TÊNIS, ORÉGANO & PÓ DE FLU



CAPÍTULO XVII


 


 TÊNIS, ORÉGANO & PÓ DE FLU


 


      O dia estava radiante quando Hermione acordou por volta das seis horas da manhã, naquela quinta-feira. Pela cortina entreaberta, uma réstia de sol desenhava-se no carpete. Dali a aproximadamente um mês, os dias começariam mais cedo, pois aconteceria o solstício de verão. Deitada de costas, as mãos sob a nuca, ela ainda sentia seu pulso latejar e a cabeça doer. Espreguiçou-se e massageou o pulso.



      Lembranças de Rony e da noite anterior intrometeram-se na solidão gostosa daquela manhã, mas curiosamente, não se perturbou com isso. Tinha tomado uma decisão: não era fugindo que resolveria o que tanto a incomodava. Ao contrário, estava disposta a encarar o problema de frente. Somente assim poderia dar prosseguimento a sua vida. Na verdade, não tinha a mínima idéia de como fazer isso, pois seu problema era grande, muito grande e ainda tinha olhos azuis e cabelos vermelhos, mas algo lhe dizia que deveria começar sendo honesta consigo mesma.



      Estava concentrada nesses pensamentos, quando um ruído do lado de fora da janela chamou sua atenção. Era um passarinho que assobiava alegremente uma melodiosa canção. Era totalmente preto, exceto pelo bico e o anel alaranjado em volta dos olhos. Parecia ser um “Turdus merula” macho. Era só o que lhe faltava: outro paquerador tentando seduzir uma fêmea com seu charme...



      _ Xô, passarinho! Não vê que estou com dor de cabeça? – dizendo isso, jogou seu travesseiro contra a vidraça da janela.



      Resolveu levantar-se, pois não havia outro jeito. Mesmo que quisesse não conseguiria mais dormir. Estava totalmente desperta. Precisava terminar de arrumar sua casa, tinha que levar sua mãe para Londres e queria ver se ainda lhe restava algum tempo para dar uma passadinha no local onde seria sua futura loja. Iria começar a arrumá-la ainda nesse final de semana, pois pretendia inaugurá-la em breve. Dependia, ainda, do nome da loja. Ela selecionara alguns nomes e levara a lista ao Departamento Ficsorkut do Comércio Bruxo do Ministério da Magia. Este departamento ficava no subsolo do subsolo do prédio e cuidava das lojas bruxas e suas regulamentações. Era um lugar esquisito, onde havia várias bruxas para fazer o mesmo serviço. O que não faltavam eram aviõezinhos de memorandos voando para todo lado. Era quase impossível passar entre eles. Todas aquelas bruxas carimbaram o protocolo de entrega do documento, mas ainda não haviam se manifestado sobre o nome da loja, até então. Elas tinham que fazer uma verificação para que não houvesse outra loja de nome igual em todo o mundo. E como demoravam!



      Hermione nunca imaginou que no Ministério da Magia existisse um departamento tão louco como aquele: a maioria das bruxas era completamente desmiolada. Tinham uma que cheirava orégano, outra que cheirava pó de flu, havia uma dupla de cantoras (uma postadora e outra que vivia lavando tênis ali mesmo dentro do ministério); uma das bruxas tinha várias fotos do namorado e figuras de mangá sobre a mesa e ainda havia algumas desesperadas, outras atrasadas e até baianas (vindas do Brasil mesmo). Outras tantas que falavam sozinhas... Uma bruxa chamada de “a Harry Potter”... ”Deve ser fã dele” - pensando nisso, ela resolveu procurar o protocolo, para ver se exigia daquelas bruxas uma decisão, ainda hoje.



