A Visitinha



 


Uma semana se passou até Edwiges retornar com a resposta de Fred e Jorge.


O animal estava irreconhecível. Suas penas não mais eram brancas como a neve, ganhara um tom oposto. A neve cedeu lugar para o lúgubre breu. As penas de Edwiges estavam negras.


            Contudo, este não era o único problema, o temperamento da coruja estava realmente agressivo. Todos ao redor do salão principal, e principalmente os da mesa da Grifinória, olhavam a coruja com curiosidade. Sem se deter às exclamações dos colegas, os amigos continuaram a tentar resgatar a carta. Foi uma luta, mas conseguiram tirá-lo já que o pergaminho estava fortemente atado às patas da ave. Harry e Rony levaram algumas doloridas bicadas (algo que chamou ainda mais à atenção dos ali presentes), mas conseguiram retirar a correspondência.


            Rony desenrolava a carta enquanto Harry acariciava a coruja que piava assustada e, mesmo recebendo tais bicadas tratava-a bem. Ele a tratava assim porque era Edwiges a única amiga e companheira quando ele passava as férias nos Dursleys.


- Calma. Calma Edwiges!Aiiii. – O dedo indicador do moreno sangrava e a coruja não parava de feri-lo. Harry sacudiu a mão espantando o animal que voou à janela mais próxima, sumindo de vista. – Lê isso logo... Em outro lugar.


Levantaram-se às pressas e saíram em busca de um lugar onde poderiam ficar a sós. Deixavam o lugar sob olhares extremamente curiosos.


A sala comunal da Grifinória não seria possível, já que a aula de Herbologia foi cancelada devido ao tempo que estava chuvoso, então muitos grifinórios estariam lá. Sem dúvida Hermione era um dos que lá estavam, já que a morena não descera para tomar café com os demais. Além de que teriam as outras aulas normalmente no decorrer do dia então, não podiam se demorar.


Restava achar um ambiente adequado. Harry e Rony andaram cerca de alguns minutos em busca de um lugar calmo, estavam ficando angustiados à medida que cada porta que abriam continha gente nela. Continuavam a andar e procurar, e andar... E andar. E como andaram! Até que nem se deram conta de onde adentraram, afinal, só queriam ler aquela carta, era a coisa mais importante naquele momento.


Finalmente Rony começou a ler:


 


Estamos profundamente magoados não é Jorge?


Mas é claro, Fred. Estamos machucados!


Não esperávamos essa atitude de vocês! Acham mesmo que nós faríamos isso com a Mione? Por favor, não respondam!


Não temos mais tempo agora, estamos testando algumas novas mercadorias...


 


 Ps.: como Edwiges não parava de nos bicar, demos a ela o que merecia! Ah, um feitiço mais forte que o normal, achamos que o efeito colateral seja o mau-humor... Boa Sorte!


  


Fred e Jorge.


 


            - Não tem mais nada?


Rony sacudiu a cabeça em resposta.


- Nenhuma explicação?


- Nada mais, Harry.


- O que eu faço com Edwiges?


Os únicos que sabiam desfazer o feitiço eram os gêmeos. Hermione talvez pudesse resolver, mas para isso teriam de contar toda a história, justamente o que eles queriam evitar, deixando-a de fora. Não queriam nem pensar na reação de Hermione, tal fato poderia magoá-la profundamente. Hagrid não poderia ajudar, entendia muito bem de animais, mas em compensação não era nenhum gênio no quesito magia. Chegaram à conclusão que melhor pessoa pra resolver o assunto era McGonagall, estavam quase perto da porta quando uma voz aguda e infantil ecoou:


- Veio me visitar, Harry?


Os garotos estavam à procura de um lugar que pudessem ler a carta dos gêmeos em paz que nem se deram conta de onde tinham entrado. Era sem dúvida o último lugar que pensariam em ir.


- Murta! Visitar você? Er... Er...Visitar? Sim!


Depois, eu quem o sou mentiroso... - pensou Rony enquanto fazia uma careta daquelas.


