Capitulo 1



CAPÍTULO I


-Você aparenta estar orgulhoso de si mesmo, sr. Harry Potter - comentou Berta, num tom de reprimenda, enquanto trazia travessa cheia de carne, batatas e pãezinhos frescos para a mesa de jantar.

-E por que não deveria? A coisa vai indo muita bem. Vovó vai embora, ela não lhe contou? - perguntou - Vai ficar com minha irmã. Felizarda da Belinda. - completou Harry, num tom irônico.

A governanta levantou os olhos para o céu e, num gesto teatral, brincou:

-Eu vos devo ter agradado, oh Senhor, pois todas as minhas preces forma atendidas.

Harry sorriu da cena, enquanto estendia a mão para alcançar a travessa de rosbife fatiado. Seus olhos verdes brilhavam ao provocar a leal governanta.

-Pensei que vocês eram grandes amigas...

-E somos mesmo, desde que eu corra o tempo todo, mantenha a boca sempre fechada e finja que gosto de cozinhar cinco refeições de cada vez.

-Olha, hein de repente ela pode desistir!

-Ah, meu caro, eu me demitiria. Ela só está aqui há quatro meses e eu acho que tenho disposição em aceitar aquela vaga de cozinheira dos Malfoy.

-Ora, você acabaria indo tomar conta dos gêmeos junto com Conchita. A sra. Malfoy está procurando uma governanta...

Berta olhou-o com azedume, puxando para trás algumas mechas de cabelo grisalhos, que pareciam combinar com seu tipo mignon.

-Eu gosto de crianças. E, por falar nisso, por que você não casa e tem uma meia dúzia?

As sobrancelhas espessas de Harry se ergueram um pouco e os olhos verdes ficaram alertas. Era um homem charmoso, de traços marcantes e temperamento forte. Não era difícil arranjar uma namorada com todos aqueles atributos, mas ele nunca se envolvia seriamente. Não, depois que Alisson o fizera de tolo, quase o levando ao altar, para desistir no último momento e se casar com seu primo Rick. Um casamento, aliás, fadado ao fracasso. Seis meses depois, Rick e Alisson se divorciaram, dando margem a comentários. E, era melhor esquecer; essas lembranças machucavam.

Harry, num tom de brincadeira, continuou a conversa com a fiel Berta:

-E o que eu faria com crianças? Santo deus veja só o que elas fizeram com o pobre Draco Malfoy. Lá estava ele, um solteirão convicto e feliz, ganhando dinheiro aos montes, trabalhando no rancho e farreando nos fins de semana. Foi se casar com aquela modelo e perdeu tudo...

-Ele recuperou tudo, com juros. E se disser mais uma palavra sobre a sra. Gina Malfoy, juro que o escaldarei vivo!

Ele deu de ombros.

-Bem, ela é bonita. Os gêmeos também. Eles se parecem um pouco com Draco.

-Você se lembra de como ele era rude, e até malcriado? Agora fez as pazes com você e até lhe deu aquela licença para explorar petróleo. Sim senhor, o amor faz milagres.

-Só de falar nisso me dá arrepios. – ele estremeceu e encheu o prato novamente.

Berta hesitou um pouco antes de entrar no assunto que realmente a interessava. Levara algum tempo maquinando aquele plano, e queria ter certeza de que tudo sairia conforme planejara.

-Harry... Sr. Potter, estou com um problema grave...

Ele parou de comer e levantou os olhos. Ela parecia preocupada e um pouco insegura. Mostrando interesse, Harry incentivou-a a falar:

-Vamos lá, o que aconteceu?

Mudando o peso do corpo de um pé para outro, como se não estivesse à vontade ela afinal respondeu:

-É sobre a filha mais velha do meu irmão, Hermione. Bem ele morreu ano passado, você deve se lembrar.

-Sim. Fui ao enterro dele. A esposa dele morreu alguns anos antes, não?

-Isso mesmo. Bem, Hermione e sua melhor amiga, Luna, estavam fazendo compras numa dessas lojas que ficam abertas a noite toda. Ao saírem da loja, enquanto atravessavam o pátio de estacionamento, um homem tentou atacá-las. Foi terrível. Felizmente, elas não sofreram nada, mas, desde então minha sobrinha anda apavorada. Ela, quer dizer, as duas ficaram doentes com o que aconteceu, e isso as deixou com cicatrizes profundas. Cicatrizes emocionais profundas... - acrescentou ela, exageradamente, estudando a reação dele.

Ele se sentou mais ereto, atento.

-Sua sobrinha vai ficar boa, não vai?