      Achou o documento e o analisou. Havia mais de quarenta assinaturas ali. “Nossa, que loucura... a quem será que devo me dirigir quando chegar lá?” – pensou angustiada. Examinou aquelas assinaturas: bruxas Renata, Gabi, Pri, Priscila, Marina, Rafinha, Panddorie Tutty, Lady Shinigami, Mylla, Mahh, Clarissa, Súh, Mariane, Beth, Jéssica, Bellah, Luísa, Bru, Bruna e Brunilda, Nanda, Naty, Jaqueline, Kikinhuxa?... Amanda, Deh, Laís e Lala, Emma, Yuka, Isabela, Lup, Camylla, Ana, Aurora, Daniela, Evezinha, Elle, Tátah, Michelle, Day, Padfoot? Havia também algumas bruxas que gostavam de ficar invisíveis – “Talvez fossem tímidas” - e somente uns quatro bruxos por ali... Luck, Lucas, Heitor e David. Hermione estava cansada só de ler. Resolveu guardar aquele papel na sua bolsa e pensar que tinha que enfrentar aquela turma depois. “Ah, precisava também dar uma verificada nos preparativos do noivado de Gina. Talvez, no final do dia, se sobrasse um tempinho, ela iria à loja de eventos...”



 



      Entrando no banheiro, tomou um banho demorado, lavou os cabelos e, com isso, sentiu-se mais disposta. Ao passar pelo espelho, resolveu analisar-se: não se achava linda, mas também não era feia, seus longos cabelos castanhos, quando molhados, ficavam menos rebeldes; o corpo era proporcional, tinha seios pequenos, cintura fina e quadris arredondados. As pernas, nem grossas, nem finas, eram bem torneadas. Gostava delas. Seu rosto parecia mais corado e a pele estava mais luminosa. Tocou os lábios. Eles estavam mais vermelhos e ainda intumescidos por causa do beijo da noite anterior... Ainda podia senti-lo...



      Afastando esses pensamentos e suspirando, Hermione foi até o armário e escolheu uma roupa básica: uma camiseta azul, calça jeans e tênis. Afinal, iria caminhar bastante hoje. Perfumou-se com uma colônia suave. Ao chegar à cozinha, sua mãe já havia preparado o café da manhã. Ovos, frutas, torradas, suco de laranja, cereais e mel.


 
      _ Bom dia, mãe! Estou faminta... O que temos aí? – ela deu um sonoro beijo na bochecha da Sra. Granger. Bichento roçou-se em suas pernas. _ Bom dia pra você também, Bichento. Já comeu? - perguntou ela acariciando o gato. Ele ronronou em resposta.


 
      _ Bom dia, filha. Ele já comeu sim. – A Sra. Granger sorriu ao ver Hermione tão animada logo cedo. Há meses não via essa cena. Resolveu não falar nada para não quebrar o clima, pois sabia que se comentasse alguma coisa, Hermione provavelmente iria fechar-se novamente em seu mundo. Quem sabe o vento estava soprando a seu favor?



      Comeram em silêncio até que Hermione falou.



      _ Mais tarde ele vem aqui.


 
     _ Quem? – perguntou a Sra. Granger tentando parecer desinteressada.



      _ O Rony, mãe! Vem instalar o alarme de segurança...



      _ Oh, sim. Que bom – A Sra. Granger não comentou nada para deixar a filha falar naturalmente. Os olhos dela brilhavam. E um ótimo sinal é que ele já voltara a ser o “Rony” – Vou preparar algo para ele lanchar, ok?



      _ Sim, mãe. Faça isso. Ele diz que seu cérebro não funciona quando ele está de barriga vazia... Então, eu acho que é por isso que ele não raciocina direito... Ele vive com fome...


 



      _ Hermione! Que falta de educação falar assim do rapaz...



      _ Ok, mãe. Tudo bem. Não vou falar “assim” dele. – Hermione deu-se por satisfeita, levantou-se e saiu da mesa. Juntas, arrumaram o resto da mudança e por volta das nove horas da manhã, a casa estava toda organizada. Tudo limpo e em seu devido lugar.



      _ Quem me dera eu pudesse usar feitiços também... – dizia sua mãe.



      _ Quem sabe conseguimos uma autorização e enviamos uma empregada bruxa para lá, hum? Existem muitos bruxos infiltrados no mundo trouxa...



      _ Não sei, minha filha. Acho que seu pai não iria querer. Veremos...


 
      A campainha soou. Instintivamente, Hermione passou as mãos pelos cabelos e mordeu os lábios nervosa. O gesto não passou despercebido por sua mãe. A Sra. Granger já se dirigia para a porta quando Hermione a deteve dizendo:


 
      _ Pode deixar, mãe. Eu atendo. Afinal, terei que fazer isso sempre daqui em diante, não é? – justificou-se. A mãe sorriu... Como sempre a filha queira negar o óbvio...


