Visita nada Ocasional



Disclaimer: Blá, blá, blá não é meu. Blá, blá, blá.. não ganho nada... Mas se vier me roubar a Liz, eu baixo a porrada! ¬¬³³

Capítulo 2 – Visita nada Ocasional


- Eu ainda não entendi o porquê disso.

- Você vai entender quando eu voltar. – disse o loiro rapidamente, arrumando uma pasta em cima da mesa escura.

- Por quenão posso entender agora? – este é Blaise Zabine, visivelmente curioso.

- Porque você é muito estúpido e roubaria muito do meu tempo.

- Já disse o quanto você é engraçado?

- SAI DO MEU PÉ! – retrucou impaciente levantando da cadeira giratória e saindo com passos seguros de sua sala, infelizmente com o amigo ainda a seu encalço.

- Você quer matá-la?

- Não.

- Você quer machucá-la?

- Não.

- Você quer amá-la até não poder mais levantar um dedo sequer, que dirá o resto? – perguntou o homem, ao que muitos olhares dos funcionários se voltaram para os dois, moreno e loiro, o último com um olhar demoníaco voltado para o amigo.

- Você quer calar esta sua boca anormalmente grande?- sibilou Malfoy, recomeçando a andar.

- Não me apetece esquecer essa sua expressão obtusa.

- É assunto meu Zabine, não se meta.

- Draco, Draco, Draco... somos quase irmãos, cara. – sorriu o moreno, dando lhe tapinhas amigáveis nas costas. Seus assuntos são meus assuntos.

- Se tivesse saído da minha mãe, ela com certeza teria te afogado ao nascer. – respondeu, sua atenção voltada para o caminho dos corredores.

- Essa sua raiva contida, agora é lançada a mim por que, hein? Por causa da ruivinha? – sorriu, malicioso

- Já disse pra não se meter. – respondeu rispidamente , continuando a andar.

- Ok...- ele parou subitamente, colocando as mãos dentro dos bolsos. – Então eu não digo onde ela mora. – O loiro parou estático a meio caminho da sala de reuniões e voltou seus olhos para Blaise, que apenas tinha um sorriso triunfante no rosto.


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A chuva caía incessantemente no povoado de Hogsmade naquela tarde, e do contrário do que se imaginara, não era uma simples chuvinha que se propagava. Os raios que iluminavam o céu a cada aparição sob as nuvens tempestuosas comprovavam isso. Pássaros voavam ávidos para seus abrigos em alguma árvore oca onde poderiam sair daquele frio que começava a castigar. Em meio aquela tempestade, uma figura de cabelos flamejantes lutava contra a água que, com a ajuda do vento, a cegava quase por completo.
“Não devia, não devia ter vindo para cá.”- ralhou olhando para os lados e vendo apenas árvores velhas e robustas ao seu redor, já perdera a conta de quantos arranhões deveria ter nas pernas em razão dos galhos baixos.

“Droga Virgínia, por que você foi se afastar tanto?” – censurava-se, enquanto tentava sem resultado amarrar os cabelos, mas o vento realmente parecia não querer cooperar com ela. Continuou a andar pelo terreno íngreme, seus pés afundando cada vez mais contra o chão lamacento, com uma fina capa preta a protegendo contra o contato direto com o uniforme da escola. Para piorar sua situação, não parecia haver uma viva alma naquele lugar, a não ser ela, para auxiliá-la.

“Agüentar Colin falar seria melhor do que passar por isso.” – pensou irritada. Já podia sentir o nariz escorrendo daqui algumas horas.

Seus pés continuaram a guiá-la, sem rumo certo, apenas contornando as árvores e os galhos que insistiam em bater contra o seu corpo. Não soubera dizer quanto tempo ficara em meio aquela chuva, só sabia que a sua frente estava sua salvação e seus lábios curvaram-se em um sorriso cansado ao visualizar o pequeno casebre, bem à sua frente.

Correu até a porta de madeira velha, e a abriu com um rangido alto, a fechando logo em seguida. Dando agora atenção ao lugar que se encontrava, pôde ver que se tratava realmente de um casebre. Tinha no máximo dois cômodos, era quase todo feito de madeira, com um piso velho onde algumas tábuas soltas rangiam em contato com os pés e uma goteira batia de modo contínuo contra um prato metálico junto ao chão. Não era muito amplo, se resumia a uma pequena sala, com um sofá gasto, corroído provavelmente pelas traças, um tapete cheirando a mofo, tal como o lugar todo, que parecera ter ficado fechado por um longo tempo, uma porta no outro extremo, uma mesa pequena com três cadeiras e uma lareira à frente do sofá. Andou cansada pelo aposento, e sentou-se sobre uma cadeira, por mais que estivesse cansada não iria se sentar naquela zona prolifera de ácaros. O lugar estava em situação precária, havia alguns armários em um canto, mas estes pareciam prestes a cair com um simples toque, a decoração era escassa, resumindo-se a um centro de mesa de crochê que não deixava ao extremo do abandono. Apesar de tudo, estava quente lá dentro, resultado do calor que provinha das chamas da lareira, isso só lhe dizia uma coisa, havia mais alguém ali.

Caminhou a passos cuidadosos, tanto pelas suas meias estarem lhe ensopando os pés por também a curiosidade lhe atingir. Quem estaria ali? Continuou seu processo, andando lentamente, os olhos percorrendo todo o cômodo. Encontrou junto à lareira uma muda de roupas, eram de Hogwarts, podia ver pela capa negra do uniforme onde um dos bolsos guardava a varinha e a camisa branca encharcada, segurou a sua própria mais firmemente ao ver o emblema de sua casa rival estampado nela. Sonserina.

