Uma Taça e Um Champanhe

Uma Taça e Um Champanhe



Aquele dia havia amanhecido com um clima diferente do anterior. Não apenas estava frio, como também o céu estava escuro e não havia sinal algum de que o sol fosse aparecer. Gina estranhou, já que na noite anterior o céu estivera muito bonito e estrelado. Parada na sacada, a ruiva permanecia concentrada em olhar para a paisagem sem se preocupar por estar apenas com o robe sobre a camisola, afinal, ainda não tinha ninguém na parte exterior do hotel. Lembrando-se da noite anterior, suspirou. Havia chegado tão perto... Perto demais para se importar com o que pudesse acontecer depois. Para sua sorte e tristeza, aquele seria o último dia deles na cidade. Na manhã seguinte estariam voltando para a realidade. Pelo menos voltaria para perto da filha. Já não agüentava de tanta ansiedade, jamais passara tanto tempo longe da menina. Voltou para o quarto e, depois de pegar sua roupa, viu o paletó de Draco, com o qual dormira abraçada, sentindo seu perfume. Teria de devolvê-lo, infelizmente. Poderia guardá-lo para si por toda a sua vida somente para que, sempre que quisesse sentir Draco mais perto, poder aproximá-lo e sentir aquele perfume... Aquele perfume que pertencia a outra. Fechou os olhos e cerrou os punhos, lembrando-se do que concluíra com pesar antes de adormecer: se ele havia hesitado em beijá-la, era porque não seria capaz de trair Susan, ou seja, gostava realmente dela. Mesmo Draco estando com a mulher, Gina ainda guardava dentro de si a esperança de que aquele relacionamento não desse certo. Uma esperança que já não poderia mais nutrir, até porque Harry a esperava.
Após se arrumar, olhou para o relógio e viu que faltava pouco para a primeira reunião do dia, que seria o mais exaustivo de todos. Pegou as coisas de que precisaria, o paletó de Draco e foi em direção à porta. Saindo do quarto, virou-se para trás surpresa e se deparou com o loiro, também saindo de seu quarto. Ele pareceu surpreso ao vê-la.
- Bom dia. – Ele falou educadamente, com um leve sorriso.
- Bom dia... – Ela sorriu e abaixou o olhar, sem conseguir encará-lo por muito tempo. Viu o paletó em sua mão. – Tome, acabou ficando comigo ontem.
- Ah sim. – Pegou o paletó da mão dela. – Já vai para a sala de reunião?
- Sim, você também, não?
- Pode ir na frente, eu vou guardar o paletó lá dentro e pegar outras coisas. Vou logo depois.
- Está bem. – concordou com um sorriso triste ao ver que ele nem ao menos fazia questão de sua companhia. Caminhou pelo hall e chamou o elevador.
Draco viu a ruiva entrar no elevador e, respirando fundo, apoiou-se na parede. Como era difícil agir daquela forma. Entrou no quarto novamente, jogou o paletó sobre a cama desarrumada, onde demorou muito para dormir na noite anterior, e voltou para o hall, em direção ao elevador. Não sabia se odiava a si mesmo ou se estava orgulhoso por não ter beijado Gina naquela noite. No fundo, sabia que havia agido certo. Se a tivesse beijado, provavelmente ela o evitaria pelo resto do congresso, ou teria ido embora na mesma hora. Ela não enganaria seu tão querido Harry e ele deveria fazer a mesma coisa em relação a Susan. Mas, se havia agido corretamente, por que seu coração gritava o quão burro era por não ter aproveitado aquele momento único?

- Finalmente está acabado. Não agüentava mais. – Draco falou ao terminar de cumprimentar todos os executivos que participaram daquela última reunião. Não conseguia disfarçar o cansaço. Após aquele longuíssimo dia de reuniões, em que foram discutidos somente assuntos de negócios, perguntou-se se ainda teria ânimo para o coquetel à noite.
- É, mas tudo ocorreu melhor do que prevíamos. Com eles como sócios, poderemos ter filiais até mesmo na Ásia. – Gina falava animada, vendo aquilo tudo como uma grande vitória, até mesmo pessoal. Estava muito satisfeita em saber que havia conseguido desempenhar bem o sue papel, e ir além do que realmente deveria fazer.
- É... – concordou sem ânimo na voz, e Gina percebeu que ele não estava tão feliz quanto ela. “Deve estar com saudades de sua querida Susan...” ela pensou aborrecida, não conseguindo ver outro motivo para que o homem parecesse não se importar com o que acabara de acontecer e o sucesso que haviam obtido.
