corpo e constatou que ele assim também estava. Sorriu para si mesma sem jeito, lembrando-se da noite anterior. Como havia sido maravilhoso ser dele novamente, voltar a ser mulher em seus braços dele. De repente, Draco jogou o outro braço sobre ela, envolvendo-a e um abraço. Gina o olhou e viu que ele ainda dormia. Pensou em fechar os olhos e voltar a dormir, mas olhando para o lado distraidamente viu o relógio. Ainda era bem cedo, mas queria arrumar suas coisas com calma e tomar um bom café-da-manhã. Com sacrifício, desvencilhou-se delicadamente de seus braços para não acordá-lo. Levantou-se da cama, pois apenas o vestido e pegou todas as suas coisas. Abriu a porta no maior silêncio possível e, antes de sair, deu um longo olhar para o homem na cama. Arrumaria suas coisas e depois voltaria para acordá-lo. Correu até seu quarto e pegou rapidamente as chaves na bolsa. Apressou-se em abrir a porta e entrar. A última coisa que queria era que alguém a encontrasse com a mesma roupa da festa voltando para o quarto naquela hora da manhã. Jogou suas coisas sobre a poltrona e ia para o banheiro tomar um banho quando viu seu celular sobre a escrivaninha piscando insistentemente. Pensou em se banhar primeiro, mas achou melhor ver o que era. Poderia ser sua filha ou outra coisa importante. Para sua surpresa, era uma ligação de Rony. Estranhou, pois sabia que o irmão não era o maior adepto do aparelho trouxa. Retornou a ligação e ele atendeu, parecendo não muito feliz.
- Ginevra, ontem à noite tentamos falar com você pela lareira, mas não estava no quarto. Onde a senhorita estava?
- Houve um coquetel e eu estava lá. – A mulher não sabia o que mais a deixava nervosa: se a idéia de que Rony poderia ter descoberto o que ela havia feito na noite passada ou o jeito dele de tentar controlar seus passos. – O que você quer?
- Bem, – Ele trocou rapidamente o tom desconfiado por um mais animado. – quando voltar, não passe em casa. Venha direto para cá. Diana está com saudades e quer te ver. E Harry também precisa muito falar com você. – terminou com um leve tom malicioso de quem sabia demais e nada falava. Ela desconfiou.
- Está bem, também estou com saudades, mas você poderia adiantar o que Harry quer comigo.
- Ah, não. Eu não sei de nada. Você que tem que falar com ele.
- Ok. – Não insistiu. Sabia que o irmão não falaria nada mesmo. Era o maior cúmplice de Harry em qualquer que fosse o assunto. – Nos vemos mais tarde, então. Meu avião sai daqui a pouco.
Gina desligou o celular e foi para o banheiro, sem conseguir parar de se perguntar o que Harry gostaria de falar com ela. Qual seria a surpresa? A melhor com certeza seria ele dizer que não queria mais nada com ela. Isso sim seria uma maravilhosa surpresa. Vestiu o roupão, enrolou uma toalha no cabelo e foi arrumar suas malas, deixando separadas as roupas que usaria. Depois de guardar todas as suas coisas, incluindo a rosa que havia ganhado da vendedora da praça, foi se arrumar.

Draco deu um longo suspiro e colocou um sorriso nos lábios, sem nem sequer abrir os olhos. Como um filme em sua mente, lembrou-se do coquetel na noite passada, da música que tocara e das palavras ditas por Gina quando dançaram. Lembrou-se do convite e do champanhe. De repente, a imagem de um beijo explodiu em seu pensamento. Abriu os olhos rapidamente, deparando-se com o teto do quarto. Aquele beijo... Ainda podia sentir o gosto daquele beijo tão apaixonado e com o qual sonhara há anos. O beijo com o qual só aquela ruiva poderia lhe presentear. Com uma enorme satisfação que não poderia descrever naquele momento, e com um calor ainda envolvendo seu coração, recordou-se de que havia passado a noite com ela e que a última coisa da qual se lembrava era de seus corpos abraçados e do ritmo de suas respirações. Olhou para o lado, mas para para sua surpresa não encontrou cabelos vermelhos sobre os lençóis. Ergueu-se rapidamente e olhou em volta, procurando por ela, mas o quarto estava silencioso e sem nenhum sinal de sua presença. Onde ela estaria? Passou a mão pelos cabelos e se levantou com pesar. Desejava ficar na cama. Olhou para o relógio sobre a mesa de cabeceira. Sobressaltado, apressou-se em catar suas roupas do chão. Faltava pouco menos de uma hora para seu avião partir. Guardando suas coisas na mala sem se preocupar em arrumá-las, imaginou que Gina já estivesse em seu quarto fazendo o mesmo. Após arrumar seus pertences, banhou-se rapidamente e se arrumou. Pegou o colar de Gina sobre a mesa de cabeceira que ela parecia ter esquecido ali e o guardou no bolso do blazer. Entregar-lhe-ia mais tarde. Deu mais uma olhada pelo quarto para conferir se não estava se esquecendo de nada. Viu a rosa que ganhara na Place des Vosges sobre uma outra mesa mais ao canto. Foi pegá-la. Não poderia esquecer aquela flor. Colocou a pequena rosa em um outro bolso interno de seu blazer e pegou sua bagagem, que ele mesmo levaria, já que não era muita coisa. Foi até a porta e, antes de sair por ela, deu uma longa olhada pelo quarto. Não existiria outro lugar no qual pudesse ter sido tão feliz. Sorrindo, trancou a porta e escutou uma voz conhecida ao longe. Virou-se para ver quem era e viu a imagem do senhor Robert caminhar até ele.