Berta torceu a saia antes de responder.

-Sim. Ela está bem fisicamente. Mas é com estado emocional dela que estou preocupada...

"Hermione..." Harry lembrou-se de uma foto que vira da sobrinha predileta de Berta.

A imagem de uma moça de cabelos escuros e longos, olhos castanhos e rosto oval voltou-lhe à mente.

-...Ela não é nenhuma miss, e nunca teve um namorado. Seu pai era desses homens dominadores, cuja reputação mantinha os rapazes afastados. E agora então...Pobre Mione. Ela cuida da contabilidade do escritório de uma grande oficina, e trabalha quase só com homens. Disse-me que já chegou até a suar frio quando esteve perto de um homem. Ela precisa se afastar um pouco, sair da cidade, recompor sua vida.

-Pobrezinha -concordou ele, sincero, mas cauteloso.

-Ela tem quase vinte e três anos. O que vai ser dela? - Perguntou a governanta, olhando-o com o rabo do olho, e deliciando-se por dentro.

Ele ficou quieto, tentando achar uma solução.

-Bem, ela podia fazer uma terapia...

-Não. Ela não fala com ninguém. Eu sei que você precisa de mim, mas eu não posso dar as costas para minha própria sobrinha. Bem... eu estou disposta a deixar meu emprego e ir até ela...

-Oh, pelo amor de Deus, depois de quinze anos, você me conhece muito bem. Mande-lhe uma passagem aérea.

-Ela está na Geórgia... eu sei como você se sente a respeito de ter mulheres em casa.

-E daí? Tenho certeza de que ela é inofensiva.

-Bem, obrigada. Eu lhe pagarei de algum modo.

-Já que se sente tão generosa, que tal uma torta de maçã? – Berta riu.

- Em trinta minutos - respondeu e correu para cozinha como se fosse uma mulher com metade de seus 60 anos.

Seria capaz de dançar de alegria. Ele caiu direitinho! O primeiro ato estava prestes a começar! "Perdoe-me, Mione”, pensou com seus botões e começou a planejar de novo.

Harry olhou para a porta da cozinha, completamente confuso. Esperava ter tomado a decisão certa. Talvez estivesse amolecendo com a idade. Talvez...

-Minha cama estava mais desconfortável que moita de cactos - disse
uma voz áspera e irritadiça da entrada da sala de jantar.

Ele se virou quando sua avó entrou, apoiada numa bengala.

Como o neto, também tinha olhos verdes, era gorda e tinha cabelos cor de champanha, que emolduraram seu rosto marcado pela idade.

Sorrindo, Harry perguntou-lhe:

-Por que a senhora não dormiu no estábulo? O feno é bastante confortável.

Ela o olhou furiosa e brandiu a bengala.

-Que vergonha, falar desse jeito com uma pobre velha!

-Eu tenho pena é de quem se colocar ao alcance dessa sua "arma". Quando a senhora parte para Galveston?

-Hum! Você mal pode esperar para se livrar de mim, não é mesmo? - perguntou ela, ao se sentar ao lado dele.

-Oh não. Eu vou sentir a sua falta como a de uma praga.

-Seu grosseiro. Igualzinho ao pai! Ele também era um inferno para se conviver.

-E você é uma mulherzinha muito meiga! - cutucou-a.

Ela se serviu de café.

-Acho que você herdou esse traço de seu pai. Ele o herdou de mim. Espero que Belinda seja mais fácil de se conviver do que você e essa governanta com dentes de sabre.

-Eu não tenho dentes de sabre... – Berta lhe assegurou ao voltar da cozinha, trazendo mais pãezinhos.

A sra. Potter respondeu secamente:

-Tem sim. No meu tempo você seria enforcada numa árvore por insubordinação.

-No seu tempo, a senhora teria sido enforcada ao meu lado - retrucou Berta, com sua língua afiada, e saiu da sala.

-Você vai deixá-la falar comigo desse jeito?

-A senhora não vai querer que eu entre naquela cozinha sozinho, vai? Ela guarda facas lá dentro. E um moedor de carne. Eu vi com meus próprios olhos.

A sra. Potter procurou não rir, mas não conseguiu evitar. Ela lhe deu um tapa leve, censurando-o:

-Seu palhaço! Não sei como o suporto.

Ele riu.

-É que a senhora não resiste a mim... Vamos, coma! Não pode viajar por metade do Texas com o estômago vazio.

Pousando a xícara de café perguntou:

- Tem certeza de que esse vôo noturno é uma boa idéia?