Draco e Gina haviam ficado um pouco distantes um do outro. Por sorte, mal tiveram tempo para pensar em qualquer outra coisa. Entre uma reunião e outra, nem ao menos pararam para almoçar. Enquanto os outros executivos foram para o restaurante, eles ficaram discutindo pontos importantes para a reunião que viria a seguir.
- Senhor Malfoy, – Um dos homens com o qual estivera há pouco se aproximou. – permita-me dizer que é um homem de sorte por ter uma mulher tão inteligente ao seu lado.
Gina sorriu constrangida, sentindo o rosto corar. Estendeu a mão para corresponder ao cumprimento do homem. Mesmo tímida, sentiu-se orgulhosa, pois sabia que realmente havia feito um ótimo trabalho. Ele se despediu dos dois e se foi, deixando Gina e Draco, com um olhar muito desconfiado sobre eles, sozinhos no corredor.
- Ele tem razão. – Draco se virou e encarou a mulher, que ainda ostentava um satisfeito sorriso no rosto. – Sua atuação e idéias foram não só surpreendentes para os outros, mas também magnífica. Meus parabéns. – falou enquanto fitava a mulher, que permanecia muito sem jeito.
- Ainda tenho muito que aprender. – Sorriu.
- Eu também... – falou mais para si mesmo, sem tirar os olhos dela. Entreolharam-se durante alguns segundos, até que Gina desviou o olhar.
- Vamos para o coquetel? – Ela indagou dando um passo para trás, para se afastar um pouco dele.
- Eu acho que não vou. Estou cansado demais.
- Mas é importante que vá. Precisa se mostrar mais social, e quanto mais se aproximar deles, melhor.
Ele parou pensativo, refletindo sobre o que ela falara.
- Você tem razão. – disse e a ruiva sorriu. – Nos encontramos no salão daqui a umas... duas horas?
- Está bem.
Gina concordou e, com os papéis e pastas que tinha nas mãos, deu as costa ao homem, que ainda ficou ali conversando com algumas pessoas, e seguiu pelo corredor até o elevador, que estava se fechando.
Chegando ao quarto, trancou a porta, colocou as coisas que trazia sobre a pequena mesinha e foi correndo pegar o vestido que comprara quando foi avisada da viagem. Sabia que surgiria algum tipo de evento do gênero e deveria estar preparada. Pegou também as sandálias prata e pôs sobre a cama, junto com o vestido. Queria ver cada detalhe antes de se vestir. Tinha que estar perfeita. Não seria um ambiente de trabalho, então não precisaria mais usar roupas tão sérias e centradas, poderia se produzir mais. Assim, pegou uns brincos de ouro branco que ganhara de seu pai, quando ainda era adolescente, e também os pôs sobre a cama. Deu uma olhada. Ainda faltava algo. Foi então que se lembrou do que havia trazido. Foi até sua mala e pegou um pequeno saquinho de veludo que deixara guardado. Abriu e jogou o conteúdo sobre o vestido. O cordão que dera à filha há alguns meses, e que estava com ela especialmente para a viagem. O mesmo cordão que ganhara de Draco anos atrás. “Será que é uma boa idéia usá-lo?” perguntou-se ao se lembrar do loiro. Deu de ombros, sem se importar. Tinha que usá-lo com aquela roupa, cairia perfeitamente e, além do mais, imaginou que Draco mal se recordaria da jóia. Estava na hora de um bom banho de espuma para relaxar, após o qual se prepararia para a festa.

Terminou de ajeitar os cabelos e se encarou no espelho. Estava bem, o terno escuro com a bela gravata azul de seda lhe caía muito bem, mas não queira usar aquilo. Sentiu a gravata sufocar-lhe. Num impulso, arrancou-a e a jogou sobre a pia do banheiro. “Fantástico, agora pareço um garçom.” pensou ironicamente ao se fitar no espelho com a camisa branca. Teve uma idéia. Foi até o armário onde colocara suas roupas e pegou uma camisa azul e um outro blazer negro. Vestiu-os deixando o primeiro botão da camisa e o blazer abertos. Estava na hora de mudar um pouco, cansava-se de sempre usar terno e gravata. Viu seu reflexo no espelho. Agora sim estava do jeito que queria. A aparência impecável, como sempre, mas ainda assim mais descontraído. Pôs um pouco de seu perfume, feito exclusivamente para ele, o mesmo que usava há anos e tinha que encomendar com um velho bruxo perfumista, um dos únicos bruxos com o qual mantinha contato.
