Os choros de Rony



Neusttat foi o comentário no dia seguinte à mesa do café. Não se falava em outra coisa que não fosse em DCAT. Não porque a aula foi digna dos tempos de Reno Lupin, mas por ter como mestre uma figura tão singular como Sarah E. Neusttat. Nunca este nome fora mencionado antes à presença de Rony, Hermione e Harry, isto fez com que a curiosidade crescesse rapidamente entre os amigos.


De curioso na aula só os trajes incomuns para o mundo da magia e o jeito indiferente com que a professora tratava os alunos. Pode-se perceber isto, quando Neusttat questionava à sua classe sobre determinado assunto e o aluno, principalmente Hermione Granger, respondesse com êxito, a professora limitava-se com um Hum. Sem elogios e muito menos pontos anexados às casas.

Foram poucos os que gostaram do estilo de Neusttat, ou melhor, Hermione e Luna Lovegood foram às únicas que simpatizaram com a professora. No caso de Hermione, era justamente pela indiferença, era como se a garota quisesse impressionar a professora a gostar dela. Agora, motivo pelo qual Luna gostara de Neusttat poderia ser explicado pela capacidade que a menina sonhadora tinha de apreciar tudo aquilo que não o era.

Na opinião de Rony, Neusttat era uma bruxa! Que tinha como objetivo torturá-los com os trabalhos e com os blábláblás durante as aulas.

- Cinquenta centímetros de pergaminho!- Rony irritou-se com o trabalho que Neusttat passou: “Conte em cinqüenta centímetros a História das Varinhas”.

- Rony esse ano nós teremos os N.I.E.Ms! Você espera que os trabalhos sejam simples?

- Claro que não, mas não ficaria nada triste se fossem dez centímetros.
E também, você fala assim porque gostou dela.

- Luna também gostou... – calou-se Hermione, percebendo que não foi muito inteligente citar a colega que tinha fama de gostar das coisas mais estranhas e inverossímeis. – O.K, eu não falo mais nada.

- Mione, ela não ta nem ai para o campeonato das casas! Não te deu os pontos!!

- Rony tem razão, Hermione.

- É... Eu tenho!- gabou o ruivo já que eram raras as vezes que alguém concordava com ele quando isso acontecia, Rony tratava de aproveitar.

- Se Neusttat não dá pontos, ela também não os tira.

- Quem te garante? Snape não nos dava pontos, mas sempre criava oportunidade de tirar... Foi mal, cara! – Rony percebeu que o simples fato de mencionar Snape na presença do amigo deixava o mesmo com náuseas. Não era segredo o mal estar que o moreno sentia quando o assassino de Dumbledore entrava nas conversas. O nome de Snape era como Voldemort para Rony, porém, Harry não tinha medo do ex-professor, os únicos sentimentos eram o desprezo, asco e raiva. Maldito! Não. Malditos! Malfoy também tem culpa.


Harry está certo! Draco Malfoy foi peça-chave na morte do ex diretor de Hogwarts. O loirinho planejou durante o sexto ano inteiro um jeito de se fazer possível à invasão dos comensais da morte à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
O pior de tudo era ter que conviver com Malfoy de maneira respeitável algo que seria última coisa que Draco merecia. A impunidade também o perturbava. Depois de tudo, de absolutamentetudo, nada havia acontecido com Draco Malfoy. Era do conhecimento de todo mundo mágico a lealdade que os Malfoys tinham com aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Então, por qual motivo Malfoy continua em Hogwarts? O ministério da magia diz que não há provas que comprovem o envolvimento do garoto, só o que se tem é a palavra de Harry. O ministro da magia, Rufo Scrimgeour, decidiu que se fosse provada a culpa concreta do menino Malfoy, ele seria devidamente advertido, mas como tal envolvimento não foi provado, permanece a inocência por absurdo.

Harry ainda tinha a pena nas mãos, mas estava absorto com a história da morte de Dumbledore. Hermione adicionou mais algumas linhas ao pergaminho da História das Varinhase Rony de quando em vez, olhava para o pergaminho da amiga, quando esta, não estava olhando.

O cansaço chegou. Hermione enrolou o pergaminho enquanto soltava alguns bocejos.
– Amanhã eu termino. – disse ela por fim.

- Eu também.

Ah! Como se eu não soubesse que ele copiou de mim.

- Boa noite, Harry. - Hermione e Rony ficaram tão ocupados com as tarefas para notar que Harry estava mentalmente ausente da sala comunal da Grifinória.- Harry? HAAARRY!

A surdez em que o mundo estava para Harry dissipou-se com o berro da garota. O susto do garoto foi tanto que o fez levantar-se da cadeira e esbarrar em um tinteiro que espirrou no pergaminho da História das Varinhas de Rony.

O ruivo segurou na gola da camiseta de Harry, mirou o amigo nos olhos:

- Meu pergaminho!- chorou Rony. – Ai! Meu pergaminho!

- Foi mal, cara. – Harry dizia enquanto se soltava de Rony.

- Hermione?

- Nem pensar. Não vou desfazer isso.

- Mas... Eu fiquei horas fazendo...

- Pare de chorar, Rony. Você só estava no começo.

- Por favor, Mione.

- Desculpe, Rony! Mas não vou fazer isso. É uma boa oportunidade de você fazer o trabalho. – Deu as costas e dirigiu-se para o dormitório das meninas.

- Uma boa oportunidade de você fazer... mimimi e mimiMINHOCA!

Harry ria e como ria.



*
Rony estava feliz, tinha Hermione ao seu lado. Mãos e trocavam beijos apaixonados, mas uma tempestade se aproximou. Hermione estava irreconhecível, não o ajudava, não desfazia a sujeira de tinta que caíram no seu pergaminho. Nunca saberia nada sobre a sua varinha. Perderia a batalha final que iriam travar com Vol-vol-voldemort porque não fez o trabalho da Neusttat. Seu corpo doía, era a maldição cruciatus que a professora lhe dera. Hermione era má, olhava tudo e não o ajudava, ria dele. Rony chorava feito criança. Apareceram aranhas maiores que Aragogue, mas foram mortas! Hermione matou todas sem dó. Ela era terrível.

Rony acordou. Tudo tinha sido um sonho horrível. A única coisa real era as lágrimas que lhe escorriam da face.
Rony sabia que Hermione não era aquela do pesadelo, a garota gostava dele e queria o seu bem. E quando se ama alguém de verdade nem sempre se deve fazer tudo. A pessoa tem que aprender a sair de situações difíceis. A Hermione do sonho acabava com as aranhas que o aterrorizavam, a da realidade estimulava-o a fazer seus deveres para que no futuro ele conseguisse dominar e enfrentar seus medos. Porém, para isso, Rony teria que se dedicar, teria que aprender a fazer as coisas sozinho, até mesmo os deveres.

Rony enxugou o pranto e voltou a um sonho diferente, um sonho tranquilo.

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