Ouviu um barulho repentino no cômodo, e um garoto de pele pálida, alto e de cabelos platinados entrou calmo neste, andando descalço pelo chão sem se voltar uma única vez a garota, parecia estar mais preocupado em encontrar alguma comida dentro dos armários antigos, fechando um a um seguidamente. Como se sentisse os olhos dela sobre si, ele virou-se, mostrando ser realmente quem ela temia.

Os olhos castanhos abriram-se vidrados na madrugada. Sentou-se num sobressalto, sentindo uma pontada forte na cabeça; levou as mãos até a tez suada reprimindo um lamento, estava com uma enorme enxaqueca. Olhou em volta, não focalizando tudo de imediato, e parou os olhos na janela do quarto vendo a lua cheia ainda a pino. Fechou os olhos não conseguindo se concentrar, e pôs os pés para fora da cama. Sabia que não conseguiria mais dormir. Colocou os chinelos que descansavam intocados ao pé da cama, e levantou-se desvencilhando dos lençóis de algodão que estavam colados junto ao corpo. Andou um tanto devagar pelo cansaço e colocou um robe encarnado sobre o pijama fino que estava pendurado junto ao armário, saindo do quarto, indo ao encontro do corredor.

Parou junto a uma porta cor de creme que se encontrava entreaberta, deixando a luz tocar levemente o corpo que repousava sobre a cama; Liz dormia profundamente envolta do edredom com os pés destapados, como sempre. Sorriu ouvindo a respiração pesada da menina. Ainda na ombreira da porta, seus pensamentos pousaram na razão do despertar de seu sono, rapidamente sua expressão fechou com a imagem que transpassou seus olhos. Balançou a cabeça expulsando as lembranças que se formaram em sua mente e fechou levemente a porta do quarto começando a descer as escadas. Precisava de um chá quente.


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- Vamos, diga-me.
- Eu não vou dizer nada, Zabine.

- É uma nova tentativa de me torturar, é isso?

- Não, é uma nova tentativa de fazer você.. largar.. do meu... pé!

O moreno deu de ombros, sentando-se displicentemente em uma cadeira próxima a mesa do loiro e pendendo a cabeça para trás.

- Você é um chato.

- Como seu eu me importasse.

- Daqui a pouco nem a francesinha vai agüentar o seu temperamento ignóbil. – forçou, um tanto emburrado.

- Ela tem muito dinheiro pra gastar, para se importar com tal. – respondeu cáustico, indo de encontro à mesa de vidro no canto da ampla sala.

- Tua mãe te mete em cada uma.

- Não vai ser tão ruim. Ela é loira, tem olhos claros, cérebro pequeno e seios grandes. – informou desinteressado, “onde foi que botara o licor de alcaçuz?”

- Acho que você preferia uma ruivinha, de olhos castanhos, de um metro e meio não é? – falou irônico, com um sorriso de orelha a orelha. Se o licor não fosse tão caro, provavelmente estaria na cabeça do moreno agora.

- Você chega a ser ridículo.

- Não sou eu quem está procurando por uma Weasley “amante de trouxas” por toda América do norte– debochou.

- Não é por questão de interesse propriamente nela, sua besta. Mas ela está com algo que eu preciso. – falou, bebendo um gole do licor.

- Está tentando me deixar curioso. – disse enfadonho.

- Não preciso de muito para isso. – respondeu, com um sorriso brincando lábios.

O moreno lhe lançou um olhar sentido e depois olhou para o relógio de pulso. Sorriu, levantando-se e ajeitando o paletó negro.

- Aonde você vai? – perguntou o loiro, acompanhando os passos do amigo pela sala.

- Vou buscar o seu presentinho. – e saiu da sala, deixando o loiro inquieto no cômodo.


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Já era de manhã quando a Weasley mais jovem despertou dando um longo bocejo, abriu os olhos deparando-se com o teto do quarto, sorriu antes de bocejar mais uma vez. Levantou-se, não se preocupando em colocar os chinelos, e andou a passos lentos até a cozinha, e quando o fez não pôde reprimir uma exclamação.
- Mas o q..

Virgínia Weasley estava em pé, no meio da cozinha, segurando uma caneca rachada que começava a derramar café por todo o chão, uma chaleira fumegante estava fazendo um barulho estranho com um odor nada agradável em cima do fogão onde o fogo se encontrava alto. Havia um roupão sob a pia com uma mancha vermelha enorme e, inexplicavelmente, um sanduíche de queijo no lugar da cafeteira.

- Mãe... Mãe. Ooo Virgínia. – a menina revirou os olhos – MÃE!

- Ahn? – fez ela, olhando para um canto qualquer sem atenção.

- A água está transbordando. – gritou.

A mulher virou-se xingando alto, ao ver a chaleira crepitante queimando sobre o fogo, e andou rapidamente até ela desligando o fogão e abanando a fumaça que se propagava pela cozinha. Suspirou cansada, deixando-se cair sobre uma cadeira perto da mesa. Virou-se para a menina que ainda a olhava como se ela tivesse virado um gremlin bem à sua frente.

- O que é?

- Você tomou adenosina?

- Não! – exclamou indignada a mulher.

- Quer que eu diga o quê? Parece que tá grogue.

- Liz!

- ‘To falando sério, parece que ‘tá tortinha.

- Você não tem que ir pra escola não? – perguntou irônica.

- E você não precisa trabalhar não? – perguntou no mesmo tom com um sorrisinho sarcástico.

- Não, eu não preciso, o escritório me mandou um fax.. Mas você.. Lizzizinha. – a menina fez uma careta em menção do apelido. - precisa estudar.

