INFERNO & PARAÍSO



CAPÍTULO XVIII



INFERNO & PARAISO



Ronald estava pensando que o inferno não era um lugar sobrenatural longe da Terra com covas de fogo e demônios, como alguns achavam. Inferno, pelo que ele havia estudado, era um lugar de tormento, sofrimento e condenação, as profundezas cheias de terror, um mundo de horror, abandono e dor. Destruição e aniquilação. Ele se encontrava lá, literalmente no inferno.




Gritos, pânico, medo. O cenário ao seu redor era um verdadeiro caos. Ele nunca estivera tão atuante no mundo trouxa como agora. A primeira vez tinha sido convocado para combater um incêndio de grandes proporções num prédio que possuía mais de cinqüenta andares. Tinha sido um dia triste, muitas pessoas morreram queimadas ou sufocadas pela fumaça negra e espessa... Agora ele estava ali, diante de uma tragédia desumana e cruel. Não era só em seu mundo que havia Voldemort e Comensais da Morte. Ele preferia mil vezes está agora enfrentando Cérbero, o cão de três cabeças que guarda as portas do terceiro círculo do inferno, do que ali naquele lugar. Nem sabia por onde começar.




Ferro retorcido e incandescente, focos de incêndio, fumaça, pessoas mortas, sangue... Carros, ambulâncias, helicópteros, sirenes... Sua tarefa ali era tentar localizar alguém que estivesse vivo, um sobrevivente precisando urgentemente de ajuda... Somente um bruxo tinha poderes que facilitavam esse tipo de busca. Os aparelhos trouxas de localização, ajudavam, mas não muito.



Ele já havia percorrido por duas vezes consecutivas o local onde as bombas explodiram, ida e volta. Fred e Jorge haviam inventado um brinquedo que estava sendo muito utilizado pela corporação de guarda-bruxos e também pela alta segurança do Ministério da Magia como excelente instrumento de busca e localização. A idéia inicial dos gêmeos era de um bichinho de estimação que brincasse com a criança de esconde-esconde. Quando a criança não saía de onde se escondera, o brinquedo iria buscar ajuda. Nunca imaginaram que o protótipo faria tanto sucesso assim. A coisinha era pequena e inofensiva. Cabia na palma da mão e era atraída pela respiração e pela voz humana. Também obedecia a comandos. Rony soltara uns cinco deles por ali. Chamavam-lhes de “Little Trackers”. Eles andavam e voavam também. Pareciam um pomo de ouro com pernas. Apesar de Ronald ser bruxo, ninguém ali notava sua presença e nem percebia o que ele fazia. Todos estavam muito ocupados e aterrorizados diante de tanta maldade.




Rony não gostava tanto de ler e estudar quanto sua amada Hermione, mas havia ouvido seu pai comentar diversas vezes sobre os atentados terroristas e as guerras no mundo trouxa. De forma alguma aquilo era diferente das guerras do mundo bruxo. Se alguém for procurar, nunca encontrará um motivo forte o suficiente para a matança indiscriminada de inocentes. Normalmente, os ataques terroristas no mundo trouxa eram de cunho político ou religioso. Existia aquele tipo de terrorismo indiscriminado e aleatório, o qual ele estava enfrentando agora, cujas vítimas são pessoas comuns usadas para chocar e provocar comoção na população e revolta contra algum tipo de governo ou grupo religioso, movido pela busca de poder ou delimitação de território.




Já os ataques terroristas seletivos baseiam-se em atingir um grupo específico e normalmente são movidos a preconceito e intolerância. Como por exemplo, a não aceitação de bruxos nascidos trouxas pelos bruxos de “sangue-puro”. Hermione uma vez lhe contou que havia guerras em seu mundo que já existiam há milhares de anos e que trouxas negros e judeus já foram muitos massacrados pelo terrorismo. Nações foram exterminadas. As pessoas tinham muito medo do que era desconhecido ou diferente e por isso mesmo, os bruxos tiveram que se afastar da convivência com os trouxas. E, infelizmente isso ainda não mudou.




Ronald entristeceu-se por pensar por que o mundo não podia ou não sabia viver em paz e harmonia. “Realmente havia necessidade disso tudo? Por que as pessoas não faziam do mundo um lugar extremamente agradável? Um Paraíso?”