Olhou no relógio, estava quase na hora. Já que estava pronto, resolveu descer logo para o salão. Ao chegar lá, cumprimentou algumas pessoas e foi logo pegar uma bebida. Se era pra começar a noite, começaria bem. Após beber seu Martini, foi para a entrada esperar Gina. Tendo que sorrir e cumprimentar todo mundo que passava, pegou mais uma bebida com o garçom. Já começava a ficar entediado. Não gostava de ter que agir como um simpático homem. Passaram-se alguns minutos quando viu os recepcionistas abrirem a porta e uma mulher entrar. Estarrecido, ficou a encará-la até reconhecer que era Gina. Com seu longo vestido verde bordado e seus cabelos presos com pequenas pedrinhas brilhantes, ela entrou com um sorriso nos lábios e, ao vê-lo, sorriu-lhe timidamente e foi caminhando lentamente em sua direção. Draco não conseguiu controlar o olhar que percorria cada detalhe na mulher. Desde seus pés até seu cabelo, passando pelo leve corte que ia desde abaixo do joelho até o pé, o decote sutilmente sensual, os belos brincos e o colar. Seus olhos se mantiveram presos no colar por mais tempo. Não acreditou que ela o estivesse usando. Um sorriso se abriu sozinho em seu rosto.
- Demorei? – Ela perguntou, ao chegar mais perto dele, sabendo que não havia demorado tanto. Por sorte havia trazido sua varinha, que a ajudou a se arrumar com mais rapidez.
- Não... – disse mais baixo do que pretendia, sem conseguir tirar os olhos dela, observando atentamente seu rosto. Seus olhos castanhos muito vivos e iluminados, sua boca levemente rosada. Seu rosto estava angelical. – Você está linda. – Não resistiu em falar.
- Obrigada. – Gina nunca se sentiu tão envergonhada em toda sua vida. Tinha certeza de que seu rosto estava completamente vermelho.
- Boa noite, senhor Malfoy. – A secretária de um dos executivos da reunião com a qual Gina conversara pela manhã se aproximou. Apertou a mão do loiro e se voltou para a ruiva. – Ginevra, gostaria que conhecesse algumas amigas.
- Está bem, Cindy. – concordou imediatamente, vendo a ótima oportunidade de escapar dos olhos de Draco. – Com licença. – Foi junto com ela para próximo do bar, onde se encontrava um pequeno grupo de mulheres composto por secretárias dos grandes empresários que estavam nas reuniões do congresso e no coquetel. Após as devidas apresentações, Cindy, sem cerimônia, apressou-se em tocar no assunto que queria.
- Me desculpe se pareço um pouco atrevida, mas preciso perguntar. – Aproximou-se mais para que ninguém, a não ser elas do grupo, escutasse. – O seu chefe é casado ou tem algum tipo de compromisso?
- Não... – Gina falou, um tanto confusa, esquecendo-se de Susan. Só se lembrou da mulher depois, mas não se importou. Queria saber onde Cindy queria chegar. Ela, como todas as outras, abriu um imenso sorriso.
- Esse homem é maravilhoso! – Uma outra que parecia ser um pouco mais velha que Gina afirmou e as outras concordaram de imediato.
A ruiva olhou para o lado, na mesma direção que as mulheres olhavam, e viu Draco conversando com alguns homens. Não era sem motivo que elas pareciam encantadas por ele. O loiro era lindo e estava ainda mais naquela noite. Sua roupa caía muito bem no físico estrutural, a maneira como gesticulava certas vezes, até mesmo seu andar chamava a atenção. Ele, sem dúvida alguma, poderia ter qualquer uma que quisesse. Mais encantador ainda era como ele passava a mão pelos cabelos quando algumas mechas teimavam em cair sobre seu rosto. Gina poderia ficar a fitá-lo para sempre, mas desviou rapidamente o olhar ao ver que o loiro a viu observá-lo e, com um sorriso de lado, lançou-lhe um olhar extremamente sedutor.
- Você tem algo com ele, não é? – Cindy perguntou novamente, não se importando se estava sendo inconveniente ou não. Por alguns momentos Gina pôde se lembrar de Mary, sua amiga.
- Não! – disse firme, mostrando-se muito séria pelo comentário. – Ele é meu chefe.
