Bienvenue vers Paris



Gina, ainda adormecida, estava abraçada ao seu travesseiro com um meio sorriso no rosto. Parecia estar tendo um bom sonho como há muitos dias não tinha, apesar da discussão do dia anterior que a fizera demorar a dormir. Sabia que Harry não merecia o que ela estava fazendo, mas não podia simular sentimentos que não tinha. De repente, sentiu alguém balançar seu corpo insistentemente. Abriu os olhos com muita dificuldade, devido à claridade que invadia o quarto pela janela já aberta. Encontrou os olhos grandes da filha sobre ela.
- Vamos, mamãe!! – A pequena gritava, apressando-a. Sacudiu ainda mais a mãe pelo ombro e jogou o peso do corpo sobre o dela, com o intuito de fazê-la se levantar logo. – Draco já chegou e está lá na sala te esperando! Vamos!
- O quê?! – Deu um salto da cama, exasperada, os olhos arregalados. – Como assim “Draco está na sala”?
- Você tava dormindo e ele tocou a campainha. Deixei ele subir enquanto eu te acordava.
- Eu não acredito! – Calçou rapidamente seus chinelos, correu até o guarda-roupas e pegou a roupa que tinha separado na noite anterior. Um taieur discreto, com a saia na altura dos joelhos, sobre a impecável camisa banca. A meia calça era cor da pele. – Meu amor, peça para ele esperar que em 15 minutos estou pronta.
- Está bem. – disse sorrindo e foi alegremente para a sala.
Gina pegou as peças íntimas que usaria e procurou por seus sapatos, scarpins pretos. Lembrou que eles estavam no banheiro. Com tudo que usaria em mãos, ia abrir a porta para sair quando se olhou no espelho. Como atravessaria a sala para ir até o banheiro com aquela cara de quem acabara de acordar e aquele cabelo desgrenhado? Não seria nada demais se Draco não estivesse lá. Riu de si mesma, vendo a forma que pensava, parecendo uma adolescente. Mas mesmo assim não apareceria daquele jeito na frente dele. Abriu a porta levemente e viu pela fresta a filha na frente do homem, que estava sentado no sofá. Ele parecia distraído com a menina, então tinha que ser rápida. Em menos de dois segundos correu até o banheiro, sem nem ao menos olhar para os lados, ignorando o chamado de Draco. Fechou a porta rapidamente, aliviada. Pôs as roupas sobre o cesto fechado e ia encher a banheira quando se lembrou de que não tinha tempo. Lamentou, pois havia planejado um bom banho antes da viagem, mas pelo jeito havia dormido demais, o que, de fato, não era algo ruim já que eram raras as noites em que ela dormia tão bem. Tomou uma ducha rápida e foi se arrumar. Maquiou-se, deixou os cabelos soltos e se vestiu. Por fim, olhou-se no espelho. Havia demorado mais de 15 minutos, mas valera a pena. Estava como queria: discreta, mas bonita. Não iria para Paris com Draco de qualquer jeito, mesmo que fosse apenas no papel de sua secretária. “Seria maravilhoso fazer essa viagem em outras circunstâncias.” pensou desanimada ao se imaginar passeando à noite pela bela cidade com o homem ao seu lado. Uma perfeita viagem romântica. Na verdade, um perfeito sonho romântico, afinal, aquilo não aconteceria. Parada em frente ao espelho, apontou para seu próprio reflexo. “Você é só a secretária dele, Gina. Só a secretária e nada mais. Você não vai se aproximar dele durante essa viagem!” ordenava a si mesma. Deu mais uma última olhada na sua imagem e saiu do banheiro. Viu Draco ainda sentado, enquanto contava algo que prendia muito a atenção de Diana. Tossiu levemente para que percebessem sua presença.
- Bom dia. – falou com um pequeno sorriso, tentando manter um ar formal, mas simpático. Aproximou-se deles.
- Bom dia... – Levantou-se para cumprimentá-la e não pôde deixar de reparar em como ela havia se arrumado.
Draco passara grande parte da noite passada tentando se convencer de que deveria se comportar durante a viagem. Sabia que passar aqueles dias com Gina em Paris seria não só difícil, mas torturante também. No entanto, tinha que continuar tentando se manter afastado, pois prometera a si mesmo que não se iludiria novamente com uma possível reconciliação. Já tiveram muitas oportunidades de voltarem a ficar juntos, e se Gina não dera qualquer possibilidade de chance, era porque ela realmente não o queria. Além do mais, estava com Susan e tinha que respeitá-la, mesmo que fosse difícil.
- Vamos direto para o aeroporto? – perguntou a mulher, já constrangida com o olhar tão insistente dele sobre ela, mas não se incomodou tanto, afinal, não era ruim. Diana percebeu a situação entre os dois e disfarçou um pequeno riso exaltado. Tal situação mostrava algo que ela muito desejava, e por isso ficou tão feliz ao saber que a mãe viajaria com Draco. Entendeu perfeitamente que não seria bom ela ir e, além do mais, gostara da idéia de ficar alguns dias com os tios e o primo.
- Sim. Você avisou ao seu irmão que a gente passaria na casa dele para deixar Diana?
- Aham. Deixamos ela lá e depois ele a leva para ao colégio com Josh.
- Está perfeito, então. – afirmou e lançou um olhar muito misterioso para Gina. Um olhar de quem estava mais do que ansiosa com a viagem. – Já pegou suas coisas? – perguntou ao se abaixar até a filha, que já estava arrumada antes mesmo da mãe acordar.
- Já! – gritou e pulou em seu colo ao apontar para uma mochila que estava sobre a mesa.