Para os bruxos o paraíso ou “Avesta Pairidaeza” é um lugar onde não há fome, guerras, tristezas, doenças ou qualquer tipo de males ou sofrimento, onde habitam os deuses e outros seres dotados de bondade e sabedoria e a única forma de alcançar o paraíso é através da união entre o masculino e o feminino. E isso não tem nada a ver com erotismo, é um ato espiritual. Os bruxos acreditam que a relação sexual é o ato onde o homem e a mulher experimentam o conhecimento do divino e de tudo que é mais sagrado. Somente assim eles se completam. Diferente dos trouxas, o sexo nunca é visto como algo ruim, sujo, pecaminoso ou obsceno, pelo contrário, é o momento em que o amor atinge o seu ápice através do êxtase e, deste, a essência da perfeição. Então Rony lembrou-se de que já estivera nas portas do paraíso uma vez, ou quase lá...




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Lembranças de Hermione



Em algum lugar, não muito distante dali, uma bruxa de cabelos castanhos observava aquele mesmo caos e lembrava-se de que também quase estivera no paraíso. Após os exames finais, poucos dias antes do baile de formatura, ela e Rony haviam planejado fugir por meio dia, pois queriam se despedir do local em que começaram a namorar... Era uma espécie de comemoração, uma celebração àquele dia tão maravilhoso e significativo para eles. Explicaram seus planos somente a Harry e Gina e pediram cobertura.



No Salão Comunal, no início da tarde daquele dia, os quatro conversavam. Hermione estava nervosa, pois não gostava de contrariar as regras, entre outras coisas, mesmo estando tão próxima de se despedir de Hogwarts, afinal também tinha um nome a zelar, no entanto queria muito ficar junto com Rony naquele lugar mais uma vez. Era sua história. A história da vida deles.




_ Relaxa, Hermione – disse Gina, querendo tranqüilizá-la. Já providenciamos tudo, caso alguém pergunte por vocês, o que eu acho muito difícil nessa altura do campeonato, pois as pessoas já se acostumaram em vê-los namorando e os professores ficam preocupados apenas com os mais jovens... - Harry não ousava fazer comentário.



_ Mione – Rony segurou-lhe o queixo fazendo que levantasse a cabeça – Se você não quiser ir, não iremos. Não quero que se sinta mal por estar fazendo algo que acha indevido... – Ele conhecia e respeitava a seriedade com que a namorada tratava certos aspectos da vida.




Hermione não conseguia explicar à amiga e nem ao namorado o que sentia naquele momento. Não era somente mal-estar por estar infringindo regras. Era maior que isso. Após tantos anos de amizade, eles tiveram muita dificuldade em admitir que se amavam. Agora era a vez de o desejo físico impor barreiras e desafios ao relacionamento. O abraço, o beijo, o toque que antes eram tímidos e contidos adquiriram uma nova roupagem naturalmente vestida pela confiança e segurança que um tinha quando estavam nos braços um do outro. Os toques eram mais intensos, os beijos mais demorados, os abraços mais apertados, como se a menor distância que se interpusesse entre eles fosse uma ofensa mortal. A verdade é que ela sabia e sentia que, mais cedo ou mais tarde, existiria o ritual do sexo entre eles. Isso era algo natural de acontecer entre dois bruxos que se amavam. Ainda não tinha acontecido porque, quando estavam juntos, era sempre em ambientes públicos ou perto de outras pessoas. Mas ela estava cheia de dúvidas, medos e inseguranças e não se sentia à vontade para conversar sobre isso com ninguém, nem com Rony. Suspirando, resolveu encará-los:




_ Não é nada de mais, Rony. Eu quero ir. Só estou um pouco preocupada. Termine de arrumar a barraca para levarmos, sim? – disse Hermione sorrindo, tentando passar uma calma que não estava sentindo.




Rony, como sempre, não sabia ler nas entrelinhas e se deu por satisfeito com a resposta da namorada. Iria terminar de preparar as coisas para levarem. Subiu as escadas de dois em dois degraus assoviando displicentemente.




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Lembranças de Rony




Rony meditava, em meio ao caos, que ele era um rapaz tranqüilo. Ainda em Hogwarts, há quase um ano, aqui e acolá ele pensava no ritual do sexo. Pensava e muito, mas não beirava o desespero. Isso até era bem normal, pois ele já havia completado dezoito anos e Hermione completaria dezenove em setembro, porém, como tudo em sua vida isso também estava demorando um pouquinho a acontecer, ou talvez não, afinal deve existir uma idade pra se conhecer o ritual? Os bruxos diziam que quanto mais tarde, melhor... Sua cabeça também andava cheia de medos, angústias, receios e dúvidas... Uma vez tentara falar com seu melhor amigo a respeito desse assunto, porque tinha tido um sonho muito louco com Hermione...