- Como se isso não facilitasse as coisas... – Uma outra mulher, jovem e alta, falou com um sorriso maroto e as outras riram. – Eu sei muito bem disso. O meu, por exemplo, – Apontou para um homem moreno, num outro canto do salão. – sempre quando briga com a esposa vem me procurar. Se ele fosse igual ao senhor Malfoy, eu nem pensaria duas vezes. – terminou rindo.
- Mas como você consegue, Ginevra? Ele é um dos homens mais lindos que eu já vi. É tão sério e educado, parece tão misterioso. – Cindy dizia quase suspirando, como se estivesse falando de um perfeito príncipe encantado, sem tirar os olhos dele. – Eu já teria me jogado aos seus pés.
- Com certeza. – Todas concordaram numa só voz. A única coisa que Gina fez foi rir. Tanto da paixão daquelas mulheres por Draco quanto do fato de que mal sabiam elas que ela poderia não ter nada com ele naquele momento, mas já haviam tido muito mais do que um caso. Após outros comentários sobre o coquetel e as pessoas que ali estavam, principalmente sobre os belos homens e as horríveis maquiagens de algumas senhoras, Gina preferiu ficar um pouco com Draco. Despediu-se das outras e foi até ele. Quando se aproximou, ele interrompeu imediatamente o que falava com aquele grupo de pessoas para falar com ela. Recebeu-a com um sorriso.
- Senhores, esta é Ginevra Weasley, minha secretária. – Ele começou, apresentando-a. Gina sorriu e cumprimentou a cada um com um aperto de mão. – Esperem para vê-la muitas vezes. Esta mulher tem um grande potencial.
Ela riu um tanto sem jeito e fitou-o, enquanto ele falava sobre a reunião e o desempenho dela. Ficava orgulhosa pelos elogios, mas era mais especial ouvir aquelas coisas de Draco. Sentia-se ainda mais contente e realizada.
- Bem, vou para o meu quarto agora. – O loiro falou ao apertar-lhes a mão, despedindo-se. – Estou um tanto cansado pelo movimentado dia. Boa noite para vocês.
Gina também se despediu e os dois se afastaram. Um garçom passou por eles e Draco pegou uma taça de vinho, mas a mulher recusou. Ele encarou o copo em mão. Talvez não fosse uma boa idéia bebê-lo. Sabia que a bebida fazia com que ele não tomasse decisões muito coerentes e era ainda mais perigoso com Gina tão bela ao seu lado. Decidiu devolver. De repente, viram as pessoas se aglomerarem numa outra parte do salão. Resolveram se aproximar e viram alguns casais dançando, enquanto uma banda, liderada por uma mulher de bela voz, tocava uma música bonita e suave. Draco teve o impulso de pedir uma dança a Gina, mas hesitou. Tinha certeza de que ela negaria. No entanto, após pensar um pouco por alguns segundos, resolveu arriscar. Não custaria nada tentar. E, além do mais, não conseguia se manter indiferente a ela em meio àquele estranho silêncio entre os dois, embalado por uma música tão romântica. Dançarem seria ainda menos constrangedor do que ficarem ali parados, um ao lado do outro, sem conseguirem trocar uma única palavra.
- Gina, – começou, levando o olhar ao encontro do dela. – Quer dançar? – perguntou meio tímido. Vendo que ela relutava, continuou. – Apenas uma dança, por favor.
Como ela negaria se o que mais desejava naquele momento era poder ficar perto dele? Sua resposta foi, com um sorriso, segurar o braço dele estendido para que se dirigissem para o meio da pista. Gina se virou de frente para ele e pôs uma das mãos em volta do pescoço de Draco, que segurou a outra mão dela e pousou sua outra sobre a cintura da ruiva. Com os corpos ligeiramente afastados, Draco percebeu que ela estava muito sem jeito e não conseguia acompanhá-lo. Sua postura estava rígida como uma pedra e ela tentava ao máximo não deixar que seus corpos se tocassem.
- Há quanto tempo você não dança? – Ele perguntou rindo, quando ela acidentalmente pisou-lhe o pé e pediu desculpas muito sem graça.
- Há muito tempo. – falou, sem tirar os olhos dos pés, esforçando-se em não errar, mas novamente pisou no pé dele. – Ah, desculpe-me. É melhor eu desistir.
- Espere. Deixe que eu a conduzo. – disse ao puxá-la para mais perto, até que seu corpo colasse ao dela. Com a boca próxima ao ouvido dela, continuou. – Relaxe... só me acompanhe.
