Capitulo 2
CAPÍTULO II
Hermione Granger não sabia o que esperar ao desembarcar no Aeroporto de San Antônio. Sabia que Ravine ficava um tanto distante, e que alguém iria apanhá-la. Mas, e se ninguém aparecesse? Seus olhos castanhos vasculhavam curiosamente o interior do aeroporto.
O pedido da tia fora tão inusitado, tão estranho. Imagine! Escrever as memórias de sr. Potter, um homem tão corajoso, morrendo por causa de um mal incurável.
Para Hermione era um prazer poder ajudar. Ela aproveitara a oportunidade para tirar uma merecida semana de férias. Tia Berta dissera que o sr. Potter queria gente jovem por perto, enquanto escrevia sua história. Seria um bom exercício de redação, já que Hermione tinha ambições literárias, e recentemente até escrevera alguns artigos para um jornal da Geórgia.
Tinha até comentado sobre isso com a tia, que ficara entusiasmada com a história da pobre moça da cidade que foi assaltada pelo maldoso chefe de uma gangue e tinha pesadelos com o horrível assaltante. Hermione estranhou o comportamento de Berta, porque ela só pensava em casá-la com o primeiro candidato que aparecesse. Especialmente depois da morte de seu pai. Por isso, Mione só concordara em vir para Ravine por causa do "pobre" e "velho" sr. Potter, mas, ainda iria se certificar de que sua tia Berta não estava tentando casá-la com ele!
Hermione empurrou os cabelos para trás. Usava-os mais curtos, num estilo bem moderno, o que realçava seus traços delicados. Vestia um modelo reto, com listras azuis e brancas e carregava pouca bagagem, roupas que mal dariam para uma semana.
Um homem alto atraiu sua atenção e, apesar da timidez que sentia pela maioria dos homens, ela o estudou abertamente.
Ele tinha traços marcantes, era musculoso e transpirava masculinidade. Usando um terno cinza, uma camisa branca aberta no peito, chapéu de vaqueiro e botas, parecia grande, forte, sensual e... arrogante.
Daqueles que não perdem, tomam o que querem. Quem sabe ela utilizasse o tipo para o herói de seu livro...
Logo, Hermione se deu conta de que ele a encarava, e depois de alguns segundos veio em sua direção. Ela segurou sua pequena mala com força quando o estranho parou bem a sua
Frente a frente, apesar de ser alta, teve que olhar para cima para poder encará-lo. Tinha olhos verdes e frios.
-Hermione Granger? - indagou, num tom que não admitia enganos.
Ela se irritou com seu ar confiante e ergueu o queixo.
-Isso mesmo. Você é do rancho Três Forcados?
-Eu sou o Rancho Três Forcados. Vamos.
-De jeito nenhum. Não vou dar um só passo até você me dizer quem é e para onde vamos.
As sobrancelhas dele se ergueram.
-Eu sou Harry Potter. E vou levá-la para sua tia Berta. - controle-se, pensou irritado, ao ver a expressão chocada dela, pegou sua carteira no bolso e mostrou-lhe a licença de motorista. – Satisfeita?
-Sim, obrigada. - esse era Harry Potter? Esse era um homem moribundo? Aturdida, deixou que ele levasse a bagagem e segui-o para fora do Aeroporto. Começava a ter o estranho pressentimento de que estava caindo numa armadilha. Mas logo espantou as dúvidas, ao se acomodar no luxuoso carro do "moribundo".
-Eu nunca estive num carro como este - comentou ela, afivelando o cinto de segurança, e tentando puxar conversa.
Hermione procurava ser um pouco menos hostil. Ele bem que merecia, mas ela precisava se lembrar da condição em que se encontrava o pobre homem, acometido por uma terrível doença. Sentia-se culpada por seus maus modos.
-Ele é mesmo uma beleza. Você já comeu?
-Sim, no avião, obrigada.
Ela cruzou as mãos em cima do colo e ficou em silêncio até chegarem à estrada. Os campos estavam cheios de flores coloridas e cactos. Hermione também reparou em longas extensões de terra onde não havia muitas casas e árvores, apenas cercas infindáveis e gado por toda parte.
-Pensei que houvesse petróleo por todos os lados aqui no Texas - murmurou, olhando para a paisagem descampada.
-O que você pensa que são aqueles grandes gafanhotos de metal?
-Aqueles são poços de petróleo? Mas onde estão aquelas coisas grandes que parecem a Torre Eiffel?
Ele riu.