_ Harry! Harry! Acorda cara!




_ O que foi Rony, pesadelo? Vai dormir... Ainda é cedo! – respondeu Harry se virando na cama.




_ Antes fosse pesadelo... Posso te perguntar uma coisa? – Ele já estava rosado.




_ Se eu te deixar falar você me deixa dormir? – perguntou Harry zangado.




_ É que... É... Bem... Err... Quer dizer... – Rony gaguejava e estava tão vermelho que parecia que ia sufocar.




_ Fala logo, Rony! – Harry sentou-se na cama.




_ Vo... Vo...você já... É... Bem...já... É...errr... Já? – Rony tava quase roxo agora.




_ Eu já o quê, Rony? – Harry olhou bem para o amigo e começou a desconfiar sobre o quê ele queria perguntar... – Fala, Rony! Desembucha! Agora você já me acordou.




_ Vo...você já... Err... Bem...você sabe, Harry! Já? – fazendo gestos com a mão.




Harry entendeu exatamente o que estava deixando Rony tão aflito àquela hora da manhã. Resolveu tratar tudo da forma mais natural possível. Sem fazer alarde.




_ Ah, tá! Claro que sim, Rony! É só isso? Acontece, cara! Vai dormir, vai... – e puxou novamente as cobertas se deitando...




Rony imaginou que se Harry já tinha feito o ritual do sexo e estava bem é porque a história não era tão difícil quanto pensava. Já estava se deitando novamente quando se lembrou de quem era a namorada de Harry. Gina! Levantou-se tão rapidamente que sua cabeça bateu na parte superior do dossel onde dormia. Passara subitamente do rosa ao vermelho, deste ao roxo e finalmente ficou azul, quase verde...




_ COMO ASSIM, HARRY POTTER? Com quem foi, hein? Não me diga que foi com a minha irmã. Não me diga! Não quero ouvir. Não acredito nisso! – Rony agora estava de olhos fechados com as mãos nos ouvidos, exasperado.




Harry, que já estava cochilando novamente, assustou-se ao ouvir o berro de Rony.




_ MAS O QUE É QUE FOI AGORA, RONY? – Harry arregalou seus olhos verdes, mas resolveu abaixar o tom de voz – Deixe-me dormir, cara! O ritual é maravilhoso, é normal, é saudável, é sagrado e faz parte de um relacionamento amoroso, sabia? E definitivamente, eu não vou falar das minhas intimidades para você. – olhou o amigo e sentiu um misto de raiva e compaixão. – “Por que tudo tinha que ser mais difícil para o Rony?” Resolveu abrandar a voz, pois eles já tinham acordado Neville, Simas e Dino – Não se preocupe, Rony. Na hora certa, você saberá o que fazer. A essência está dentro de cada um de nós. – e deitou-se novamente.





Rony agora estava emburrado e mais confuso do que antes. “Como olharia para Gina daqui a pouco? Mas nem sabia se tinha sido com ela... Não, não podia ter sido com ela... Eles voltaram a namorar no final do ano e era muito cedo ainda e... Ali não tinha lugar e... Nem privacidade e...Será que tinha sido com a Cho Chang? Não, não foi, não no quinto ano, não... Essa ele nem namorou direito...”




Finalmente ele resolveu se levantar, a cabeça fervilhando... “Era certo? Era errado? Essência? Que diabos Harry quis dizer com essência?” Banhou-se, arrumou-se e desceu sozinho para tomar o café da manhã. O Salão Principal estava quase vazio, ainda, e ele sentou-se à mesa colocando a cabeça entre as mãos. Aos poucos outros alunos foram chegando e se colocando em seus lugares. Não demorou muito e chegaram Harry, Hermione e Gina. Harry olhou para Rony que evitou encará-lo. Hermione o cumprimentou com um beijo sem deixar de notar que ele estava estranho.




_ Bom dia, Rony! Você está bem? Por que não nos esperou? – perguntou-lhe Hermione.



_ Bom dia, maninho. Por que essa cara de quem-comeu-e-não-gostou?