Quando pegaram o ritmo, outra música, ainda mais romântica e melodiosa começou. Movimentavam-se de um lado para o outro, ouvindo a bela canção. Gina soltou a mão do homem e envolveu seu pescoço, permitindo-se fechar os olhos e repousar a cabeça sobre o ombro dele. Draco, surpreso, apenas continuou, levando sua outra mão sobre a cintura dela, deixando ser levado pela música, e apoiou levemente a cabeça sobre a dela, sentindo o aroma de seus cabelos. O mesmo que sentira quando dançaram pela primeira vez num baile de Hogwarts.
- Essa música é linda. – Gina deixou escapar seu pensamento ainda de olhos fechados.
- Linda... – concordou, mal ouvindo a canção, se referindo a mulher que estava em seus braços. Ficou assim durante um tempo até que, pensativo, falou: – Gina, é verdade que era melhor quando eu estava morto? Quer dizer... quando você pensava...
- Draco, – Ela levantou a cabeça e o encarou séria, mas com um olhar de ternura. – Não devia escutar o que Rony diz. Saiba de uma coisa: eu jamais vi Diana tão feliz quanto agora. Desde que ela soube que você é pai dela, ela vive tão alegre e completa. Você foi a melhor coisa que aconteceu nas nossas vidas. – Ela terminou com um sorriso e voltou novamente a apoiar a cabeça sobre o ombro dele.
Draco sentiu seu coração ser envolvido por um calor humano, um conforto diferente. Era ótimo escutar aquilo. Havia sido mais do que esperava escutar. Ela não só se referiu a Diana como a ela mesma. A melhor coisa da vida dela. Não conseguia conter um sorriso insistente que teimava em abrir em seus lábios. Voltou a escutar a melodia e se deixar levar pela música.
Naquele momento, os dois ali juntos, abraçados, sentiram como se fosse somente os dois em todo o mundo. Eles e a música que os embalava da maneira mais envolvente possível. Esqueceram-se dos outros à volta, do passado, das brigas, da distância que tentavam manter no trabalho, de tudo. Eram apenas duas pessoas que, separadas ou não, ainda se amavam.
- Estou ficando com sono. – A mulher disse sorrindo, ao levantar a cabeça e encontrar os olhos claros que amava fitando-a profundamente.
- Eu te acompanho até o quarto. – Pararam no meio da pista, ainda meio abraçados. Foram se afastando aos poucos, sem conseguirem controlar os olhares que se encontravam.
- Lógico, seu quarto fica ao lado do meu. – Ela sorriu e ele fez o mesmo.
De braços dados, saíram da pista e se encaminharam para a saída do salão. Foram caminhando lentamente até o corredor de seus quartos em silêncio. Pararam na porta do quarto dele.
- Você gostaria de entrar? – Draco perguntou, encontrando a única opção para que aquela maravilhosa noite não tivesse fim. Gina arregalou os olhos, muito surpreendida. – Para tomar uma taça de champanhe apenas e comemorarmos o sucesso do dia.
- Não, é melhor não. – afirmou decidida. Com a conversa que haviam tido antes de passearem pela cidade e a noite anterior quando ele a deixara sozinha, Gina já não acreditava que ele ainda pudesse querer algo com ela, mas ainda assim temia ficar perto dele. Draco percebeu o medo dela.
- Eu respeito muito você, Gina. Não só como minha secretária, mas como mulher e a mãe de minha filha. Jamais faria algo que pudesse te deixar chateada.
Gina o encarou nos olhos. Não só sentia como também sabia que podia confiar nele. E, além do mais, não tinha bebido nada durante toda a noite e merecia uma taça de champanhe para finalizar aqueles dias em Paris. Mas, mais do que tudo, também não queria que a noite acabasse.
- Está bem...
Draco sorriu e abriu a porta para que ela entrasse na frente. De repente as luzes se acenderam. Gina encarou o quarto de ponta a ponta. Se antes achara seu quarto belíssimo, aquele era um castelo digno de um nobre. Com certeza seria o melhor e o mais caro do hotel.
- Nada mal para passar uns dias, não acha? – O loiro falou rindo ao vê-la encarar o quarto pasma.
- Eu viveria aqui para sempre.
Ele pegou o telefone e pediu uma garrafa do melhor champanhe e duas taças. Depois, voltou para onde a ruiva estava e lhe ofereceu uma poltrona para que ela se sentasse, sentando-se em seguida ao lado dela. Olhou distraidamente para a cama e viu a blusa, o blazer e a gravata que vestiria para o coquetel, jogadas. Levantou-se num salto e recolheu as peças.