- Senhor Malfoy, até que enfim! Procuramos o senhor por toda parte. Adivinhe. Nosso vôo sairá mais tarde. – falou com um sorriso e as mãos em movimento, gesticulando a cada palavra. – Já fiz o check out do quarto de sua secretária e do seu, só tem que entregar a chave na recepção. E ainda há tempo para tomarmos algo no bar. – terminou com uma piscadela e deu uma pequena cotovelada em Draco, que não disfarçou o desgosto pelo gesto.
- Está bem. Só vou avisar Gi...a senhorita Weasley. – falou indo em direção à porta do quarto dela.
- Não! – disse balançando as mãos e segurou Draco pelo braço. O loiro o encarou sério. Poderia jurar que se o homem o tocasse novamente, ele não responderia por si. – A essas hora ela já está no avião indo pra casa.
- Como assim?! – indagou confuso.
- Houve um problema com as passagens e tiveram que reorganizar alguns passageiros em vôos diferentes. A senhorita Weasley foi mais cedo com a minha secretária e outros funcionários. Por sorte o nosso vôo foi para mais tarde. – disse e foi apressado em direção ao elevador.
Insatisfeito, Draco acabou concordando e acompanhou Robert e outros executivos até o bar do hotel, mas preferiu não beber nada tão cedo. Mal escutava o que eles diziam, seus pensamentos estavam em Gina e na noite passada.

Gina, logo ao chegar no aeroporto, foi se informar sobre a hora do próximo vôo vindo de Paris. Infelizmente, este chegaria muitas horas depois e ela não poderia esperar tanto tempo, por mais que quisesse ver Draco o mais rápido possível. Resolveu encontrá-lo depois, amaldiçoando mentalmente a mulher que a havia avisado no hotel da antecipação de seu vôo e praticamente a arrastara correndo até um táxi, não permitindo que ela falasse com Draco antes de partir. Pegou sua mala, foi para a entrada do aeroporto, tomou um táxi e se dirigiu para a casa de Rony. No caminho, vendo a cidade pelo vidro do carro, sentia vontade de fugir, pois não queria reencontrar a família depois de viver todo aquele sonho em Paris. Mas, principalmente, tinha medo de encontrar Harry, sabendo que não poderia esconder dele o que tinha acontecido e nem o queria. Não queria mentir para o homem, que realmente não merecia aquilo. Estacionando em frente à casa do irmão, pagou ao motorista, pegou a mala e foi até a porta. Mal teve tempo de tocar a campainha e viu a porta sendo aberta rapidamente por Diana, que agarrou as pernas da mãe em um abraço apertado.
- Meu amor! – A ruiva pegou a pequena no colo e lhe encheu de beijos pelo rosto. – Que saudades...
- Eu também, mamãe. Lá é legal?
- É lindo!
- E Draco não veio com você. – perguntou com os olhos procurando por alguém atrás da mãe.
- Não. Ele teve que voltar depois. Onde estão todos?
- Lá dentro te esperando.
- Gina! – Rony apareceu de repente, abraçou a irmã e pegou sua mala. – Entre, estão todos te esperando.