-Meu Deus. Uma novata do Leste. A gente constrói uma torre quando está prospectando petróleo, meu bem. Não as conservamos para retirar o petróleo. Aquelas malditas coisas custam caro.
-Aposto que o senhor também não nasceu sabendo, sr Potter - ela cutucou-o, fazendo cara de anjo.
-Claro que não. - ele se acomodou melhor no banco.
“Ele certamente parece muito sadio para um homem que está morrendo” – Hermione pensou distraidamente.
-Eu já trabalhava com equipamentos de extração anos antes de possuir um - comentou ele.
-É um trabalho muito perigoso, não?
-É o que dizem.
Hermione estudou o perfil, perguntando-se se alguém já o havia pintado. Então, se deu conta de que o estava encarando e voltou sua atenção para a paisagem. Era primavera, e as árvores estavam carregadas de folhas novas.
-Que espécie de árvores são aquelas? - quis saber.
-São algarobeiras. Elas estão espalhadas por todo o rancho, mas nunca toque em seu tronco. Elas têm longos espinhos por toda parte.
-Nós não temos esse tipo de árvore na Geórgia.
-Não, apenas pessegueiros, magnólias e afetadas fazendinhas de gado.
Ela o olhou irritada.
-Em Atlanta, não temos afetadas fazendinhas de gado, como o senhor diz, temos, isso sim, um turismo sofisticado e um bocado de investidores estrangeiros.
-Não discuta comigo, meu bem. Eu tive uma manhã dura e não estou com disposição para disputas verbais.
-Ah! É! E eu desisti de obedecer às pessoas adultas, depois que me tornei uma.
Os olhos dele a mediram com desdém.
-Você não se tornou. Ainda não.
-Eu vou fazer vinte e três anos este mês.
-Eu fiz trinta e cinco no mês passado. E, para mim, você continua sendo uma criança, mesmo que fosse quatro anos mais velha.
-Pobre velho decrépito - ela murmurou baixinho, achando que estava cada vez mais difícil sentir pena dele.
-Que hóspede interessante você vai dar, srta. Granger. Eu vou ter que providenciar uma sopa de giletes para manter sua língua afiada.
-E que péssimo anfitrião o senhor está me saindo. Não creio que goste disso.
-E eu não gosto de mulheres do seu tipo - ele respondeu num tom cortante, encerrando a conversa.
Hermione se perguntou se ele sabia por que ela veio, mas concluiu que sua tia, provavelmente, lhe contara.
Virou para a janela e mordeu o lábio inferior. Estava sendo deliberadamente hostil com um homem que devia estar revoltado porque ia morrer. Ele pediu a Berta para trazê-la ao Texas. Até pagou sua passagem. Hermione devia animá-lo, ajudá-lo a escrever suas memórias, tornar seus últimos dias mais felizes. E, no entanto, lá estava ela, cutucando-o, desafiando-o como se ele fosse um velho rabugento.
-Eu sinto muito - disse depois de um minuto.
-Por que?
Incapaz de olhá-lo, ela repetiu:
-Eu sinto muito. O senhor me trouxe até aqui, pagou minha passagem, e tudo que fiz desde que desci do avião foi ser sarcásticas. Tia Berta me contou tudo, sabe? Farei tudo que puder para que se alegre por ter me trazido até aqui. Eu o ajudarei no que for preciso. Bem..., em quase tudo. Eu não me sinto realmente muito a vontade perto de homens -acrescentou com um sorriso tímido.
Harry relaxou um pouco, embora não sorrisse.
-Não é difícil entender por quê - disse, depois de um minuto, e ela achou que sua tia havia lhe contado sobre sua educação severa.
-Mas eu sou o último homem no mundo com quem você precisa se preocupar a esse respeito. Minhas mulheres sabem como sou, elas não são muitas hoje em dia. Eu não tenho nenhum interesse por garotas da sua idade. Você é apenas um bebê.
“Que homem irritante e enervante”, pensou ela, surpresa com a declaração dele. Ela o olhou hesitante.
-Bem, eu também nunca tive nenhum interesse por velhos rabugentos com poços de petróleo. Pode ficar sossegado, sr. Potter.
Ele a olhou com uma expressão divertida.
-Não seja atrevida. Eu não sou tão velho assim.
-Aposto que suas juntas rangem e estalam - ela disse baixinho.
Ele riu, ao entrar na estrada que levava ao rancho Três Forçados.