 
      Ao abrir a porta, Hermione deu de cara com um bonito guarda-bruxos que lhe sorria. Alto, forte, atraente... Carregava uma maleta e outros equipamentos, mas seus olhos não eram azuis, nem seu cabelo era vermelho... Atrás dele estava uma moça, também de uniforme. Decepcionada, cumprimentou-os:


 
      _ Bom dia, em que posso ajudá-los?


 
      O rapaz trazia um papel nas mãos.



      _ É aqui que mora a Srta. Hermione Jane Granger?


 
      _ Sim, sou eu. O que vocês desejam?
 


 
      “Eu desejo beijá-la”
– pensava o rapaz entrando em transe. Sua colega adiantou-se:


 
       _ Viemos por causa da solicitação do alarme de segurança. Viemos instalá-lo. Somos da corporação de guarda-bruxos. Eu me chamo Samanda e este é Nicholas. – disse a moça estendendo a mão para Hermione.



      Nicholas cumprimentou Hermione embasbacado, fazendo-lhe um galanteio exagerado:



      _ Nicholas Taney, Srta. Granger. Ao seu dispor – e beijou-lhe a mão. Hermione ignorou o gesto e Samanda revirou os olhos pensando que o colega não tinha jeito mesmo.



      _ Por favor, entrem. Creio que saibam exatamente onde instalar.


      
      _ Não se preocupe, Srta. Granger. Levaremos apenas alguns minutos. – disse Samanda.



      _ Ok. Fiquem à vontade para executarem seu trabalho. Eu estarei ali se precisarem – e apontou para a sala de estar. Porém, antes de deixá-los, não se conteve e perguntou:



      _ E Ronald Weasley? Vocês o conhecem?


 
      _ Sim, conhecemos. É nosso colega – falou Nicholas. Ele viria instalar o seu alarme mesmo estando em seu dia de folga, mas houve um atentado terrorista em Londres hoje cedo e o ministro trouxa pediu ajuda ao nosso ministério. Ronald se prontificou imediatamente como voluntário. Hermione ficou lívida, sem ação.


 
      _ Atentado terrorista em Londres? – A Sra. Granger perguntou preocupada. Onde exatamente?




      _ No metrô. Muitas pessoas estão mortas, outras tantas feridas. Muitos guarda-bruxos estão lá tentando localizar sobreviventes. – falou Samanda com tristeza – Nós só viemos aqui hoje porque é perto. Estamos só quatro de plantão na corporação.


 
      A Sra. Granger suspirou um pouco aliviada porque seu marido não utilizava o metrô e nem trabalhava lá próximo. Hermione passou da decepção à preocupação de saber se Rony estaria bem. “Ele é forte e inteligente. Saberá se cuidar” – pensou – “Aquele era seu trabalho.” Estava orgulhosa por ele estar salvando vidas.



      _ Não se preocupem. Podem continuar.



      Hermione saiu com a mãe e sentaram-se na sala de estar.


 
      _ Às vezes fico pensando onde vamos parar com essa violência. – Hermione comentou. Havia vários focos de atentados terroristas nas mais diferentes partes do mundo durante aquele ano. Ela acompanhava as notícias pelos jornais.



      _ Pois eu gostaria de saber por que isso tudo começou. – respondeu sua mãe.


 
      _ Não sei, mãe... Seria preciso uma profunda análise da atual conjuntura política. Só lamento que as coisas tenham chegado a esse ponto... Sem contar que alguns jornais sensacionalistas se aproveitam disso para vender mais...



      _ É verdade, mas a função da imprensa é relatar os fatos, sejam quais forem. - disse a Sra. Granger.



      _ Há muitas formas de se escrever uma notícia, mãe... E alguns jornalistas não se importam em deturpar a verdade, desde que isso aumente o número de vendas. Mas vamos falar de outras coisas... Este assunto não é agradável de discutir... Quando eles terminarem de instalar o alarme vamos para Londres ver como papai está e a deixarei em casa.



      _ Tudo bem. Vou terminar de me arrumar. – disse a Sra. Granger levantando-se, mesmo sem compreender direito onde a filha queria chegar...


