Capitulo 3
CAPÍTULO III
-Eu não tive a intenção de empurrá-lo dentro da piscina. - Hermione começou a desculpar-se no momento em que Harry entrou na sala de jantar.
Ele parou perto da porta e olhou-a. Seus cabelos agora estavam secos, espessos e lisos na fronte ampla, e suas roupas molhadas haviam sido substituídas por um jeans e uma camisa azul.Os olhos verdes estavam um pouco menos hostis que minutos antes.
-A sua tentativa de me afogar não foi numa piscina, mas num riacho de interiores. E srta. Granger, eu agradeceria se você tomasse mais cuidado da próxima vez.
-Sim, senhor.
-Eu bem que lhe disse para não deixar que colocassem aquele rio dentro de casa - provocou-o Berta.
Ele a olhou com fúria.
-Continue falando, que eu lhe darei uma aula de natação agora mesmo.
-Oh!Oh! Até logo, patrão - ela girou nos calcanhares e voltou à cozinha para apanhar o resto da comida.
-Eu sinto realmente - murmurou Hermione.
-Eu também, espero que eu não a tenha assustado - disse ele inesperadamente.
Ela baixou os olhos, nervosa com as sensações que o olhar dele lhe despertava, mas não pode deixar de provocá-lo.
-É difícil, sentir medo de um homem com um lindo lírio na cabeça.
-Pare de me irritar - resmungou ele, puxando uma cadeira.
- Talvez seja bom o senhor colocar uma balaustrada nas “margens” do riacho - ela sugeriu ironicamente ao se sentar diante dele, com os olhos castanhos brilhando de humor.
-Talvez seja bom você manter um colete salva-vidas á mão - retrucou ele.
Impulsivamente, ela lhe mostrou a língua e viu a expressão de espanto dele. Com uma força desnecessária, ele desdobrou o guardanapo e o pôs no colo.
-Meu Deus, você gosta mesmo de viver perigosamente.
-Eu não tenho medo do senhor.
-Não é o que sua tia Berta diz - comentou ele, com os olhos semicerrados.
Ela o olhou sem entender.
-Como é que é?
-Ela disse que você tem medo de homens. Por causa da terrível experiência que você e sua amiga tiveram.
Ela pestanejou, perguntando-se o que sua tia lhe contara sobre aquilo. Afinal, ter a bolsa roubada por um delinqüente juvenil com excesso de peso não bastava realmente para aterrorizar a maioria das mulheres. Especialmente quando ela e Luna derrubaram o ofensor, bateram nele, recuperaram a bolsa e ainda o detiveram até a polícia chegar.
Muito vermelha, com a expressão de quem andou escutando atrás das portas, Berta entrou na sala, balançando a cabeça e sorrindo ao mesmo tempo.
-Você sabe, querida. Aquela experiência horrível que você teve!
-Horrível? - perguntou Hermione, uma tanto espantada.
-Sim, horrível! Não podemos falar nisso agora!
-Não podemos?
-Não à mesa. Não diante do patrão! - Berta apontou com a cabeça umas duas ou três vezes.
-Você deu um mau jeito no pescoço, tia Berta? - a sobrinha perguntou um pouco preocupada, sem entender os sinais da governanta.
-Não, querida, por que pergunta? Pronto! Coma um pouco de frango frito com purê de batatas! - Ela colocou as travessas diante da sobrinha e iniciou um monólogo que só terminou na hora da sobremesa.
-Acho que há alguma coisa errada com tia Berta - Mione confidenciou a Harry, no momento em que Berta voltou a cozinha para pegar o café.
-Hum, hum, também acho. Ela vem agindo de maneira estranha ultimamente. Mas não a deixe perceber que você notou. Conversaremos mais tarde.
A moça assentiu, preocupada. Berta voltou segundos depois e parecia que tinha medo de deixá-los sozinhos. “Que estranho...” pensou Hermione.
Depois que terminou o café, Mione disse:
-Bem, acho que vou subir para meu quarto. Estou muito cansada.
-Boa idéia - disse Harry - Procure descansar um pouco.
Berta aprovou animadamente:
-Sim. Boa noite, querida.
Ela se curvou para beijar a tia.
-Eu a verei de manhã, tia Berta. Boa noite Sr. Potter.
-Boa noite, srta. Granger - ele respondeu polidamente.
Hermione subiu silenciosamente e entrou em seu quarto. Sentou-se perto da janela e olhou para piscina vazia e para mais além da cerca de madeira, para os campos, onde o gado pastava. Estava perdida em seus pensamentos, quando ouviu uma batida à sua porta. Harry Potter entrou no quarto.
-Quer que eu deixe a porta aberta? - perguntou ele, hesitante.
Ela o olhou espantado.
-Por quê? Tem medo de que eu o ataque?