Entraram e Gina se surpreendeu ao ver toda a família ali na sala. Estranhou, perguntando-se o que estaria acontecendo. Não poderia ser só por sua volta, afinal, não estivera tanto tempo fora. Cumprimentou todos e se sentouao lado de Percy com Diana no colo. Olhou em volta. Todos, incluindo suas cunhadas, permaneciam com um sorriso preso na boca em sua direção. Revirou os olhos. Sabia que boa coisa não estava por vir. Ao se lembrar do telefonema do irmão, sentiu falta de alguém.
- Onde está Harry? Pensei que ele fosse estar aqui. – perguntou ao colocar a filha no chão, que correu para o quintal para brincar com os primos. Viu todos a encararam com um novo risinho. Aquela situação começava incomodá-la.
- Ele foi pegar uma coisa no quarto e já volta. – Arthur falou, sentado em sua habitual poltrona, o único que parecia mais sério.
- Gina, – chamou uma voz por detrás do sofá. A ruiva se virou rapidamente e encontrou aqueles enormes olhos verdes sobre ela. Sentiu um grande aperto em seu peito. Não imaginou que poderia ser tão difícil encarar Harry depois do que havia feito. Sentiu-se culpada como a maior das traidoras.
- Harry... – Levantou-se, e quando ele veio até ela, abraçou-o com um carinho qual jamais havia demonstrado ter pelo homem. O moreno mesmo se mostrou surpreso com seu jeito.
Afastaram-se, com as mãos ainda dadas. Gina não conseguia tirar os olhos dos dele. Uma enorme culpa lhe pesava sobre as costas. Como havia sido capaz de trair Harry? Ele sempre fora tão cuidadoso e respeitoso e ela simplesmente havia sido desonesta com ele. Sentiu vontade de chorar pelo que havia feito, encarando aqueles olhos tão brilhantes e felizes em vê-la. Acariciou o rosto do homem, como se quisesse pedir desculpas. Mal sabia que aqueles pequenos gestos faziam com que Harry tivesse mais certeza de que deveria fazer o que planejava.
- Eu vou pegar uma bebida para todos. – Molly se levantou com um sorriso de orelha a orelha e foi para a cozinha.
Harry e Gina sentaram-se lado a lado. Pouco tempo depois, Molly voltou com uma garrafa na mão e copos voando por detrás dela, indo cada um parar na mão de uma pessoa. Passaram um tempo conversando. Gina contava sem muitos detalhes sobre a viagem, a cidade e o hotel. Fleur também falava com saudades do país. Arthur, que permanecia muito pensativo e pouco participava do assunto, viu que já passava muito tempo e queria que o assunto que reunia a família ali fosse logo resolvido.
- Bom, a conversa está agradável, mas há assuntos a serem resolvidos, não?
- É verdade. – Harry concordou e se virou para Gina. – Sabe que eu tenho uma surpresa pra você. – A ruiva acenou afirmativamente com a cabeça, muito ansiosa e um tanto confusa. – Mas na verdade são duas. – Ele pegou uma caixa de veludo azul do bolso e a abriu na frente de Gina. A ruiva arregalou os olhos ao ver um anel com uma pedra solitária brilhante e uma chave. Levantou o olhar assustado para ele. – Eu já falei com seus pais e com a família. Agora só preciso saber de você. – Com um grande sorriso no rosto, pegou uma mão de Gina com carinho e entregou a caixinha à ruiva, que a segurou com a mão trêmula e encarou a aliança como se olhasse para um monstro. – A chave é da casa que comprei para nós. É nesse mesmo vilarejo, perto da casa de seus pais, onde Rony também pretende morar. Está tudo mobiliado e pronto para a mudança. Só resta sua resposta. Casa-se comigo, Ginevra Weasley?