- Não posso simplesmente ignorar o fato de que hoje é quinta-feira e ir dormir até mais tarde? – sorriu docemente.

- Andando. – decretou, ao que a adolescente soltou um bufo irritado arrastando os pés escada acima. A ruiva sorriu, um sorriso triste. Não estava com um bom pressentimento.


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Os olhos prata estavam fixos na mesa de mogno da ampla sala da empresa, estava sentado confortavelmente sobre a cadeira giratória com a expressão carregada. Problemas e mais problemas lhe vinham à cabeça como uma enxurrada e a cada segundo se propagavam mais e mais. Como queria nunca ter feito aquela burrada, como queria ter expulsado aquela maldita fuinha de cabelos de fogo daquele casebre caindo aos pedaços quando teve a chance, como queria não ter se deixado levar pela pequena. Não lhe renderia o projeto arriscado que tinha em mente, que poderia em um segundo acabar com todo o Império Malfoy. Tinha uma idéia, o único passaporte para o fim daquele suplício, sua única chance de não ter a cabeça arrancada pela mãe, e seu futuro estava todo concentrado nas mãos de uma pirralha que carregava o seu sangue nas veias, uma mini Weasley, um coelho ruivo que ele ajudara a pôr naquele mundo. Xingou alto, não contendo mais sua frustração. Estava arruinado! A sociedade bruxa inteira iria lhe ver como um pai desnaturado, um homem que tinha filhos bastardos andando pelas ruas, iriam chamá-lo de irresponsável, negligente, mandrião... Precisava de uma bebida.
Levantou-se afrouxando o nó da gravata cinza que estava lhe agoniando e andou em direção ao compartimento de vidro tão conhecido no canto da sala. Pegou um copo baixo de vidro e o encheu até a boca, tomando quase num gole o líquido quente. Fechou os olhos sentindo a bebida descer forte pela garganta. Sua cabeça começava a latejar com a carga de pensamentos que vinham juntos. Encheu mais um copo com o líquido e entornou-o goela abaixo, sem nem ao menos pestanejar.

- Bebendo de novo homem? É licor, é whisky.. Seu fígado está pedindo clemência. - ouviu a voz sarcástica do amigo encher o ambiente.

- Conseguiu? – perguntou sem rodeios, olhando para o homem em expectativa.

O moreno apenas ergueu a mão esquerda onde estava uma pasta preta volumosa.

- Ganho algum prêmio? – perguntou sorrindo abertamente.

- Ganha o direito de fechar essa boca. – jogou o loiro arrancando das mãos a pasta e andando em direção à mesa. – Com quem você conseguiu?

- Rotwood. – resmungou.

- Ele é de confiança?

- Sim, já conseguiu algumas coisas pra mim. – disse emburrado.

- Ótimo, ótimo. – falou, mas não prestava mais a atenção. Toda ela estava voltada à pilha de papéis que se encontrava sobre a mesa escura. Segurou por um momento a pasta à altura dos olhos, quase sorrindo bobamente, abriu-a afobado, passando seus olhos avidamente pelo conteúdo impresso. Contas, recibos, últimas aquisições... Todas informações ali, bem a sua frente. Não havia dúvida que era a mulher. Trinta e dois anos, cabelos ruivos, origem inglesa, caucasiana...

- Viúva? – perguntou erguendo a sobrancelha.

- Torça que tenha casado com o Potter.

- Impossível. Vi o bastardo numa conferência sobre a marca das vassouras não faz nem um mês.

- Então vai ver casou com outro. – respondeu o moreno dando de ombros.

Draco continuou a revirar os papéis, e encontrou uma pequena folha, quase um bilhete, com dois endereços.

- De onde são?

- Um é uma casa, bairro nobre, em New Montgomery, o outro é uma escola bruxa local.

O loiro cerrou os olhos por um segundo, depois levantou-se e sem esperar por perguntas do amigo, caminhou até a porta da sala.

- Margaret, cancele meus compromissos. – avisou à mulher velha que se encontrava de prontidão na recepção. Não iria perder nem mais um segundo.


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- Weasley? – pronunciou-se o garoto de olhos cinza olhando para a pequena junto ao fogo. – O que faz aqui? – perguntou, e seus olhos voltaram-se para as suas vestes nas mãos dela, e um sorriso irônico lhe chegou aos lábios. – Tentando me roubar Weasley? Devo avisá-la que 9 moedas de ouro não tirarão sua família da miséria.
- Cale essa boca, Malfoy. – brandiu a garota.

Abriu mais o sorriso, colocando as mãos dentro dos bolsos da calça negra.

- Ora Weasley, não tema a verdade, você sabe que se não fosse pela caridade do ministério sua família anormalmente grande estaria no olho da rua. – alfinetou passando repulsa a cada palavra proferida.

- Minha família nunca precisou de nada que venha dos outros, Malfoy. – falou, o sangue lhe subindo à cabeça.

Sorriu ainda mais aproximando-se dela.

- Weasley, Weasley.. tsc.. tsc.. Não precisa envergonhar-se disso.. Afinal.. Todos já sabem que a sua família será enxotada dia mais, dia menos daquela pocilga que vocês chamam de.. casa. – riu da própria piada deixando ainda mais fula.

- Acho melhor você calar essa sua boca sua doninha albina, antes que eu o faça. – falou a garota, a raiva cobrindo todo seu falatório.

- Ohh.. devo temer sua altura inferior ou os seus irmãozinhos feios e fedorentos? - perguntou sarcástico.