 
      Hermione lembrava-se de seu amigo Harry Potter e de como ele detestava certos setores da imprensa. Por várias vezes, ela, Harry e até mesmo Rony foram vítimas de artigos injustos e baratos por causa de uma jornalista mesquinha e sem escrúpulos: Rita Skeeter. Hermione tinha nojo dela e de outros jornalistas da mesma laia.


 
      Suspirando, pensou em Rony e que talvez essa nova profissão o tivesse amadurecido mesmo. A profissão de guarda-bruxos era honrada e louvável. Eles salvavam vidas. Deveria ser muito difícil para ele quando encontrava alguém já sem vida em um acidente ou catástrofe. E mais essa agora? Já não bastavam as fatalidades naturais, ainda tinha que haver no mundo essas guerras políticas que matavam milhares de inocentes...



      Rony gostava de ajudar pessoas, de jogar xadrez e quadribol e, claro, de uma boa refeição. Ele também amava sua família. Seu mundo se resumia a isso. Era uma pessoa simples e honesta. E ela o amava. Vivera tanto tempo achando que Rony somente gostava dela como amiga que quase não acreditou quando ele a beijou e pediu em namoro aquele dia no lago... Depois disso eles viviam sempre juntos e em segredinhos, quase não brigavam, exceto pelos ataques de ciúme de Rony... Aqueles últimos meses em Hogwarts tinham sido, para ela, um mundo diferente e que não conhecia. Um mundo cor-de-rosa, cheio de flores perfumadas, música suave e coraçõezinhos flutuantes... Lembrou-se, então de um dia maravilhoso em que eles fugiram à noite, pouco antes do dia do baile, e voltaram ao local em que tinham começado a namorar... Naquela noite eles quase perderam a cabeça... Hermione ficou rubra com essa recordação.


 
      “Merlin! O que estava acontecendo com ela? Não podia deixar que Rony a afetasse daquela forma. Não queria mais fazer parte de nenhum cenário romântico, pois os romances se acabam como se não valessem nada... Ela estava certíssima em ser uma pessoa racional e equilibrada, que não se movia a emoções...”



      _ Srta. Granger? - Samanda a chamava – Terminamos.



      Hermione suspirou, saindo de seus devaneios e foi atender Samanda e Nicholas. Eles prontamente lhe mostraram como funcionava o sistema de alarme, caso ela precisasse de ajuda algum dia. Hermione agradeceu e a Sra. Granger serviu-lhes um lanche. Aquele lanche que estava reservado para Rony. Continuaram conversando um pouco na sala de estar, pois a Sra. Granger perguntava para eles como era ser um guarda-bruxos.



      Nicholas não tirava os olhos de Hermione que já estava ficando sem graça. Parece que ele só estava esperando uma oportunidade para se jogar em cima dela... Então, Nicholas perguntou:



      _ Já conhece o Ronald há muito tempo, Srta. Granger?



      _ Sim, somos amigos de infância... - dizer que eram simplesmente amigos causou uma profunda tristeza em Hermione.



      _ Então – começou Nicholas esperançoso – Se eu convidá-la para jantar comigo um dia desses ele não se importaria, certo?



      Samanda não acreditava que o colega estava dando em cima de alguém que acabara de conhecer. Iria tirar ele dali o mais rápido possível. Esperou Hermione responder.



      “Não é possível”
- pensou Hermione – “Será que ela tinha cara de faminta ou em sua testa estava escrita a frase: Por favor, convide-me para jantar. Ou ainda: Mulher desesperada procura...”


 
      Tentando não ser desagradável, Hermione levantou-se e disse:



      _ Talvez, Sr. Taney. Veremos. Infelizmente eu e minha mãe precisamos sair agora. Obrigada pela atenção que vocês nos dispensaram. - e cumprimentou-os.


 
      _ Pode me chamar de Nick. - Nicholas beijou novamente a mão de Hermione e a fitou demoradamente nos olhos.



      "Ele era bem charmoso" - pensou Hermione.

     
      _ Vamos, Nick. Você não viu a senhorita dizendo que precisa sair? - Samanda puxou-o pelo braço. - Bom dia, Srta. Granger, bom dia senhora. Desculpem o incômodo.


 
      Já na rua, Samanda repreendia o colega.


 
      _ Nick, como é que você fica paquerando uma nova moradora assim descaradamente?