Gina olhou em volta e viu todos rirem para ela com um sorriso incentivador. Molly quase chorava de emoção. Já Arthur continuava sério. Tinha medo de que a filha tomasse uma decisão precipitada. Sabia de seus sentimentos e tinha total consciência de que a relação instável e explosiva dela com Draco não permanecia apenas no trabalho. Podia ver nos olhos da filha seu medo e poderia afirmar que havia acontecido muito mais na viagem do que ela havia dito. Disse para ela, apenas movendo os lábios: pense bem. E ela realmente deveria fazê-lo. Mas o que a ruiva poderia dizer? Como dizer a Harry, na frente de toda a família, diante de um pedido tão apaixonado e da chave de uma casa que ele havia comprado para eles? Encarou os olhos de Harry. Olhos animados e esperançosos. Havia um brilho diferente neles. De repente, como a lembrança de um sonho ruim, a imagem de Susan lhe veio à mente. Não só haviam traído Harry como Susan também. Só havia dois caminhos agora: aceitar o pedido de Harry, com quemsabia que teria uma vida estável, ou enfrentar todos para ficar com Draco. Sabia que se escolhesse a última opção, não seria fácil. Sua família inteira seria contra, talvez com exceção de seu pai, mas também teria que esquecer o passado, suas lembranças e mágoas, Susan e, o pior, acabaria magoando Harry. O preço parecia alto demais. Sabia que com o Draco jamais seria estável. Brigariam sempre e, no fundo, sempre iria temer que ele a abandonasse novamente. Arrependeu-se por não ter pensado em todas aquelas coisas na noite passada, antes de entrar naquela suíte. Sentindo o peso do olhar de Harry sobre ela e a pressão de toda a família, apertou forte a mão do homem e, sentindo que poderia morrer ao falar o que pretendia, começou:
- Eu... eu aceito, Harry. – falou sentindo sua cabeça explodir e seu coração e alma serem destruídos. Apesar de tudo, tinha consciência de que não poderia escolher o outro caminho. Viveria sempre diante da ameaça de, a qualquer problema, Draco abandoná-la. E como poderia magoar aquele homem maravilhoso que a todo o tempo estivera ao seu lado?
Toda a família se levantou com pulos de excitação e foram cumprimentar os noivos. Os dois recebiam abraços quentes de todos. Arthur apertou forte a mão de Harry.
- Você é um ótimo rapaz. Cuide bem dela. – falou com um pequeno sorriso, mas o olhar sério.
- Lógico, senhor. Sempre cuidarei dela.
Depois, ele foi falar com a filha. Abraçou-a forte, querendo lhe transmitir força. Viu que ela sorria assustada com lágrimas presas nos olhos.
E daquela forma Gina passou o resto do tempo ali. Com um falso sorriso nos lábios, tentando esconder da família, que se mostrava tão feliz com a notícia, o pavor que inundava seu coração. Permanecia com os olhos marejados querendo chorar e sem poder, sentindo a tarde se arrastar com lentidão diante dos seus olhos, que na maior parte do tempo se encontravam perdidos na paisagem da janela.
- Bem, – Ela se levantou do sofá, onde estava sentada ao lado de Harry, não agüentando mais estar ali naquela cena tão falsa. Jamais poderia ser uma boa atriz. – está tarde e quero ir para casa desfazer as malas. – Foi até o jardim e chamou por Diana. – Vamos, querida! Está na hora de irmos.
Poucos segundos depois a menina correu para dentro, atrás da mãe, sem saber de nada que havia acontecido ali nas últimas horas. Gina preferiu lhe dar a notícia em casa quando estivessem sozinhas. Sabia que não seria fácil para a pequena.
- Eu vou com vocês. – Harry se apressou em se levantar e ir até a Gina.
- Não precisa. Quero ficar sozinha com Diana. – disse com um olhar muito significativo.
- Está bem. – concordou e deu um rápido beijo na mulher, sem que Diana visse.
Gina se despediu de toda a família e foi embora. Preferiu ir caminhando, já que seu apartamento não era tão longe. Além do mais, precisava ver rostos diferentes, pessoas diferentes, respirar um ar puro e assimilar tudo o que havia acontecido.

Ao desembarcar no aeroporto e pegar sua bagagem, Draco foi procurar saber se já havia muito tempo que o vôo no qual Gina voltara havia chegado. Foi informado de que já fazia algumas horas. Descontente por ainda não ter visto a ruiva justamente naquela manhã tão especial, pegou um táxi e foi para o hotel. Pensou que agora, depois de todos os acontecimentos da viagem, poderia procurar um apartamento para morar com a mulher e com a filha que tanto amava. Mas, ao imaginar Diana, pensou que seria bem melhor uma casa, na qual ela pudesse correr e brincar. Ria ao imaginar a pequena correndo pela grama com os primos. Poderia ser ali mesmo, numa cidade bruxa ou em qualquer outro lugar. Pouco lhe importava. A única coisa que realmente importava era que finalmente sua vida parecia se ajeitar aos poucos, e nada atrapalharia sua felicidade. Sorria ao imaginar uma vida em família. Como deveria ser? Provavelmente nada fácil, mas nada que não pudesse ser superado. Podia ver os três sentados em uma grande mesa de jantar, conversando alegremente. E durante todo o tempo em que esteve dentro do táxi imaginava seu futuro perfeito. Na recepção, quando chegou, todos o cumprimentaram e puderam notar uma alegria diferente no homem. Ele jamais havia estado com um sorriso tão radiante. No entanto, quando entrou em seu quarto, deparou-se com uma nada agradável surpresa: Susan, sentada sobre a cama, encarava-o com um sorriso malicioso.