- Deve temer a varinha que eu estou apontando para a sua testa, porque pelo que consta você não está com a sua. – terminou com um sorriso de escárnio, transbordando agrado com a expressão endurecida que ele tomou ao olhar para a mão caída dela junto ao corpo onde jazia sua camisa e sua varinha.

- Que vai fazer Weasley? Me estuporar?

- Me agradaria imensamente, mas você deve babar muito desacordado.- sorriu, e ele crispou os olhos.

Ele aproximou-se mais dela, e esta apontou a varinha ao peito dele o que o fez cessar.

Ele sorriu.

- Vai me devolver as minhas roupas, ou gostou de me ver assim? – perguntou, ao que viu um tom rosado tomar o rosto dela. Esta jogou a camisa que segurava no sofá, não baixando a varinha uma única vez e voltou seus olhos para ele novamente.

- Minha varinha?

- Sem chance.

Sorriu ainda mais. Analisando o rosto da garota.

- OK. Feche a porta ao sair. – e virou-se para ir até os armários novamente.

- O quê?

- Eu disse pra fechar a porta ao sair, está frio lá fora. – respondeu, remexendo em algumas gavetas, fechando-as em seguida irritado.

- Você não acha que eu vou sair daqui nessa tempestade, acha?

- E você não acha que eu vou dividir o único espaço... decente – fez uma careta – que eu encontrei com uma Weasley pobre e fedorenta.

- Eu não tenho que ficar ouvindo isso. – falou, andando até a porta e a abrindo. – Fora!

- Há.. só pode estar brincando. – disse ele sorrindo, sem dar atenção a ela.

- Não, não estou. – disse determinada com um olhar de poucos amigos.

Ele virou-se para ela irritado andando a passos largos até ela, e por um momento ela vacilou com aquele olhar furioso sobre ela.

- SAIA DAQUI E FECHE A PORRA DA PORTA! – gritou.

- Se você não notou, quem está com as varinhas aqui sou eu Malfoy, portanto, para de pagar de macho, ou vai tomar um banho frio. – sorriu, decretando com o olhar. Ele estreitou os olhos pensando em mil modos de matar aquela Weasley insolente, então virou-se novamente para os armários, xingando mentalmente aquele quem colocou aquela praga no mundo.

Estavam a uns bons 20 minutos dentro daquela casa, e o silêncio predominava da parte deles, a não ser pelo barulho irritante que ele fazia batendo naquele armário. Ela olhava para fora, para a chuva que caía assídua sem previsão para cessar, batendo firmemente contra as árvores que balançavam com o passar do vento. Bufou, ao que seria a trigésima vez, aquele lugar estava um tédio maior do que pensava. Estava lá apoiando a cabeça na parede, com os olhos perdido e com a cabeça doendo já começava a fungar com aquelas roupas molhadas sobre si, seu único desejo era tirá-las e deitar, mas como só tinha uma blusa fina por baixo do uniforme e um loiro muito desprezível no mesmo recinto resolveu agüentar.

Um barulho grande se fez presente, e ela olhou para o canto extremo ao dela, onde um loiro um tanto vermelho segurava o pé proferindo palavrões altos.

- Puta que pariu. – gritou. Com uma expressão de dor no rosto fino. Depois deu um bico em uma das panelas que saiu voando para o lado oposto.

Ela revirou os olhos. Como ele era idiota.

Ele se alinhou, como se não sentisse dor e andou até o sofá, jogando-se em cima dele com os pés pra cima. Mais uma vez se fez o silêncio no lugar, apenas o barulho da chuva que ainda caía lá fora, ele olhando para o teto, balançando os pés no ritmo de alguma música, ela observando os pingos de chuva baterem contra o vidro e morrerem ao final deste. Um espirro o tirou de seus pensamentos, e só pode ver a ruiva levar a mão ao rosto em um novo espirro, e outro.. e mais outro.

- Controle-se Weasley. – disse com o semblante enojado. – Seus germes estão contaminando o meu ar.


Ela iria retrucar, mas um novo espirro veio à tona.

- Ótimo, agora além de aturar uma Weasley pobre e burra vou ter que aturar uma Weasley pobre, burra e doente.

- Cale a boca seu idiota! Já tive que aturar você todo esse tempo, pelo menos feche essa sua boca ridícula e guarde esses insultos pra você. – gritou, sentindo logo depois uma pontada forte na cabeça.

- Enxaqueca? – perguntou, erguendo uma sobrancelha. Ela não se deu o trabalho de responder, ele deu de ombros. – Eu também tenho.

Ela olhou pra ele, deitado naquele sofá esticado como se fosse o rei do mundo, como queria socar aquele nariz pontiagudo até que ele ficasse roxo e coagulado. Desceu da mesa e começou a desamarrar os sapatos, ficar com aquela roupa não a ajudara até agora e só ajudaria a piorar seu estado. Tirou as meias brancas ensopadas e as colocou de lado, preocupando-se agora com a capa negra que fez companhia as duas outras peças dela, levou as mãos até a blusa branca do uniforme, que estava em igual estado do resto da roupa, começando a desabotoá-la. Sentiu um arrepio na espinha e parou a meio caminho do processo engolindo em seco, tinha certeza que os olhos dele estavam pousados em si. Tentou olhar para ele por cima do ombro, mas os cabelos espessos não a deixaram, deu um suspiro e continuou a desabotoar a blusa que jazeu logo depois com o resto do uniforme. Virou-se pegando uma cadeira, e olhando de relance para ele que continuava na mesma posição que anteriormente, pegou suas vestes e pendurou-as sobre a cadeira, levando-as para perto do fogo e consequentemente perto do sonserino. Por razões óbvias ali estava mais quente que o canto em que estava e sem constrangimento sentou-se no chão, aos pés do sofá, as pernas esticadas e o tronco para frente numa tentativa de se esquentar, e quem sabe, melhorar um pouco da dor infernal que sentia.