      _ Eu tenho que investir naquilo que mais gosto e sei fazer – respondeu Nick mostrando para Samanda o seu sorriso mais sedutor...



      _ Você é um safado, Nick. Isso sim. Só se eu não te conhecesse... E quer saber do que mais? Ela não é mulher pro seu bico. Ela me pareceu muito inteligente para se envolver com qualquer um feito você...


 
      _ Credo, Sá! Agora você me ofendeu... Qualquer um? - disse ele fazendo biquinho.



      _ Ai, Nick. Você não toma jeito. Um dia você ainda vai achar uma mulher que vai te fazer andar de quatro por ela... E nesse dia, meu amigo, você vai se arrepender de ter nascido...



      _Olha a boca, mulher! Nick Taney pode até andar de quatro, mas não rastejando... Engatinhando, talvez, sobre uma linda mulher... - e deu uma sonora gargalhada.


 
      Samanda ainda deu uns tapas no amigo e continuaram se alfinetando até a corporação de guarda-bruxos... Ao chegar lá, ela deu-lhe uma última espinhada:


 
      _Sabe que é você quem cozinha hoje novamente, Nick? Ainda bem que eu trouxe lanche de casa...


 
      Nick fechou a cara e não disse mais nada.


 


♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


 



      Hermione deixou sua mãe em Londres e certificou-se de que seu pai estava bem. Ele não tinha ido trabalhar porque o atentado tinha deixado toda a cidade em estado de alerta. O melhor a fazer era esperar a situação se acalmar. Sua mãe pediu que ficasse e almoçasse com eles, mas ela preferiu ir logo resolver os problemas que ainda tinha.



      Despediu-se dos pais e, instintivamente, quis ir até o local do atentado, porém uma área de cerca de um quilômetro de diâmetro estava completamente interditada cheia de policias, militares e bombeiros que não a deixariam passar. Era melhor não forçar a barra por mais preocupada que estivesse. Tinha certeza que Rony estava bem, mas uma profunda tristeza a atingiu. Será que ele estava triste também? Tudo ali se parecia com o caos e o inferno descrito por “Dante” em “A Divina Comédia” e nada a ver com o paraíso descrito nos livros bruxos. Suspirou e lembrou-se que um dia estivera bem perto de conhecer a essência da perfeição.


 
      Afastou aquelas lembranças de sua mente e resolveu sair dali já que não poderia fazer nada para ajudar. Iria logo ao Ministério da Magia para ver se as bruxas já haviam decidido qual deveria ser o nome de sua loja.


 
      Chegando ao Ministério, as bruxas Renata, Marina, Evezinha e Bruna atenderam Hermione com uma voz estridente e bruxesca:


 
      _ Podemos ajudá-la, senhorita?
 


      _ Preciso que vocês me digam se já decidiram qual vai ser o nome da minha loja de livros... – disse-lhes Hermione.


 
      _ Ah! Sim! Você lembra-se disso Marina? – perguntou a bruxa Renata cheirando um pote de orégano...



      _ Eu não! – disse a bruxa Marina dando uma boa tragada em seu pó de flu.



      Hermione olhava de uma para outra sem entender patavina.


 
      _ Olhem! Eu trouxe o protocolo que vocês carimbaram... – disse Hermione esperançosa e estendo o papel para elas.



      A bruxa Renata pegou aquele pedaço de papel, não sem antes dar uma boa cheirada em seu porte de orégano de folhas tenras e fresquinhas.


 
      _ Ah. Sim! Vejam meninas! É o protocolo de número 89996000708988584700000.


 
      Hermione perguntou para as bruxas:



      - E aí? Já saiu o resultado?


 
      Nisso uma bruxa cheia de tênis pendurados pelo pescoço se aproximou, falando:


 
      _ Veio lavar os seus tênis, minha querida? São 50 sicles o par. – disse estendendo as mãos muito enrugadas de tanto ficarem molhadas.


 
      Hermione franziu as sobrancelhas. Aquele lugar não parecia ser um lugar sério... De jeito nenhum... Ai, meu Merlin! Será que conseguiria sair dali hoje?



      Quando não esperava mais que acontecesse algo de extraordinário, aproxima-se uma bruxa que se apresenta como Súh para Hermione e pergunta:



      _ Você sabe com quantos anos o professor Lupin foi mordido e por quem?