Rony estava sério e compenetrado. Levantou vagarosamente a cabeça e olhou para Gina. Mediu-a de cima para baixo e de baixo para cima. “Ela parecia do mesmo jeito de sempre” – suspirou desanimado. Harry continuava olhando para ela, mas já tinha calmamente puxado Gina pelo braço fazendo com se sentasse.




_ Tudo bem, Mione. Não foi nada. Tive um pesadelo e acordei mais cedo. Só isso – mentiu.




_ Você quer conversar sobre isso, Rony? – perguntou-lhe Hermione pousando sua mão suavemente sobre a dele e a acariciando.



_ Não, Mione. Tudo bem, já passou. Sério. Eu nem lembro mais o que era – respondeu ele corando absurdamente.





Harry sorriu ao imaginar Rony tentando contar para Hermione qual tinha sido o seu “pesadelo”. Rony olhou para o amigo e fez uma careta como se pedisse que não comentasse nada. Hermione, por sua vez, achou que tinha algo muito esquisito naquela história, mas resolveu esperar. Ela sempre esperava por ele...




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Lembranças de Hermione




_Vamos, Mione?




Hermione virou-se para a voz doce que conhecia tão bem e o observou enquanto Rony descia as escadas. Suspirou, enquanto perdia as contas de quantas vezes já o achara lindo. Vestia apenas calça jeans, camiseta e tênis, mas mesmo assim ele era extremamente sensual. E o mais maravilhoso nisso tudo era que ele nem se dava conta disso. A camiseta de mangas curtas realçava-lhe o tórax e os braços fortes. Já a calça jeans não escondia o fato das pernas dele serem grossas e bem torneadas. Desde o dia em que o vira somente de calção, dormindo, começara a prestar mais atenção nelas...




Rony carregava uma grande mochila nas costas e mais alguns apetrechos na mão. Hermione pegou sua mochila também e levantou-se do sofá um pouco mais confiante, afinal Rony não era um rapaz qualquer. Ele era seu namorado e sentia-se segura e feliz ao lado dele. Abraçaram Harry e Gina e se prepararam para desaparatar.




_ Vocês estão levando lanche? – Gina perguntou.




_ Sim, estamos – respondeu Hermione – Espero que ninguém sinta nossa falta no jantar.




_Não sentirão, Hermione. Estão todos muito preocupados com os preparativos da festa de formatura. Vocês voltam a que horas?




_ Iremos voltar antes da meia-noite, não é Rony? – Hermione perguntou virando-se para o namorado. Rony assentiu.




_ Tomaremos conta de tudo. Esqueçam Hogwarts por hoje. Aproveitem a tarde e divirtam-se, ok? – dizia Gina.




_ Ok. Tchau, então. – e desaparataram.




Ao chegarem ao mesmo local onde os monitores estiveram acampados meses antes, eles trataram logo de arrumar a barraca e de acender o fogo para cozinharem. Hermione não se esqueceu de preparar o círculo mágico de proteção ao redor da barraca e de seus pertences. Munida de um bastão e voltada para o Norte, ela se dirigiu ao centro do círculo que queria formar e eletrizou o instrumento com palavras mágicas que invocavam proteção, enquanto girava em sentido horário com os braços estendidos em linha reta perpendicularmente ao corpo: “Ordeno ao meu intercessor Elemental que trace um círculo mágico a nossa volta e em volta de nossos objetos, onde nenhuma entidade tenebrosa ou mal poderá entrar, a fim de que a mente e o corpo de quem estiver aqui dentro sejam protegidos e nenhum mal lhes poderá ser causado.” Enquanto Hermione girava e repetia essas palavras, o círculo ia sendo traçado em forma de uma luz verde bem luminosa. Rony assistia a tudo fascinado enquanto acendia uma pequena fogueira.




Eles levaram a barraca mais como abrigo aos seus pertences do que para eles mesmos, pois não pretendiam dormir ali. Levaram, ainda, algumas mudas de roupa, objetos de higiene e alimentos. Hermione preparou chá doce, serviu-se em uma caneca e recostou-se numa árvore sorvendo pequenos goles ao mesmo tempo em que observava Rony terminar de montar a barraca. Sorriu quando ele perguntou-lhe se podia tirar a camiseta, pois estava com calor. Era o início do verão. Rony realmente era alguém que merecia admiração pelo respeito e amor que nutria pela namorada. Hermione sabia que a intenção dele ali era só de ficar com ela por um tempo. Não havia malícia em seus gestos.