- O vôo atrasou? – Ela perguntou ao se levantar e ir na sua direção lentamente, quase desfilando. – Estou esperando há algum tempo. – Agarrou-lhe pelo pescoço e o beijou. Quando ela se afastou, Draco permaneceu da mesma forma que estava antes: estático. – O que ouve? A gata comeu sua língua? – falou dando uma piscadela e riu.
- Não sabia que estaria aqui. – comentou com um sorriso amarelo forçado. Ela era a última pessoa que pensava em ver naquele momento. Com tudo o que havia acontecido, acabara esquecendo da namorada.
- Eu vim esperar meu amorzinho. – disse ao abraçá-lo novamente pelo pescoço. Ia beijá-lo mas Draco desviou e deu um passo para trás, fazendo com que ela o encarasse confusa. – O que foi?
- Susan, precisamos conversar. – falou sério, puxando-a pela mão para se sentarem na cama.
Após muito falar e dar todas as explicações que achava necessárias, Draco respirou fundo e encarou Susan, esperando qualquer tipo de reação dela. Havia contado que a mãe de sua filha era a sua secretária e que haviam se separado há anos por alguns problemas, os quais ele não explicou, e que havia ficado com ela durante a viagem. Susan escutara tudo com muita atenção e seriedade e em nenhum momento se mostrou alterada ou com raiva. Ela apenas o fitou profundamente. Draco sabia que ela ficara chateada, mas tinha que ser sincero. Não poderia continuar com aquilo. Disse a Susan que ela era uma mulher incrível e que, justamente por não querer magoá-la, tinha que falar a verdade. Começou a se sentir agoniado com o silêncio da outra. Quando ia pedir para que ela falasse algo, Susan começou:
- Draco, essa mulher é a mãe de sua filha e você teve algo muito forte com ela, entendo isso e não te culpo por ter ficado com ela durante a viagem. – dizia com o ar muito sóbrio. – Eu te desculpo e fico feliz por se importar com o que eu sinto. Você realmente está mudando. – Ela disse com um sorriso e Draco também riu mais contido. Era verdade. – Mas sei também que foi apenas uma noite. Tenho consciência de que é impossível te ter só pra mim, mas eu não me importo.
- Você não está entendendo, não foi só uma noite. Eu a amo e quero ficar com ela. Só com ela e com minha filha, formar uma família.
Susan parou pensativa e se levantou, ficando de frente para ele. Encarou-o com um sorriso misterioso e os braços cruzados.
- Você tem certeza de que ela também te quer? – indagou com um olhar superior, tentando plantar qualquer dúvida na cabeça do homem.
- Sim, eu eu tenho. – respondeu firme.
- Está bem, então. – Ela descruzou os braços e sorriu novamente. – Eu tenho que voltar para a América por um tempo, e... quer saber? Sei que você virá atrás de mim.
Draco riu. Ela era muito segura de si e, não podia negar, admirava-a por isso. Ela foi até a escrivaninha, pegou um papel e caneta, anotou algo que deixou ali mesmo sobre alguns envelopes da empresa, junto com um objeto que tirou de dentro de sua bolsa, e voltou até ele.
- Ali está o horário de meu vôo e uma passagem pra você. Sei que vou te ver no aeroporto amanhã e que você vai me acompanhar nessa viagem.
- E como você tem tanta certeza? – Ele perguntou ao também se levantar e lhe sorrir um tanto debochado.
- Porque eu sou a única mulher que quer você exatamente do jeito que você é, sem se preocupar se você ama ou está com outra.
- Se você acha isso... Só não me espere, não quero desapontá-la.
- Não vai me desapontar. – Piscou e, agarrando-o pelas costas, beijou-lhe os lábios.. Draco correspondeu ao beijo. Não era indiferente à mulher com quem passara muitos momentos agradáveis naquele mesmo quarto. Sabia que se não houvesse Gina em sua vida, ficaria com Susan, mesmo que ela jamais pudesse lhe dar uma felicidade completa como a ruiva era capaz de fazer.
Ela se afastou e pegou sua bolsa sobre a cama.
- Adeus, Susan. – Ele disse ao beijar a mão dela.
- Até amanhã, Draco. – terminou com um sorriso confiante, que fez Draco rir, e saiu pela porta.