Murta deu um risinho assustadoramente bizarro. Era óbvio o desconcerto que Harry estava, só Murta parecia não notar que a sua presença não era bem vinda.


- Faz tempo que você me deve uma visita.


- Tenho andado ocupado...


- Estou feliz. Sente-se, Harry.- o garoto olhou ao redor do banheiro do segundo andar no qual Murta assombrava, não era um lugar propício a visitas, sem assentos. Olhou para Rony como se não soubesse o que fazer. Rony, por outro lado, abafava os risos. Tudo era muito hilário. Harry meio contrariado sentou-se no chão.


- Ah! Eu to bem assim cara. - Rony respondeu o apelo silencioso que Harry lhe deu para que se sentasse como este o tinha feito.


            - Vou buscar alguma coisa pra você beber, Harry.


            - Não precisa Murta!


            - Faço questão que meu visitante seja bem tratado. – e soltou um daquele sonzinho que fazia quando flertava com Harry.


            Rony tinha lágrimas nos olhos, não iria conseguir se controlar por muito tempo. Olhava a expressão embaraçada e aterrorizada de Harry e ria, mas só que em silêncio.


            - Vou pegar sua bebida, Harry! Volto num minuto, huh huh – dirigiu-se ao vaso sanitário espirrando água por toda a extensão do vaso; fato que enojou tanto Rony quanto Harry. Lembraram da vez que um fantasma, Sir Nicholas, lhes oferecera alguma coisa. A experiência não tinha sido nada agradável. E, agora não seria diferente, já que Murta voltava do mesmo vaso sanitário que tinha entrado trazendo um copo com um líquido com uma cor não identificável e deu o copo a Harry.


            - Pegue Harry. Aposto que deve estar uma delícia! – Rony tinha um sorriso contido na face, olhava Harry e cada vez que o fazia sentia dores causadas por segurar o riso.


            - Rony também quer.


            - NÃO... Quer dizer, eu to cheio, comi muito no café, mas Harry não comeu nada...


            - Se falar mais uma palavra eu juro que te dou um soco – Harry disse com os dentes cerrados.


            - Não tenho mais bebida. Desculpa Harry! Mas como você não disse que viria me ver... Não tenho nada feito.


            Ufa!   


            - Não vai tomar? – Murta indagou ao ver que Harry nem sequer deu um gole da bebida.


            - Ah, se não tem mais... Não vou tomar se não tem para meu amigo. – e segurou Rony no pescoço com uma força desnecessária.


Lágrimas começaram a escorreu no rosto de Rony – Que foi, cara? – perguntou Harry cinicamente.


            - To emocionado...


            Ah! Harry você não perde por esperar!


- Fiquei sabendo do seu namoro com aquela menina que abriu a câmara secreta aquela vez. – disse Murta mudando de assunto drasticamente como se todo o tempo quisesse levantar aquela questão.


Harry sentiu uma pontada no estômago e Rony estava sério e encarava Murta. Aquele comentário trouxe a eles várias lembranças que prefeririam que ficassem eternamente esquecidas. Gina estava sob a influência de Voldemort, portanto ela estava livre de culpa.


- Hum...


- Pensei que você gostasse de mim... Você sempre vinha aqui me ver.


- Hum... – era a única coisa que saia da boca de Harry.


- Nem sei como essa Gina não sentia ciúmes da gente. – Comentou Murta com um sorrisinho de canto de boca.


- Se minha irmã sentisse ciúmes, provavelmente seria por alguém que ‘tivesse vivo’.


- Oh... Oh... Vamos maltratar a Murta já que ELA NÃO TEM CORAÇÃO! ELA NÃO LIGA PORQUE ELA TÁ MOR...


 BUM! Bateram à porta antes mesmo que Murta continuasse com as suas lamentações. Não fizeram nem questão de dizer que “Não foi isso que eu quis dizer” ou “Não ligue pra ele Murta”, porque era definitivamente aquilo que Rony queria dizer e bem no fundo da alma de Harry, Murta colheu as mandrágoras que plantou.

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