- E suas malas já estão prontas? – Referiu-se agora à mulher, levantando-se com dificuldade com a menina no colo, que o abraçava carinhosamente com os braços envoltos em seu pescoço.
- Está no quarto, vou pegar. – Correu até o cômodo e pegou a mala que preparara na noite anterior. Quando voltou para sala, Draco pôs a menina no chão e se apressou em pegar a bagagem, que parecia pesada.
- Deixe que eu levo.
- Ah, obrigada. – Sorriu agradecida e tentou ignorar o leve toque da mão dele na sua. – É o Dany que vai nos levar?
- Não, ele tem muito trabalho na empresa. Vamos no meu carro mesmo.
- Ahm... está bem. – concordou um tanto hesitante com a idéia de ir sozinha no carro dele. Lembrou-se da noite em que fora atropelada e do dia em que contaram a verdade para Diana. Aquele carro já tinha histórias demais para seu gosto. – Vamos então?
- Vamos! – Diana gritou animada e correu para pegar sua mochila. Abriu a porta para que Draco passasse na frente.
Desceram até a entrada do prédio onde o carro de Draco estava estacionado. Ele pegou a mala de Gina e a pôs no porta-malas, junto com a sua. Depois pegou Diana no colo e a pôs no banco de trás, como sempre fazia quando saíam. Abriu a porta do carona para que Gina entrasse. Ela agradeceu timidamente e sorriu. A ruiva se sentiu um pouco estranha em estar ali com a filha e Draco. Pareciam uma verdadeira e típica família. Apesar de estranho, trazia-lhe uma sensação boa. Sorriu por dentro.
Pouco tempo depois chegaram na casa de Rony. Gina se apressou em sair antes que Draco resolvesse dar uma de cavalheiro e novamente a deixasse constrangida com seu olhar. Ele percebeu a intenção dela e riu. Pegou a menina no colo e a mulher pegou a mochila. A ruiva foi na frente e tocou a campainha. Torceu para que Hermione aparecesse ali, e não o irmão. Não seria nada agradável um encontro entre ele e Draco naquele momento. Para seu agrado, a mulher grávida abriu a porta.
- Querida. – Sorriu e abraçou Gina com carinho. Fez cara de desgosto ao ver Malfoy atrás dela. – Olá, Malfoy.
- Bom dia, senhora Weasley. – disse em tom provocativo, disfarçando um sorriso debochado. Hermione o encarou ainda mais séria, mas sem perder a calma. Naquelas últimas semanas de gravidez pouca coisa tirava a calma da mulher. – Vá com sua tia. – Ele falou ao pôr a menina no chão.
- Está bem. – Ela concordou e puxou a borda do seu blazer para que ele se abaixasse até ela.
- Vou sentir saudades. Volta logo, tá? – Acariciou o rosto do pai e colocou as mechas do cabelo dele que lhe caíam sobre seus olhos para trás.
- É lógico que voltarei. Também não vou agüentar ficar muito tempo longe da minha princesinha.
- Você vai cuidar da minha mãe?
- Com certeza. – disse ao lançar um olhar intenso para Gina, que abaixou a cabeça constrangida. Ele riu novamente. – Sempre vou cuidar de sua mãe, mesmo que ela não queira.
- É melhor entrar logo, filha. – Gina se apressou em puxar a menina pela mão. Não estava gostando nada do rumo da conversa. Deu um beijo no topo da cabeça da menina e lhe entregou a mochila. – Comporte-se bem e não dê trabalho para seus tios. Faça o dever de casa, tome banho direitinho...
- Lave atrás das orelhas, escove os dentes e não vá dormir tarde. – A menina interrompeu, completando perfeitamente o que a mãe diria num tom de que sabia de cor aquilo que ela sempre repetia.
- Isso mesmo! Aprendeu direitinho, agora vá.
Hermione riu ao ver menina passar por ela na porta como um furacão.
- E então, como você está? – Gina perguntou ao alisar a barriga da cunhada com carinho. Estava ansiosa por ser tia novamente e ver um novo bebê na família.
- É horrível para dormir, e às vezes eu sinto umas dores estranhas, mas Molly disse que é normal.
- É verdade. Eu sentia muito, faltando pouco tempo. Depois acabou parando e só voltou quando estava perto de ganhar Diana.
- Eu me lembro... E você, como está? – perguntou séria ao lançar um olhar direto para Draco, que estava um pouco atrás, próximo de uma árvore, observando sem nenhuma atenção suas folhas. O homem logo percebeu que começava a se tornar o assunto das duas.
- Levando... vai ser difícil. – disse baixo para que ele não ouvisse.
- Cuidado, Gina. Não caia na lábia dele. Rony não gostou nada dessa viagem e ontem Harry esteve aqui. Ele também não está nada feliz com isso.
- Eu sei, ele brigou comigo à noite. Mas Harry tem que entender que é o meu trabalho. Eu não posso simplesmente dizer que não vou. Se pudesse, eu seria a primeira a negar. – indagou-se se aquilo seria realmente verdade.
- Você tem que deixar claro que...
- Ginevra, tenho que falar com você. – Rony aparecera de repente atrás da esposa com o olhar sério. Ao olhar um pouco mais para trás da irmã viu Draco. Contorceu a boca, possuído por uma raiva incontrolável, seus punhos cerrados. – Malfoy... – gemeu e ameaçou partir para cima dele, mas Hermione o segurou e Gina se meteu na frente.
- Pare, Rony. Aqui não, por favor. – Gina pedia na frente do irmão, com as mãos sobre o ombro dele.
- O que foi, Weasley? – Draco indagou se aproximando por detrás da ruiva, provocante. – Quer falar comigo?