-Só nas manhãs frias. Vou lhe dizer uma coisa, menina. Seja educada comigo, que eu serei educado com você, e as pessoas nunca vão adivinhar o que achamos um do outro. Está bem assim?
-Está bem.
Ela se sentia com remorso, pois tornara a irritá-lo e o que queria, na verdade, era animá-lo.
-Você é incomum. Parece sua tia - ele a olhou intrigado.
-Minha tia é uma reencarnação do general Pacto. Ela seria capaz de ganhar guerras se lhe dessem um uniforme.
-Eu concordo.
-Obrigada por ir me buscar no aeroporto. Agradeço muito.
-Eu não sabia como você se sentiria, caso eu mandasse algum dos vaqueiros apanhá-la. Assim, embora não nos conhecêssemos, eu achei que você ficaria mais a vontade se eu fosse buscá-la.
-Obrigada pela consideração - murmurou Hermione, encabulada.
Ao se aproximarem da casa, ele recomendou:
-Não conte a sua tia que estivemos discutindo. Ela ficaria preocupada. Ela matraqueou durante meia hora e até ameaçou se demitir antes de reunir coragem para sugerir sua visita.
Mione suspirou, sentindo-se comovida.
-Essa é minha tia! Uma mulher e tanto, que se importa realmente com as pessoas.
-Depois de minha avó, ela é a única mulher que tolero debaixo de meu teto.
-Sua avó está aqui? - perguntou ele curiosa, ao chegarem à enorme casa de cedro.
-Não, ela partiu na semana passada, graças a Deus. Mais um dia com ela, e eu teria ido embora, assim como Berta. – disse ele - Ela é parecida demais comigo. Nós só conseguimos conviver por curtos períodos.
-Sua casa é uma graça! - comentou ela, quando Harry abriu a porta do carro.
-Eu não gosto. Mas quando a velha casa se incendiou minha irmã estava namorando um arquiteto que nos fez um bom orçamento. Eu pensei que ele fosse um rapaz inteligente. Mas se revelou um daqueles construtores de nova onda, que gostam de fazer experiências. Os malditos banheiros têm banheiras rebaixadas e hidromassagem, e há um córrego dentro da residência...Oh, meu Deus, é um pesadelo de casa... Você pode acabar se afogando na sala de estar, ou ser arrastado até o rio.
Ela não pôde deixar de rir. Ele parecia realmente indignado.
-Por que não o impediu?
-Eu estive no interior do Canadá durante vários meses - falou, evasivo.
Harry não se explicou. Afinal, aquela mulher estranha não precisava saber de seus problemas, da sua fuga para aquela região, tão deserta, para se recuperar da traição de Alisson.
-Ainda assim, gosto dela... - insistiu Hermione, e já ia começar a argumentar, mas foi interrompida por Berta, que saiu de casa com os braços estendidos.
Hermione correu para ela, sentindo-se querida e importante depois de muito tempo.
-Oh, você está maravilhosa.Como vai você? Como foi de viagem? - Berta enchia a sobrinha de perguntas e beijos.
-Eu estou muito bem e foi muita gentileza do sr. Potter ir me encontrar - Hermione respondeu, acalmando a ansiedade da tia. Então se virou para Harry. - Obrigada mais uma vez, espero que a viagem não o tenha cansado demais.
-O que? - ele perguntou estupefato.
Berta apressou-se em explicar:
-Eu disse a Mione que o senhor tem trabalhado muito ultimamente, patrão. Vamos, querida, vamos entrar!
-Eu levarei a mala - ele disse intrigado, e seguiu-as para dentro de casa.
Hermione adorou a construção, rústica, por fora e moderna por dentro, era grande e constante, e havia bastante espaço por todos os lados. Era o tipo de casa ideal para uma pessoa acostumada a viver ao ar livre.
A governanta comentou:
-Acho esta casa perfeita para Harry, mas pelo amor de Deus, não lhe diga isso! E por favor, não deixe que ele perceba que você sabe sobre sua condição. Você não falou nada sobre isso falou? - perguntou um tanto aflita, mostrando a Mione o quarto que iria ocupar e que dava para uma grande piscina e para um descampado sem fim.
-Oh, não, palavra de honra, mas como é que vou ajudá-lo a escrever as memórias, se nem mesmo posso falar no assunto?
-Nós trataremos disso oportunamente. Ele...hã...perguntou por que você veio?