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- Consegui! – gritou um moreno muito eufórico, balançando freneticamente um objeto nas mãos que o loiro pôde ver ser...

- Zabine! – gritou de volta apavorado. – O que é isso?

O moreno parou de correr e olhou confuso.

- Uma assento de privada.

- E por que você está andando com ele pelos corredores como um anormal?

Olhou confuso novamente.

- Porque é a nossa chave de portal. – sorriu, ao que o loiro olhou descrente.

- VOCÊ NÃO PODERIA TER ACHADO OUTRA COISA PRA USAR?

Olhou confuso novamente, fechando a boca várias vezes.

- Você disse que estava com pressa, e eu peguei a primeira coisa que eu vi na minha frente.

- Ahh é? E onde você estava pra ver..

- ...

- Esquece.

- Pegou o dinheiro?

- Peguei. – respondeu, arrumando os cabelos.

- Pronto então? – ele acenou afirmativamente, segurando uma pasta executiva juntamente com a preta firmemente. - um... dois...

- Você limpou isso antes?

- Três!


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Lá estava ele, num sofá velho e ruído, numa cabana caindo aos pedaços, sem nada pra comer e tendo que aturar o barulho nojento que o nariz da Weasley fazia a cada segundo. Estava realmente com uma sorte filha da puta! Poderia estar sentado no Três Vassouras ingerindo o quanto de açúcar fosse possível por um ser humano, com as carícias da namorada no seu pescoço e falando mal do Potter maldito, mas nãããooo... tinha que procurara a merda do pomo que o pai lhe dera no natal. Maldita fosse aquela bolinha sem-vergonha!
Cruzou os braços irritado, bufando alto. Quanto tempo mais teria que agüentar para aquela chuva desgraçada cessar? Bufou mais uma vez, levando os olhos até o teto do casebre onde havia mais goteiras e terias de aranha do que as próprias telhas.

- Atchim.. Artchim.. Atchim, Atchim..

Lá estava a caçula Weasley para o lembrar da sua existência e piorar ainda mais o seu dia, não havia falado o quanto ela o irritava com aquele jeito de menina da mamãe que rebelada? Pois irritava... e muito.

- Controle-se Weasley. – disse franzindo o cenho. “Germes de Weasley, blergh!”. – Seus germes estão contaminando o meu ar.

Ela abriu a boca, mas só um novo espirro saiu dali. Fazendo-o revirar os olhos.

- Ótimo, agora além de aturar uma Weasley pobre e burra vou ter que aturar uma Weasley pobre, burra e doente.

- Cale a boca seu idiota! Já tive que aturar você todo esse tempo, pelo menos feche essa sua boca ridícula e guarde esses insultos pra você. – gritou ela, logo depois soltando um lamento e levando as mãos até a testa.

- Enxaqueca? – perguntou, notando a reação dela. – Eu também tenho.

Ela não respondeu, ficou massageando a testa e olhando pra ele como se precisasse urgentemente estrangulá-lo. Ele deu de ombros, voltando os olhos novamente para o teto. Meteu a mão dentro de um dos bolsos e tirou a razão de estar naquele antro cheirando a chinelo velho, o pomo mexia-se o quanto podia dentro da caixa transparente, riu sádico para a pequena bolinha, colocou novamente em um dos bolsos, mas seus olhos encontraram a figura que o dava a sua desagradável companhia. A pequena Weasley estava de costas pra ele escorada na mesa de madeira enquanto tirava as meias ¾ que estavam molhadas e sujas, depois tirou a capa negra deixando-a cair pesadamente no chão e dando a ele uma visão ampla das pernas dela que não eram tapadas pela saia de pregas negra, seus olhos então encontraram a blusa dela que a mesma começara a tirar e algo lhe trancou na garganta. Não conseguia tirar os olhos dela. Suas mãos pararam, e ela ergueu um pouco a cabeça, foi a deixa para ele recobrar a consciência e olhar para qualquer lugar que não fosse aquele. Onde estava com a cabeça? Olhando para aquela sardentinha feiosa, realmente não devia ter mais nada pra fazer. Ouviu os passos dela, leves e cuidadosos, em sua direção, mas não olhou pra ela, preocupou-se mais em contar quantas madeiras seriam usadas para melhorar aquela cabana. Então perdeu a conta.

Os olhos cinzas dele moveram-se até a ponta do sofá, ali estava a garota, sentada, calada e ao que parecia exausta. Tinha o olhar cansado, perdido em volta das chamas ardentes da lareira que refletiam nos olhos castanhos dando-lhes um leve tom avermelhado, ouviu um leve suspiro dela enquanto movia os dedos dos pés numa tentativa de aquecê-los, subiu os olhos até as pernas, tão brancas quanto a pele dele ou até mais, não deveria ser do tipo que usava muita saia. Sorriu malicioso. E por mais que estivesse com vontade de se bater como um elfo estúpido, ele não desviou o olhar, e nem ao menos se tocou que ela se virara até encontrar os olhos castanhos atônitos.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – gritou ela, fazendo uma careta tomar o rosto dele.

- Não grita sua maluca!

- VOCÊ ESTAVA OLHANDO PARA AS MINHAS PERNAS SEU.. SEU.. DEPRAVADO!

- Eu estava olhando para as suas pernas? HÁ... Não se superestime Weasley.