Ela notou quando Rony tirou a camiseta e a pendurou no galho de uma árvore. Ficou rubra ao surpreender-se com a atração física que também sentia por ele já há algum tempo. Continuou observando-o e percebeu-lhe o corpo suado, a pele muito branca que contrastava com os cabelos ruivos, os músculos dos braços e barriga contraídos, as costas largas, o rosto corado... De vez em quando ele parava o que estava fazendo e olhava para ela sorrindo, os olhos muito azuis, os dentes brancos e perfeitos, os lábios rosados... Nesses momentos, ela achava que o calor que sentia faria ela se transformar em gelatina de Hermione. Rony facilmente poderia ser modelo de nu artístico. Ele era a personificação da perfeição e da beleza. A natureza era realmente mágica e misteriosa, pois transformara um garoto franzino, desengonçado e desproporcional num homem belo, sedutor e incrivelmente tímido.





Rony aproximou-se de onde ela estava sentada, sentou-se ao seu lado e a beijou ternamente. Ela ficou encabulada de repente. Desde a noite em que começaram a namorar que não via ele sem camisa e nem tocava nele assim... Ele quebrou o silêncio.




_ Existe um lugar aqui perto que quero lhe mostrar e que você não conhece – disse-lhe Rony. – Está disposta para caminhar?



_ É longe? – perguntou ela aninhando-se no peito dele.




_ Fica a mais ou menos dois quilômetros daqui. – ele acariciava os cabelos castanhos.




_ Tem certeza de que eu não conheço o lugar? – ela brincava com uma mecha de cabelos ruivos que caía sobre o rosto de Rony.




_ Absoluta. É melhor irmos logo para voltarmos antes do anoitecer. Quero que você aproveite bastante.




_ Que lugar é esse exatamente?




_ Você vai ver – respondeu Rony levantando-se e puxando-a pela mão.




_ Não vai me dar nem uma dica?




_ Bem, você se lembra do dia em que vimos o sol nascer perto dos lagos onde achamos Flidias?




_ Pensei nisso hoje e fiquei emocionada.




_ O que vamos ver hoje vai fazer aquilo parecer insignificante.




_ Estou me sentindo especial, Rony.




_ Você é especial, Hermione. – Rony pegou outra camiseta que levara e a vestiu.




Caminharam de mãos dadas durante todo o percurso, admirando a paisagem, ora brincando, ora conversando, ora silenciando. Percebeu que subiam um pequeno monte.




_ Falta muito? – perguntou ela. Em sua voz havia ansiedade, não cansaço.




_ Uns oitocentos metros apenas. Não mais que isso. Está cansada?




_ Não. É tão bonito aqui, Rony! Tão limpo, tão quieto. É quase como voltar no tempo. Este lugar exala pureza.




_ Você verá o que é maravilhoso. – ele puxou-a mais para perto de si e sentiu o perfume que exalava dos cabelos castanhos. Continuaram caminhando e conversando, até que Rony falou:




_ Chegamos.




Hermione olhou em volta, perplexa.




_ Cadê? – perguntou ela.




_ Aqui. Feche os olhos – ele a fez passar por baixo de uma profusão de galhos retorcidos.




Hermione obedeceu prontamente. A única coisa que sentia era as mãos de Rony em sua cintura a conduzindo e a respiração quente dele em sua nuca. Finalmente ele parou e avisou:




_ Pronto, pode abrir os olhos.




Ela sentiu a respiração suspensa diante de tanta beleza e esplendor. Aquele lugar era o paraíso. Uma lágrima de emoção escorreu por sua face. Ela jamais imaginou que Rony teria sensibilidade para lhe mostrar um lugar como aquele.




_ Ah, Rony! É lindo!




Ele a convidou para que se sentassem. No alto do morro onde estavam, eles avistavam o vale dos unicórnios. Era um lugar muito verde e de difícil acesso, cercado de mata fechada. Havia um riacho passando pelo centro e uma pequena cachoeira. Muitas flores e fadinhas de todas as cores. Outras criaturas e aves mágicas também circulavam por ali. Belíssimos cisnes nadavam num laguinho mais abaixo. Havia uma belíssima cachoeira e tinha dezenas de unicórnios fazendo aquele cenário ficar ainda mais mágico e cativante.




_ Como você descobriu isto aqui, Rony?