- Seu filho da mãe! – Rony tentava passar por Gina, enfurecido, mas a ruiva não permitia que ele se movesse. – O que faz aqui?
- Eu vim trazer minha filha, por quê? Achei que estivesse tudo combinado. – comentou com o olhar sério, mas muito irônico.
- Não se faça de cínico. Você volta do nada achando que tem o direito de se meter na vida da minha irmã como se nada tivesse acontecido. Pois eu te digo uma coisa, ela estava melhor quando você estava morto!
Draco apenas o fitou. Poderia falar muitas coisas e continuar aquela discussão, que poderia se transformar numa briga, mas aquele não era o melhor momento nem lugar para isso. Olhou para o relógio. Tinha que ir embora ou perderiam o avião. E, mais do que isso, não podia negar que a afirmação de Rony podia muito bem ser verdadeira e aquilo era algo que o deixava extremamente chateado. Aproximou-se mais.
- Eu adoraria continuar essa agradável conversa, mas tenho um avião para pegar. – falava com o tom de voz muito calmo. – Tenho não, temos: eu e Gina. – afirmou ao pôr as mãos sobre o ombro dela. Sabia que Rony não gostaria daquilo. Não queria brigar, mas uma provocação sempre caía bem quando se tratava de Ronald Weasley.
- Seu idiota! Por que você não morre de novo? Diana não merece crescer com um pai que foi covarde o suficiente para fugir e fingir que estava morto!
- É muito fácil pra você falar, não é, Weasley? – Começou com a voz muito baixa, os olhos queimando em ódio. Não permitiria que ele continuasse a dizer aquelas coisas. – Você e sua vidinha perfeita. Pois eu não devo explicação nenhuma a você. O que eu tinha pra dizer eu já disse para Gina, que é a única envolvida nesta história. Não te culpo de ter raiva ou ódio de mim, mas eu não vou ficar aqui pra discutir, não mesmo.
Deu as costas e foi em direção ao carro, mas se virou novamente ao perceber que estava indo sozinho.
- Ginevra, temos que ir...
- Está bem. – concordou rapidamente sem olhá-lo.
- Você fica recebendo ordens desse imbecil? – indagou Rony furioso.
- Ele é meu chefe, Ronald! – Gina gritou irritada com toda aquela confusão. – É lógico que eu recebo ordens dele. E páre de se meter na minha vida. Eu agradeço pela preocupação, mas não sou mais criança.
Rony a encarou sério, quase magoado. Sacudiu a cabeça negativamente.
- Você fica do lado desse cara? Quem foi que te ajudou a cuidar de sua filha? – Gina ia responder, mas Rony continuou a falar. – Fomos nós! Quem foi que te acolheu quando esse cara sumiu? Fomos nós! E quem foi o homem que ficou ao seu lado mesmo não tendo obrigação nenhuma? Pois eu te digo, foi o Harry! E foi com ele que você brigou para viajar com esse idiota!? É comigo que você briga pra defendê-lo!? Fomos nós e não ele que te ajudamos em tudo, mas mesmo assim você o defende, ao invés de me deixar enfiar uns bons socos no meio dessa cara branca dele!
- Droga, Rony, é meu trabalho! Eu não quero brigar com você... – Gina se aproximou e o abraçou. – Me desculpe se eu falei algo que tenha te deixado chateado, mas só quero que você entenda que é o meu trabalho, eu tenho que ir. E não quero que Diana veja o pai e o tio brigando. – Soltou-o e o encarou. – Não fique julgando tanto Draco. O que ele fez afetou a mim, deixe que eu o julgue.
Rony suspirou. Não estava disposto a continuar aquela conversa. Sabia que em certos momentos não era inteligente discutir com Gina. Jamais concordariam naquele assunto.
- Cuide-se, Gina. – disse um tanto aborrecido e entrou, deixando a irmã sem palavras, com um olhar triste.
- Não ligue para seu irmão. – Hermione começou, muito chateada em ver os dois brigarem daquela forma. – Você sabe como ele é nervoso. Eu vou conversar com ele depois.
- Obrigada, Mione. Eu tenho que ir agora...
- Vá tranqüila. – Deu um abraço e um beijo na ruiva. – Cuide-se bem e não se preocupe.
Gina sorriu um tanto triste e foi para o carro, passando por Draco, que ainda estava de pé no mesmo lugar, sem nem ao menos olhá-lo. Ao vera ruiva indo para o carro, voltou até onde Hermione estava.
- Obrigado, eh... Hermione. – disse um tanto sem jeito em falar aquele nome, fazendo o máximo para tentar ser educado. – Por ficar com Diana.
- Eu sempre fiquei com a menina quando Gina precisou. Agora não seria diferente. De qualquer forma, de nada.
Hermione viu o homem se afastar, após dar um pequeno sorriso. Não entendeu. Ele realmente a havia chamado pelo nome e depois lhe agradecido? Riu sozinha. Ele parecia ser outra pessoa, ou, no mínimo, estar mudando.
Draco entrou no carro e viu Gina de cabeça baixa. Ela parecia triste e ele sabia o porquê. Não entendia a relação de irmãos, mas podia imaginar o quanto devia ser difícil para ela brigar com o irmão com quem sempre estivera. Com certeza a conversa há pouco a havia aborrecido.
- Me desculpe. – começou com a voz branda. – Eu não queria brigar com seu irmão, mas...
- Tudo bem. – interrompeu-o de imediato. – Vamos logo ou perderemos o avião.
Draco entendeu que ela não só não queria falar sobre aquilo como também não queria aproximação. Respeitaria sua vontade.