O loiro respirou fundo, aliviado por ter terminado bem as coisas. E, mais do que tudo, sentiu-se feliz por ter terminado aquele compromisso e estar livre para recomeçar sua vida ao lado de sua família. Resolveu comer algo no restaurante e depois iria até a casa de Gina.

Quando chegaram em casa, Gina deixou a mala no meio da sala e jogou o corpo sobre o sofá, sentindo-se exausta. Queria começar a chorar ali mesmo, mas ainda não podia. Diana se sentou ao lado da mãe e acariciou seus cabelos
- Mamãe, seus olhos estão tristes. – comentou, depois de fitar longamente os olhos da mãe, e apoiou a cabeça sobre o peito dela.
- Não estou me sentindo muito bem. É melhor você ir para o quarto, meu amor. Depois vou até lá conversar com você. Agora preciso ficar um pouco sozinha. – Sorriu e deu um beijo na testa da menina, que também sorriu e foi para o quarto.
Escutando o som da porta do quarto, fechou os olhos. Uma confusão de sentimentos explodia em seu coração. Sabia que a partir daquele dia não poderia mais voltar atrás. Qualquer chance de ficar com Draco havia acabado. Mesmo sentindo parte de sua alma ser arrancada dela, a razão ainda lhe dizia que havia sido a melhor decisão. Não se sentia preparada para tentar novamente, esquecer todo o passado e enfrentar a todos. Além do mais, não poderia magoar Harry. E ainda havia Susan na vida de Draco. Não. Não conseguiria. Sentia-se covarde por escolher o caminho mais fácil e seguro, mas já havia dado sua palavra a Harry. Olhou em volta com pesar. Teria que arrumar suas coisas e sair do apartamento. Quando sentiu que já não podia segurar as lágrimas, a campainha tocou. Gina apenas abriu os olhos, erguendo o olhar em direção à porta. Contrariada, acabou levantando. Caminhou lentamente pela sala até a porta e, ao abri-la, deparou-se com a imagem que, apesar de tudo, não saía de seu pensamento nem por um minuto.
- Gina... – Draco disse com enorme sorriso e, abraçando-a forte, beijou-lhe com paixão. Afastou-se alguns segundos depois e continuou a encará-la com um sorriso.
A ruiva permaneceu com os olhos arregalados, sem qualquer reação, fitando o homem à sua frente. Sentiu alguém empurrá-la de repente pelas pernas e viu Diana pular no colo do pai, que a segurou de imediato.
- Draco! – A pequena segurou a cabeça do loiro e beijou-lhe o rosto. Abraçou-o com carinho e deitou sobre seu ombro. – Estava com muita saudade.
- Eu também, minha princesinha. – Ele dizia fazendo carinho nos cabelos da filha e beijou-lhe o topo da cabeça, segurando-a. – Mas agora vai ser diferente. – começou ao levantá-la e fazê-la o olhar nos olhos. Não conseguia tirar aquele sorriso tão satisfeito de seu rosto. – Jamais vamos passar tanto tempo longe. Vamos nos ver todo dia e vamos ser uma família de verdade.
- Não! – Gina gritou de repente, com os olhos cheios de lágrimas, olhando para baixo. Ele a encarou surpreso e confuso, sem entender a atitude da mulher.
- Gina, o que...?
- Não! – Ela gritou de novo, fechando os olhos com fúria. – Não, não, não! – Pegou a menina do colo de Draco rapidamente e a colocou no chão. – Diana, vá para o seu quarto.
- Mas mãe...
- Vái agora! – Gritou sem qualquer traço de paciência, apontando para a porta do cômodo.
A pequena a encarou com um misto de raiva, confusão e mágoa e correu para o quarto, batendo a porta.
- O que houve com você, Gina? – Draco perguntou ao se aproximar da mulher e colocar a mão sobre sua cintura.
Ela se afastou rápido. Abraçou o próprio corpo e se apoiou na parede, liberando um pranto angustiado.
- Não vamos ser uma família, Draco. Não podemos ser uma família. – dizia com o rosto mergulhado nas mãos. Draco foi até ela e segurou suas mãos com carinho. Ia perguntar o motivo dela estar dizendo aquelas coisas quando sentiu algo diferente em seus dedos delicados. Espalmou a mão dela sobre a sua e encarou pasmo a pedra que brilhava em seu dedo. Ela percebeu que ele havia visto a aliança e seu choro se intensificou.
- Quem te deu isso, Ginevra? – Ele perguntou sem conseguir encará-la, o olhar preso no anel. De repente tudo parecia fazer sentido. – Foi o Potter, não foi?