_ Foi durante um de nossos treinos de DCAT no último acampamento. Não contei a ninguém e não via a hora de poder te trazer para conhecer também.




_ Acho que poucas pessoas conhecem a localização exata do vale dos unicórnios na Floresta Proibida. Dumbledore sabia. Eu me sinto realmente especial e privilegiada.




Eles permaneceram ali até que o sol se pusesse. Era uma paisagem realmente magnífica que parecia adquirir um brilho intenso cada vez que os raios do sol se tornavam mais fracos. Tudo ali resplandecia e cintilava. O céu passou a tomar tons de rosa e lilás e, então, eles perceberam que já era hora de voltar.




_ Obrigada pelo passeio maravilhoso, Rony. Eu nunca vou esquecer-me disso – disse ela levantando-se.




_ Só um obrigada? E meu beijo? Não ganho, não? – Rony fez cara de emburrado, levantando-se também.




_ Seu bobo – Hermione deu-lhe um beijo suave, mas ele não resistiu e beijou-lhe de volta com paixão, apertando-a de encontro a seu corpo mostrando a ela o quanto a desejava e fazendo com que Hermione sentisse um tremor de prelibação. Rony soltou-a, ofegante e corado. Ambos olhavam para o chão.




_ Vamos, então? – disse ele finalmente e desaparataram para o acampamento.




Já no acampamento eles preferiram tomar logo um banho e depois procurarem algo para comer. Foram ao lago juntos com roupas de banho. Nadaram e brincaram nas águas mornas, mas não demoraram muito porque Rony já estava com fome.




_ Estou faminto, Mione. O que você trouxe lá? – dizia enquanto se enxugava vigorosamente com a toalha.




_ Você já vai ver, Rony. – disse ela enquanto colocava um roupão por cima do maiô que estava vestida. E voltaram para o acampamento.




Rony atiçou o fogo na fogueira colocando outras achas de lenha, enquanto Hermione se vestia dentro da barraca. Ela colocou uma saia estampada de flores e uma blusa fresca de algodão abotoada na frente. Calçou seus tênis, perfumou-se com um pouco de colônia que levara e fez um feitiço para uma leve maquiagem. Saiu da barraca desembaraçando os cabelos ainda molhados. Podia fazer um feitiço para enxugá-los e penteá-los, mas resolveu ir logo esquentar o jantar e deixar Rony se vestir também.




Do lado de fora, Rony olhou demoradamente para Hermione. Aquela contemplação durou o que pareceu horas para ela. Ele aproximou-se e tirando a escova das mãos dela, passou a desembaraçar seus cabelos suavemente. Os dedos dele roçavam sua nuca provocando arrepios em sua pele. Então ele lhe disse ao ouvido:




_ Sempre tive vontade de fazer isso. Você é linda, Mione! – e puxou-a para outro beijo arrebatador.




_ Rony! – disse ela afastando-se – Você ainda está molhado. – sorriu nervosa – E eu tenho que esquentar o nosso jantar, certo?




Ele tinha um brilho perigosamente sedutor nos olhos azuis, mas resolveu conformar-se e entrou na barraca para trocar de roupa. Vestiu outra calça jeans e uma camisa azul de botões. Calçou seus tênis, penteou os cabelos e foi ver o que Hermione tinha preparado para os dois.




Na mesa improvisada, havia sobras do almoço que ela tinha surrupiado com alguns feitiços, além de bolos, doces, frutas, vinho e também cerveja amanteigada. Era um verdadeiro banquete para um mini acampamento de verão. Ela também já havia feito alguma coisa nos cabelos, pois agora eles estavam secos e os cachos dourados estavam presos num coque e algumas mechas caíam desajeitadamente pelos ombros. Comeram, conversaram e sentaram-se juntos em frente ao fogo com algumas garrafas de cerveja. De repente um trovão roncou forte e uma pesada chuva de verão começou a cair em pingos grossos. Foi tudo muito rápido. Apressadamente recolheram seus pertences com feitiços e entraram na barraca, rindo muito.




Hermione ouviu o barulho da chuva aumentado e os ruídos dos galhos estalando enquanto clarões riscavam o céu a cada segundo. Momentos depois outro trovão, dessa vez mais perto. Isso é que era fúria, pensou. Resolveu pegar uma manta e sentar-se no chão. Tirou os calçados. Rony viu o que ela tinha feito e com dois copos e uma garrafa de vinho nas mãos sentou-se ao lado dela, descalçando os tênis também. Pousou os dois copos no chão e serviu a bebida em cada um. Lá fora o céu ficava mais escuro. Outro trovão, forte, a tempestade mostrava fúria total, os ventos arremessando água em todas as direções.