-Hum.hum! É mais sossegado, e, além disso, Belinda e seu namorado mais recente vão esperá-la no aeroporto. A senhora ficará bem.

-Espero que sim, - ela olhou para a travessa de carne que estava sendo esvaziando rapidamente. - Me dê um pouco dessa carne antes que você a coma toda sozinho!

-O boi é meu - resmungou ele.

-Mas ele descende de um dos meus. Me dê aqui!

Harry suspirou, fazendo-se de derrotado. Entregou-lhe a travessa com uma expressão resignada e viu o sorrisinho de triunfo dela. Tinha que ceder, pelo menos de vez em quando, senão a avó ficaria impossível.

Mais tarde levou-a ao aeroporto colocou-a no avião. Ao voltar para o rancho, pensou em Hermione Granger e em como seria ter uma mulher jovem em casa.

E jovem demais para ele, pois tinha apenas 22 anos... Inofensiva, graças a Deus.

Esperava apenas que tivesse feito a coisa certa. Senão, tudo ai ficar muito complicado. Já bastava uma tentativa frustrada de Berta que, com seu casamento, quase o deixara maluco, até que conseguisse detê-la. Mas até hoje, ela ainda o censurava por sua aversão ao casamento.

Como seria bom se ela parasse de pajeá-lo e o deixasse em paz... e solteiro.

Olhando para os campos de petróleo, seus campos, Harry sentiu orgulho. Enquanto entrava com o elegante Chrysler branco na rodovia, lembrava-se de quanto seu pai sonhara com um grande poço de petróleo. Mas fora ele quem o descobrira. Pedira dinheiro emprestado e investira tudo junto com um amigo.

Tiveram sorte, o poço foi encontrado. Depois disso, ele e o amigo seguiram rumos diferentes. E Harry Potter tornara-se um rico explorador de petróleo, mas também um homem de negócios frio e calculista, com mente perspicaz e coração duro.

Homem amargurado e solitário que passara por experiências que o deixaram marcado. Sempre fora pobre, e como se isso não bastasse, sua família sempre foi olhada com desprezo e escárnio, por causa de sua mãe. Cansada da vida monótona do rancho, numa comunidade pequena como Ravine, fugira com o marido de uma vizinha, deixando os filhos para o ex-marido e a sogra. Mas tarde, ela se divorciou e casou de novo, mas os filhos nunca mais ouviram falar dela.

Harry nunca a perdoou por abandoná-lo e passou a odiá-la quando, num dia de outono, anos depois, o pai saíra com um rifle na mão e fora encontrado morto, ao lado de sua caminhonete, segurando um pedaço de fita que pertencera à esposa.

Harry jamais esqueceu a morte do pai, e nunca mais se lembrou que um dia teve mãe. Mais tarde, quando caiu na armadilha açucarada de Alisson, aprendeu a lição final. Agora usava as mulheres quando e como queria, sem se importar com sentimentos e emoções. E cada vez que se sentia tentando a se aproximar de alguém, lembra-se de sua mãe e de Alisson.

Não! Preferia a solidão. Era uma companheira segura e confiável.

Entrou na alameda que dava acesso ao rancho Três Forcados e sorriu para os carvalhos que a margeavam, pensando em toda a história que havia nesse grande e vigoroso pedaço de terra.

Talvez vivesse e morresse sem um herdeiro, mas trataria de aproveitar bem até esse momento chegar.

Perguntou-se se o vizinho lamentava sua decisão de lhe arrendar as terras de pasto para que pudesse procurar petróleo, já que formaram inimigos durante tantos anos.

É era espantoso como uma mulher podia mudar um homem, principalmente um homem como Draco Malfoy. Ele abrandara o gênio, tornando-se muito diferente daquele renegado, capaz de começar uma briga por qualquer coisa. Ela devia ser mesmo especial.

Sorriu ao pensar nisso. Não negaria ao velho inimigo um pouco de felicidade, não depois que ele lhe concedeu a licença para perfurações que queria desesperadamente há tanto tempo.

Era como um novo começo: fazer um contrato de paz com Draco Malfoy e tirar sua extravagante avó de suas costas, sem derramamento de sangue.

Ele riu alto ao se aproximar de casa, e foi só quando ouviu a própria risada é que se deu conta de que já fazia muito tempo que não se sentia tão feliz.


Obs: Oi pessoal!!!!Mais uma fic para vocês lerem!!!!Espero que gostem!!!!Amanhã já posto o segundo capitulo!!!E na quarta eu posto o capitulo 11 de "Da magia..."Bjux!!!!

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