Desenterrando velhos segredos
Capítulo 1 – Desenterrando velhos segredos
Uma manhã agradável se fazia em São Francisco, o sol que despontara há algum tempo já se fazia presente iluminando com raios fracos os telhados rubros das casas da cidade e seus moradores que já se preparavam para mais uma jornada de trabalho. Em New Montgomery, numa das muitas residências da rua uma ruiva estava muito impaciente. Seus olhos estavam pregados na porta de sua própria casa, saindo dela apenas quando se deslocavam para o fino relógio de pulso que ela tinha no braço esquerdo.
- LIIIZ, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ DENTRO? – gritou a mulher de dentro de um volvo cinza titânio.
E o silêncio predominava de dentro daquela casa. Um bufo impaciente escapou de seus lábios, seu scarpin preto batendo avidamente contra o assoalho do carro, e o maldito relógio parecia andar cada vez mais rápido.
- Droga, eu vou me atrasar, eu vou me atrasar. LIIIIZ! – gritou a mulher, que estava pronta para enterrar a mão na buzina quando uma figura rapidamente saiu pela porta da casa.
- Nossa Virgínia, que impaciência. – falou a adolescente descendo sem pressa os degraus da entrada da casa antes de abrir a porta do carro, recebendo um olhar zangado da ruiva.
- Por que você demorou tanto?
- CD’s. – disse simplesmente a garota de 15 anos, com um sorriso matreiro no rosto.
A mulher revirou os olhos antes de dar a partida no carro, já havia se atrasado o suficiente.
Draco contraiu o cenho e se arrumou junto ao estofado negro do sofá, os olhos de sua mãe inquisitivos sobre si.
- Como?
- Perguntei se você sabe onde a senhorita Weasley se está morando, porque a muito se sabe que ela deixou Londres, e a Inglaterra. – ela respondeu tranqüila, embora seu rosto mostrasse ainda alguns traços da discussão anterior.
- Por que eu saberia alguma coisa sobre a Weasley? – ele perguntou sem expressão.
Narcisa deu de ombros sentando ereta ao lado do filho.
- Esperava que você me dissesse.
- Pena desagradá-la, mas a muito não sei sobre a ratinha Weasley. – respondeu o loiro com um sorriso debochado levantando-se e indo até a copa.
Narcisa sorriu. Um sorriso sem humor, sem sentimento, quase inconsciente.
- Sabe.. Fui hoje a tarde à Mansão dos Johnson’s. Rebeca se sentiu solitária com o marido, Charlie, viajando com a amante de vinte e oito anos e resolveu fazer um chá para falar mal de outrem. N/A: outrem dos outros, pra quem não sabe – ele riu colocando gelo em um copo e o preenchendo com whisky.
– Nós estávamos em um ótimo papo sobre como as mulheres podem corromper a cabeça de um homem, e como estes homens são estúpidos ao caírem na lábia da tal.
- Uma conversa realmente produtiva como sempre. – zombou, tomando um gole do líquido que lhe desceu queimando a garganta.
- E enquanto estávamos conversando, a Sra. Levoy me chamou a atenção com uma conversa muito curiosa. – ela disse diminuindo o sorriso. Ele olhou para ela sem interesse.
- Qual foi a fofoca da vez?
Agora sem nenhum traço daquele que fora um sorriso, os olhos tomando uma tonalidade escura pregados naquele que bebia distraído.
- Disse-me que eu não precisava ficar muito preocupada sobre o seu casamento com a “nobre francesa” – frisou - e sobre netos a quem encaminhar a herança... Justamente porque você já havia encaminhado um herdeiro há 15 anos atrás. – o copo parou a meio caminho da boca. - Você sabe algo sobre isso, Draco? – e foi neste instante que o tapete se encharcou do líquido que outrora estava no copo de vidro, e um loiro sem palavras segurava, embasbacado, o objeto vazio.
- Dá pra você tirar esse negócio do ouvido?
- Por quê?
- Porque simplesmente você não vai prestar a atenção no que eu digo.