- Ele me pediu em casamento... – falou chorosa, levantando o olhar banhado em lágrimas.
- Não tem problema. – Abriu um sorriso nervoso, sacudindo a cabeça negativamente. – Você fala com ele, diz que as coisas na viagem mudaram. Se quiser eu falo com ele e...
- Nao, Draco... – Interrompeu-o apenas com um sussurro. – Ele me pediu nesta manhã... e eu aceitei. – Chorando ainda mais, voltou a esconder o rosto entre as mãos, sentindo-se envergonhada por também fazer aquilo com Draco.
O loiro fechou o sorriso e seu semblante se tornou sério.
- Não podemos ficar juntos. Eu não posso... – gemia com as lágrimas já descendo pelos seus braços. Seu coração doía demais. Respirou fundo e encarou o chão, com os punhos cerrados. Secou o rosto e novamente deu um longo suspiro. Voltou a encarar Draco. – Vou me casar com Harry. Sempre pude contar com ele e sei que ele pode me fazer feliz e jamais vai me abandonar. Vamos nos mudar para um vilarejo onde ele já comprou uma casa para nós... Eu não tenho outra escolha.
Draco não conseguia piscar. Mal parecia respirar. Apenas ouvia as palavras da mulher sem esboçar qualquer reação. Ele não sabia o que fazer. Queria abaixar a cabeça e chorar, mas também queria quebrar todo aquele apartamento, queria matar Harry Potter e matar Gina por tudo o que ela estava fazendo com ele. Fechou os olhos com raiva e o punho da mesma forma. Jamais imaginou sentir uma dor tão intensa. Poderia arrancar seu coração para não senti-lo bater, pois a cada pulsar era como uma faca entranhada em seu peito. Parecia que alguém lhe apertava a cabeça com toda a força. Abriu os olhos, sem levantar o rosto. Olhava para o chão. Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Fez de tudo para evitar aquele choro, mas não pôde segurar uma lágrima caída sobre o tapete. Levantou o rosto e lançou um olhar duro sobre ela. Como aquela ruiva ousava brincar daquela forma com ele? Ou era estupidamente covarde e rancorosa, ou apenas tentava se vingar. Mas se era vingança, por que tamanha crueldade?
Gina permaneceu presa naquele olhar penetrante sobre ela. Viu os olhos do homem marejados e sua boca contorcida de fúria. Nunca o havia visto daquela forma antes, parecia tão... magoado. Sentiu vontade de abraçá-lo e se ajoelhar perante ele para pedir perdão, mas ela mesmo não tinha condições emocionais para fazê-lo. Não poderia vacilar e mostrar o quanto contrariada e triste estava por tomar aquela decisão.
- Eu quero a minha filha. – Ele disse obstinado. Seu peito arfava e sua respiração estava pesada. Parecia tentar manter a calma.
- Como assim? – Gina perguntou confusa.
- Eu quero a minha filha! – Ele gritou com os olhos se enchendo de lágrimas novamente. – Você não vai me separar dela! Faça o que quiser com sua vida! Se você quer se casar com aquele merda do Potter, se case! More numa casa fedorenta e tenha muitos filhos que vão se espancar por um pedaço de pão, mas você não vai levar a Diana. Quero a minha FILHA! – gritou tomado de cólera, os olhos vermelhos, quase avançando sobre a ruiva.
- DRACO! – Diana gritou ao abrir a porta do quarto e correr até o loiro, que também foi em sua direção. Ele se abaixou e abraçou a filha, como se tivesse medo de perdê-la. – Por que você tá gritando? – A menina também parecia nervosa. – Draco, não chora... – pediu, percebendo as lágrimas presas no olhar do loiro, cujo rosto acariciava com carinho.
- Diana, vá pro quarto agora. – Gina disse com a voz baixa, mas cheia de autoridade.
- Não! – Draco se levantou com a menina no colo e encarou a ruiva com o olhar duro. – Ela fica comigo.
- Você está louco?! – A ruiva gritou tentando pegar a menina, mas Draco a segurava forte e a pequena abraçava firme o pescoço do pai. – Devolva minha filha!
- Pára, mamãe! – Diana gritava chorando, agarrada ao pescoço do pai, muito assustada.
Gina parou trêmula, com os olhos molhados, olhando para os dois. Não podia acreditar que estava vivenciando aquela cena.