- Eu não.. eu não.. – ela gaguejou corada. – VOCÊ ESTAVA OLHANDO SIM! – gritou recompondo-se.

- E se estivesse? – ele perguntou ao que ela olhou surpresa para ele deixando o queixo cair levemente. – Não é como se eu tivesse gostado ou algo assim. – ele comentou dando de ombros, ao que o queixo dela caiu mais ainda. Ela levantou-se num salto, o semblante enojado, logo substituindo por um olhar raivoso lançado ao loiro.

- VOCÊ É O SER MAIS REPUGNANTE DA FACE DA TERRA! – gritou, bradou, berrou, o que tivesse sido mais alto e escandaloso, ela o fez.

- Você é muito escandalosa sabia?

- E você é um ser execrável! – gritou, as maçãs do rosto num leve tom avermelhado. Ele abriu levemente a boca, fingindo-se ofendido, ela soltou um bufo, jogando-se pesadamente ao chão quase de costas para ele.

Ele sorriu abertamente com a infantilidade dela, estava lá sentada, murmurando coisas sem sentido e fazendo caretas a cada frase. Riu, pelo menos havia uma Weasley mimada para diverti-lo, e foi nesse pensamento que ele pousou os olhos no objeto que a Weasley deixara ao chão, sua varinha jazia com a própria camisa bem ao lado da fuinha escandalosa. Lentamente ele foi se mexendo no sofá, acompanhando sempre as reações dela, virara-se para o outro lado fingindo deitar-se, a varinha estava a apenas meio metro dele, com os olhos pregados nesta, ele deu um salto caindo do sofá e segurando o objeto firmemente. Quase gargalhou por tamanha felicidade, e qual foi a surpresa os dedos da ruiva o imitarem no outro canto da varinha.

- Você realmente achou que eu não sabia o que você ia fazer? – perguntou, sorrindo sarcasticamente.

- Larga a varinha, Weasley. – lançou.

- Não. – respondeu simplesmente.

- Larga a varinha. – reiterou, com menos paciência do que a última vez.

- Você é surdo ou a tintura afetou sua audição? – zombou. Os olhos dele escureceram imediatamente.

- LARGA A MERDA DA VARINHA, WEASLEY! – gritou.

- Não!

Ele puxou a varinha, mas ela não largou, imitando-o. Ele puxou novamente, e mais uma vez ela segurou fortemente.

- É a última vez que eu falo para você largar essa varinha Weasley!

- Pois veja como você vai perdê-la, doninha. – replicou ela, tirando das mãos dele a varinha e a balançando no ar, má idéia, foi a deixa para ele roubá-la novamente.

- Viu, Weasley? Eu disse–

- IÁÁÁÁ.. – gritou a ruivinha jogando-se sobre o loiro.

- O que você está fazendo, sua aloprada?

- ROUBANDO A SUA VARINHA! – gritou, subindo quase sobre os ombros dele, bagunçando-lhe os cabelos. Ele definitivamente iria matá-la.

Balançando-se freneticamente na tentativa de livrar-se dela ele perdeu o equilíbrio, ao esbarrar sobre os sapatos dela e os dois caíram próximos ao fogo. Sentiu uma dor aguda na altura do cóccix, fazendo-o levar a mão massageando o lugar da queda, olhou irado para o ser que o colocara naquela situação e teve sua segunda surpresa em tão pouco tempo, ela estava rindo. Rindo não.. Seria pouco para o escândalo que ela estava fazendo.

Ela estava ali, caída, com metade apenas do uniforme e rindo feito uma louca. Ele parou estático, aquela criatura não poderia ser normal! Ela apontou para ele abrindo levemente os olhos, mas ao tentar falar começou a gargalhar mais uma vez, mexendo-se fortemente para todos os lados. O Malfoy continuava com a mesma expressão perplexa, olhando para o ser abaixo de si, que continuava a rir copiosamente. O cabelo vermelho gritante totalmente revoltos sobre o chão contrastavam violentamente com a pele cândida, as faces contorcidas em uma risada faceira a tornava menos horrenda aos seus olhos, a blusa molhada revelou seu corpo não mais infantil, e assustou-se ao tentar ver a sensação que seria se seus dedos se chocassem com aquela pele a mostra. Apurou os ouvidos notando que as risadas haviam cessado, olhou para o rosto da outra e viu os olhos chocolate sobre ele curiosos e um tanto aflitos, ela os desceu até os lábios dele, e engoliu em seco. Seus pensamentos começaram a divagar uma idéia até outrora impensável quando a porta do casebre se abriu violentamente, os dois viraram-se vendo a silhueta da professora McGonagall observando-os inquisitiva.

- O que diabos vocês estão fazendo?


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- Você não vai falar comigo?

O loiro permaneceu calado no banco do carona.

- Draco, ‘to falando com você.

E o silêncio continuava, e pela cara do Malfoy era melhor que continuasse assim.

- Poxa, você não pode me culpar por tudo o que acontece.

- Você sabia onde ia dar aquela chave de portal? – perguntou virando-se pra ele.

O moreno tomou uma expressão culpada.

- Juro que não foi de propósito.

- VOCÊ É UMA ANTA ZABINE, SABIA DISSO?

- Eu já pedi desculpas, sabia disso? – debochou, ao que se arrependeu ao receber o olhar do amigo.

- EU ESTOU COM A MINHA CALÇA CHEIRANDO A MIJO DE MACHO POR SUA CAUSA!

- Pelo menos o cara do banheiro ajudou.

- ELE ACHOU QUE NÓS ESTÁVAMOS NOS AGARRANDO DENTRO DO BANHEIRO.!