- Mãe, sinceramente, mesmo sem o discman eu posso fazer isso. – sorriu vivamente.
- Fez a prova?
- Que prova?
- A de História da Magia.
Silêncio.
- Liz.
- O que é?
- Você fez a prova?
- Fiz?
- E então..?
A garota correu com a mão o zíper da mochila e tirou de lá um papel amarelado e entregou a mulher.
- Dá pra me explicar que nota é essa?
- Que nota?
- Essa nota. – falou a ruiva com o papel balançando em frente ao rosto.
- Ai mãe, você não pode me condenar por uma notinha de nada.
- Elizabeth, você tirou um T+.
- E daí?
- E daí que o recado da sua professora é: “Sua filha precisa de acompanhamento profissional”.
- E o que aquela velha sabe sobre isso? Todo mundo diz que ela já devia ter morrido na primeira Guerra Mundial.
- Ela é sua PROFESSORA!
- É irrelevante, não quer dizer que porque ela cai aos pedaços por todo o corredor e baba mais que cachorro raivoso, que ela simplesmente pode me deixar de detenção por tirar uma nota ridícula.
- Você foi para a detenção? – perguntou pasma.
A adolescente mordeu a língua e se encolheu contra o banco. Um suspiro cansado saiu dos lábios rosados de Gin.
- Esse é o segundo Trasgo que você recebe Liz, e em menos de 3 meses. – a garota disse algo como: quase 4, mas a mulher não lhe deu atenção. Você sabe o que significa isso não é?
- Que o dinamismo das aulas dela me perturba? – sorriu, mas este morreu ao ver o olhar dela.
- Elizabeth, lembra do que combinamos? Combinamos que você iria se empenhar mais em História da Magia, que mesmo não sendo de seu interesse, é ESSENCIAL para essa bolsa.
Bufou.
– Tá mãe, eu vou me esforçar mais.
- Você sabe que uma oportunidade dessas não pode ser desperdiçada não sabe? – ela acenou afirmativamente. – Sabe que pode desistir se você não..
- Mãe.. Eu não vou perder essa bolsa tá? Não se preocupe. – falou, abrindo a porta do carro. – Eu sei me cuidar.
Gina sorriu para ela, viu a garota por a mochila por sobre um ombro e andar lentamente até a entrada da escola, já com alguns jovens bruxos na entrada. Suspirou cansada, olhou para o relógio novamente e quase atropelou uma moto que havia vindo “do nada”.
Agora, com certeza, ela estava atrasada.
- COMO VOCÊ PÔDE ME ESCONDER ISSO? – agora a Narcisa anterior voltava, em uma versão muito mais raivosa. – COMO VOCÊ PÔDE SIMPLESMENTE ESCONDER TUDO ISSO DA SUA MÃE POR TODOS ESTES ANOS?
O loiro nada disse, estava sentado novamente, com as mãos segurando a cabeça em frente ao tronco, sua cabeça latejando como nunca.
- AHH EU SABIA! SABIA QUE AQUELA RUIVINHA SARDENTA IRIA CAUSAR PROBLEMAS, SABIA QUE AQUELE “Mamãe, a Weasley só foi um passatempo, e blá blá blá” ERA SÓ MAIS UMA MENTIRA! Ahh, como fui tola, tão tola. – a mulher loira andava pela sala nunca se fixando em lugar algum, agora tão descomposta ou mais do que outrora. – E eu sempre passava a mão por cima da sua cabeça e dizia: “Lúcio querido, deixe ele, o Draco está apenas se divertindo.” – afinou a voz. – MAS VOCÊ NÃO PODERIA TER SE DIVERTIDO SEM TIRAR ESSAS MALDITAS CALÇAS?
- Com certeza se eu soubesse do resultado que isso causaria, eu realmente não as teria tirado. – respondeu sarcástico apesar da dor em sua cabeça se aprofundar a cada segundo.
- Ora.. Não me diga que se esqueceu de como se fazem os bebês, Draco. PORQUE PELO VISTO TEREI DE INVESTIGAR SE HÁ APENAS UM BASTARDO SEU ANDANDO POR AÍ.- completou de forma dramática.