Chegaram no aeroporto rapidamente, por sorte, já que o avião estava prestes a decolar. Apressaram-se e conseguiram embarcar a tempo. Gina se impressionou ao entrar. Nunca havia entrado em tal máquina, afinal, nunca precisara. Sabia que seria mais rápido se fossem por pó de flú, aparatando, ou por qualquer outro modo bruxo, mas não podia se esquecer de que estava no mundo trouxa e seu destino era um lugar também trouxa. Como explicariam se aparecessem do nada em uma lareira? O avião era a melhor opção e parecia bem confortável. Seria uma boa experiência.
Os assentos de Draco e Gina eram lado a lado. A ruiva, no canto, à janela, e ele ao seu lado. Viajariam algumas horas juntos, muito próximos. Ela não gostou nada da idéia, mas não havia o que fazer. Mal se acomodaram e o avião começou a decolar. Gina agarrou a mão de Draco num impulso, tomada por um susto repentino. Somente depois de alguns minutos, quando o vôo parecia estável, foi que ela percebeu o que estava fazendo. Soltou-o rapidamente e voltou a mão para si mesma, fingindo não ver o riso dele. Logo depois, uma aeromoça apareceu, perguntando se estavam bem e se desejavam alguma coisa. Gina não pôde deixar de perceber os olhares e a atenção exagerada dela com Draco. Controlou-se. Não deixaria ele perceber que ela tinha ciúmes dele. Além do mais, tinha consciência de que ele era um homem que chamava a atenção, e durante aqueles dias seria obrigada a conviver com aquele tipo de situação. Não levou nem um minuto para que a aeromoça voltasse com o drinque que Draco pedira.
- Tem certeza de que não deseja nada? – Draco perguntou a Gina ao pegar o copo. Não percebeu o olhar fuzilante da ruiva sobre a funcionária da empresa de aviação ao ver a maneira com que ela tentou acariciar a mão de Draco ao lhe entregar o copo.
- Não. – disse e se voltou para a janela para fitar as nuvens que começavam a aparecer ao seu lado.
Draco deu de ombros, sem entender a atitude da mulher, agradeceu à aeromoça e bebericou a bebida. Só queria relaxar.
Durante o vôo, Gina se manteve muito quieta. Algumas vezes Draco falava sobre a viagem e o que deveriam fazer durante os quatro dias do congresso, mas ela apenas concordava, sem dar muita atenção para ele. O homem acabou por desistir de tentar manter uma conversa e achou melhor descansar um pouco. Reclinou o banco e, apoiando a cabeça no encosto, fechou os olhos. Gina, com a revista que pegara para tentar afastá-lo em mãos, olhou para ele de canto de olhou e viu que realmente desistira de falar com ela. Era melhor assim.
Quando o avião pousou e Gina escutou a voz da comissária pelos autofalantes, apenas agradeceu mentalmente e, jogando a revista de lado, retirou o cinto. Estava aliviada por ter chegado em segurança. Ia se levantar quando viu Draco imóvel, ainda dormindo. Bufou impacientemente, desejando apenas sair do avião. Ia sacudi-lo, mas não resistiu em fitá-lo, aproveitando a liberdade que o momento lhe proporcionava. Viu os cabelos dele caírem sobre seus olhos fechados. Era uma figura quase angelical que lhe transmitia uma grande paz. Pôde ver, por alguns segundos, a própria filha dormindo. Sorriu. “Ah, Merlin, por que ele tinha que ser tão lindo?” indagava-se, pensando no quanto era difícil fingir estar indiferente a ele. Poderia ficar ali infinitamente, fitando-o daquela forma tão próxima, mas as últimas pessoas já saiam do avião. Achou melhor chamá-lo.
- Draco, acorde. Já chegamos. – Ela disse docemente, com a voz suave, tocando levemente em seu ombro.
Rapidamente ele abriu os olhos, ligeiramente assustado. Virou para o lado, encarando-a. Depois sorriu.
- Eu estava quase dormindo... – disse sonolento, piscando algumas vezes para despertar. Ergueu o corpo da poltrona.
- Sim, quase. – Encarou-o com um olhar irônico e um meio sorriso. – Vamos?
Ele sorriu novamente, vendo como ela parecia estar com o humor um pouco melhor. Definitivamente não conseguia entendê-la.
Após desembarcarem e pegarem suas malas, foram para a entrada do aeroporto pegar um táxi, que já os esperava. Seguiriam direto para o hotel onde seria realizado o congresso, para poderem se instalar, pois ficariam hospedados no mesmo local. O presidente da Seilansys avisara Draco no dia anterior que os quartos estavam reservados. Ao caminho, o loiro mostrava para Gina a cidade e as avenidas pelas quais passavam. A ruiva não continha o encanto. Tudo era muito bonito. Havia realmente um clima diferente naquela cidade. Não conseguia acreditar que estava ali. Mal esperava para poder conhecer a noite tão famosa do lugar.
Em pouco tempo chegaram no hotel. Ao descerem do táxi e pegarem suas malas, Gina entreabriu a boca, sem disfarçar o espanto. Era enorme. Nem ao menos viu o funcionário do hotel falar com Draco e levar as malas deles para dentro. O homem, vendo como a ruiva estava impressionada, se aproximou e parou ao lado dela.
- Isso porque você não viu as piscinas e os salões. – Ele comentou, fitando a fachada do hotel.
- Viemos realmente a trabalho? – Sem tirar os olhos da construção, ela não segurou a pergunta, afinal era tudo perfeito demais.
- Não esqueça que você é funcionária da DMG's Company. – respondeu orgulhoso, puxando-a pelas escadas acima.
