O Gigante



Na manhã seguinte, as três Evans estavam na frente de casa, conversando sobre o dia anterior, e especulando sobre o que teria acontecido. Roberta, ao olhar tranquilamente para o céu, avistou corujas vindo na direção delas.

– Corram! – diz, fugindo.

Lilian segue o conselho dela e corre para o outro lado, mas duas das corujas as perseguem. Louis olha incrédula para a coruja a sua frente, até que percebe algo nos pés dela. Instintivamente, estende o braço para que ela pouse. Olha para as irmãs, assustada.

– O que é isso? Algum tipo de brincadeira?

– Não sei... Mas vamos descobrir – diz Lilian, que imita o gesto da gêmea. Roberta faz o mesmo.

Ao abrir a carta, Lilian lê: “Prezada Srta. Lilian Evans, Temos o prazer de informar que V.Sª. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts...”

– Magia? Bruxaria? Hogwarts? O que diabos é isso!? – questiona Lilian.

– Pra que eu preciso de um caldeirão e de um sapo? – diz Louis, fazendo uma careta de nojo.

– Que incrível! Uma varinha! – exclama Roberta, sorridente.

Elas olhavam pras cartas e imaginavam se era algum tipo de brincadeira de um engraçadinho, ou era algum acampamento novo. Até que Lilian, ao levantar a vista, percebe um homem duas vezes mais alto e pelo menos cinco vezes mais largo do que o normal, solta um grito. Roberta, ao vê-lo, sai correndo e gritando pelos pais. Louis grita e pega um vaso de plantas.

– SE VOCÊ CHEGAR MUITO PERTO, EU JOGO ISSO EM VOCÊ! – grita para ele.

O “gigante” se aproxima devagar das garotas.

– Calma! Eu não vou fazer mal a vocês! Quero apenas explicar isto que vocês receberam. – diz, tentando acalmá-las.

Roberta volta com os pais, que olham incrédulos para o recém-chegado e trocam olhares. Todos entram em casa.

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– Então é isso? Nós três somos bruxas? – pergunta Louis.

– São sim. Por isso que eu vim aqui. Sabendo que eram de uma família não-bruxa, e sem conhecimento algum de magia, alguém precisava informá-las o que estava acontecendo. Creio que todas vocês já manifestaram magia de alguma forma, e não sabiam o que era. – explica o gigante, que se apresentou como Rúbeo Hagrid.

– Então foi por isso que os porcos voaram ontem... – diz Roberta, pensativa. – Eu fiz eles voarem! – completa, sorridente.

Hagrid lança um sorriso para ela.
– Parece que sim...

– Mas eu não tenho uma varinha! Como fiz isso? – diz.

– Manifestação de magia natural. Isso é normal, não se preocupe.

– Bem, Sr. Hagrid... Então nós devemos acompanhar você? – pergunta Lilian, desconfiada.

– Sim... Eu as levarei para comprarem as coisas de que vão precisar, e também para a estação de trem, de onde seguiram para Hogwarts.

– E se não quisermos ir? – pergunta Lilian, que instintivamente, segura o crucifixo que carregava no pescoço.

– E quem disse que não queremos ir?! – diz Louis, que se levanta, sorrindo. – Espere-nos aqui Hagrid, nós vamos fazer as malas!

Ela e Roberta sobem, correndo. Lilian olha horrorizada para as duas.

– Mas eu não quero ir! Não quero ir para um lugar esquisito, com pessoas estranhas!

– Não é um lugar esquisito, e as pessoas não são estranhas... Lembre-se que você faz parte do mundo delas. – replica Hagrid.

Lilian ainda abre a boca novamente, mas fecha-a. Sabia que ele estava de alguma forma certo, mas temia ir. Porém, com as irmãs já fazendo as malas, não lhe restou outra alternativa a não ser subir e fazer as suas também. Mal sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.

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– Que incrível, Hagrid! – disse uma Louis sorridente. Mal conseguia acreditar que podia fazer magia, que estudaria num castelo, e que não precisaria olhar pra cara de Petúnia tão cedo.

Estavam no Caldeirão Furado, um bar escuro e escondido nas ruas de Londres. Também possuía uma hospedaria, onde os quatro ficariam por dois dias, quando as Evans pegariam o trem para Hogwarts.

Roberta e Louis mal podiam esconder a excitação por aquele novo mundo. Olhavam com admiração para os bruxos do local.

– Hagrid, o que é aquilo? – pergunta Roberta, puxando a mão enorme dele, e apontando para uma garrafa em cima do balcão do Caldeirão Furado.

– É cerveja amanteigada. Querem provar? – sorri.

– Sim! – dizem Louis e Roberta, em coro.

– Cerveja? Hagrid, você não pode dar bebida para nós! Somos menores de idade! – diz uma Lilian irritada.

– Mas o teor de álcool é mínimo... Não tem perigo. – responde Hagrid, docemente. Ele vai até o balcão e compra uma garrafa para elas dividirem. Lilian recusa-se a provar.
Eles vão até os fundos do local, onde há uma parede de tijolos. Hagrid toca algumas pedras com um guarda-chuva rosa e a parede vai sumindo, mostrando um lugar cheio de bruxos e lojas. As garotas ficam boquiabertas.

– Sejam bem-vindas ao Beco Diagonal!

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