_ Essa é uma chuva daquelas – Rony comentou. Ele e Hermione estavam bem próximos, embora não se tocassem. Rony viu o busto dela altear-se levemente a cada respiração e sorveu um gole de bebida imaginando qual seria a sensação da pele dela contra a sua.




_ Eu gosto – disse ela bebendo um gole de vinho – Mesmo quando era criança já gostava de chuvas e trovoadas.




_ Por quê? – perguntou ele, dizendo qualquer coisa para manter o equilíbrio, tanto por causa da bebida, tanto por causa do desejo que sentia por ela.




_ Não sei. Sempre me pareceram muito romântico e misterioso; longe de ser assustador. – Ela bebeu outro gole de vinho e sentiu a bebida aquecê-la. Lá fora o vento uivava como um lobisomem desesperado.




Ele pensou no que ela tinha dito e sentiu a mão dela na sua, o dedo polegar desenhando círculos lentos. Aquilo estava ficando muito difícil... Um relâmpago iluminou o interior da barraca e seus olhos se encontraram. Rony suspirou e olhou para o outro lado. Estava tudo escuro. Ele aproveitou o momento e perguntou a ela se não queria que ele providenciasse um pouco de luz no ambiente ao que ela concordou. Ele, então, conjurou alguns feitiços e fez surgir uns candelabros flutuantes no centro da barraca.




_ Você está bem melhor em feitiços, Rony! – ela sorriu e aproximou-se encostando a cabeça no ombro dele, acariciando seu peito sobre o tecido fino da camisa. Ele a abraçou e contemplou a luz das velas. Hermione achou, então que ele estava estranhamente quieto. Ergueu a cabeça do ombro dele e o olhou obscuramente. Rony, então, beijou-lhe os lábios levemente. Ela levou a mão ao rosto dele e tocou em sua face, acariciando-a de leve com os dedos.




Hermione, então, fechou os olhos e entreabriu os lábios enquanto ele corria os dedos pelos braços dela, devagar, de leve. Ele beijou-lhe o rosto, o pescoço, os olhos fechados, e ela sentia a umidade dos lábios masculinos permanecer onde quer que a boca dele tocasse. Ela, então, sem falar nada, se pôs a desabotoar a camisa dele. Rony observava enquanto ela fazia isso e escutava sua respiração suave. Em cada botão que ela segurava, ele sentia os dedos dela roçando em sua pele. Ela deslizou as mãos para dentro da camisa, tocando e explorando o corpo dele o mais levemente possível. Ele estava quente. Inclinando-se, ela beijou-lhe o pescoço com carinho enquanto afastava a camisa dos ombros, prendendo-lhe os braços para trás. Ergueu a cabeça e permitiu que ele a beijasse enquanto se livrava das mangas da camisa.




Com isso, Rony criou coragem e estendeu os braços para ela. Ergueu-lhe a camisa e passou o dedo devagar pela barriga antes de suspender-lhe os braços e retirar a camisa dela. Hermione se sentiu sem fôlego quando ele baixou a cabeça e beijou entre seus seios e deslizou a língua até seu pescoço. As palavras eram desnecessárias agora. Ambos estavam de joelhos na manta um em frente ao outro, as mãos acariciavam ternamente as costas, os braços, os ombros enquanto se beijavam e ela sentiu seus corpos ardentes pressionados um contra o outro, pele com pele. Então, Rony procurou-lhe tremulamente o fecho do sutiã; timidamente abriu-o e puxou para frente. Hermione fechou os olhos e prendeu a respiração. Ele segurou-lhe o rosto entre as mãos e a beijou apaixonadamente. Interrompeu o beijo e a admirou. As mãos desciam pelo rosto, pelo pescoço, pelos braços, trêmulas, indecisas e finalmente alcançaram a pele quente e macia dos seios. Ela sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem e um calor ardente em sua nuca que foi se espalhando por toda a espinha.