Passando pelas portas de vidro escuro entraram na recepção, que era ainda mais bonita, com um ambiente muito bem decorado. Havia ali muitas pessoas. Algumas pareciam estar chegando, outras, partindo. Estava, de fato, muito movimentado. Draco foi se aproximando da bancada principal, um pouco mais ao fundo, e Gina foi atrás, ainda encarando o lugar e cada um de seus detalhes.
- Bom dia, viemos para o congresso da Seilansys. – Draco, muito educado, disse à mulher sentada à sua frente, enquanto ela mexia em um computador.
- Nomes, por favor. – Ela dizia em um inglês muito estranho, com um grande sotaque francês.
- Draco Malfoy e Ginevra Weasley.
Ela levou alguns segundos para contatá-los. Quando os viu na lista de reservas, sorriu aos dois.
- Sejam bem-vindos. Aqui está o folheto que o Senhor Robert Murray pediu para entregar a todos que vieram para o congresso. – Ela estendeu duas folhas. Draco pegou-as e entregou uma a Gina. Depois ela entregou duas chaves. – Os quartos ficam no quarto andar. Esperamos que tenham uma boa estada e qualquer coisa, é só nos comunicar.
- Muito obrigado. – Ele disse e se voltou para Gina, que estava atrás dele. – Vejo que está gostando do lugar.
- É maravilhoso. – comentou com um sorriso e o olhar perdido no teto todo pintado e desenhado.
Draco sorriu e entregou a ela sua chave. Ao verem os números dos quartos, repararam logo que não só estavam no mesmo andar como também seus quartos eram lado a lado. Passou pela cabeça de Gina se aquilo seria obra de Draco, mas vendo seu rosto também surpreso concluiu que ele não faria aquilo. O rapaz que levava o carrinho com suas malas os acompanhou até o andar certo. Enquanto ele ia na frente, com as cópias das chaves, Gina caminhava ao lado de Draco, sem perder nenhum detalhe do hotel, desde a pintura até o rodapé e os vasos de planta.
- Imagino que aqui é onde ficam as melhores suítes. – A mulher falou sem olhá-lo, percebendo logo o nível do lugar.
- Sim, é verdade.
- Eu imaginei que fosse ficar com um quarto mais simples, com outras secretárias, não sei...
- Na verdade, eu pedi para Robert reservar uma boa suíte para você. Achei que fosse gostar.
- E como eu não gostaria? – Sorriu, sem jeito. – É que...
- Aqui é o quarto da senhora. – O rapaz interrompeu-a sem perceber, parando de frente pra ela, apontando para a porta ao lado, já aberta. Pegou suas malas e entrou no cômodo. Gina lançou um sorriso para Draco e agradeceu. Logo em seguida foi atrás do rapaz. Ao pôr os pés no quarto, olhou em volta, sem ao menos piscar. – Qualquer coisa que precisar pode usar o telefone, a lista de números está ao lado do aparelho. – Continuou o funcionário, mesmo a mulher não lhe dando atenção. Ele pôs as malas ao lado da cama e mostrou o telefone, depois o banheiro.
A ruiva nem escutou o que ele disse antes de sair e fechar a porta. Como poderia prestar atenção em outra coisa senão naquele quarto? Rodou o olhar em volta por mais uma vez. A decoração era toda em vinho e dourado, lembrando-lhe muito Hogwarts, mas era muito mais luxuoso. Observou cada móvel e seus detalhes. A estante com aparelhos eletrônicos, a enorme TV na parede, o belíssimo armário com gavetas, o abajur sobre o criado-mudo, a escrivaninha, a luminária extraordinária, tudo era lindo. Correu e se jogou na enorme cama. Quase pôde se sentir afundar naquela colcha tão macia em meio aos travesseiros. Fechou os olhos. Nunca se imaginou em um lugar parecido, com tanto conforto e luxo. Sua vida tão difícil não lhe permitiria aquilo. Olhou para o lado distraidamente e, vendo a cortina também vinho com bordados dourados, levantou-se. Foi até ali e acariciou o tecido, muito fino por sinal. Se havia ali cortinas era por causa de uma janela. Pensando nisso, abriu as cortinas e sentiu seu queixo cair ao se deparar com a vista. Havia com uma porta de vidro corrente que dava para uma sacada. Apressou-se em abri-la. Ali não só dava para as piscinas do hotel como, mais ao fundo podia ver o Rio Sena e a Torre Eiffel. Era mais bonito do que podia imaginar. Debruçou-se no parapeito da sacada para poder ver melhor. “Magnífico” pensou excitada. Despertou de seus pensamentos ao escutar batidas na porta. Correu até ela e, ao abrir, encontrou Draco.
- Já arrumou suas coisas? – Ele perguntou amistosamente.
- Ainda não, estava conhecendo o quarto. É belíssimo. – Saiu de perto da porta e se aproximou dele, meio sem jeito. – Obrigada pela surpresa. – Sorriu sem conseguir fitá-lo.
Draco a encarou sério, pensando no que dizer e, ao mesmo tempo, quase se deixando perder no sorriso dela. Aproximou-se ainda mais, quase colando os rostos. Respirou fundo, querendo dizer algumas coisas que tinha em mente durante todo o dia e que estavam presas em sua garganta. Não sabia ao certo o que era e como falar, mas tinha que tentar. Ela levantou o olhar surpresa, percebendo que ele queria falar-lhe tão proximamente. Fitou-o ansiosa em ouvir.
- Gina, eu queria conversar com você sobre...