- Você quer parar de gritar? Daqui a pouco a comunidade bruxa inteira vai estar sabendo disso.
A mãe o olhou com um olhar mortífero antes de se aproximar brandindo alto.
- E POR QUE VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU GRITANDO DRACO MALFOY?
Foi então que o homem ergueu a cabeça, sua mãe não gritava com ele por causa do que havia ocorrido, gritava porque o boato já havia se espalhado na Londres Bruxa, todos já sabiam de sua aventura com a caçula Weasley. Realmente, a única coisa que queria era enfiar a cabeça na privada.
Os passos apressados da ruiva ecoavam por toda a extensão da longa galeria, correndo o quanto fosse permitido pela saia do terninho preto. Subindo e descendo as escadas rapidamente sem tempo para esperar pelo elevador, e xingando baixo os corredores por serem tão longos ela abriu as portas duplas de vidro e entrou em um grande salão, aonde uma garota morena com um quadro grande vinha correndo ao seu encontro.
- Srta. Weasley, enfim chegou.
- A reunião já começou, Emily? – perguntou a mulher tentando arrumar inutilmente seus cabelos.
- Há 15 minutos, estão todos à sua espera. – a garota de no máximo 20 anos e óculos de aros finos falou.
Um suspiro, e olhos castanhos temerosos voltam-se a morena a sua frente.
- Já estão todos aí? – perguntou receosa.
- Creio que sim. Só faltava mesmo a Srta.
Mais um suspiro, acompanhado agora de um frio na boca do estômago. Seus olhos pararam na porta onde deveria ter entrado há 20 minutos atrás. A porta que a levaria para um futuro promissor naquela empresa. Respirou fundo e pôs no rosto uma expressão firme e confiante, nem um pouco parecida com a realidade, e adentrou pelas portas de carvalho da saleta.
Dentro dela, ela pode ver, já estavam sentados todos os 22 acionistas da empresa, todos os que iriam julgar o seu trabalho, e todos voltaram seus olhos para ela. Abriu um sorriso largo.
- Boa tarde, cavalheiros. Senhoras. – ela cumprimentou recebendo um aceno de cabeça e alguns olhares mais rígidos de outros participantes. – Eu sou Virgínia Weasley, produtora de Marketing da Chanceler, e vou lhes mostrar agora uma nova Steven’s Entertainment.
- Como todos ficaram sabendo? – ele perguntou passando nervosamente a mão pelos cabelos.
- Como você acha? A sociedade fala pelos cotovelos... e Lorrane Levoy fala, infelizmente, mais do que ela.
Draco mordeu a língua para não soltar um impropério. A sociedade bruxa inteira já sabia que havia uma garotinha por aí com o seu sangue correndo pelas veias. Tudo por causa da rainha da fofoca. Aquela velha devia ser queimada viva com um ouriço na b..
- Bem, o que faremos? – se manifestou a Sra. Malfoy cortando a linha de pensamentos do homem.
Ele permaneceu quieto. O rosto sem expressão, os pensamentos inundando sua mente com uma rapidez estrondosa, como queria estar de porre nessa hora, com certeza sua cabeça doeria menos. A mulher loira se sentou novamente e quase com uma calma forçada ela disse.
- Poupe energias Draco, porque com a minha solução, você vai precisar.
Já era tarde quando Gina chegou em casa, abriu a porta com dificuldade por tamanha pilha de papéis que encobriam sua visão. Deixando a pilha de planilhas e sua pasta em cima da bancada da sala mal iluminada, a ruiva deixou-se cair sobre o sofá branco, e pôs-se a tirar os sapatos que estavam a lhe matar a tarde inteira. Sentindo seus dedos livres ela se deitou livremente no móvel, permitindo-se fechar os olhos castanhos e aninhar-se as almofadas macias. Liz com certeza sabia escolher almofadas, pensou ela rindo bobamente. Lembrou-se então da filha e não reprimiu um palavrão ao fazê-lo. Esquecera de pegá-la depois do treino... de novo.