Os cabelos de Hermione capturavam a luz, a pele era macia e linda, quase faiscando à luz das velas. Rony ousou mais ainda e, sentindo-se seguro, escorregou as mãos pela cintura de Hermione e abriu-lhe o fecho da saia, fazendo com que esta caísse ao chão. Nisso, ele sentiu as mãos dela em suas costas chamando-o para si. Então, delicadamente, deitou-a sobre a manta e curvou-se sobre ela, terminando de tirar a saia e jogando-a longe. Começou instintivamente a torturá-la ainda mais com beijos e carícias, subindo e descendo do pescoço ao umbigo. O calor do ambiente e a chuva lá fora fazia o ar parecer espesso. Ela tinha agora as costas levemente arqueadas enquanto ele rolava para cima de seu corpo num movimento fluido. Hermione perdia-se no turbilhão de sensações que a assaltavam. Entregou-se à doçura dos lábios de Rony. Mergulhou os dedos nos cabelos ruivos, deixou que ele explorasse cada pedacinho de sua pele com beijos que queimavam de paixão.




As carícias foram se tornando mais e mais urgentes, enquanto se beijavam. A linguagem dos corpos substituía as palavras. Os únicos sons que se escutava ali era de respiração ofegante e entrecortada, beijos e gemidos roucos que escapavam da garganta. Ambos se sentiam no paraíso e queriam prolongar a magia, aumentar o prazer. Rony começou a acariciar as coxas de Hermione com torturante vagarosidade.




Nesse momento, ela se sobressaltou. Quase sem se dar conta, imobilizou-se sob o corpo de Rony e um misto de preocupação e dúvida passou por seus olhos.




Percebendo que ela se retraía ele se afastou um pouco para poder encará-la, mas continuou acariciando seus cabelos. Não sabia o que dizer. Foi ela quem falou primeiro.




_ Quero que saiba que te amo, Rony... – a respiração ainda era ofegante.




_ Eu sei...




_ Eu desejo muito você também – disse ela estremecendo – Mas de repente fiquei com tanto medo... Por quê?




_ Também tenho medo – Rony apertou-a nos braços.




_ Você? Mas você é homem e... Já deve ter...com a... Você sabe... – disse ela envergonhada.




_ Não. Nunca amei ninguém como amo você Hermione. E você sabe disso. Também não tenho experiência nenhuma e é a primeira vez que fico tão vulnerável em minha vida. O que eu quero dizer, é que seria a minha primeira vez também...




_ Ah, Rony! – Hermione aninhou-se contra o corpo dele e fechou os olhos. O sorriso dela era imenso. Ainda se desejavam, mas o ímpeto tinha arrefecido.




Rony afastou-a calmamente beijando-lhe os lábios com suavidade. Levantou-se e procurou outra manta. Cobriu Hermione e a ergueu nos braços levando-a para a cama num canto da barraca. Deitou-se ao seu lado e puxou-a novamente para si.




Lá fora a tempestade também entrava no estágio de calmaria...


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Hermione decidiu afastar aqueles pensamentos e procurar logo o Ministério da Magia, mas tarde iria à Corporação de Guarda-bruxos. Só para saber se ele estava bem mesmo.




Rony balançou a cabeça perguntando-se como podia pensar em coisas tão boas naquela hora... “Será que ela ainda esperaria por ele como ele estava esperando por ela?” Ninguém lhe respondia... Lembrou-se então do contorno do corpo dela moldado pela luz na lona da barraca enquanto ela trocava de roupa. Claro que podia ter pensamentos bons... Aquela imagem fora o principal motivo que quase o levara às portas do paraíso naquele dia...




Repentinamente, um Little Tracker veio ao seu encontro. Ele ia e vinha rapidamente, conduzindo Rony a um lugar cheio de ferro retorcido e fumaça... Então ele escutou... Primeiro, um som muito baixo, quase inaudível... Depois, um pouco mais forte... Era um choro de uma criança. Rápido, Rony buscou a localização exata do pequeno trouxa e conjurou um feitiço, afastando todas aquelas barras de ferro. Depois gritou, já pegando a criança nos braços... Ela estava muito machucada, mas iria se salvar, com certeza...



_ AQUI! AQUI! – gritava ele e acenava para uns bombeiros que estavam mais distantes – TEMOS UM SOBREVIVENTE! – A criança o olhava com os olhinhos muito assustados e nervosos e ele sorria celebrando a vida e a perfeição do paraíso. Com certeza ele se sobressaía ao caos – AQUI! VENHAM RÁPIDO! – Lágrimas saltavam de seus olhos...





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