-Como é que é? Depois da experiência que você teve. Pensei...Pensei...
-Que experiência?
A expressão dele era francamente intrigada ao fechar a porta.
-Bem... Aquele homem na loja...
-O senhor está com medo de mim por causa daquilo? Eu compreendo que o senhor esteja fraco e debilitado,Sr. Potter, mas prometo não machucá-lo!
Ele a olhou boquiaberto ,completamente pasmo, aquela não podia ser a mesma sobrinha de Berta, e que diabos era aquela história de estar fraco e debilitado?
-O que?
- Não precisa ter medo de mim. Eu não sou realmente tão má quanto tia Berta faz parecer. Afinal, sou apenas faixa vermelha, não preta. Eu só sentei em cima do homem até a polícia chegar. Quase não o machuquei...
-Epa! Você se sentou nele?
-Claro. Minha tia não lhe contou que Luna e eu o derrubamos para recuperar minha bolsa, e então batemos nele? Aquele delinqüente gorducho teve sorte de eu não o ter esfolado vivo.
-Você não foi atacada?
Ela deu de ombros.
-Bem, fui. Ele roubou minha bolsa. Só que não sabia que eu praticava caratê.
Os olhos dele se estreitaram e suas mandíbulas se contraíram.
-Oh, meu Deus! Aquela velha mentirosa.... Está me enrolando outra vez, e eu caí como um patinho!
-Como se atreve a chamar minha tia de mentirosa?! E que história é essa de cair como um patinho, depois de tudo que ela está fazendo pelo senhor?
-O que, exatamente, ela está fazendo,por mim?
-Bem, ela me trouxe até aqui, para ajudá-lo a escrever suas memórias, antes...do fim. Ela me contou tudo sobre sua doença incurável...
-Doença incurável? - berrou ele, sentindo o sangue ferver.
-Ela me disse que o senhor está morrendo e...
-Uma ova que estou!
-Ora, não precisa se fazer de corajoso e negar isso. Ela me contou que gostaria de ter pessoas jovens por perto para animá-lo. E alguém para ajudá-lo a escrever suas memórias. Como eu tenho planos de escrever um romance, e precisava de férias, aproveitei a ocasião e me propus a ajudá-lo.
-Ótimo, pode começar a praticar com o obituário de sua tia - resmungou ele, olhando furioso para o teto.
-O senhor não pode fazer isso com uma senhora indefesa, que só quis ajudá-lo
-Não posso? Espere para ver! - ele rumou para a saída com passos decididos.
Ela correu atrás dele e se colocou na frente da porta.
-Oh,não! O senhor não pode! Vai ter que passar por mim.
-Como você quiser, Joana d’Arc - rosnou ele, segurando-a pela cintura. Então a levantou do chão, até que seus olhos ficaram no mesmo nível dos dele - Seu doce anjo de misericórdia.
-Ponha-me no chão,senão... Senão eu derrubo o senhor!
Ele sorriu.
-É mesmo? Vá em frente. Mostre como você ganhou aquela faixa vermelha.
Bem que ela tentou. Usou todos os golpes que seu instrutor lhe ensinara, e tudo que conseguiu foi ficar com o corpo formigando nas mãos dele.
-Já recebeu o bastante? - gritou ela.
-De modo algum. Ainda não terminou?
Ela mirou mais um pontapé, que foi bloqueado sem esforço por ele. Ofegante, rendeu-se:
-Está bem. Já terminei.
Pondo-a no chão, ele continuou a segurá-la pela cintura.
-Da próxima vez, certifique-se de que seu oponente não fez o mesmo curso que você. Eu sou faixa preta. E há muito tempo.
-Miserável!
-Eu não quero saber mais dessa história maluca - disse ele, enfatizando a advertência com um tapa no traseiro macio de Hermione - Acho que você fez o curso de caratê há muito tempo, e parece que as lições que aprendeu só vão colocá-la em mais encrencas.
-Eu não sou criança, sou uma pessoa adulta!
-Não, não é, mas eu talvez possa ajudá-la a crescer um pouco - acrescentou ele, sorrindo e puxando-a para si.
Ele baixou a cabeça e encontrou os lábios femininos num único movimento, pressionado Hermione para trás, contra o ombro musculoso.
Ela achou que nunca algo de tão inesperado acontecera em toda sua vida. Os lábios dele eram quentes, duros e insistentes, obrigando os seus a se abrirem com a ponta da língua.
Por um instante, tentou lutar, apenas para se encontrar tão envolvida pelos braços dele que mal conseguia respirar. Para cada lado que virasse o rosto, lá estava o dele, com sua boca provocante e sensual.
As pernas de Hermione estavam esquisitas. Começaram a tremer ao sentir o calor das coxas másculas. Seu corpo ardia, com estranhos anseios. A respiração ficou presa na garganta e os seios pareciam inchados. Estas novas sensações assustaram-na e ela tentou se debater. Mas Harry segurou-a com mais força e continuou a beijá-la.