 
      Hermione só conseguiu pensar que aquilo ali não tinha nada a ver com a sua permanência ali, mesmo assim, decidiu responder.



      _ O professor Lupin foi mordido quando tinha nove anos de idade, por Grayback, o chefe dos lobisomens. Ele servia a Voldemort.



      Nesse instante todas aquelas bruxas soltaram um sonoro Oh! e  desataram a gargalhar.



      “Será que não tinha ninguém ali que pudesse lhe ajudar?”
– Hermione pensava aflita.



      _ Olá, minha jovem! Acho que posso ajudá-la. Eu sou a bruxa Bru, a mais normal de todas por aqui. Não liga para essas bruxas, não. Elas são todas doidas. O que você deseja mesmo?


 
      _ Eu vim saber se o nome da minha loja de livros já foi selecionado e autorizado pelo Ministério...


 
      _ Ok. Aguarde um pouco que eu vou verificar, certo? Sente-se ali – disse a bruxa apontando um sofá para Hermione. – Você aceita um chá?


 
      Hermione agradeceu e achou melhor recusar... Sabe-se lá chá de quê aquelas bruxas tomavam...


 
      Enquanto aguardava calmamente no sofá, outra bruxa, chamada Clarissa se aproximou de Hermione e falou saltitando:


 
      _ Por favor não diz que eu sou doida. Não diz isso. Por favor... Por favor... Eu não sou doida... Não sou... Não sou... – e saiu saltitando...



      _ Com licença, mas eu vou ali ao banheiro e já volto – disse uma bruxa passando apressada com mão na barriga. Antes lhe sussurrou ao ouvido – Vou fazer um trasgo e já volto, tá?


 
      Na volta do banheiro, a mesma bruxa quis apertar a mão de Hermione. “Será que tá lavada?” – Hermione pensava.



      _ Olá, muito prazer! Meu nome é Luísa. – disse a bruxa estendendo a mão para Hermione. Mas antes ela passou os dedos discretamente pelo nariz, gesto que não passou despercebido.


 
      _ Luísa, você sabe me informar se o nome da minha loja já está pronto? – perguntou Hermione com as mãos nos bolsos, fingindo não perceber o cumprimento. – É o protocolo de número 89996000708988584700000.



      Nisso chega uma bruxa no pedaço, toda esbaforida e diz:



      _Gente, estou super-atrasada. Perdi alguma coisa?



      _ Está despedida, minha cara Panddorie – diz a bruxa Renata.



      Hermione achou que aquela bruxa fosse a chefe da outras e aproximando-se perguntou novamente:



      _ E, então. Já verificou o protocolo?



      _ O protocolo de número 89996000708988584700000? – perguntou a bruxa Renata.


 
      _ Esse mesmo, respondeu Hermione. "Não era óbvio? Só tinha ela ali para ser atendida..."



      A bruxa Renata deu uma cheirada violenta e poderosa no pote de orégano e respondeu:


 
      _KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!


 
      A bruxa Panddorie chorava desesperadamente e pedia o seu emprego de volta.


 
      _ Você é uma bruxa muito má... Só vive cheirando esse pote de orégano e ninguém te despede. Eu quero meu emprego de volta!



      A Bruxa Bru dizia:


      
      _ É isso aí, vamos nos rebelar. Exigimos nossos direitos!


 
      - Isso! Quero indenização!!! – reclamava Panddorie.



      Hermione pensou que talvez fosse melhor ir embora e voltar em outra hora, mas antes decidiu apelar pois viu uma bruxa mais quietinha e perguntou:



      _Olá, como é o seu nome?


 
      _ Bruxa Evezinha.


 
      _ Olá, Evezinha. Eu me chamo Hermione Jane Granger. Sabe me dizer se o resultado do protocolo de número 89996000708988584700000 já saiu?
 



      _ Vou verificar – e saiu, deixando Hermione desolada... As outras bruxas estavam ainda discutindo fervorosamente:


 
      _ Eu cheiro pó de flu e daí?


 
      _ Eu cheiro orégano.


 
      _ Eu lavo tênis. Quer lavar o seu? Só 50 sicles...


 
      Hermione desistiu de esperar por uma resposta e foi visitar sua loja. Talvez voltasse mais tarde.  "Que loucura! Eu, hein?”


           


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.