- Draco Malfoy! – Uma voz de homem gritou ao fundo do corredor. Os dois se encararam, não acreditando que estavam sendo interrompidos naquele momento. Olharam para o lado e viram o senhor Robert Murray, presidente da Seilansys. Deram um sorriso amarelo, tentando disfarçar a raiva por ele ter aparecido, e se viraram em direção ao homem que se aproximava. – Que bom vê-los. Assim posso falar-lhes pessoalmente. Mas, antes, gostou do quarto, senhorita Weasley? – Ele perguntou muito educado à mulher.
- É fantástico. – Sorria um pouco forçada. O quarto era realmente fantástico, mas ele estar ali estava sendo terrível.
- Não pude negar um pedido do meu novo sócio. – falou animado ao dar dois tapinhas nas costas de Draco, que pareceu não gostar muito do gesto. – Desculpem-me a euforia, mas essa é a primeira conferência organizada pela minha empresa e está tudo ocorrendo como planejado. Vai ser magnífico. – O homem, vestido com um terno sem gravata, não conseguia conter o ânimo. – Bem, eu queria falar que hoje à noite vamos jantar no restaurante do hotel, apenas alguns sócios e outras pessoas importantes do ramo. Teoricamente será apenas um jantar cordial, sem fins de negócio, mas sabemos que entre empresários não existe jantar sem segundas intenções, não é? – Terminou dando uma piscadela e mais uma leve cotovelada em Draco. O loiro respirou fundo e Gina percebeu que ele começava a se irritar. Como se já não bastasse ele ter interrompido uma conversa muito importante que mal conseguira se iniciar. – Espero você às oito, no restaurante.
- É necessária a presença da senhorita Weasley?
- Creio que não. Mas será uma honra ter uma mulher tão bonita como companhia. – Terminou encarando a mulher, que abaixou a cabeça com um sorriso, disfarçando o rosto corado.
Draco o olhou abismado, não acreditando no que estava vendo. Não ficaria ali assistindo o homem cortejar Gina.
- Está bem, combinado. – Meteu-se na frente dele e puxou-lhe a mão para um aperto. – Depois nos encontramos então, um bom dia para o senhor. – Após o aperto continuou parado, entre ele e Gina, com o tom de voz claro de que a conversa estava encerrada.
- Bom dia e até a noite. – Terminou o cumprimento e antes de virar-se para ir embora sorriu mais uma vez para Gina.
Draco sentiu vontade de desfazer qualquer acordo da empresa com aquele homem e pular em seu pescoço para enforcá-lo. Como ele poderia ser tão abusado a ponto de tentar flertar com Gina ali, na sua frente? Voltou-se para a mulher ao ver Robert entrar no elevador.
- Bem, eu acho que não vou jantar com vocês. – Ela falou ainda meio sem jeito, percebendo que Draco não havia gostado muito da conversa e da maneira de agir do presidente da Seilansys.
- É melhor mesmo... – Ele falou impulsivamente sem olhá-la, mas ao perceber o que acabara de falar a viu encará-lo surpresa. Não podia falar daquele jeito. – Digo, seria bom que você fosse. – disse em tom vencido, como se realmente não quisesse o que falava. – Vai ser interessante pra você participar desse jantar, onde discutiremos muitas coisas sobre as quais você precisa estar informada, afinal você não vai ser minha secretária para sempre. Não pode se limitar apenas o que sua função de agora lhe exige.
- Como assim? – perguntou confusa, não entendo o propósito dele em falar aquilo.
- Você vai subir de cargo em pouco tempo e...
- Peraí! – Ela o encarou séria, mas, para surpresa do homem, nada satisfeita com o que escutara. – Eu não quero ter benefícios ou vantagens sobre os outros funcionários pelo que tivemos ou...
- Ginevra, não é nada disso. Eu não vou mentir, se você quisesse é lógico que eu te faria subir na empresa. Eu não sou um bom samaritano como você, esqueceu? – Deu um pequeno sorriso irônico e debochado do velho Malfoy e voltou a ficar sério. – No entanto, sei também que você não aceitaria e até se ofenderia com tal possibilidade, assim como parece estar agora. – Ela concordou com a cabeça. – Mas você tem uma aptidão maior que todos os outros na empresa, e como minha secretária, você está num cargo melhor do que os outros. Eu não vou deixar sua capacidade ser desperdiçada te mantendo como minha secretária por muito tempo. Por mais que eu quisesse isso. – Não resistiu em dizer, lançando um sorriso malicioso e ela também riu, muito sem jeito. – Não vou te obrigar nem nada parecido, mas te aconselho a ir no jantar de hoje à noite.
Ela o encarou pensativa, mas um leve sorriso nos lábios. Tentava disfarçar o quão lisonjeada estava pelas palavras que escutara. Adorava quando Draco dizia aquelas coisas que sempre a colocavam para cima.
- Eu vou então.
- Tomou uma decisão inteligente. Passo aqui às 19h45 para irmos juntos, ok?
- Ok. Eu ainda tenho que arrumar minhas coisas e tudo mais.
- Até a noite. – disse, sorrindo meio de lado com um olhar muito profundo.
- Até a noite... – Mal conseguiu responder com aqueles olhos sobre ela. Foi em direção à porta de seu quarto dando passos para trás e quase tropeçou em seus próprios pés, não conseguindo desviar os olhos dos dele. Sentindo a porta em suas costas sorriu mais uma vez e entrou rapidamente, deixando o homem sozinho no corredor, antes que vacilasse mais.