- Mas ele foi legal.

- ÓBVIO! ELE ACHOU QUE ÉRAMOS GAYS! E SE VOCÊ NÃO NOTOU NÃO ERAM PARA AS MULHERES AQUELES MÚSCULOS! – gritou, com os cabelos movimentando-se freneticamente com o vento.

Blaise continuou olhando pra frente com o semblante enfastiado.

- Ele me atolou!

- Você supera. – disse o loiro não dando atenção. - Pra onde você está indo?

- Pra New Montgomery. – respondeu, seco.

- Que horas são?

- 11:45.

O loiro olhou o mapa que se encontrava em suas mãos.

- Vire a esquerda.

- Mas tem que pegar só a outra rua.

- Faça o que eu mandei, Zabine.

- Você quer ir pra aonde afinal?

- Vamos até a escola do endereço. Eu tenho que ver uma coisa com os meus próprios olhos. – respondeu, prestando a atenção nos passantes. O moreno deu de ombros, virando a rua que o Malfoy havia mandado, nunca vira o amigo no estado em que se encontrava, estava realmente movido a encontrar a caçula dos Weasley, se não quisesse já teria desistido a muito, até em um banheiro teve que se meter. Fez uma careta ao lembrar-se do ocorrido.

- O filho da puta me atolou!


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Ela estava sentada sobre o sofá da sala enquanto pousava a chaleira quente sobre uma toalha na mesinha de centro de vidro. Usava roupas leves, o cabelo preso, com uma pilha de papéis para analisar e uma boa xícara de café bem forte para livrá-la do sono, as conseqüências da noite mal dormida vindo à tona. Balançou a cabeça espantando tais pensamentos e voltou sua atenção aos papéis, pilhas e pilhas para serem vistos e assinados. Faltara ao escritório para esperar pelos papéis da nova empresa a trabalhar, não podia negar que estava em expectativa com tal menção, trabalhara por quase três anos em cima do Marketing da Chanceler como produtora, agora não era apenas mais uma delas, era gerente de Marketing, o que para muitos pareceria ridículo, mas os cifrões inseridos em seu salário não eram nada pequenos, além disso ela sabia que a sua liberdade nas confecções e serviços seria muito maior, poderia investir de sua própria maneira, não mais mandada pelos outros. Um sorriso lhe veio aos lábios. Não cabia em si o orgulho que sentia por conquistar mais aquela. Ajeitando-se melhor sobre as almofadas ela voltou seus olhos para os papéis, só não contava que estes se enchessem de fuligem dois minutos depois.
Da lareira, usando um vestido azul piscina com botas de camurça felpudas e marrons, uma mulher saiu, seus olhos eram claros e vívidos e um tanto saltados, seus cabelos caiam pesados até os ombros, estes envolto por uma fumaça negra. Esta sorriu ao ver a ruiva no sofá.

- Hey Gin. – cumprimentou a loira.

- Luna, o que faz aqui?

- Vim visitar minha amiga que resolveu sumir do mapa. – sorriu, aproximando-se da amiga com um olhar vibrante.

- Você está toda suja. – informou a mulher, sorrindo.

A loira estacou, olhando para as vestes. Retirou uma varinha de uma bolsa marrom estilo hippie e proferiu um feitiço sumindo com o resto de pó que estava em si e que sujara ao sair da lareira.

- Melhor?

- Muito!

- Então, como vai tudo? – perguntou sentando-se no espaço que a amiga abrira no sofá.

- Na medida do possível. – suspirou, mantendo um fraco sorriso. – A casa está quase pronta, troquei de carro, fui promovida..

- Sério? – perguntou empolgada. – Que ótimo! – Exclamou, sorrindo largamente.

- Nem me fale, estava há muito tempo esperando pela promoção.

- Ouvi falar muito sobre a Chanceler, e ainda mais de você. Sua mãe não para de falar o quanto você está sendo bem remunerada, realizada. A família inteira está comentando.

- Como estão todos? – perguntou sorrindo. Luna olhou para ela, o sorriso se dissipando um pouco.

- Com saudades, Gin. Você sabe o quanto sua mãe sente sua falta, e não só ela, até os gêmeos ficam para baixo quando falam de você. – respondeu, ao que a amiga murchou.

- Eu estou me dando bem aqui, Luna. Eu estou progredindo na empresa, a vizinhança é ótima, Liz está jogando melhor do que nunca. – sorriu apesar de seu olhar não mostrar a mesma vivacidade de antes.

- E como está minha afilhadinha?

- Se adaptando bem, ela gosta daqui, tem os amigos dela, a casa, a escola. Ela está feliz, e eu a sinto mais protegida aqui.

- Está com medo, não está?

A ruiva afundou no sofá, olhando desolada para a amiga.

- É tão evidente?

- Mais do que imagina. – falou a loira, vendo Gina soltar um bufo cansado.

- Sonhei com ele esta madrugada. – informou ao que a loira olhou curiosa para ela. – Com o dia do casebre.

Luna sorriu.

- Você pegou uma detenção por aquele dia.

- É. – sorriu levemente com a memória vindo à tona, dissipando logo em seguida. Luna percebeu isso.

- Vamos fazer uma coisa? – a ruiva olhou interessada. - Vamos tomar um café! Vamos sair, você me mostra São Francisco, nós falamos dos velhos tempos.. O que acha?

- Seria ótimo se não tivesse uma pilha enorme de relatórios para ler. – o sorriso da loira dissipou. – Desculpe.

- Tudo bem, eu vou estar na cidade até amanhã, coisas para resolver com o ministério americano.

- Como anda O Pasquim?