Diana olhava para os dois com um olhar assustado, sem conseguir entender o que estava acontecendo. Draco deu um passo pra trás, segurando a pequena em seus braços. Colocou-a no chão, dando-se conta do que estava fazendo. Não poderia simplesmente levar a filha daquela forma só porque estava tomado por ódio. Deu um beijo na fronte do rosto da menina e sorriu triste.
- Vá para o quarto, Diana. – Ele falou calmo, mexendo no cabelo loiro dela.
- Não, quero ficar com você. – Ela disse chateada, com o olhar triste. Não queria se afastar do pai justamente naquela hora.
- Depois conversamos, pequena. – continuou, tentando passar confiança, mas não tinha sucesso em esconder sua tristeza. Ela concordou contrariada com a cabeça e lhe deu um longo abraço, seguido de um beijo estalado no rosto.
- Amo você, Draco. – falou com um sorriso doce.
- Também amo você, filha. – Tentava conter o choro que queria se libertar. Viu a menina voltar para o quarto e fechar a porta.
Após respirar fundo, voltou a ficar de frente para Gina, a feição séria novamente.
- Nunca mais faça isso! – Gina gritou e, de súbito, enfiou a mão na cara do homem à sua frente. – Nunca mais tente fazer isso! – dizia com os olhos brilhando de fúria e medo. Draco permaneceu apenas a fitá-la, sentindo seu rosto arder com o tapa. – Que direito tem de levá-la assim? Você nunca esteve presente em nossas vidas! Não pode tomá-la de mim dessa forma! – dizia com a boca trêmula de nervoso, o sangue quente correndo rápido pelo corpo. Via o brilho do olhar de Draco muito próximo a ela.
- Você já tomou meu coração, já tomou todos os meus planos! – gritou exaltado. Seus narizes quase se tocavam. Gina, com o olhar arregalado, quase podia ouvir seu coração bater forte. – Pode pegar o que quiser agora. Minha empresa, minhas casas, qualquer coisa, mas não me separe da minha filha. – Suas palavras saíam em tom de súplica. Seus olhos marejados transbordavam a dor de sua alma. Fechou os olhos, impedindo que mais lágrimas caíssem. Parecia cansado. – Eu te amei mais do que qualquer coisa, mais do que qualquer outro homem pode te amar. Eu seria capaz de qualquer coisa pra ficar com minha família, com vocês. Mas não importa mais, agora não importa mais nada.
- Draco... – Tentou colocar a mão sobre o ombro dele, mas o loiro a afastou violentamente.
- Não precisa dizer mais nada. Cada palavra que sai da sua boca é uma dor nova pra mim. Você fez a sua escolha. – Ele deu um longo passo para trás, indo para mais perto da porta, quase caindo. Não mantinha controle sobre as próprias pernas, que pareciam não agüentar durante muito mais tempo. – Apesar de tudo, eu desejo que você seja muito feliz com o cara dos seus sonhos. Afinal, você sempre sonhou com isso, não foi? Sonho realizado, pequena Weasley! Você e o seu príncipe encantado Potter serão muito felizes para sempre, porque o vilão aqui, – disse batendo forte em seu próprio peito, assustando Gina. – tá caindo fora do seu conto de fadas. Adeus, Weasley!
Mal houve tempo de dizer nada. Antes que Gina pudesse segurá-lo, Draco saiu pela porta, batendo-a com força. A ruiva caiu ao chão, chorando intensamente. Definitivamente o conto de fadas havia acabado e a vilã parecia ter sido ela mesma.


N/A:: Meus amores. Depois de anos eu nem sei se todos vão ler isso, mas eu tô aqui. Primeiro, pedir desculpas e depois pra me explicar. Quem lia minhas N/A's sabia que eu tava em vestibular e eu passei o/ E eu estava um pouco enrolada com as coisas da faculdade, mas bem. Depois de demorar, aqui está a continuação e o último capítulo. Espero que gostem.
~môoh black malfoy potter lovegood snape: desculpe querida, mas eu tenho obrigações e infelizmente eu não posso viver só daqui =/
~Gabih Potter Granger!*: tudo ótimo querida! Muito obrigada pela review!
~Nathália Di Napoli: desculpa a demora, mas tá aí td pra recompensar
~Tai Malfoy: eu sei q as vezes sou malvada ;x hauhauha. Mas tá aí ;)
~miss_krum: hauahuaah. Eu concordou, ams será q vai ser assim? ;x obrigada pela review!
~Tattyy Potter: desculpa, eu sei q sou malvada. Tá aí a att ;)
~YumyLee: vou ser boazinha =) brigada pela review querida!

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