Draco apenas ficou a observá-la até vê-la entrar no quarto, depois foi para o seu. Ignorou as malas perto da porta, na ante-sala, dirigiu-se para a cama e se deitou. Sua suíte era ainda mais luxuosa que a de Gina, mas para ele nada era uma surpresa já que estava acostumado com aqueles quartos tão grandiosos. Pegou um travesseiro para apoiar sua cabeça e, ao fechar os olhos, lembrou-se do que quase dissera a Gina. Aquela ligeira alegria que estava em seu coração pelo momento que passara com a mulher no corredor, sozinhos, abandonou-o. Indagou-se se realmente deveria fazê-lo. Infelizmente, sabia que sim. Sua vida estava tomando uma direção que o levava para longe do que realmente desejava. Não tentaria nadar contra a maré e tentar viver de esperanças. Já tinha sua filha e sua relação com Susan estava cada vez mais estável. A mulher só não havia viajado com ele porque Draco pedira. Ele não queria ter que agüentar Susan falando de Gina, sendo que a mulher não gostava da ruiva por motivos óbvios. E, além disso, também seria uma situação muito constrangedora para ele ficar ali com as duas. Não suportaria. Mas Susan queria estar com ele, sempre mostrava isso, e era algo que Draco precisava: sentir que alguém realmente gostava dele e que queria estar com ele depois de tantas esperanças com Gina. Era isso que tinha que fazer. Dar um ponto final naquilo e esclarecer a sua situação com a ruiva. “Ela está com o maldito Potter mesmo. Pouco se importa.” disse desgostoso para si mesmo. Só ele sabia o quanto era difícil confessar que sentia inveja de Harry Potter. E como poderia ser diferente? Só de pensar que Potter a tocava como ele desejava, a beijava como ele desejava, sua cabeça doía e seu coração era tomado de furor. Não podia imaginar as mãos dele sobre ela ou simplesmente os dois lado a lado, como um casal. Apertou o travesseiro com ódio desejando que fosse a cabeça do moreno em suas mãos. Levantou-se tentando espantar aqueles pensamentos de sua mente. De nada adiantava ficar daquela forma. Para ele, o destino já havia seguido seu rumo. Só lhe restava tentar se encaixar nele e tentar aceitar.
Foi, então, desfazer suas malas, tentando ocupar sua mente até hora do jantar.

Gina estava colocando seu pequeno brinco de pérola quando escutou batidas na porta. Pela hora deveria ser Draco. Deu mais uma olhada no espelho do banheiro, verificando a maquiagem e os cabelos presos em um coque. Correu para o quarto e fitou seu reflexo agora no enorme espelho perto da cama. Seu vestido preto longo estava muito bem. Comportada, mas elegante. Respirou, colocou um sorriso no rosto e foi em direção à porta.
- Boa noite. – Draco a cumprimentou ao vê-la aparecer pela porta. Fitou-a dos pés a cabeça, disfarçadamente. Ela estava muito bonita. “Vai ser mais difícil do que eu imaginei” pensou com um sorriso para a mulher.
- Boa noite. – Respondeu com um enorme sorriso. – Só vou pegar minha bolsa e já vamos. – disse e voltou para dentro, deixando a porta aberta. Foi até o criado-mudo, onde deixara a pequena bolsa preta de mão. Dali, olhou para a porta rapidamente e viu Draco distraído olhando para o lado. Ele estava muito bonito. Vestia um terno cinza-escuro com uma camisa verde, a gravata no mesmo tom do terno. Sempre elegante e bonito. Gina voltou a atenção novamente para a bolsa e, pegando a chave, saiu.
Os dois foram, pelo elevador, até o solo e depois se encaminharam para o restaurante. Quando chegaram, encontraram Robert numa mesa mais ao fundo com outras pessoas, em sua maioria homens, com exceção de uma mulher. Aproximaram-se.
- Boa noite. – Draco e Gina disseram juntos e cumprimentaram todos com um aperto de mão.
- Que bom que chegaram. Sentem-se. – Robert disse na mesma animação que antes.
Depois das devidas apresentações, Draco observou rapidamente a mesa e viu que havia dois lugares vazios juntos, entre seu novo sócio e um senhor de aparentemente muita idade. Não pensou duas vezes antes de se apressar em puxar a cadeira ao lado do idoso para Gina e se sentar, em seguida, ao lado dela. Não deixaria que ela ficasse ao lado de Robert. ”Esse velho acha que é rapazinho” pensou aborrecido. Gina olhou de rabo de olho, percebendo o que ele fizera. Passara por sua cabeça se ele estava com ciúmes, mas logo ignorou aquela idéia que, para ela, não era possível.
Numa conversa sem nada de especial, comentaram sobre o clube e muitos elogiaram a iniciativa de Robert de promover aquele Congresso. Depois dos comentários triviais, fizeram o pedido. O jantar estava ótimo e a comida maravilhosa. Lógico, estavam em Paris. Somente após a sobremesa a noite chegara ao momento importante. Entre as idéias que tinha para o fim de semana, Robert falou também sobre a associação de sua empresa com a de Draco. Todos conversavam e Gina, que prestava muito a atenção em tudo, fez alguns comentários que deixaram Draco especialmente orgulhoso. A noite havia sido um sucesso e muito proveitosa.
O jantar acabara muito tarde e Draco acompanhou Gina até seu quarto. Pararam em frente à porta dela e ficaram em silêncio. Ela, apoiada na parede, fitando o chão; ele, em frente a ela, fitando as mãos que se moviam inquietas.
- Foi bom o jantar, não foi? – Ele perguntou, incomodado com o silêncio, mas também não querendo ir para o quarto e se separar dela.
- Sim, foi ótimo. A comida estava excelente. – Continuou sem olhá-lo. Mexia no cordão que usava nervosamente. – E os planos são muito bons.
- Sim, os planos são ótimos.
Voltaram a ficar em silêncio. Não tinham sobre o que conversar. Não quando queriam dizer coisas completamente diferentes, que saíam de seus corações, e não tinham qualquer relação com o trabalho.