Dando um suspiro de impaciência, Hermione respondeu:
-Ele parecia achar que eu pedi para vir. É um homem estranho. Pensou que eu tivesse medo dele. Eu, com medo de homens! Parece piada! Especialmente depois do que Luna e eu fizemos naquela noite na loja com o assaltante.
-Nunca conte isso a ele, por favor. Isso... o deixaria transtornado. Não podemos fazer isso. Poderia ser... fatal!
-Eu não vou contar, juro, mas ele tem uma aparência muito sadia para um homem moribundo, não acha?
-Ele é um homem forte, muito forte, mas a doença o está corroendo. Jamais ele deixaria alguém perceber que está sofrendo.
-É um homem corajoso, esse sr. Potter - comentou Marianne com admiração.
Berta estava sorrindo quando deixou o quarto.
Mais tarde, na cozinha, Mione perguntou à tia:
-A irmã dele gosta desta casa?
-Oh, sim, mas o patrão a odeia!
-A irmã dele é parecida com ele?
-Fisicamente não, mas, em temperamento, sem dúvida. Os dois são irritáveis e têm um gênio terrível.
-Você mencionou que ele tem um secretário...- Hermione comentou, ao passar o rolo numa massa de torta.
-Sim. David Meadows é um jovem eficiente, mas não gosta de ser chamado de secretário. Ele gosta de se considerar um assistente administrativo - concluiu Berta, com um sorriso.
-Eu vou me lembrar disso.
Berta terminou de cortar as maçãs para a torta. Afinal precisava manter Harry de bom humor, e a melhor maneira de fazê-lo era enchendo-o de mimos.
-Eu não sei o que o patrão faria sem ele, David mantém tudo em ordem por aqui, desde a contabilidade, até entrevistas e telefonemas. O patrão fica fora a maior parte do tempo, viajando pelo mundo, fazendo negócios com petróleo. Na semana passada, ele esteve na Arábia Saudita, e na semana que vem, ele vai para a América do sul.
-Essas viagens todas devem ser cansativas, não é perigoso para ele, nas condições em que está?
Por um momento, Berta ficou sem saída, então sorriu.
-Oh, não. O médico disse que é até bom para ele. Ele vai com calma, e isso afasta sua mente de outras coisas. Mas Harry nunca fala sobre isso. É um homem fechado.
-Ele parece terrivelmente frio, tia.
-É só camuflagem, ele é cordial e gentil, um príncipe de homem. Um príncipe! Agora, prepare está torta. Você faz as melhores tortas que já provei, menina, são até melhores que as minhas.
-Foi mamãe que me ensinou... eu ás vezes, sinto realmente falta dela. Especialmente no outono, nos costumávamos ir ás montanhas para ver a queda das folhas. Papai vivia sempre tão ocupado, mas mamãe e eu tínhamos espírito aventureiro, faz oito anos que ela morreu, e só um desde que papai se foi. Eu me alegro por ainda ter você.
Berta procurou não se mostrar comovida, mas tinha os olhos cheios de lágrimas, dando as costas a sobrinha, resmungou:
-Trate de se ocupar. Não adianta nada olhar para trás.
"O passado é passado!”, pensou Hermione, mudando o rumo de seus pensamentos. Sentia-se triste por causa de Harry Potter, apesar de ser um homem intragável. Ouvira a tia falar sobre ele durante tantos anos que parecia que já o conhecia. Queria ajudá-lo... Se apenas conseguisse passar a semana sem deixá-lo zangado, ou aumentar seus problemas.
Hermione estava indo para outra sala para chamá-lo, quando sua atenção foi atraída pelo "rio" que atravessava a sala, iluminado por luzes coloridas submersas. Era uma decoração exótica, mas bonita, com plantas por toda parte e um riacho bem no meio da sala, largo o suficiente para se nadar nele.
Sem prestar muita atenção para onde estava indo, recuou alguns passos, quando, de repente, colidiu com alguma coisa quente e sólida.
Virou-se, ao ouvir o som de água se esparramando e uma imprecação furiosa. Quando se deu conta do que tinha acontecido, empalideceu.
-Oh. Sr.Potter, eu sinto muito!- exclamou, apavorada, mas ao mesmo tempo, morrendo de vontade de rir.
Ele estava muito molhado, ensopado era a melhor descrição para ele, e, como se não bastasse, tinha um lírio no topo da cabeça, enroscado nos cabelos pretos. Estava em pé, embora a água lhe batesse no queixo, parecia muito grande e zangado. Quando tossiu e a encarou, Mione reparou que seus olhos verdes tinham o mesmo tom das folhas do lírio.