Os dedos dele estavam entrelaçados em seus cabelos, puxando-os de leve, virando sua cabeça para o lado que quisesse. A boca masculina aprisionara a sua, acariciante. Um topor foi tomando conta dela, tirando-lhe à vontade de lutar. Com um fraco gemido, ela se entregou.
-Abra a boca, Mione - murmurou ele, num sussurro rouco.
Ela obedeceu sem discutir,sentindo no corpo um novo calor, acariciando os braços musculosos dele. Sentia vontade de tocar na pele dele, experimentar cada linha forte e bem traçada de seu corpo. Queria desabotoar a camisa dele e acariciar o torso peludo...
Seu abandono a trouxe de volta à realidade com um choque.
Hermione abriu os olhos e tentou se desvencilhar dos braços fortes, consciente apenas da fome ardente da boca de Harry.
Ele levantou a cabeça, respirando ofegante e, quando ela o encarou, ele já estava novamente controlado.
Harry a observava com um sorriso. Então relaxou o abraço e deixou-a se afastar. Num tom que ele não reconheceu, acrescentou:
-Virgenzinha! Não sabe nem beijar.
Os lábios inchados de Hermione mal conseguiram articular uma palavra. Ela engoliu em seco e precisou tentar duas vezes para se fazer ouvir.
-Isso não foi justo - disse afinal.
-Por que não? Você tentou me chutar,não foi?
-Não é assim que... Um cavalheiro acerta suas contas - disse ela,ainda ofegante.
-Eu não sou um cavalheiro - assegurou ele sorrindo, apesar do olhar frio.
E o sorriso se tornou mais frio quando Harry se deu conta de que quase perdera o controle. Hermione era perigosa.
Uma parte dele queria que ela fosse embora, pois sentia que a moça poderia derrubar suas defesas. Mas a outra parte queria mais aquela reação ardente e espontânea que conseguira despertar nela. Estava confusa, sua emoção estavam fora de controle, e isso significava problemas.
Com um sorriso irônico,perguntou:
-Ainda não sabe por que está aqui, meu “pêssego” da Geórgia? Sua tia Berta é casamenteira. Ela quer que você se case comigo.
Os olhos de Hermione se arregalaram.
-Casar com você! Ela deve estar louca!
Harry ficou tenso. Ela não precisava fazer isso parecer o fim do mundo, precisava? Ele a olhou furioso.
-Pois saiba que muitas mulheres já quiseram.
-Elas devem se masoquistas... Ou estão desesperadas. Em todo caso,tia Berta nunca faria...
-Pois fez. Mas sou velho demais para você. Sou vívido demais. E não quero arriscar meu coração outra vez. Portanto vá para casa. Depressa.
-Eu mal posso esperar para ir. Francamente eu não quero acordar presa a um homem como você.
-É muito lisonjeiro de sua parte - ironizou.
-Eu quero um parceiro, não um dono. Sabe, pensei que soubesse alguma coisa a respeito dos homens. Mas, eu não sei nada. E, para dizer a verdade, depois disso nem quero saber. Terei muito prazer em voltar para casa e ingressar num convento! - ela continuou a desabafar, como se ele não tivesse interrompido.
-Foi tão mau assim? - ele perguntou, sentindo-se inseguro, como um adolescente em sua primeira vez.
Ela se afastou.
-Você me assusta, seu brutamontes. Dá próxima vez quando e se eu procurar alguém, pode ter certeza de que será da minha idade. Aposto que você se esqueceu mais sobre namorar do que eu jamais aprenderei.
Ele sorriu sem jeito, surpreso com a franqueza dela.
-Talvez tenha razão. Mas você é doce assim mesmo.
-Eu sou nova demais para um “expert” como você
-Eu posso me sentir tentado a provar sua juventude.
-Sinto muito, mas você se daria mal... O máximo que você faria, caso isso acontecesse, era me deixar grávida. Daí tia Berta teria que se demitir e eu teria que ir embora e inventar um marido que não tenho. E nosso filho cresceria sem nunca conhecer o pai...
Os olhos dele se arregalaram, mas ele acabou rindo.
-Meu Deus, que imaginação!
-Eu já lhe disse que queria ser escritora. E agora já que não é um moribundo, portador de um mal incurável, quer fazer o favor de sair para eu fazer a mala? Acho que posso ir embora em dez minutos.
-Sua tia vai ficar desapontada.
-O problema não é meu.
-Ela é sua tia. Claro que o problema é seu. Você não pode ir embora agora. Ela...
-Ai!
O grito veio do andar térreo. Os dois se olharam e correram para a porta, abrindo-a em tempo de ver Berta deitada de costas no último degrau, gemendo, com a perna esquerda numa posição bastante anormal.