- De vento em popa. Papai continua administrando, pegou um furo sobre Gooblins semana passada que vendeu muitos exemplares. – falou animada, arrancando um sorriso escasso dos lábios da amiga. – Bem, vou te deixar em paz. – levantou-se juntamente com a ruiva.

- Apareça mais.

- Eu irei. – disse, então se abraçaram. Um abraço repleto de lembranças e de saudade, saudades da família, saudades dos amigos, saudades de sua casa, onde ela realmente sentia-se em casa.

Afastaram-se com um bolo preso na garganta, então despediram-se. A loira sumiu em meio ao pó da lareira e a ruiva se rendeu ao trabalho, o que menos queria era a sua cabeça se enchendo de antigas lembranças.


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Já fazia uma hora que os dois estavam sentados sobre o couro naquele carro, ambos sobre o sol quente. Draco continuava desde que chegara com os olhos pregados nas portas duplas da escola atento a qualquer sinal de agitação, não se importando com o calor que caía sobre os dois. Blaise, ao contrário do amigo, se encontrava alheio às pessoas, parecia mais preocupado em analisar o próprio fastio.
- Olha só.. Mais um carro. – falou entediado.

- Cala a boca Blaise, senão eu não consigo ouvir.

- É difícil não falar quando é a única coisa que se tem para fazer aqui.

- Pois conte carneiros então.

- Estou sem sono. – resmungou.

- Claro que está, seria muita sorte minha se você estivesse desmaiado. – debochou.

- Dá pra explicar o que nós estamos fazendo aqui?

- Estamos esperando.

- Esperando pelo quê?

Ele soltou um bufo irritado.

- Esperando o sinal, seu animal.

- Sinal?

- Da saída dos alunos.

- E nós estamos fazendo isso por quê...?

- Porque daqui a pouco adolescentes cheios de hormônios estarão saindo por aquela porta e eu tenho de achar uma menina entre eles.

- ...

- O que é?

- São crianças, Draco. Quero dizer.. você ‘tá velho demais pra menininhas de 15 anos, não é?

- Você é realmente deste jeito ou só o faz pra me irritar? – virou-se para ele.

- Na maioria das vezes é espontâneo.

Ele ligou o rádio do carro irritado, mais no intuito de calar a boca do moreno do que qualquer outra coisa, voltando seus olhos para a porta novamente, mas não havia sinal de movimentação.

- Draco..

- O que é?

- Eu estou com fome.

- Agüenta.

- Você sabe o quanto eu fico chato quando estou sem comida.

- Você já é chato 100 do seu dia, não vai piorar muito.

Ele soltou um muxoxo indignado e afundou no banco do motorista com os braços cruzados junto ao peito.

- Draco..

- O que é, Zabine?

- Quem você está procurando?

- Não é da sua conta.

- Eu vim praticamente arrastado pra cá, consegui as porcarias das informações que você queria, arranjei uma porcaria de chave de portal duas vezes mais cara por ser em cima da hora, fui molestado por uma bicha motoqueira de 40 e tantos anos, fui mandado e desmandado desde que saímos da Grã-Bretanha, AGORA VOCÊ VAI ME DIZER QUE PORRA NÓS ESTAMOS FAZENDO AQUI! – gritou estressado.

O loiro voltou os olhos para o amigo, que o olhava muito vermelho respirando profundamente e soltando o ar de forma dramática.

- Acabou o showzinho? – perguntou entediado. – Vim procurar a filha da Weasley.

- E pra quê?

- Pra nada que te interesse.

- Lá vamos nós de novo. – murmurou revirando os olhos. – Você poderia parar de ser tão infantil?

Ele bufou novamente voltando-se para Zabine.

- Porque ela é minha filha, Blaise. Ouviu? – respondeu irritadiço. – Minha filha.

- Tá.. – falou revirando os olhos, olhando para um grupo de adultos que saiam de um restaurante.

- Não acredita? – inquiriu.

- Tá, tá.. faz duma vez que eu não quero mais saber. – disse com descaso, olhando para fora.

O loiro já começaria a esbravejar se não tivesse visto dois adolescentes cruzarem a rua, virou-se para a porta da escola e já viu muitos alunos saindo desta. “Ahh caramba..” pensou, poderia ter perdido a garota por se preocupar com a besta do Zabine.

- Olha, a porta abriu. – falou o moreno, recebendo como resposta um olhar fuzilante.

O loiro saltou para fora do carro, e pelo barulho de batida Blaise o havia acompanhado.

- Como ela é? – perguntou, olhando atentamente o amigo que continuava com os olhos movendo-se ávidos sobre os alunos.

- Não sei. – respondeu.

- E como pensa em encontrá-la, sua anta?

- Ela é uma Weasley, Blaise. – respondeu indo para frente do carro para ter uma visão melhor. - Deve ter a mesma fuça da mãe.

- To duvidando. – falou escorando-se no carro, ao lado do amigo.

- Pois eu não. – sorriu Malfoy ao ver saindo pelas portas um grupo de garotas de no máximo 16 anos, mais lhe chamando a atenção uma ruiva de cabelos muito espessos.

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Seguinte gurizada.. sem comentários.. sem resto da fic.. e se vocês estão LOUQUINHOS pra saber como vai ser essa conversinha amigável saibam que eu sei ser bem malvada (sorriso perverso).
Sem comentários e notas.. sem capítulo 3.

Agora fora esse momento.. Obrigada quem comentou.. e mostrem para os amigos a fic.. sem comentários.. já sabem..
Cara eu adoro escrever, não me façam tirar a fic do ar.. please! :T

Grande beijo.

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