- Não ligue para a bagunça... – falou, rindo sem graça, e jogou tudo para dentro do armário. Voltou até ela e se sentou novamente. – Eu disse que não precisaria de ninguém para limpar ou arrumar o quarto. Acho que estava enganado. – Gina riu e escutou a campainha tocar.
- Deve ser o champanhe. – Draco levantou-se novamente e abriu a porta. O empregado, pedindo licença, entrou e colocou um latão balde com gelo, a garrafa e duas taças sobre a mesa onde Draco indicara e voltou para a porta. Draco, desejando boa noite, entregou uma nota ao rapaz, que agradeceu e se retirou. Depois, pegou a garrafa e foi até a janela para abri-la. Não queria causar acidentes. Com cuidado, retirou a tampa, encheu as taças e levou-as até onde Gina estava. Entregou uma a ela e se sentou, erguendo um pouco a mão.
- Ao dia de hoje. – Ele pronunciou e sorriu, não sabendo se se referia às reuniões bem sucedidas ou a noite tão agradável ao lado dela que estava tendo.
- Ao sucesso da empresa. – falou ao também levantar a taça e brindarem. – Delicioso...
- É o meu preferido – O homem deu um gole, saboreando a bebida que muito apreciava.
Gina, segurando nervosamente a taça, cruzou as pernas e abaixou o olhar em direção ao cristal na mão. Havia uma pergunta presa em sua garganta e não conseguiu segurá-la por muito tempo.
- Desculpe-me perguntar, mas por que não trouxe Susan?
Draco a encarou interdito. Por todo o dia, novamente, havia se esquecido de Susan, o que de fato não lhe importava muito. Não havia gostado mesmo de Gina mencioná-la justamente naquele momento. Não soube o que responder.
- Seria entediante para ela. – falou despreocupado ao dar mais uma golada na bebida. Achou melhor mudar logo o rumo daquela conversa antes que se deparassem com aquele terrível silêncio. – Estou com saudades de Diana.
- Eu falei com ela ontem. – Sorriu ao se lembrar da filha. – Ela também está com saudades e mandou um beijo para você.
- Ontem? – Ele indagou com uma sobrancelha arqueada. – Você já foi mais eficiente para mandar recados. – terminou brincando. Ela o encarou, fingindo que não havia escutado o comentário.
- Ela deve estar com mais saudades de você do que de mim. – disse em tom quase choroso. – Diana é a apaixonada por você.
- Assim como eu. – fitou o céu pela janela. – Sabe, você não imagina o que eu senti quando a vi pela primeira vez. Parece que eu já sentia que era pai dela. Eu senti um carinho único. Não dá pra explicar, eu jamais imaginei estar passando por isso.
- Está se saindo muito bem. – Ela falou, mirando-o admirada com a forma que ele falava.
- Senhor Weasley me ajudou em algumas coisas...
- O quê?! – Gina indagou perplexa ao engasgar com a champanhe que acabara de bebericar. – Como assim? Você andou falando com meu pai?
Só então Draco se deu conta do que havia falado. Pelo jeito, Diana não havia comentado do passeio que haviam feito antes da viagem quando encontraram Arthur.
- Algumas vezes... – falou hesitante, arrependido por sua desatenção. Para seu alívio, Gina o encarou muito desconfiada, mas não falou nada. Ela rodou os olhos pelo quarto e viu sobre uma das mesas de cabeceira um porta-retrato com a foto de Diana. Sorriu. Levantou-se e pegou-o para ver melhor.
- Ela te deu essa foto?
- Sim. Ela contou que foi tirada em uma festa que ela tinha que cantar e fugiu horas antes.
- É verdade. Ela havia ficado muito nervosa e se escondeu em uma das salas. Puxou de mim isso de fugir e se esconder pelo colégio.
- Ela puxou isso de mim. – Levantou-se também e foi até ela. Pegou o porta-retrato de suas mãos e se sentou na cama. – Era eu quem te induzia a fugir. Você só me obedecia.
- Por favor, Malfoy... – Ela riu debochada, sentando-se ao lado dele e pegando o retrato de volta. – Eu jamais te obedeci. Tudo o que fiz foi por que eu quis. Inclusive fugir daquelas aulas para ficar nos jardins. Pelo menos ela não tem nenhum Filch para vigiá-la.
- Sorte a dela. – Draco foi pegar as taças que estavam em uma mesinha perto das poltronas, encheu-as e voltou para a cama, entregando uma para Gina. – Foram inúmeras as vezes em que ele quase nos pegou. – Tomou um pouco da bebida.