-Ora, sua... - começou a dizer, ao se mover na direção de “margem" acarpetada, com uma expressão ameaçadora no rosto.
Naquele momento, ninguém diria que ele era um moribundo, com a rapidez de um raio, saiu da água, molhando o carpete, e arrancou o lírio dos cabelos. Hermione, de repente, se esqueceu das boas maneiras, das desculpas, e correu como se o diabo estivesse em seus calcanhares.
-Tia Berta! - gritava, enquanto sentia que passos encharcados e imprecações a seguiam de perto.
-Tia Berta, socorro! - tornou a gritar, quando passou pela porta de vaivém.
Ela se esqueceu, porém que portas de vaivém vão e voltam, e elas voltaram, batendo num homem alto, molhado e furioso.
Houve um baque surdo e o som de pedaços de louças se espatifando.
Berta olhou para a sobrinha com os olhos arregalados de choque.
-Oh, Mione. Oh, Mione.
-Acho que o sr. Potter talvez precise de ajuda, tia Berta.
-Acho melhor começarmos a rezar, querida - Berta murmurou nervosamente.
Ela enxugou as mãos no avental e abriu cautelosamente a porta de vaivém para espiar o que tinha acontecido. Harry Potter estava sentado entre as ruínas de seu jogo de café, com cacos de porcelana espalhados á sua volta. Seu terno estava molhado e havia poças de água no chão, depois que ele se levantou. Seus olhos soltavam chispas e o rosto estava rubro de fúria.
Ele encarou Berta com uma expressão que dizia que o pior ainda estava por vir. E ela nem esperou ele falar nada para começar a se desculpar:
-Ela é realmente uma boa moça, patrão... Depois que a gente passa a conhecê-la melhor.
Harry correu os dedos nos cabelos empastelados, arfando pesadamente.
-Eu tenho um compromisso depois do jantar, mandei o resto de meus ternos ao tintureiro esta tarde, e reservei este para sair, só que eu não esperava nadar com ele.
-Nós poderíamos enxugá-lo e passá-lo - sugeriu Berta, sem muita convicção.
-Eu também poderia esquecer o maldito incidente - disse ele, friamente, olhando furioso para Hermione - Nada vai remediar isto sabe?
Ela engoliu em seco, sem saber o que dizer, quando a tia veio em seu socorro:
-Que tal uma torta de maçã, acaba de sair do forno, com um pouco de sorvete?
Ele inclinou a cabeça para um lado e franziu os lábios.
-Acaba de sair do forno?
-Acaba de sair do forno.
-Com sorvete?
-Isso mesmo - prometeu ela.
Ele encolheu os ombros molhados.
-Vou pensar nisso - então, se virou e saio pelo corredor com passos largos... e molhados.
Berta encostou-se na parede e olhou para sobrinha pasmada.
-Querida... Você pode me contar o que aconteceu?
-Eu não sei. Eu fui chamá-lo para vir comer, então vi aquele riacho artificial. Quando me dei conta do que estava havendo, ele havia caído dentro dele. Bem... acho que eu empurrei sem querer.
-Não sei como você deixou de ver um homem do tamanho dele - Berta balançou a cabeça e pegou uma vassoura no armário.
-Eu estava de costas para ele, entende?
-Se eu fosse você, nunca mais faria isso, se não fosse por aquela torta de maçã, nem eu poderia salvá-la!
-Sim, senhora.Oh tia Berta, só espero que ele não pegue uma pneumonia por minha causa. Minha consciência nunca me daria paz!
Berta deu-lhe uns tapinhas para consolá-la.
-Deixe disso! Ele é forte, sabe? Vai ficar bem. Por enquanto, quer dizer - apressou-se a acrescentar.
Hermione cobriu o rosto com as mãos, sentindo um misto de alívio e divertimento reprimidos.
Harry Potter era um homem e tanto. Pena que lhe restasse tão pouco tempo.
Achava que nunca se esqueceria da expressão do rosto dele quando saiu do riacho, e nem das batidas excitadas de seu coração ao fugir dele. Era novidade ser perseguida por um homem, apesar de doente, e emocionante se sentir desinibida na presença dele. Sempre fora tímida, mas com Harry era diferente... sentia-se... feminina. E isto era tão novo para ela quanto às batidas rápidas de seu coração.
Obs: Como prometido aqui está o capitulo 2!!!!Amanhã quem sabe eu não posto o 3...hehehe....Espero que gostem!!!!Bjux!!!!!
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