- Então, até amanhã. – Gina levantou o olhar e o encarou, tentando controlar sua respiração e o ritmo que seu peito, que se movia com o acelerado coração batendo.
- Até amanhã... – Ele a fitou com uma profundidade quase inebriante.
Ela abriu a porta e sorriu para ele, que correspondeu. Virou-se lentamente e entrou, mas antes de fechar a porta deu mais um aceno. Trancou o quarto e suspirou. Era uma grande tortura.
Ele ficou ali parado, sentindo o perfume que ela deixara no corredor. Foi só então que se deu conta de que novamente não havia falado com ela o que queria. Sabia que se não o fizesse o quanto antes, as coisas poderiam sair de seu controle. Mas, afinal, não era aquilo que ele queria no mais profundo de si?
Gina se jogou na cama, com o rosto enterrado entre os travesseiros, como se acabasse de sair do campo de batalha. Guerrear com seus desejos não era fácil. Soltou o cabelo e foi para a sacada do quarto. Abrindo a cortina e a porta de vidro se deparou com uma das cenas mais bonitas de sua vida. A Torre Eiffel parecia ainda mais encantadora à noite. Era incrível. Debruçou-se sobre o parapeito, fitando a Lua que quase se escondia atrás da Torre. Imaginou Draco ali, ao seu lado. Era a única coisa que faltava para que aquela cena se tornasse um conto de fadas. Fechou os olhos e, respirando tranqüilamente, sentiu a brisa gélida bater em seu rosto. Estranhamente, sentiu um perfume forte. Concentrando-se naquele cheiro, reconheceu-o: o perfume de Draco. O perfume que somente ele tinha. Abriu os olhos, procurando inutilmente por ele na sacada. Ele não podia estar ali. Mas por que aquele aroma tão marcante e tão forte? Não sabia, só sabia que era bom e que lhe enchia de algo que não sentia há muito tempo. Uma espécie de satisfação e desejo que não podia explicar. Lembrou-se de quando quase se beijaram no escritório, quando pensava que Draco estava dormindo. Usaria um vira-tempo só para poder beijá-lo naquele momento, não importando as conseqüências que aquilo traria. Seria perfeito poder sentir os lábios dele novamente.
Draco, em seu quarto, tirou o paletó e a gravata e, assim como a ruiva, também foi para a sacada. Não sabia se sentia raiva de si mesmo por não conseguir falar com Gina e acertar a situação deles, ou se ficava feliz por senti-la cada vez mais suave em relação a ele. Ele se perguntava se seriam os ares de Paris que a abrandaram. Poderia ser, mas não importava. Era bom poder se aproximar mais dela, mas que não pudesse e, no final, não desse em nada. Levou o olhar distraidamente para a frente e viu a Torre. Já estivera naquela mesma suíte algumas vezes, mas jamais a Torre parecera tão bonita. Era uma paisagem privilegiada. Tiraria a camisa e se sentar ali para tomar um vinho, mas achou melhor não. Estava um tanto frio e já bebera vinho demais naquele dia. Ia voltar para o quarto quando sentiu um aroma conhecido. Voltou-se para o parapeito e respirou fundo. Um sorriso abriu em seus lábios. Era o perfume de Gina. “Já bebi tanto vinho que já estou até sentindo o cheiro dela.” pensou, sacudindo a cabeça. Mas era estranho o perfume dela estar tão forte ali, onde ela nem ao menos estivera. Olhou para o lado, procurando ver se a janela dela estava ali, mas não conseguia. Uma enorme pilastra da construção não deixava que uma janela tivesse acesso à outra. Inclinou-se o máximo que pode sobre o parapeito, mas conseguiu ver somente o meio da grade da sacada, que era em formato redondo. Quando deu por si e viu o que estava fazendo voltou para o meio da sacada. Provavelmente ela já estaria dormindo e , mesmo se não estivesse, não seria possível o perfume dela chegar até ali. Achou muito estranho, mas, mais que qualquer coisa, delirante poder sentir o aroma dela, como se ela estivesse ali tão perto. Fechando os olhos podia sentir ela entre seus braços e se lembrar da última vez em que estiveram juntos. Havia tanto tempo, mas podia se lembrar perfeitamente de cada palavra, cada olhar, o ritmo da respiração de cada um. Jamais poderia imaginar amar alguém daquela forma. Imaginou o quanto tolo foi escutando os conceitos tão idiotas de seu pai sobre aquele sentimento. Às vezes doía como nada e o fazia se torna uma pessoa muito diferente, fraca e vulnerável, mas ainda sim era bom.
Os dois ficaram por muito tempo na sacada, cada um em seu quarto, sem ao menos saberem que estavam tão perto. Somente quando estava bem tarde os dois foram se deitar, ainda sem esquecerem seus pensamentos.


N/A: Bem, terminei de postar os capítulos que já estão nos outros sites ^^ Em breve eu posto o próximo! Eu só queria avisar uma coisa: as vezes eu posso demorar um pouco para postar, mas não se preocupem porque eu não vou abandonar a fic nunca! É que eu sou vestibulanda O.o Quem é e quem já foi sabe como é, quem ainda não é aproveita porque a vida de vocês ainda é bela. hauhauhauahuahuahuahua! Brincadeirinha ^^ Então nem sempre eu tenho tempo pra escrever... mas qualquer tempinho disponivel eu venho e escrevo. De qualquer forma, vou fazer de tudo para não demorar e vou fazer o possível pra fic ficar 10 pra vcs! E não esqueçam, mandem MUITOS MUITOS MUITOS comentários que eu amo! xD Bjão pra tds ;*

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