E como se jamais houvessem se separado, mergulhados em nostalgia, recordavam-se dos momentos de juventude em Hogwarts. Entre risadas, deboches e provocações, lembravam dos dias que haviam passado juntos, se divertindo ou até mesmo discutindo.
- Você era tão chato! – Gina dizia rindo, já sem os sapatos, apoiada sobre uma almofada ao encarar Draco deitado à sua frente. – Nunca aceitou que eu, mesmo mulher, jogava melhor do que você.
- Você nunca jogou melhor que eu, Weasley. – Fitou-a com um olhar debochado. – Um dia vamos jogar só nós dois e você vai ver como se joga quadribol de verdade.
- Ah, tá bom! Confesse, Draco; eu era melhor do que você.
- Eu não vou falar nada. Não sou homem de ficar mentindo.
- Malfoy! Eu tinha os melhores planos, eu era a mais rápida pra fugir do Filch, eu jogava quadribol melhor do que você. – Aproximou-se dele e o encarou de perto, com um sorriso. – Confesse, eu era melhor do que você.
Ele a fitou de maneira séria. De repente, ergueu-se e, sentados, um de frente para o outro de maneira próxima, encararam-se.
- Você é melhor do que eu, Gina Weasley. – afirmou sem ao menos piscar e se deitou de novo. A ruiva se voltou para o canto da cama, deu um longo gole na bebida que tinha colocado sobre a mesa de cabeceira.
- Assim é melhor. – comentou, resolvendo levar para o lado da brincadeira o que ele havia dito.
Gina se virou para pegar a garrafa de champanhe, mas viu que estava vazia. Desanimada, deu um último gole no que estava em sua taça. Não falou mais nada, assim como Draco. Um pesado silêncio tomou conta do quarto. De pernas cruzadas, o corpo meio inclinado em quase uma pose, a mulher segurava a taça vazia, fitando concentrada o cristal e o reflexo do quarto sobre ele. O homem já havia deixado a taça vazia de lado e mirava a vista da janela. Começando a se sentir constrangido vendo Gina e ele sobre a cama, quietos, Draco se arrependeu de convidá-la e de ela ter aceito. Os assuntos e as lembranças haviam acabado. Sentindo o peso do silêncio cair sobre suas costas, Gina se levantou. Draco, surpreso pela quebra da monótona cena, ficou de pé, frente a ela.
- Acho melhor eu ir para o quarto. Está ficando tarde. – Ela falou sem fitá-lo, encaixando os sapatos nos pés.
- Está bem. Eu te acompanho até a... – Ele começou e, ao levantar o braço para apontar a porta, desastradamente esbarrou na taça que estava na mão de Gina, deixando-a cair. – Me desculpe.
- Tudo bem.
Os dois se abaixaram rapidamente para pegar os cacos da taça. Enquanto os recolhia, Gina sentiu, muito surpresa, Draco segurar-lhe delicadamente a mão. Encarou-o com os olhos arregalados e a boca quase aberta. Sentiu arrepiar-se por completo com o leve toque. Draco percebeu que ela estava sem ação e, quase que por instinto, ao invés de soltá-la, continuou a segurar e acariciar a mão macia da mulher. Não sabia porque estava fazendo aquilo, só não conseguia evitar. Seus rostos estavam quase colados. Gina piscava sem saber o que fazer, sentindo os dedos dele deslizarem sobre sua mão. Sabia que se deixasse seu olhar se prender no dele tudo cairia por água a baixo e perderia o controle.
- O que nos separa, Ginevra? – Ele perguntou encarando a boca dela com a voz baixa.
- Temos um passado e uma filha. – respondeu ficando de pé, antes que ele fizesse o mesmo. Ainda um frente ao outro, pouquíssimos centímetros separavam seus corpos e menos ainda seus rostos.
- Isso não deveria nos unir ainda mais? – A voz dele quase não passava de um sussurro.
- É complicado...
- O que a vida fez com a gente? Isso não é certo. – dizia aproximando-se lentamente.
- Não adianta falar sobre isso agora. – falou rapidamente, vendo os lábios dele chegando perto demais para que ela pudesse manter qualquer vestígio de razão. Deu um passo para trás, mas sentiu a mão dele puxá-la pela cintura. Aquela inexistência de distância entre seus corpos era muito perigosa. – Não faça isso, por favor...
- Por que, Gina? Por que você não consegue ver que eu não consigo ficar sem você?