Hermione desceu a escada atrás de Harry.
-Oh!Tia Berta! - exclamou, olhando o rosto desfigurado e pálido. - Como pôde fazer isso comigo?
- Com você?! - exclamou Berta, gemendo de novo - Menina, é minha perna!
-Eu ia deixar... - começou Hermione.
Harry interveio, lançando um olhar de advertência na direção de Hermione:
-Ia deixar os pratos sujos para você, sem dúvida. Não é isso srta. Granger? - cortou-a, sem admitir contestação. “Felizmente, o destino está trabalhando a meu favor”, pensou Harry. Agora teria um pouco mais de tempo para descobrir por que essa moça o perturba tanto. Então, a eliminaria de sua mente, de uma maneira ou de outra, antes que ela fosse embora.
De alguma forma, precisava provar a si mesmo que não deixaria de lado seu orgulho masculino, ele buscava se convencer.
Hermione engoliu em seco, perguntando-se se devia desmentir Harry. Ele tinha uma aparência um bocado ameaçadora...
-Hã... É isso mesmo. Os pratos. Mas eu posso lavá-los!
-Parece que... você vai lavá-los... por uns bons tempos, se não ... importa-se - Berta falou entre gemidos, enquanto Harry corria para o telefone e discava para o pronto- socorro.
Segurando-lhe a mão enrugada, Hermione suspirou
-Pobrezinha. O que aconteceu?
-Eu senti falta de Harry e achei que ele talvez estivesse... Que vocês estivessem discutindo... Você não lhe conto nada, contou? A respeito do... estado dele...
Hermione mordeu a língua, e fez uma figa nas costas.
-Claro que não. Ele estava apenas me falando sobre o rancho.
Berta pareceu aliviada.
-Graças a deus. Minha perna está quebrada, sabe? - ela levantou os olhos quando Harry que se aproximou de novo e sorriu tristemente. - Bem, acho que você vai ter que chamar sua avó de volta.
Ele a olhou furioso.
-Uma ova! Eu acabei de tirá-la de minhas costas! Em todo caso, por que eu deveria chamá-la? Sua sobrinha já está aqui, e acho que ela não se importa de cozinhar um pouco. Não é mesmo?
Hermione mexeu-se pouco à vontade.
-Bem na verdade...
Berta sorriu e então fez uma careta.
-Claro que não. Você não se importa, não é, querida? Você precisa se... recuperar... daquela experiência desagradável que teve. Você sabe... aquela da loja.
-Oh! Aquela experiência...- Hermione assentiu, olhando para Harry e tocando no lábio inferior, que estava um pouco inchado, como a lembrá-la de uma experiência muito mais marcante.
Ele sorriu.
-Não foi tão má assim foi?
-Foi terrível - interferiu Berta, sem entender a ambigüidade da pergunta.
Com uma acusação nos olhos castanhos, Hermione confirmou:
-Foi mesmo. Além disso, pensei que você mal pudesse esperar para me pôr na rua.
-Você quer que ela vá embora? - gritou Berta.
-Não, eu não quero que ela vá embora. Eu tenho planos para ela - acrescentou Harry, sorrindo ameaçadoramente.
Hermione estava sem saída, e isso a incomodava. Agora estava atada pelas mentiras de Berta e pela lealdade de Harry Potter querer mantê-la por perto. Ele detestava as mulheres, pelo era o que Berta havia contado. Não era homem de se casar, era um notório conquistador, e a chamara de virgenzinha. Na certa, não tentaria seduzi-la. Ou será que tentaria?
Ela o olhou preocupada por sobre a tia. Harry tinha a fama de inescrupuloso. E ela não era tão inocente a ponto de não reconhecer a fome evidente na boca dele pouco antes, ao beijá-la.
Hermione estava, muito confusa e aqueles olhos verdes a desafiavam.
Ela ia ficar, Harry disse a si mesmo. Ele a persuadiria. Então poderia encontrar alguma maneira de fazê-la se mostrar como realmente era. Seria capaz de apostar que ela também tinha alguma coisa de Alisson. Ela era mulher, e todas as mulheres eram iguais, frias e calculistas. Se pudesse fazê-la derrubar o disfarce, se pudesse provar que ela era como todas as outras, uma gata com unhas de urso, poderia se libertar dessa sensação que o incomodava. O que sentia era só desejo. Claro, só desejo! Ele perdoou Berta por sua queda. Isso convinha a seus planos.
Obs: Como prometido aqui está o capitulo 3!!!!!Espero que gostem!!!Capitulo 4 só na quinta....Leiam também o capitulo 11 de "Da magia..." e até sábado eu posto o capitulo 6 de "O Senhor da Paixão"!!!Bjux!!!!
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