Notando só agora a música alta que devia estar vindo do andar superior da casa ela deu um suspiro e levantando-se rapidamente andou a passos lentos até o outro andar, o som ficando cada vez mais alto a cada passo. Parou em frente ao quarto da filha de onde, já sabia, que originava o barulho e como não houve resposta as suas batidas, ela adentrou no quarto, vendo sua, não mais tão pequena, filha deitada de bruços sobre a cama com alguns pergaminhos espalhados à sua frente.
- Hey mãe. – foi o que ela conseguiu distinguir em meio a melodia que tocava.
- O que está fazendo? – falou alto.
- Estudando. - respondeu, ao que a ruiva riu divertida.
- Com a música a nesse volume?- a garota deu de ombros.
- Me ajuda a pensar. – rebateu, batendo a pena contra o pergaminho com um leve curvar de lábios.
- Será que você consegue pensar com ele mais baixo? – perguntou cruzando os braços junto ao peito.
A menina ergueu o controle e levemente a música foi diminuindo.
- Meus ouvidos agradecem. – brincou, sorrindo. Olhou para a filha que agora estudava um dos pergaminhos antes caídos sobre a cama e chegou mais perto se sentando sobre o leito macio. – Desculpe não ter pegado você hoje.
A menina deu de ombros.
- Sem problemas. – respondeu simplesmente, não tirando os olhos dos papéis. A ruiva mordeu o lábio.
- Alongaram a minha reunião mais do que o previsto, e me deram alguns papéis para eu analisar antes do acordo.
- Conseguiu a promoção? – perguntou erguendo os olhos para fitar os castanhos da mãe. Esta acenou positivamente com a cabeça, arrancando um sorriso da filha. – Isso é ótimo.
- É, amanhã vão me mostrar a empresa que eu terei de trabalhar.
- Bom. – disse, voltando os olhos novamente para os pergaminhos.
- Ficou brava?
- De você não ter me pego no treino? – perguntou olhando para ela. - Não.- Sorriu. -Talvez um pouco aborrecida, mas brava não. – Riu ao ver a expressão descrente dela, logo recebendo uma sessão de cócegas.
- Ainda bem que não aborreci a ladyzinha.
- Meu poder está bem acima disso. – brincou. – E Ladyzinha parece chamado de cachorro, então no way. – a outra riu, suspirando levemente.
- Eu vou tentar ir mais aos treinos.
- Desde que você vá ao último jogo da temporada para mim já está bom. - disse. – Agora me deixa estudar antes que você reclame que eu não o faço. – fingiu-se ofendida. Ela sorriu dando um beijo na filha.
- Boa noite. - sussurrou antes de levantar-se e deixar o quarto ouvindo a música tomar o corredor novamente.
Um moreno, alto, de bonitos olhos castanhos e porte atlético andava calmamente pelos corredores da “Insigne”, a empresa de construção e design de vassouras que mais crescia nos últimos três anos, ainda mais com a sua mais nova aquisição, a Insigne 6.0, a vassoura mais rápida já inventada, um verdadeiro investimento gasto com uma pequena fortuna, mas bem gasto. Este se encontrava no corredor principal andando até a sala do proprietário daquela fábrica de dinheiro.
- Chamou patrãozinho? – perguntou sarcástico dando batidinhas na porta, mas o loiro que agora não mais se encontrava de pijamas e sim com um belo terno grafite com os cabelos completamente alinhados nem ao menos levantou os olhos cinzentos dos papéis sobre a mesa.
- Quero que você faça uma coisa para mim, Zabine.
- Pode falar.
- Descubra qual o endereço de Virgínia Molly Weasley, em São Francisco. – o moreno curvou o cenho.
- E pra que você quer isso?
- Preciso fazer uma visitinha a ela. – respondeu elevando os olhos, deixando um moreno ainda mais confuso.
- E por que você faria isso?
- Digamos que eu preciso resolver um assunto inacabado.
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N/A: Fic nova gurizada.. dá uma ajuda comentando e votando. ;)
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