- Sei que tem muitas mulheres que estão dispostas a te consolar tanto na cama como fora dela. Susan, não é mesmo?! – Atacar era sua melhor forma de defesa contra ele e contra si mesma. Falava inclinando o corpo para trás, evitando ficar tão perto. Seus olhos exalavam a raiva que sentia ao se lembrar de Susan. Draco soltou-a rapidamente e a fitou de maneira dura. Ela não gostou.
- O que você queria, Weasley? Você está com Harry-Potter-perfeição. Eu também tinha o direito de tentar reconstruir minha vida, não acha? Pois pode ficar feliz porque não está dando certo.
- Eu não fico feliz com isso. Afinal, eu sei como é passar por essa situação. – Gina afirmou mais para si mesma, com o olhar perdido, em tom baixo, mas suficiente para ele ouvir e abrir um sorriso satisfeito. De fato, era uma boa notícia enfim. A ruiva se virou de costas para ele, com os braços cruzados sobre seu corpo, querendo se proteger da fraqueza que estava sentindo. Tentava pensar no que dizer. Sentiu uma respiração próxima de seu ouvido. Uma respiração quente que ela conhecia perfeitamente.
- E então... – Draco aproximou anda mais seus lábios do ouvido dela. Não a viu fechar os olhos, sem conseguir ignorar o delírio que sentia ao tê-lo tão perto. – Se você sabe que não podemos ser felizes separados, por que não cede de uma vez? – disse e levou ao ombro dela suas mãos, que foram descendo suavemente até o braço, onde a segurou forte. – Você não tem idéia do que eu sinto. De como meus lábios anseiam por poder sentir o sabor do seu corpo novamente. – falou e beijou docemente seu pescoço e sentiu-a estremecer. – Não tem idéia de como meu corpo deseja o seu a cada dia e a cada noite.
- Aí é que você se engana. – Ela virou-se e abriu os olhos marejados, encarando-o fixamente. Seu olhar quase como uma carícia, admirando os lábios do homem que pareciam ser esculpidos para beijar. – Eu tenho plena consciência de tudo o que você diz, porque eu sinto o mesmo. – Gina não conseguia fugir do olhar tão envolvente dele. Já não podia controlar as lágrimas que caíam de seus olhos. – Por que você não voltou, Draco? Não tinha acabado, nossa relação não tinha acabado. Juntos poderíamos ter enfrentado qualquer coisa. Agora é tarde demais. – Ela ameaçou se virar de costas para ele, mas Draco a segurou firme, para que ela não desviasse os olhos dele.
- Não tinha acabado e ainda não acabou.
Draco, não se importando com mais nada que pudesse atrapalhá-los, aproximou sua boca da dela e sentiu o perfume da ruiva, que sem saber o que fazer completamente envolvida por aquela situação, apenas fechou os olhos e esperou pelo que poderia acontecer.

N/A:Oi gente!!!!! Antes de tudo eu quero pedir muitas muitas muitas desculpas pela IMENSA demora na atualização! O pior de tudo é que o capítulo tão pronto há um tempinho, mas eu tive alguns problemas pessoais e fiquei duas semanas fora de casa... o que acabou me atrasando em muitas coisas, e uma delas foi na atualização da fic. Eu peço desculpas de novo ^^ Bem, espero que gostem do capítulo e prometo tentar ir o mais rápido possível pro próximo capítulo! Torçam por mim pra que nada mais venha a me atrapalhar, pq tá dificil =/
~Gabih Potter Black: hauhauahuahuha! td mundo ficou revoltado com a crise de consciencia de draco, tadinho... mas dps de tantos foras q a ruivinha deu no draquinho ela bem q merecia ficar xupando dedo ;p eu tb adorei conversar com vc naquele dia... vc eh um amor ^^
~Tai Malfoy: hauhauahuah! não me mate por favor, eu não sou má ;p hauhauha calma q o beijo vem... quero ver td mundo bem ansioso hauhauhauh! bem, eu naum andei mt pelo msn pq eu naum tava em casa neh, como eu disse ali em cima =/ espero q goste desse cap ^^
~Ninha Costa: querida... vc por aqui tb ^^ brigada x) não vou decepcionar
~miss_krum: brigada pela review x) ele jah agarrou a ruiva um pouquinho... será q vai agarrar mais no próximo ou vai ter tapão na cara? hein? hein? hauhauhau ;p
É isso aí, espero muitas reviews hein! Poxa gente, eu já recebi mais, tô começando a ficar triste =/ Mesmo que seja pra críticas! Quero REVIEWS! Até o próximo capítulo o/ BjOk'S da LiKa =*

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